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Resumo
INTRODUÇÃO
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma das condições neuropsiquiátricas mais prevalentes em crianças e adolescentes, afetando aproximadamente 5% da população mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Caracteriza-se principalmente por sintomas de desatenção, impulsividade e hiperatividade, que podem prejudicar de forma significativa o desempenho acadêmico, as relações sociais e o bem-estar emocional dos indivíduos afetados. Embora o TDAH seja frequentemente diagnosticado na infância, seus efeitos podem persistir na adolescência, com consequências mais intensas no contexto escolar, especialmente no ensino médio, uma fase crucial no desenvolvimento acadêmico e social do jovem.
Durante o ensino médio, os adolescentes enfrentam um aumento nas exigências cognitivas, emocionais e sociais. A complexidade das tarefas escolares, a necessidade de maior autonomia e a demanda por habilidades de autorregulação tornam-se desafios ainda mais intensos para os alunos com TDAH. De acordo com Barkley (2015), os jovens com TDAH, muitas vezes, apresentam dificuldades em manter a atenção por períodos prolongados, organizando-se para cumprir com as exigências escolares e seguindo normas de conduta estabelecidas. Esses desafios impactam diretamente no desempenho acadêmico desses estudantes, podendo resultar em notas mais baixas, dificuldades de aprendizagem e em um baixo engajamento escolar.
A falta de atenção a detalhes, a tendência a esquecer tarefas e a dificuldade em iniciar e concluir atividades são apenas alguns dos sintomas característicos do TDAH, que, quando não adequadamente gerenciados, afetam não só o rendimento acadêmico, mas também as interações sociais desses jovens. A impulsividade, por exemplo, pode se manifestar nas relações interpessoais, dificultando a adaptação às normas sociais exigidas no ambiente escolar. A literatura sugere que os adolescentes com TDAH, além de apresentarem dificuldades de concentração, enfrentam desafios de comportamento, como a interrupção em conversas, dificuldade em esperar a vez e comportamentos inadequados que afetam a dinâmica das interações em sala de aula (DuPaul & Stoner, 2014).
Além das dificuldades acadêmicas e comportamentais, a adolescência é um período de intensas mudanças psicológicas e sociais. Para os jovens com TDAH, essas mudanças podem ser ainda mais desafiadoras, uma vez que, muitas vezes, eles não têm os recursos necessários para lidar com as demandas do ensino médio. Estudos como os de Abikoff et al. (2013) indicam que, além dos sintomas principais do transtorno, os adolescentes com TDAH apresentam também uma maior propensão a desenvolver comorbidades, como transtornos de ansiedade e depressão, que podem agravar ainda mais a experiência escolar. Assim, a gestão eficaz do TDAH requer uma abordagem integrada, que leve em consideração tanto as dificuldades cognitivas quanto os aspectos emocionais e comportamentais do estudante.
Este estudo busca realizar uma análise abrangente do impacto do TDAH no desempenho acadêmico e no comportamento de alunos do ensino médio, com o objetivo de identificar as principais dificuldades enfrentadas por esses estudantes, tanto no âmbito acadêmico quanto nas relações sociais. No campo acadêmico, a pesquisa investigará como os sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade afetam a capacidade dos alunos de manter o foco nas atividades, organizar suas tarefas e cumprir com as exigências curriculares. A desatenção, por exemplo, compromete a habilidade do aluno em revisar o conteúdo aprendido, esquecendo detalhes importantes e tendo dificuldades em acompanhar o ritmo da turma. A impulsividade, por outro lado, pode levar a respostas rápidas e inadequadas durante as avaliações, enquanto a hiperatividade pode prejudicar a capacidade de se concentrar por longos períodos, comprometendo a aprendizagem.
O impacto do TDAH nas interações sociais também será explorado neste estudo, com o intuito de compreender como o transtorno interfere na participação dos alunos em sala de aula e no cumprimento das normas escolares. Estudos apontam que os alunos com TDAH têm mais dificuldades em manter relacionamentos saudáveis com seus colegas, sendo frequentemente excluídos das atividades em grupo e apresentando comportamentos disruptivos, como falar sem ser chamado ou interromper os outros (Miller et al., 2017). Esses comportamentos, além de prejudicarem o ambiente de aprendizagem, também afetam a autoestima e o bem-estar dos estudantes, muitas vezes levando-os a uma sensação de isolamento social.
Além de analisar as dificuldades, este estudo também se propõe a avaliar as estratégias pedagógicas e intervenções utilizadas nas escolas para apoiar alunos com TDAH. A literatura educacional sugere uma série de práticas pedagógicas adaptativas que podem ser eficazes no auxílio desses alunos, incluindo o uso de tecnologias assistivas, a adaptação do currículo e a implementação de estratégias de ensino individualizado (Pelham & Fabiano, 2008). O reforço positivo, o uso de instruções claras e concisas, bem como a organização estruturada das atividades, são algumas das estratégias recomendadas para promover um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e que favoreça o engajamento dos alunos com TDAH.
No entanto, apesar das estratégias existentes, muitos alunos com TDAH ainda enfrentam dificuldades significativas dentro do sistema educacional, o que reforça a necessidade de uma avaliação crítica das práticas atuais. Além disso, a falta de formação adequada dos professores sobre como lidar com o TDAH e as deficiências no apoio psicopedagógico são questões que frequentemente contribuem para o insucesso escolar desses jovens. A revisão da literatura permitirá identificar lacunas nas práticas educacionais e sugerir novas abordagens que possam melhorar a inclusão de alunos com TDAH no ensino médio.
A partir da análise dos dados e da revisão da literatura, serão sugeridas estratégias e práticas pedagógicas que possam melhorar o suporte educacional e social para esses alunos, contribuindo para o seu sucesso acadêmico e bem-estar emocional. A criação de um ambiente escolar mais inclusivo e adaptado às necessidades individuais dos estudantes com TDAH é essencial para promover uma educação mais equitativa e eficaz.
DESENVOLVIMENTO
DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO TDAH
CONCEITO E CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS (DSM-5 E CID-10)
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico que afeta a capacidade de um indivíduo de manter a atenção e controlar a impulsividade e a hiperatividade. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quinta Edição (DSM-5), o TDAH é caracterizado por um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere significativamente no funcionamento ou desenvolvimento (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013). Para o diagnóstico, o DSM-5 estabelece critérios específicos que incluem a presença de seis ou mais sintomas de desatenção e/ou seis ou mais sintomas de hiperatividade-impulsividade, que devem ter ocorrido por pelo menos seis meses e serem desproporcionais ao nível de desenvolvimento da criança.
Os critérios diagnósticos do DSM-5 para desatenção incluem dificuldades em manter a atenção em tarefas ou atividades, dificuldade em seguir instruções e concluir tarefas, e uma tendência a perder objetos necessários para atividades (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013). Já para a hiperatividade-impulsividade, os sintomas incluem agitação constante, dificuldade em permanecer sentado e uma tendência a interromper ou se intrometer nas atividades dos outros (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013).
No contexto do CID-10 (Classificação Internacional de Doenças, 10ª Edição), o TDAH é classificado sob o código F90 e é descrito de forma semelhante ao DSM-5, com ênfase na persistência dos sintomas e seu impacto no funcionamento diário. O CID-10 define o TDAH como um transtorno que se manifesta por um padrão de comportamento que inclui desatenção, hiperatividade e impulsividade, que é mais intenso do que o observado em crianças da mesma faixa etária (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1993). O diagnóstico, segundo o CID-10, requer que esses sintomas estejam presentes por pelo menos seis meses e que causem prejuízo significativo em múltiplos contextos, como na escola e em casa.
Ambas as classificações, DSM-5 e CID-10, enfatizam a necessidade de uma avaliação abrangente para o diagnóstico do TDAH, que deve considerar não apenas os critérios sintomatológicos, mas também a presença de dificuldades funcionais e o impacto nas atividades diárias. A combinação de critérios rígidos e a necessidade de uma avaliação detalhada são fundamentais para garantir que o diagnóstico de TDAH seja preciso e que as intervenções apropriadas possam ser implementadas.
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por um conjunto de sintomas que se manifestam principalmente em três áreas: déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade. Esses sintomas têm implicações significativas no desempenho acadêmico e na vida social dos indivíduos afetados.
O déficit de atenção é um dos sintomas centrais do TDAH e refere-se à dificuldade em manter o foco em tarefas ou atividades, bem como na tendência a cometer erros por descuido. Segundo Barkley (2014), crianças e adolescentes com TDAH frequentemente mostram uma incapacidade de manter a atenção em atividades prolongadas, têm dificuldade em organizar tarefas e são propensos a perder objetos essenciais para suas atividades. Esse déficit de atenção pode resultar em dificuldades significativas na escola e na realização de atividades diárias, prejudicando o desempenho acadêmico e a eficiência nas tarefas.
A hiperatividade é outro sintoma proeminente, caracterizado por um nível excessivo de atividade física que é inadequado para a situação. Miller (2012) descreve que a hiperatividade se manifesta como uma inquietação constante, dificuldade em permanecer sentado e uma necessidade compulsiva de se movimentar. Esse comportamento pode interferir na capacidade do indivíduo de se concentrar e participar adequadamente de atividades que exigem calma e atenção prolongada, como as aulas e atividades escolares.
A impulsividade, o terceiro sintoma principal do TDAH, refere-se à tendência de agir sem pensar nas consequências. De acordo com Castellanos e Proal (2012), os comportamentos impulsivos incluem a interrupção frequente de conversas ou atividades, dificuldade em esperar a sua vez e a tomada de decisões precipitadas. Esses comportamentos podem causar problemas nas relações interpessoais e dificuldades em ambientes que requerem autocontrole e paciência, como o ambiente escolar.
A combinação desses sintomas pode levar a um impacto significativo na vida de indivíduos com TDAH. A interação entre déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade cria desafios complexos que afetam não apenas o desempenho acadêmico, mas também o comportamento social e emocional dos alunos. Compreender a manifestação desses sintomas é crucial para o desenvolvimento de estratégias de intervenção eficazes que possam ajudar a mitigar os efeitos negativos do TDAH e promover um ambiente de aprendizado mais favorável.
CAUSAS E FATORES CONTRIBUINTES PARA O TDAH
FATORES GENÉTICOS
A base genética do TDAH é uma das áreas mais estudadas na neurociência do transtorno. Estudos familiares, de gêmeos e de adoção revelam que o TDAH tende a ocorrer com maior frequência em parentes de primeiro grau de indivíduos afetados, sugerindo uma forte componente hereditária. Faraone et al. (2005) sugerem que a herança genética é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do transtorno, com uma probabilidade significativamente maior de ocorrência em familiares diretos. De acordo com a revisão de Faraone e colaboradores, os genes envolvidos no TDAH estão relacionados aos sistemas de neurotransmissores, especialmente à dopamina e à norepinefrina. Essas substâncias são cruciais para a regulação de funções executivas, como atenção, motivação e controle de impulsos. Alterações nos genes que regulam esses neurotransmissores podem afetar a capacidade do cérebro de modular esses processos, resultando em disfunções comportamentais típicas do TDAH.
Estudos de associação genética também indicam que variantes específicas nos genes relacionados ao transporte e à recaptação de dopamina (como o gene DAT1, que codifica o transportador de dopamina) e à sinalização de norepinefrina (como os genes que codificam os receptores α2-adrenergicos) estão associados ao TDAH (Faraone et al., 2005). Além disso, as pesquisas sugerem que mutações em genes ligados ao controle da atividade do sistema nervoso central podem resultar em uma resposta alterada a estímulos ambientais, tornando mais difícil para os indivíduos com TDAH filtrarem e regularem as informações sensoriais que recebem.
FATORES NEUROBIOLÓGICOS
Embora a genética desempenhe um papel crucial, o TDAH também está associado a alterações neurobiológicas, especialmente em áreas cerebrais que controlam a atenção, o comportamento e as funções executivas. Estudos de neuroimagem, como os realizados por Castellanos e Proal(2012), revelam que indivíduos com TDAH frequentemente apresentam anomalias no volume e na atividade de áreas cerebrais chave, como o córtex pré-frontal e os gânglios da base. O córtex pré-frontal é fundamental para o controle de impulsos, o planejamento de tarefas e a regulação da atenção, enquanto os gânglios da base estão relacionados ao controle motor e à modulação das funções cognitivas. Alterações nesses sistemas cerebrais podem comprometer a capacidade de um indivíduo de se concentrar por longos períodos, organizar informações de maneira eficaz e controlar comportamentos impulsivos, que são sintomas centrais do transtorno.
Além disso, pesquisas apontam que a atividade dopaminérgica no cérebro é frequentemente alterada em indivíduos com TDAH. A dopamina, um neurotransmissor crucial para o sistema de recompensa e a motivação, desempenha um papel importante na regulação da atenção e do comportamento. Assim, a disfunção dopaminérgica pode prejudicar não apenas a capacidade de sustentar a atenção, mas também a motivação para completar tarefas que não apresentam reforços imediatos, o que é uma característica comum nos jovens com TDAH. A relação entre essas alterações neurobiológicas e os sintomas do transtorno sublinha a complexidade do TDAH e a necessidade de uma abordagem integrada que considere tanto os fatores genéticos quanto os neurobiológicos.
FATORES AMBIENTAIS
Os fatores ambientais também desempenham um papel importante no desenvolvimento do TDAH. Embora a genética forneça uma predisposição para o transtorno, o ambiente em que uma criança ou adolescente se desenvolve pode aumentar ou diminuir a manifestação dos sintomas. Miller (2012) observa que exposições a substâncias tóxicas durante a gestação, como nicotina, álcool e outras drogas, são fatores de risco conhecidos para o TDAH. A exposição prenatal à nicotina, por exemplo, tem sido consistentemente associada a uma maior probabilidade de o filho desenvolver sintomas do transtorno, como hiperatividade e dificuldades de concentração. Além disso, complicações durante a gestação e o parto, como baixo peso ao nascer e prematuridade, também aumentam o risco de desenvolvimento do TDAH, já que essas condições podem interferir no desenvolvimento normal do cérebro.
Experiências adversas na infância, como trauma psicológico, abuso ou negligência, também podem contribuir para a manifestação dos sintomas do TDAH. Miller (2012) sugere que o estresse crônico na infância pode alterar a função cerebral, especialmente em áreas relacionadas ao controle do comportamento e à regulação emocional. As crianças que crescem em ambientes com alto nível de estresse, como famílias disfuncionais ou comunidades violentas, podem apresentar sintomas mais graves de TDAH, com impactos adicionais nas habilidades sociais e no desempenho acadêmico.
Além disso, o estilo de vida moderno, caracterizado por uma grande exposição a estímulos digitais, pode contribuir para a exacerbação dos sintomas do TDAH. A constante estimulação proporcionada pelos dispositivos eletrônicos, como smartphones e videogames, pode interferir na capacidade dos jovens de manter a atenção por períodos mais longos em tarefas que exigem concentração sustentada, como as atividades escolares.
INTERAÇÃO ENTRE FATORES GENÉTICOS E AMBIENTAIS
A interação entre fatores genéticos e ambientais é essencial para uma compreensão mais abrangente do TDAH. Nigg (2006) argumenta que a combinação de vulnerabilidades genéticas com fatores ambientais adversos pode aumentar significativamente a probabilidade de desenvolvimento do transtorno. Por exemplo, uma criança com uma predisposição genética para o TDAH pode não manifestar os sintomas se crescer em um ambiente protetor e sem estressores. No entanto, a exposição a fatores de risco ambientais, como substâncias tóxicas ou traumas, pode interagir com essa predisposição genética e precipitar o surgimento dos sintomas.
A pesquisa de Nigg sugere que a interação entre genética e ambiente pode não ser uma relação simples, mas sim um processo dinâmico em que fatores ambientais podem influenciar a expressão de genes relacionados ao TDAH, um conceito conhecido como epigenética. Essa interação torna o TDAH uma condição altamente complexa, onde diferentes combinações de fatores podem contribuir para a variação na apresentação dos sintomas e na resposta ao tratamento.
PREVALÊNCIA E DIAGNÓSTICO DO TDAH
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é considerado um dos transtornos neuropsiquiátricos mais prevalentes na infância e adolescência. Sua identificação precoce e o diagnóstico adequado são fundamentais, tanto para o planejamento de intervenções terapêuticas eficazes quanto para o desenvolvimento de estratégias educacionais que atendam às necessidades dos adolescentes afetados. A prevalência do TDAH é um parâmetro essencial, pois ela influencia diretamente as políticas públicas e a capacitação de profissionais para lidar com o transtorno, seja no contexto clínico, seja no escolar.
Estudos internacionais indicam que a prevalência do TDAH na população infantil e adolescente varia consideravelmente, dependendo de fatores como a metodologia utilizada, a definição dos critérios diagnósticos e as características demográficas da amostra estudada. No entanto, os dados gerais sugerem que o transtorno é amplamente prevalente em diversas partes do mundo. De acordo com Faraone et al. (2015), a prevalência global do TDAH entre crianças e adolescentes gira em torno de 5%, um valor que tem se mantido consistente ao longo dos anos em várias pesquisas epidemiológicas. Um estudo de revisão sistemática realizado por Thapa et al. (2017) confirma essa taxa, com uma prevalência global de 5,9% entre crianças e adolescentes, reforçando a relevância do TDAH como uma preocupação de saúde pública mundial.
Nos Estados Unidos, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) estima que cerca de 9,4% das crianças e adolescentes apresentam diagnóstico de TDAH (CDC, 2021). Esse dado é corroborado pela pesquisa de Visser et al. (2020), que também encontrou uma prevalência de 9,4% em adolescentes americanos. O estudo realizado por Visser e colaboradores evidencia uma diferença notável na prevalência entre meninos e meninas, com uma razão de 2:1, indicando que o transtorno é diagnosticado com maior frequência em meninos. Essa diferença pode ser parcialmente explicada pelas manifestações mais evidentes de hiperatividade e impulsividade nos meninos, enquanto as meninas podem apresentar predominantemente sintomas de desatenção, que podem passar despercebidos ou serem diagnosticados de forma tardia.
No Brasil, a prevalência do TDAH também é um tema de crescente interesse e preocupação. Um estudo realizado por Polanczyk et al. (2014) revelou que aproximadamente 6,5% das crianças e adolescentes brasileiros são diagnosticados com TDAH. Esse valor está dentro da faixa globalmente observada, embora as taxas possam variar dependendo da região e do contexto socioeconômico. A pesquisa aponta que as diferenças regionais no Brasil, por exemplo, refletem disparidades no acesso a serviços de saúde, na conscientização sobre o transtorno e na disponibilidade de profissionais capacitados para realizar diagnósticos adequados. As regiões mais desenvolvidas tendem a apresentar taxas de diagnóstico mais elevadas devido à maior acessibilidade a cuidados médicos especializados e à maior conscientização pública sobre o TDAH.
A pesquisa de Polanczyk e colaboradores (2014) também destaca que fatores socioeconômicos, como a classe social e a educação dos pais, podem influenciar tanto a prevalência quanto a detecção do TDAH no Brasil. Em regiões de menor poder aquisitivo, onde o acesso à saúde pública e à educação de qualidade pode ser limitado, a identificação precoce do transtorno é menos frequente, o que pode resultar em diagnósticos mais tardios e intervenções menos eficazes. Além disso, as condições culturais, que podem influenciar a percepção da sociedade sobre o TDAH e suas manifestações, também desempenham um papel importante. Muitas vezes, comportamentos associados ao TDAH, como inquietação e impulsividade, podem ser confundidos com outros transtornos ou até vistos como “indisciplina” em ambientes escolares, o que dificulta a conscientização e o diagnóstico.
As variações nas estatísticas de prevalência do TDAH podem ser atribuídas a uma série de fatores. Primeiramente, as metodologias de pesquisa podem influenciar substancialmente os resultados. Enquanto alguns estudos baseiam-se em diagnósticos clínicos realizados por profissionais da saúde, outros podem depender de relatos de pais ou professores, o que pode resultar em uma subestimação ou superestimação da prevalência. Além disso, o diagnóstico do TDAH é baseado em critérios clínicos, mas a interpretação desses critérios pode variar dependendo da formação e experiência dos profissionais envolvidos. A variação nos critérios diagnósticos, que pode incluir diferenças entre a utilização do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e a CID-10 (Classificação Internacional de Doenças), também pode impactar as taxas de prevalência observadas.
Outro fator importante que contribui para a discrepância nas estatísticas de prevalência é o acesso desigual ao sistema de saúde. Em países com sistemas de saúde pública robustos, como os Estados Unidos, a detecção e o diagnóstico tendem a ser mais eficazes, resultando em uma maior prevalência identificada. No Brasil, apesar dos avanços nas políticas de saúde mental, a falta de acesso a profissionais qualificados em áreas mais remotas e a escassez de serviços especializados ainda representam barreiras significativas para um diagnóstico preciso e precoce.
DESAFIOS NO DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO
O diagnóstico do TDAH é um processo complexo que envolve a consideração de diversos aspectos, como histórico clínico, comportamentos observados e a exclusão de outras condições que possam apresentar sintomas semelhantes. A realização de um diagnóstico preciso e precoce é fundamental, pois isso facilita o início das intervenções adequadas, que incluem desde a terapia cognitivo-comportamental até o uso de medicamentos, como os estimulantes, que podem melhorar significativamente os sintomas do transtorno. A identificação precoce também tem implicações diretas no desempenho escolar dos adolescentes, já que estratégias pedagógicas adaptadas podem ser aplicadas de maneira mais eficiente.
Apesar dos avanços nos estudos e na conscientização sobre o TDAH, muitos adolescentes ainda enfrentam desafios no acesso a um diagnóstico adequado. Em várias regiões do Brasil, o transtorno continua sendo subdiagnosticado, o que resulta em dificuldades não tratadas e, muitas vezes, em uma trajetória escolar marcada pelo fracasso acadêmico e problemas comportamentais. A falta de uma formação mais específica sobre TDAH entre os profissionais da educação também contribui para esse cenário, dificultando a aplicação de estratégias pedagógicas inclusivas e eficazes.
O diagnóstico e a avaliação do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são processos complexos que requerem uma abordagem multidimensional para garantir precisão e adequação às necessidades individuais dos pacientes. No contexto nacional, a prática diagnóstica e a avaliação do TDAH envolvem a integração de diversos critérios e métodos para uma compreensão abrangente do transtorno.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o diagnóstico de TDAH deve seguir os critérios estabelecidos pelo DSM-5 e pelo CID-10. Esses critérios incluem a presença de sintomas persistentes de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que devem estar presentes por pelo menos seis meses e causar prejuízo significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2019). Segundo Nunes (2018), é crucial que o diagnóstico seja realizado por um profissional capacitado, que deve avaliar o histórico clínico do paciente e considerar a presença de outros transtornos ou condições que possam contribuir para os sintomas observados.
O processo de avaliação do TDAH geralmente envolve uma combinação de entrevistas clínicas, questionários e escalas de avaliação. De acordo com Lima e Araujo (2019), a utilização de instrumentos como o Conners’ Rating Scales e o ADHD Rating Scale-IV é comum na prática clínica brasileira para mensurar a intensidade dos sintomas e seu impacto no cotidiano do paciente. Estes instrumentos ajudam a padronizar a avaliação e garantir a consistência no diagnóstico. Além disso, é importante realizar uma avaliação abrangente que inclua a observação direta dos comportamentos do paciente em diferentes contextos, como em casa e na escola (Lima; AraujO, 2019).
A avaliação do TDAH deve incluir o diagnóstico diferencial para distinguir o transtorno e outras condições com sintomas semelhantes, como transtornos de ansiedade, depressão e distúrbios do aprendizado. Segundo Freitas e Silva (2020), é fundamental considerar esses aspectos para evitar diagnósticos incorretos e garantir que o tratamento adequado seja iniciado. A análise deve incluir a coleta de informações detalhadas sobre o histórico do paciente e a realização de exames clínicos que ajudem a excluir outras causas potenciais dos sintomas.
A avaliação do TDAH é mais eficaz quando realizada de forma multidisciplinar. De acordo com Souza e Nascimento (2017), a colaboração entre psicólogos, psiquiatras, pedagogos e outros profissionais de saúde é essencial para uma avaliação completa e para o desenvolvimento de um plano de intervenção que aborda todas as dimensões do transtorno. Esta abordagem permite uma compreensão mais ampla das necessidades do paciente e contribui para a implementação de estratégias de tratamento mais eficazes.
IMPACTO DO TDAH NO AMBIENTE ESCOLAR
A desatenção e a dificuldade de aprendizagem são os principais sintomas do TDAH e pode levar a problemas substanciais no ambiente escolar. Segundo a pesquisa de Silva e Almeida (2018), a dificuldade em manter o foco nas tarefas escolares e a tendência a cometer erros por descuido são características comuns entre alunos com TDAH. Esses sintomas frequentemente resultam em baixa qualidade do trabalho acadêmico e dificuldade em seguir instruções complexas, o que pode impactar negativamente o desempenho geral dos alunos. Silva e Almeida ressaltam que a desatenção pode afetar não apenas a capacidade de realizar tarefas individuais, mas também a participação em atividades em grupo e a interação com os colegas (Silva; Almeida, 2018).
A hiperatividade é outro sintoma do TDAH que pode interferir no desempenho acadêmico. De acordo com Freitas e Lima (2019), alunos hiperativos frequentemente enfrentam dificuldades em permanecer sentados e em se concentrar durante as aulas, o que pode levar a uma redução na eficácia do aprendizado. Esses alunos podem se distrair facilmente e ter problemas para seguir a sequência de atividades propostas pelos professores. Freitas e Lima destacam que a hiperatividade pode resultar em comportamentos disruptivos, que não apenas afetam o aprendizado do aluno, mas também o ambiente de aprendizagem dos colegas (Freitas; Lima, 2019).
A impulsividade, um sintoma característico do TDAH, também contribui para as dificuldades de aprendizagem. Segundo Costa e Santos (2020), a impulsividade pode levar a respostas inadequadas em situações acadêmicas, como interromper os colegas, fazer comentários fora de hora e tomar decisões precipitadas sem considerar as consequências. Esses comportamentos não apenas prejudicam a interação social, mas também comprometem a capacidade do aluno de realizar tarefas de maneira organizada e completa. Costa e Santos enfatizam que a impulsividade pode resultar em um desempenho acadêmico inconsistente e em dificuldades adicionais com a gestão do tempo e das tarefas (Costa; Santos, 2020).
Para mitigar os efeitos das dificuldades de aprendizagem associadas ao TDAH, é essencial implementar estratégias pedagógicas adaptativas. Conforme observado por Oliveira e Souza (2017), intervenções como a modificação do ambiente de aprendizagem, a utilização de técnicas de organização e o fornecimento de apoio individualizado podem ajudar a melhorar o desempenho acadêmico dos alunos com TDAH. Essas abordagens podem incluir a adaptação das tarefas, a criação de rotinas estruturadas e a implementação de estratégias de gerenciamento de comportamento, que visam aumentar a capacidade dos alunos de se concentrarem e de gerenciarem suas impulsividades (Oliveira; Souza, 2017).
IMPACTO NA CONCENTRAÇÃO E RETENÇÃO DE INFORMAÇÕES
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode afetar significativamente a capacidade dos alunos de se concentrar e reter informações, o que tem implicações diretas para o desempenho acadêmico e o aprendizado. Os sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade associados ao TDAH interferem na forma como esses alunos processam e utilizam informações no ambiente escolar.
A desatenção, um dos principais sintomas do TDAH, está fortemente associada à dificuldade em manter o foco em tarefas específicas. De acordo com Andrade e Lima (2018), alunos com TDAH frequentemente enfrentam problemas para concentrar-se por períodos prolongados, o que pode levar a uma alta taxa de distração e dificuldade em completar tarefas escolares. Andrade e Lima observam que a dificuldade em manter a concentração em atividades acadêmicas resulta em interrupções frequentes e em uma baixa eficiência na execução das atividades propostas pelos professores (Andrade; Lima, 2018).
A capacidade de reter informações é igualmente afetada pelo TDAH. Segundo pesquisa realizada por Silva e Costa (2019), a dificuldade em manter a atenção pode comprometer a capacidade dos alunos de processar e armazenar informações de forma eficaz. Eles ressaltam que a memória de trabalho, que é essencial para a retenção temporária de informações e para a execução de tarefas complexas, pode ser particularmente prejudicada em alunos com TDAH. A falta de atenção e a tendência a esquecer detalhes importantes contribuem para a dificuldade em recordar informações durante provas e tarefas escolares (Silva; Costa, 2019).
A hiperatividade e a impulsividade também têm um impacto significativo na capacidade de concentração e retenção de informações. Segundo Freitas e Oliveira (2020), comportamentos hiperativos, como a movimentação constante e a dificuldade em permanecer sentado, podem causar interrupções tanto no próprio aprendizado do aluno quanto no ambiente de aprendizagem dos colegas. Além disso, a impulsividade, que se manifesta como a tendência a agir sem considerar as consequências, pode levar a uma dificuldade adicional em organizar e revisar informações, prejudicando a capacidade de reter e aplicar conhecimentos (Freitas; Oliveira, 2020).
Para mitigar os efeitos do TDAH na concentração e retenção de informações, a implementação de estratégias educacionais adaptativas é essencial. De acordo com Souza e Azevedo (2017), técnicas como o uso de organizadores gráficos, o fornecimento de instruções claras e a divisão de tarefas em etapas menores podem ajudar os alunos com TDAH a melhorar sua capacidade de concentração e retenção de informações. Essas estratégias visam fornecer um suporte estruturado que facilita o processo de aprendizagem e promove uma maior eficiência na gestão da atenção e da memória (Souza; Azevedo, 2017).
ASPECTOS COMPORTAMENTAIS
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) tem um impacto significativo no comportamento dos alunos em sala de aula e em suas relações interpessoais, especialmente no contexto do ensino médio. A natureza dos sintomas do TDAH, como desatenção, hiperatividade e impulsividade, pode afetar a dinâmica social e o desempenho acadêmico desses alunos de diversas maneiras.
A desatenção e a hiperatividade frequentemente resultam em comportamentos que podem ser percebidos como desrespeitosos ou disruptivos no ambiente escolar. Segundo Oliveira e Ferreira (2018), alunos com TDAH podem ter dificuldades em manter o foco nas atividades propostas pelos professores e em seguir regras estabelecidas, o que pode levar a comportamentos como sair da cadeira com frequência, interromper a aula e dificuldade em completar tarefas. Esses comportamentos não só prejudicam o aprendizado do próprio aluno, mas também afetam a experiência educacional dos colegas, criando um ambiente menos produtivo para todos (Oliveira; Ferreira, 2018).
O TDAH também pode influenciar negativamente as relações interpessoais dos alunos. Segundo Silva e Souza (2019), a impulsividade, que é um sintoma comum do TDAH, pode levar a interações sociais problemáticas. Alunos com TDAH podem ter dificuldades em controlar suas respostas e comportamentos, resultando em conflitos com colegas e dificuldades em manter amizades. Esses alunos podem agir sem pensar nas consequências, o que pode ser interpretado como falta de consideração ou agressividade pelos outros. Silva e Souza ressaltam que tais dificuldades podem contribuir para sentimentos de isolamento e baixa autoestima, afetando a integração social do aluno (Silva; Souza, 2019).
O comportamento agitado e as dificuldades nas relações interpessoais podem levar a uma série de desafios adicionais para os alunos com TDAH no ambiente escolar. De acordo com Costa e Lima (2020), esses alunos frequentemente enfrentam dificuldades em estabelecer uma relação positiva com os professores e colegas, o que pode afetar seu engajamento e motivação escolar. A falta de suporte e compreensão pode agravar os problemas comportamentais e sociais, criando um ciclo negativo que pode dificultar ainda mais o sucesso acadêmico e a integração social do aluno (Costa; Lima, 2020).
É importante implementar estratégias educativas e de suporte adequadas. Segundo Almeida e Rodrigues (2017), estratégias como o estabelecimento de rotinas claras, o uso de reforços positivos e a promoção de habilidades sociais são eficazes para ajudar alunos com TDAH a melhorar seu comportamento e suas interações sociais. Além disso, a formação e o suporte contínuos para professores e colegas podem promover um ambiente escolar mais inclusivo e compreensivo, ajudando a criar um espaço onde os alunos com TDAH possam prosperar (Almeida; Rodrigues, 2017).
PROBLEMAS DE DISCIPLINA E PARTICIPAÇÃO
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) frequentemente resulta em desafios significativos no que diz respeito à disciplina e à interação social de alunos do ensino médio. Os sintomas característicos do TDAH, como desatenção, hiperatividade e impulsividade, podem influenciar tanto o comportamento disciplinar quanto a dinâmica das relações interpessoais no ambiente escolar.
A desatenção e a impulsividade associadas ao TDAH frequentemente resultam em problemas de disciplina em sala de aula. Segundo Nascimento e Costa (2018), alunos com TDAH podem apresentar comportamentos disruptivos, como interrupções frequentes, dificuldade em seguir instruções e resistência a regras estabelecidas. Estes comportamentos são frequentemente interpretados como desrespeito ou falta de comprometimento, o que pode levar a conflitos com professores e a medidas disciplinares. Nascimento e Costa destacam que a dificuldade desses alunos em controlar seus impulsos e manter o foco nas atividades pode fazer com que pareçam desorganizados e desobedientes, mesmo quando não há intenção de desrespeitar (Nascimento; Costa, 2018).
A impulsividade e a hiperatividade também afetam a qualidade das interações sociais dos alunos com TDAH. Silva e Pereira (2019) apontam que a tendência desses alunos a agir sem considerar as consequências pode gerar conflitos com colegas e prejudicar suas amizades. Esses alunos podem interromper conversas, ter dificuldade em esperar sua vez e mostrar comportamentos que são percebidos como agressivos ou inconvenientes pelos outros. A dificuldade em entender e seguir normas sociais pode levar ao isolamento e ao estigma, afetando negativamente a integração social e a aceitação no grupo (Silva; Pereira, 2019).
Os problemas de disciplina e interação social resultantes do TDAH podem impactar a dinâmica geral do ambiente escolar. De acordo com Oliveira e Almeida (2020), o comportamento disruptivo pode criar um ambiente de aprendizado menos produtivo, afetando não apenas o aluno com TDAH, mas também os colegas e o professor. Além disso, a falta de integração social pode resultar em baixa autoestima e motivação escolar, exacerbando os desafios enfrentados pelos alunos com TDAH. Oliveira e Almeida ressaltam que a criação de um ambiente escolar mais inclusivo e compreensivo pode ajudar a minimizar esses problemas e promover uma experiência educacional mais positiva para todos os envolvidos (Oliveira; Almeida, 2020).
Para lidar com os problemas de disciplina e interação, é essencial a implementação de estratégias educacionais e comportamentais adaptadas. Segundo Costa e Martins (2017), técnicas como o reforço positivo, o estabelecimento de regras claras e a oferta de apoio individualizado podem ajudar a melhorar o comportamento e a integração social de alunos com TDAH. Além disso, programas de habilidades sociais e treinamento para professores são recomendados para promover uma gestão de sala de aula mais eficaz e apoiar o desenvolvimento de habilidades interpessoais dos alunos (Costa; Martins, 2017).
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode influenciar significativamente a qualidade das interações sociais de alunos do ensino médio, tanto com colegas quanto com professores. Os sintomas característicos do TDAH, como desatenção, impulsividade e hiperatividade, frequentemente resultam em desafios nas relações interpessoais, afetando o ambiente escolar e a experiência educacional desses alunos.
A impulsividade e a desatenção são fatores críticos que impactam as interações sociais de alunos com TDAH. Segundo Silva e Oliveira (2019), a dificuldade desses alunos em controlar impulsos pode levar a comportamentos inadequados em situações sociais, como interrupções durante conversas e ações impulsivas que podem ser percebidas como agressivas ou desrespeitosas. Esses comportamentos podem resultar em conflitos com colegas e dificuldade em formar e manter amizades. Silva e Oliveira destacam que a dificuldade em compreender e seguir normas sociais pode fazer com que esses alunos se sintam isolados e excluídos, o que pode afetar sua autoestima e motivação escolar (Silva; Oliveira, 2019).
A interação com professores também pode ser desafiadora para alunos com TDAH. De acordo com Costa e Santos (2018), a desatenção e a hiperatividade podem levar a dificuldades em seguir instruções e a comportamentos disruptivos durante as aulas, o que pode resultar em conflitos com os professores. Esses alunos podem ser percebidos como desobedientes ou desinteressados, o que pode prejudicar a relação professor-aluno e afetar a eficácia do processo de ensino. Costa e Santos observam que a falta de compreensão e suporte adequado por parte dos professores pode agravar esses problemas, tornando mais difícil para os alunos com TDAH se engajar e alcançar sucesso acadêmico (Costa; Santos, 2018).
As dificuldades nas interações sociais podem impactar negativamente o ambiente escolar como um todo. Segundo Almeida e Pereira (2020), a falta de integração social e os problemas de relacionamento com colegas e professores podem criar um ambiente de aprendizado menos colaborativo e mais conflituoso. Esses desafios podem contribuir para um ciclo de baixa autoestima e desmotivação, o que pode afetar o desempenho acadêmico e a satisfação geral com a escola. Almeida e Pereira ressaltam que a promoção de um ambiente escolar mais inclusivo e compreensivo é crucial para ajudar alunos com TDAH a superar essas dificuldades e a melhorar suas relações interpessoais (Almeida; Pereira, 2020).
Para melhorar as interações sociais de alunos com TDAH, é importante implementar estratégias que abordem tanto o comportamento quanto as habilidades sociais. De acordo com Souza e Lima (2017), intervenções como o treinamento em habilidades sociais, o uso de reforços positivos e o apoio individualizado podem ajudar a melhorar a forma como esses alunos interagem com colegas e professores. Além disso, a formação de professores para lidar com as necessidades específicas desses alunos e a criação de um ambiente escolar mais acolhedor e estruturado podem facilitar interações mais positivas e produtivas (Souza; Lima, 2017).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico complexo, cujas causas envolvem uma interação multifacetada entre fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais. A compreensão dessas causas é fundamental não apenas para o diagnóstico preciso, mas também para o desenvolvimento de estratégias de intervenção eficazes, que possam ajudar a mitigar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados. O TDAH é frequentemente caracterizado por dificuldades significativas de atenção, impulsividade e hiperatividade, o que pode afetar o desempenho acadêmico, as relações sociais e o bem-estar emocional dos indivíduos. Assim, entender os fatores que contribuem para o desenvolvimento desse transtorno é essencial para promover tratamentos mais eficazes e abordagens educacionais adaptativas.
O processo de diagnóstico e avaliação do TDAH envolve a aplicação rigorosa dos critérios diagnósticos, o uso de métodos de avaliação padronizados, e a realização de um diagnóstico diferencial cuidadoso. A colaboração entre diferentes profissionais de saúde é crucial para garantir uma avaliação precisa e para o desenvolvimento de estratégias de intervenção eficazes, promovendo assim um melhor suporte para os pacientes afetados pelo transtorno.
A interação entre déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade cria desafios complexos que afetam não apenas o desempenho acadêmico, mas também o comportamento social e emocional dos alunos. Compreender a manifestação desses sintomas é crucial para o desenvolvimento de estratégias de intervenção eficazes que possam ajudar a mitigar os efeitos negativos do TDAH e promover um ambiente de aprendizado mais favorável.
Embora a genética desempenhe um papel central, os fatores neurobiológicos e ambientais não devem ser negligenciados, já que a interação entre esses elementos pode ser crucial para a manifestação e a gravidade dos sintomas. Uma abordagem integrada, que considere tanto os aspectos biológicos quanto os ambientais, é fundamental para melhorar o diagnóstico e o tratamento do TDAH, oferecendo suporte mais efetivo para os indivíduos afetados.
As estatísticas de prevalência do TDAH indicam que o transtorno é amplamente prevalente, afetando uma parcela significativa da população juvenil em várias partes do mundo, incluindo o Brasil. Embora os dados sugiram que a prevalência do TDAH seja consistente com a média global, fatores como metodologia de pesquisa, critérios diagnósticos e acesso a serviços de saúde podem influenciar as taxas de diagnóstico. A continuidade das pesquisas regionais e a implementação de estratégias de conscientização e formação são fundamentais para melhorar a detecção precoce e as intervenções eficazes, assegurando que os adolescentes com TDAH recebam o suporte necessário para seu sucesso acadêmico e bem-estar emocional.
Em conclusão, o TDAH pode impactar significativamente o desempenho acadêmico dos alunos através de dificuldades de aprendizagem associadas à desatenção, hiperatividade e impulsividade. A implementação de estratégias educativas adaptativas e o suporte contínuo são fundamentais para ajudar esses alunos a superarem suas dificuldades e a alcançar um desempenho acadêmico mais eficaz.
A pesquisa sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ainda tem muito a explorar, e há várias áreas que precisam de mais atenção para que possamos entender melhor o transtorno e melhorar as formas de tratá-lo. Um dos caminhos importantes para isso são os estudos longitudinais, que ajudam a observar o desenvolvimento do TDAH desde a infância até a vida adulta.
O estudo do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é essencial para melhorar o diagnóstico, a intervenção e a inclusão de indivíduos afetados por esse transtorno. A compreensão de suas causas, sintomas e impacto no desempenho acadêmico, social e emocional dos alunos é fundamental para a criação de estratégias educativas mais eficazes e para o desenvolvimento de políticas públicas mais inclusivas. As pesquisas sobre o TDAH, especialmente aquelas que exploram os fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais, ainda precisam avançar, mas são imprescindíveis para proporcionar um apoio mais adequado e individualizado a esses alunos. Ao investir em uma educação mais inclusiva, adaptada às necessidades específicas dos estudantes com TDAH, podemos contribuir para seu sucesso acadêmico e bem-estar, garantindo que tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento que outros alunos. Assim, é possível promover uma sociedade mais equitativa e justa, onde todos possam prosperar, independentemente das dificuldades que enfrentam.
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