Programa escola das adolescências: identidade em ação.

ADOLESCENT SCHOOL PROGRAM: IDENTITY IN ACTION

PROGRAMA ESCOLAR PARA ADOLESCENTES: IDENTIDAD EN ACCIÓN

Autor

José Lindoberto Ferreira da Silva
ORIENTADOR
Prof. Dr. Alcenir Seixas dos Santos

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/FF3129

DOI

Silva, José Lindoberto Ferreira da . Programa escola das adolescências: identidade em ação.. International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

O artigo apresenta o Programa Escola das Adolescências: Identidade em Ação, que busca integrar as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) e os Recursos Digitais Educacionais (REDs) no processo educativo, promovendo o desenvolvimento da identidade dos adolescentes por meio de uma abordagem crítica e reflexiva. O objetivo central é explorar como o uso consciente dessas ferramentas contribui para a inclusão digital, habilidades sociais e competências críticas. A metodologia proposta envolve a análise do impacto de recursos digitais como jogos e vídeos no ensino de disciplinas como matemática e ciências, com a criação de projetos integradores e clubes de letramento para incentivar o protagonismo dos estudantes. O estudo conclui que, ao promover práticas pedagógicas inovadoras e um uso estratégico das tecnologias, o programa pode melhorar o aprendizado, motivar os alunos e facilitar a construção de uma identidade sólida no contexto digital.
Palavras-chave
Tecnologias Digitais. Identidade. Adolescência. Inclusão Digital. Educação.

Summary

The article presents the Escola das Adolescências: Identidade em Ação Program, which seeks to integrate Digital Information and Communication Technologies (TDICs) and Digital Educational Resources (REDs) into the educational process, promoting the development of adolescents’ identities through a critical and reflective approach. The main objective is to explore how the conscious use of these tools contributes to digital inclusion, social skills, and critical competencies. The proposed methodology involves analyzing the impact of digital resources such as games and videos on the teaching of subjects such as mathematics and science, with the creation of integrative projects and literacy clubs to encourage student leadership. The study concludes that, by promoting innovative pedagogical practices and strategic use of technologies, the program can improve learning, motivate students, and facilitate the construction of a solid identity in the digital context.
Keywords
Digital Technologies. Identity. Adolescence. Digital Inclusion. Education.

Resumen

El artículo presenta el Programa Escuela Adolescente: Identidad en Acción, que busca integrar las Tecnologías Digitales de la Información y la Comunicación (TDIC) y los Recursos Educativos Digitales (RED) en el proceso educativo, promoviendo el desarrollo de la identidad de los adolescentes a través de un enfoque crítico y reflexivo. El objetivo central es explorar cómo el uso consciente de estas herramientas contribuye a la inclusión digital, las habilidades sociales y las competencias críticas. La metodología propuesta implica analizar el impacto de recursos digitales como juegos y vídeos en la enseñanza de materias como matemáticas y ciencias, con la creación de proyectos integradores y clubes de alfabetización para fomentar el liderazgo estudiantil. El estudio concluye que, al promover prácticas pedagógicas innovadoras y el uso estratégico de las tecnologías, el programa puede mejorar el aprendizaje, motivar a los estudiantes y facilitar la construcción de una identidad sólida en el contexto digital.
Palavras-clave
Tecnologías digitales. Identidad. Adolescencia. Inclusión digital. Educación.

INTRODUÇÃO 

O Programa Escola das Adolescências: Identidade em Ação surge como uma proposta educativa inovadora que busca integrar, de forma crítica e reflexiva, as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) e os Recursos Digitais Educacionais (REDs) no processo de ensino-aprendizagem. O tema se delimita à importância da inserção das novas tecnologias no ambiente escolar, considerando os desafios e oportunidades que a Era Digital impõe à educação contemporânea. O objetivo central é destacar como o uso consciente e crítico dessas ferramentas pode contribuir para o desenvolvimento da identidade dos adolescentes, promovendo inclusão digital, competências críticas e sociais.

O problema central que se apresenta é: como integrar de forma eficaz as TDICs e REDs no cotidiano escolar, de modo a potencializar o aprendizado crítico e a inclusão digital dos estudantes? A relevância dessa questão reside no fato de que, embora a tecnologia esteja cada vez mais presente na sociedade, muitas escolas ainda enfrentam desafios para incorporá-la de forma pedagógica e significativa. Não existe uma solução consolidada para essa questão, pois o contexto educacional é dinâmico e exige adaptações constantes frente às novas demandas tecnológicas e sociais.

Neste contexto, algumas perguntas norteadoras guiam a problematização do tema: (1) De que forma as TDICs e REDs podem ser utilizadas para promover o desenvolvimento crítico e social dos estudantes? (2) Quais são os principais desafios para a integração eficaz das novas tecnologias no ambiente escolar? (3) Como as experiências de sucesso na adoção de tecnologias educacionais podem inspirar práticas pedagógicas inovadoras?

A escolha do tema justifica-se pela necessidade urgente de repensar as práticas pedagógicas tradicionais, incorporando recursos tecnológicos que dialoguem com a realidade dos adolescentes e suas experiências digitais. A proposta deste estudo é relevante, pois busca não apenas inserir tecnologia em sala de aula, mas também promover uma utilização crítica e consciente dessas ferramentas. A complexidade da solução proposta está na articulação entre a formação de educadores, a infraestrutura tecnológica e o engajamento dos alunos. A aplicabilidade da proposta é ampla, podendo ser adaptada a diferentes contextos escolares. O diferencial deste estudo está na abordagem da tecnologia como um meio para o desenvolvimento da identidade e da consciência crítica dos adolescentes, e não apenas como uma ferramenta de suporte didático.

O objetivo geral é enfatizar a importância do uso das TDICs e REDs em sala de aula para o desenvolvimento social, crítico e para a inclusão digital, envolvendo os estudantes no conhecimento e na aprendizagem das novas tecnologias, desde a análise e compreensão até a produção de conteúdos educacionais digitais.

Os objetivos específicos deste estudo são: (1) reconhecer a importância do uso das TDICs em sala de aula; (2) refletir sobre as mudanças e permanências resultantes da participação da sociedade com as novas tecnologias; (3) identificar os principais REDs e suas contribuições para o processo de ensino-aprendizagem; (4) motivar o estudo, a compreensão e o desenvolvimento de competências em programação; (5) conscientizar os estudantes sobre o uso crítico de vídeos educativos, jogos, sites, aplicativos, entre outros recursos.

O Programa Escola das Adolescências propõe um modelo de educação que vai além do simples uso da tecnologia. Ele busca criar um espaço de formação integral, onde o estudante possa desenvolver suas habilidades críticas e criativas, integrando saberes tradicionais e contemporâneos. Estudos de casos de sucesso demonstram que escolas que adotaram estratégias de integração tecnológica de forma planejada e crítica conseguiram avanços significativos na motivação dos alunos e nos resultados de aprendizagem. No entanto, também há desafios, como a falta de formação adequada para os professores, desigualdade no acesso à tecnologia e riscos relacionados ao uso inadequado das mídias digitais.

Assim, o presente estudo busca contribuir para o debate sobre a inserção consciente da tecnologia na educação, propondo caminhos para uma prática pedagógica mais inclusiva, crítica e alinhada com as demandas da sociedade contemporânea.

 

TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TDICS) NO CONTEXTO ESCOLAR 

As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) têm se consolidado como elementos centrais no contexto educacional contemporâneo, transformando significativamente as práticas pedagógicas e as dinâmicas de interação entre professores, alunos e o conhecimento. O conceito de TDICs refere-se a um conjunto de ferramentas, recursos e dispositivos digitais que possibilitam a criação, o armazenamento, o compartilhamento e a disseminação de informações em diferentes formatos, como textos, imagens, vídeos e áudios. Segundo Cardoso, Araújo e Rodrigues (2021), as TDICs não se limitam a dispositivos tecnológicos, mas abrangem também as práticas sociais mediadas por esses recursos, promovendo novas formas de ensinar e aprender, além de redefinir o papel do professor e do estudante no processo educativo. No entanto, ainda existem lacunas importantes no conhecimento sobre como essas tecnologias podem ser efetivamente integradas ao contexto escolar, especialmente em relação à formação continuada dos educadores e às desigualdades no acesso às tecnologias, o que justifica a relevância do estudo e a exploração mais profunda dessa temática.

Existem diversos tipos de TDICs que podem ser utilizados no ambiente escolar, variando desde recursos mais tradicionais, como computadores, projetores e softwares educativos, até tecnologias mais avançadas, como plataformas de ensino virtual, aplicativos de aprendizagem, ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs), redes sociais e recursos de inteligência artificial. Cada uma dessas tecnologias oferece possibilidades distintas para o ensino-aprendizagem, permitindo que o professor diversifique suas metodologias e crie ambientes mais interativos e colaborativos. Da Silva (2020) destaca que o uso de diferentes tipos de TDICs permite uma abordagem pedagógica mais flexível, capaz de atender às diversas necessidades dos alunos, promovendo a personalização do aprendizado e o desenvolvimento de competências digitais essenciais para o século XXI. No entanto, apesar das promessas de inovação e personalização, há poucos estudos que investigam as formas de adaptar as tecnologias às realidades regionais e culturais das escolas, uma lacuna que precisa ser explorada em pesquisas futuras.

O papel das TDICs no processo de ensino-aprendizagem vai além da simples utilização de recursos tecnológicos em sala de aula. Elas atuam como mediadoras da relação entre o professor, o aluno e o conteúdo, facilitando a construção do conhecimento de forma mais ativa e participativa. De acordo com França, Costa e Santos (2019), as TDICs possibilitam a criação de ambientes de aprendizagem dinâmicos, nos quais o estudante deixa de ser um receptor passivo de informações para se tornar um sujeito ativo, capaz de buscar, analisar, interpretar e produzir conhecimento de forma autônoma. Esse novo cenário desafia o papel tradicional do professor, que passa a atuar como um facilitador do aprendizado, orientando e mediando o uso das tecnologias de forma crítica e reflexiva. Contudo, a literatura sobre as implicações dessa mudança no papel do professor ainda é escassa, o que ressalta a importância de investigar como os educadores estão se adaptando a essa nova função no contexto de integração das TDICs.

Entre as principais vantagens do uso das TDICs em sala de aula, destaca-se o potencial para ampliar o acesso à informação e diversificar as estratégias de ensino. O uso de recursos digitais permite que o aprendizado ocorra de forma mais interativa, promovendo o engajamento dos alunos e estimulando o desenvolvimento de habilidades cognitivas e socioemocionais. Cardoso, Araújo e Rodrigues (2021) ressaltam que as TDICs contribuem para a democratização do conhecimento, possibilitando que estudantes de diferentes contextos sociais e geográficos tenham acesso a materiais educativos de qualidade. Além disso, as tecnologias digitais favorecem a aprendizagem colaborativa, permitindo que os alunos trabalhem em grupo, compartilhem ideias e construam conhecimento de forma conjunta. Porém, o uso desigual dessas tecnologias em diferentes regiões e entre diferentes grupos de alunos ainda é um ponto pouco explorado, e mais pesquisas são necessárias para entender como garantir que todos os estudantes possam usufruir de seus benefícios de maneira equitativa.

No entanto, o uso das TDICs em sala de aula também apresenta algumas limitações que precisam ser consideradas. Uma das principais dificuldades é a desigualdade no acesso à tecnologia, que pode acentuar as disparidades educacionais entre estudantes de diferentes realidades socioeconômicas. França, Costa e Santos (2019) alertam para o risco de que a falta de infraestrutura adequada, como acesso à internet de qualidade e dispositivos tecnológicos, comprometa a efetividade do uso das TDICs no processo educativo. Outro desafio é a necessidade de formação continuada dos professores para o uso pedagógico das tecnologias. Da Silva (2020) destaca que, embora muitos educadores tenham acesso a recursos digitais, nem sempre possuem o conhecimento necessário para utilizá-los de forma crítica e integrada às práticas pedagógicas. A falta de estudos que investiguem a eficácia de programas de formação para professores e a adaptação de conteúdos pedagógicos ao uso das tecnologias evidencia uma lacuna importante que merece atenção em pesquisas futuras.

Além disso, o uso excessivo ou inadequado das TDICs pode gerar efeitos negativos, como a dispersão da atenção dos alunos, a superficialidade na abordagem dos conteúdos e a dependência de tecnologias para a realização de tarefas simples. Para Cardoso, Araújo e Rodrigues (2021), é fundamental que o uso das tecnologias seja planejado de forma intencional, considerando os objetivos pedagógicos e as necessidades dos estudantes, a fim de evitar que se tornem meros instrumentos de reprodução de conteúdos. A pesquisa sobre o uso equilibrado e consciente das TDICs no contexto escolar ainda é insuficiente, o que justifica a importância de continuar investigando as melhores práticas e os impactos reais das tecnologias no ensino e aprendizagem.

Esses estudos são fundamentais para que possamos compreender melhor as potencialidades e limitações das TDICs no contexto educacional, além de oferecer subsídios para a construção de políticas públicas que promovam a inclusão digital e a formação de professores para o uso crítico e eficiente dessas ferramentas.

 

RECURSOS DIGITAIS EDUCACIONAIS (REDS) E INOVAÇÃO PEDAGÓGICA

Os Recursos Digitais Educacionais (REDs) são ferramentas tecnológicas criadas para apoiar, enriquecer e transformar o processo de ensino-aprendizagem, promovendo novas formas de interação entre professores, alunos e o conhecimento. De acordo com Rodrigues (2025), os REDs podem ser definidos como materiais digitais com finalidade pedagógica, abrangendo desde objetos de aprendizagem simples, como vídeos, infográficos e apresentações interativas, até recursos mais complexos, como plataformas de ensino online, softwares educativos, jogos digitais e simuladores virtuais. Esses recursos permitem a criação de ambientes de aprendizagem mais dinâmicos, possibilitando que o conteúdo seja explorado de forma criativa e inovadora. No entanto, apesar do crescente uso de REDs nas escolas, ainda existem lacunas significativas na pesquisa sobre como integrar essas tecnologias de forma eficaz em contextos diversos, especialmente em relação a questões de infraestrutura, formação de professores e adaptação dos conteúdos às diferentes realidades educacionais.

A classificação dos REDs pode ser feita de acordo com suas funcionalidades e objetivos pedagógicos. Rodrigues (2025) sugere que eles podem ser organizados em três categorias principais: recursos de apoio didático, que complementam o ensino tradicional, como vídeos explicativos e podcasts; recursos de autoria, que permitem a criação de conteúdos personalizados por professores e alunos, como editores de vídeo e ferramentas de design gráfico; e ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs), que integram diversas ferramentas em um único espaço digital, como o Google Classroom e o Moodle. Esses diferentes tipos de REDs possibilitam a diversificação das estratégias pedagógicas, atendendo a diferentes estilos de aprendizagem e promovendo a inclusão. Contudo, é importante observar que há uma carência de estudos que investiguem as práticas pedagógicas específicas associadas ao uso dessas ferramentas, além de um entendimento mais profundo de como a diversidade cultural e regional pode impactar a adoção e eficácia desses recursos.

No que diz respeito às contribuições dos REDs para o desenvolvimento de competências, Marques (2023) destaca que eles são fundamentais para estimular habilidades essenciais no século XXI, como o pensamento crítico, a criatividade, a resolução de problemas, a comunicação e a colaboração. O uso de recursos digitais em sala de aula favorece o protagonismo do estudante, incentivando a autonomia na busca por conhecimento e o engajamento em atividades que promovem a investigação e a experimentação. Além disso, os REDs facilitam o acesso a diferentes fontes de informação, promovendo a interdisciplinaridade e o aprendizado contextualizado. No entanto, poucas pesquisas têm abordado os desafios enfrentados por alunos que não têm familiaridade com o uso dessas tecnologias, o que levanta a necessidade de investigar como os educadores podem apoiar esses estudantes de forma eficaz.

Exemplos de REDs aplicados com sucesso em contextos educacionais demonstram o potencial dessas tecnologias para transformar a prática pedagógica. Mallmann (2022) destaca experiências inovadoras, como o uso de jogos digitais educativos que promovem o raciocínio lógico e o trabalho em equipe, aplicativos de realidade aumentada para o ensino de ciências e história, e plataformas de aprendizagem adaptativa que personalizam o ritmo e o conteúdo de acordo com as necessidades de cada aluno. Essas iniciativas têm mostrado resultados positivos em termos de motivação, engajamento e desempenho acadêmico, especialmente quando integradas de forma planejada e alinhadas aos objetivos educacionais. Contudo, a literatura ainda carece de mais investigações sobre a efetividade a longo prazo dessas abordagens inovadoras, especialmente em contextos escolares com recursos limitados, o que justifica a necessidade de estudos que explorem a viabilidade dessas soluções em diferentes realidades educacionais.

Esses pontos evidenciam lacunas importantes que devem ser abordadas por futuras pesquisas, que devem buscar compreender como otimizar o uso dos REDs para que eles sejam ferramentas eficazes e acessíveis, promovendo uma educação mais inclusiva, personalizada e de qualidade.

 

A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE NA ADOLESCÊNCIA E O PAPEL DA TECNOLOGIA

A adolescência é um período crucial para a formação da identidade, caracterizado por intensas transformações físicas, emocionais e sociais. A construção da identidade na adolescência é abordada por diversas teorias do desenvolvimento, sendo a mais destacada a teoria de Erikson (1968), que propõe que essa fase é marcada pela busca de um sentido de continuidade e coesão do self. Durante esse período, os adolescentes enfrentam o desafio de estabelecer uma identidade pessoal, integrando aspectos internos, como valores e crenças, com influências externas, como o papel social e as expectativas culturais. Silva e Gondim (2022) destacam que, além da interação com os outros, o uso da tecnologia tem se tornado um fator cada vez mais presente na construção dessa identidade. Contudo, poucos estudos investigam de forma aprofundada como a tecnologia influencia as diferentes fases do desenvolvimento adolescente, o que revela uma lacuna importante na literatura atual, que justifica a necessidade de mais pesquisas sobre as especificidades desse impacto.

O impacto das tecnologias digitais na adolescência é uma questão central no debate atual sobre desenvolvimento. A presença constante das redes sociais, por exemplo, oferece aos adolescentes uma plataforma para explorar e afirmar quem são, permitindo uma constante negociação de seus papéis sociais. No entanto, essa exposição também pode gerar desafios relacionados à pressão social, à comparação com outros e à busca por uma aceitação virtual que muitas vezes se sobrepõe à aceitação real. Silva e Gondim (2022) observam que o uso da tecnologia pode modificar as relações interpessoais, tanto ampliando o alcance das interações quanto criando uma sensação de desconexão emocional, uma vez que as relações digitais podem ser superficiais e muitas vezes desprovidas da profundidade das interações presenciais. Em contraponto, a tecnologia também oferece oportunidades de aprendizado e de construção de identidade por meio do acesso a diferentes culturas, experiências e perspectivas. No entanto, a literatura sobre como essas novas formas de interação impactam a saúde mental e o bem-estar emocional dos adolescentes é ainda limitada, necessitando de mais estudos que explorem essas questões de maneira mais aprofundada.

Dentro do ambiente escolar, o espaço educacional desempenha um papel fundamental na formação crítica e reflexiva dos adolescentes. Xavier (2021) ressalta a importância de projetos como o “Guardião da Vida nas Escolas”, que usa as tecnologias para promover a saúde mental e incentivar a expressão emocional dos adolescentes. O papel da escola não é apenas acadêmico, mas também psicossocial, fornecendo um ambiente seguro onde os jovens podem explorar suas identidades, desenvolver a capacidade de tomar decisões autônomas e refletir sobre seu lugar no mundo. A escola, como um espaço de desenvolvimento integral, pode ajudar os adolescentes a usar as tecnologias de forma saudável e a integrar esses novos meios de comunicação e expressão na construção de sua identidade de maneira equilibrada. Porém, há uma lacuna significativa na pesquisa sobre como as escolas podem efetivamente integrar o uso de tecnologias digitais no apoio ao desenvolvimento da identidade, o que torna a investigação nesse campo essencial para a construção de práticas pedagógicas mais eficientes.

O papel da escola, portanto, é essencial para que os adolescentes aprendam a navegar tanto no mundo digital quanto no físico, promovendo o autoconhecimento e a reflexão crítica sobre as influências externas que moldam suas identidades. É nesse contexto que o Programa Escola das Adolescências se torna relevante, buscando integrar essas dimensões de forma que favoreçam a construção de uma identidade sólida e consciente, diante dos desafios e potencialidades do cenário contemporâneo. No entanto, a avaliação de programas que abordam a integração da tecnologia na formação da identidade dos adolescentes ainda é insuficiente, evidenciando a necessidade de mais pesquisas que possam medir o impacto dessas iniciativas na construção de uma identidade saudável e equilibrada.

 

METODOLOGIA 

 

Inicialmente, é imprescindível identificar quais são os requisitos básicos acerca do tema que será debatido utilizando a tecnologia e os recursos digitais como ferramentas promotoras de ensino. Qual conteúdo será apresentado? O que será diferente na apresentação desse conteúdo que será exposto de uma maneira nova? Utilizando novos métodos, a disciplina pode ser melhor assimilada pelos alunos? Essas alterações podem influenciar positivamente no aprendizado e, consequentemente, nos processos avaliativos? Analisando esses aspectos e observando como os alunos respondem a essas mudanças, podemos considerar a utilização dos recursos digitais como um importante aliado nos processos pedagógicos tanto para as etapas iniciais quanto para as séries mais avançadas.

Nesse sentido, assuntos como matemática, linguagens e ciências podem se aproximar de um contexto mais prático, se transformando em jogos, vídeos, webséries e até mesmo aplicativos de dispositivos móveis. 

A proposta é oferecer projetos integradores para incentivar o processo de ensino-aprendizagem, considerando o desenvolvimento acelerado da tecnologia e suas inúmeras transformações nas práticas pedagógicas. Com o objetivo de conectar a escola com as várias formas de viver a adolescência, o programa busca promover um espaço acolhedor e de maior protagonismo para os estudantes, incidindo também sobre a organização curricular e pedagógica, a partir da implementação de Clubes de Letramentos, apoiados em habilidades prioritárias: Clube de Letramento Matemático, Clube de Letramento Científico, Clube de Letramento Literário e Corporal e Clube de Humanidades e Cidadania. Cada clube necessitará de um professor, de um representante e/ou vice-representante que serão responsáveis por cada equipe. Para auxiliar na implementação dessas práticas, o programa conta com o apoio financeiro, que permite o investimento em recursos pedagógicos que facilitem o processo de ensino-aprendizagem, como kits científicos e jogos matemáticos. Os recursos devem ser utilizados para aquisição de materiais de capital, que correspondem a gastos para a produção ou geração de novos bens ou serviços que serão incorporados ao patrimônio (equipamentos e materiais permanentes). E materiais de custeio, que correspondem a gastos para manutenção dos serviços que não contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital (despesas de custeio, material de consumo, contratação de terceiros para a execução de serviços e manutenção de equipamentos).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

 

O Programa Escola das Adolescências: Identidade em Ação se apresenta como uma proposta inovadora que integra de maneira crítica e reflexiva as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) e os Recursos Digitais Educacionais (REDs) no ambiente escolar. O estudo revelou que, quando utilizadas de forma planejada, essas tecnologias podem enriquecer o processo de ensino-aprendizagem e contribuir para o desenvolvimento de competências críticas, sociais e digitais dos adolescentes. Ao alinhar as TDICs com as vivências digitais dos estudantes, o programa também fortalece a construção da identidade dos jovens, permitindo que o contexto digital seja um espaço de expressão e reflexão.

Apesar das oportunidades oferecidas pelas tecnologias, os desafios, como a desigualdade no acesso e a falta de infraestrutura adequada, podem comprometer a eficácia da implementação do programa. A pesquisa evidenciou a importância da formação contínua dos professores, a fim de garantir que esses profissionais sejam capacitados para utilizar as ferramentas tecnológicas de forma pedagógica e crítica. O espaço escolar, portanto, exerce um papel fundamental na formação integral dos adolescentes, não só no âmbito acadêmico, mas também emocional e social, ao oferecer um ambiente que favoreça o autoconhecimento e a reflexão crítica sobre as influências digitais.

Práticas pedagógicas inovadoras, como os Clubes de Letramento, mostraram-se eficazes na integração das tecnologias ao currículo de forma contextualizada, promovendo o protagonismo dos estudantes e o desenvolvimento de competências essenciais, como o pensamento crítico e a colaboração. O uso de REDes, por meio de jogos educativos e plataformas de ensino colaborativo, reforça a necessidade de um ensino mais interativo e alinhado aos interesses dos jovens.

Em suma, o Programa Escola das Adolescências: Identidade em Ação se destaca como uma iniciativa promissora, que vai além da simples inserção de tecnologias nas práticas pedagógicas. Ao direcionar seus esforços para a construção de uma identidade sólida e crítica, o programa prepara os adolescentes para os desafios do mundo digital e promove um ensino mais inclusivo e consciente. Futuros estudos podem explorar a eficácia a longo prazo da integração das tecnologias digitais na formação da identidade, bem como investigar as melhores práticas para superar as disparidades no acesso à tecnologia no contexto educacional.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

CARAPETO, Maria João. Desenvolvimento na adolescência e aprendizagem ao longo da vida: notas para uma reflexão. Desenvolvimento ao Longo da Vida: Aprendizagem, Bem-Estar e Inclusão, p. 78-93, 2019.

CARDOSO, Rosângela Marques Romualdo; ARAÚJO, Cleide Sandra Tavares; RODRIGUES, Olira Saraiva. Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação–TDICs: Mediação professor-aluno-conteúdo. Research, Society and Development, v. 10, n. 6, p. e45010615647-e45010615647, 2021.

DA SILVA, Leo Victorino. Tecnologias digitais de informação e comunicação na educação: três perspectivas possíveis. Revista de Estudos Universitários-REU, v. 46, n. 1, p. 143-159, 2020.

FRANÇA, Fabiane Freire; COSTA, Maria Luisa Furlan; SANTOS, Renata Oliveira dos. As novas tecnologias digitais de informação e comunicação no contexto educacional das políticas públicas: possibilidades de luta e resistência. ETD Educação Temática Digital, v. 21, n. 3, p. 645-661, 2019.

MALLMANN, Elena Maria. Educação conectada e inovação mediada por tecnologias educacionais. Anais CIET: Horizonte, 2022.

MARQUES, Walter Rodrigues. Ensino e aprendizagem em arte utilizando recursos educacionais digitais: elaboração e aplicabilidade. Boletim de Conjuntura (BOCA), v. 13, n. 38, p. 289-308, 2023.

RODRIGUES, Maria das Graças Machado. Recursos educacionais digitais e os parâmetros para o uso de tecnologias no ensino. Revista Ibero-americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 11, n. 1, p. 572-591, 2025.

SILVA, Danila Gomes Freire da; GONDIM, Liberalina Santos de Souza. Tecnologia e adolescência: influência nas relações interpessoais e na construção de identidade. Construção psicopedagógica, v. 32, n. 33, p. 90-104, 2022.

XAVIER, Alessandra Silva. Tecnologias em saúde mental junto a adolescentes-Guardiões da Vida nas Escolas. 2021.

Silva, José Lindoberto Ferreira da . Programa escola das adolescências: identidade em ação..International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

BAILEY, C. J.; LEE, J. H.
Management of chlamydial infections: A comprehensive review.
Clinical infectious diseases.
v. 67
n. 7
p. 1208-1216,
2021.
Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

Share this :

Edição

v. 5
n. 45
Programa escola das adolescências: identidade em ação.

Área do Conhecimento

Os desafios da concessão do benefício de prestação continuada às pessoas com deficiência e idosa: Burocracia, avaliação e inclusão social
vulnerabilidade social; acesso ao benefício; pessoas idosas; deficiência; cidadania.
Bullying: Desafios e dificuldades na aprendizagem de vítimas no ambiente escolar
bullying; violência; escola.
Violência institucional e interseccionalidade: Quando o estado também violenta
violência institucional; racismo estrutural; exclusão social.
Violência contra a mulher como expressão histórica das relações de poder: Genealogia, estrutura e permanências
Justiça de gênero; Violência institucional; Patriarcado.
Políticas públicas e resistência feminina: enfrentamentos, limites e potencialidades
solidariedade feminina; resistência coletiva; violência de gênero.
A naturalização da violência: Cultura, mídia e o imaginário coletivo sobre a mulher
violência simbólica; mídia; gênero.

Últimas Edições

Confira as últimas edições da International Integralize Scientific

maio

Vol.

5

47

Maio/2025
feature-abri-2025

Vol.

5

46

Abril/2025
MARCO

Vol.

5

45

Março/2025
FEVEREIRO (1)

Vol.

5

44

Fevereiro/2025
feature-43

Vol.

5

43

Janeiro/2025
DEZEMBRO

Vol.

4

42

Dezembro/2024
NOVEMBRO

Vol.

4

41

Novembro/2024
OUT-CAPA

Vol.

4

40

Outubro/2024

Fale com um com um consultor acadêmico!

O profissional mais capacitado a orientá-lo e sanar todas as suas dúvidas referentes ao processo de mestrado/doutorado.