A importância do ambiente escolar no desenvolvimento da cultura do ato de estudar e no gerenciamento da construção do conhecimento.

THE IMPORTANCE OF THE SCHOOL ENVIRONMENT IN DEVELOPING A CULTURE OF STUDYING AND MANAGING THE CONSTRUCTION OF KNOWLEDGE

LA IMPORTANCIA DEL AMBIENTE ESCOLAR EN EL DESARROLLO DE UNA CULTURA DE ESTUDIO Y GESTIÓN DE LA CONSTRUCCIÓN DEL CONOCIMIENTO

Autor

Marivaldo Duarte Maciel
ORIENTADOR
 Profª Drª Simone Aparecida Marendaz

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/D6FE85

DOI

, . A importância do ambiente escolar no desenvolvimento da cultura do ato de estudar e no gerenciamento da construção do conhecimento.. International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

O presente artigo aborda o contexto escolar como espaço fundamental na consolidação de novos rumos para a sociedade, fortalecendo os valores aprendidos na família. Possibilita uma reflexão a respeito da necessidade de readequação da escola para uma boa relação e aceitação do conhecimento partilhado e construído. Entende que o protagonismo social é uma ferramenta de cidadania e precisa ser personalizado dentro das estratégias de ensino. Analisa a importância da propagação da cultura do ato de estudar. Percebe os recursos tecnológicos como instrumentos e canais que respiram a revolução do conhecimento. Ressalta o propósito desafiador que é o pensar investigativo que desconstroi as linhas do comodismo social com dedicação e inteligência. Apresenta a escola como o espaço ideal para a experimentação das melhores sensações na relação com o conhecimento. Traz a condição de responsabilidade de toda a sociedade pelo sucesso ou fracasso educacional, não cabendo apontar apenas as instituições escolares pelos insucessos históricos – o processo escolar acontece em meio às falhas da sociedade. Tem como objetivo contribuir com a análise das mudanças que vêm ocorrendo na sociedade globalizada e o papel da escola na produção do conhecimento. Esta pesquisa teve como metodologia a revisão bibliográfica, utilizando-se de referenciais teóricos abordados por especialistas, e conduzida dentro de uma concepção sobre as possibilidades que podem favorecer a qualidade do processo ensino-aprendizagem.
Palavras-chave
Protagonismo social. Cultura do ato de estudar. Revolução do conhecimento. Pensar investigativo. Qualidade do processo ensino-aprendizagem.

Summary

This article addresses the school context as a fundamental space in the consolidation of new directions for society, strengthening the values ​​learned in the family. It allows for a reflection on the need to readjust the school to foster a good relationship and acceptance of shared and constructed knowledge. It understands that social protagonism is a tool for citizenship and needs to be personalized within teaching strategies. It analyzes the importance of spreading the culture of studying. It perceives technological resources as instruments and channels that breathe the revolution of knowledge. It highlights the challenging purpose of investigative thinking that deconstructs the lines of social comfort with dedication and intelligence. It presents the school as the ideal space for experiencing the best sensations in the relationship with knowledge. It brings up the condition of responsibility of the entire society for educational success or failure, and it is not appropriate to point only to school institutions for historical failures – the school process occurs amidst the failures of society. It aims to contribute to the analysis of the changes that have been occurring in the globalized society and the role of the school in the production of knowledge. This research used a bibliographic review as its methodology, using theoretical references addressed by specialists, and conducted within a conception of the possibilities that can favor the quality of the teaching-learning process.
Keywords
Social protagonism. Culture of the act of studying. Knowledge revolution. Investigative thinking. Quality of the teaching-learning process.

Resumen

Este artículo aborda el contexto escolar como espacio fundamental en la consolidación de nuevos rumbos para la sociedad, fortaleciendo los valores aprendidos en la familia. Permite reflexionar sobre la necesidad de reajustar la escuela para asegurar una buena relación y aceptación de los conocimientos compartidos y construidos. Entiende que el protagonismo social es una herramienta ciudadana y necesita ser personalizada dentro de las estrategias de enseñanza. Analiza la importancia de propagar la cultura del estudio. Percibe los recursos tecnológicos como instrumentos y canales que respiran la revolución del conocimiento. Destaca el propósito desafiante del pensamiento investigativo que deconstruye las líneas del confort social con dedicación e inteligencia. Presenta la escuela como el espacio ideal para experimentar las mejores sensaciones en relación al conocimiento. Esto conlleva la condición de responsabilidad de toda la sociedad por el éxito o el fracaso educativo, y no es posible señalar sólo a las instituciones educativas como responsables de los fracasos históricos: el proceso educativo se desarrolla en medio de los fracasos de la sociedad. Su objetivo es contribuir al análisis de los cambios que vienen ocurriendo en la sociedad globalizada y el papel de la escuela en la producción de conocimiento. Esta investigación utilizó como metodología una revisión bibliográfica, utilizando referentes teóricos abordados por especialistas, y realizada dentro de una concepción de las posibilidades que pueden favorecer la calidad del proceso de enseñanza-aprendizaje.
Palavras-clave
Protagonismo social. Cultura del acto de estudiar. Revolución del conocimiento. Pensamiento investigativo. Calidad del proceso de enseñanza-aprendizaje.

INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo apresentar a importância da preparação e adequação da escola para o desenvolvimento e gerenciamento do processo ensino-aprendizagem e como espaço de recepção do universo das desigualdades sociais, a partir de contextos e experiências que necessitam de atenção e cuidado e de certa habilidade da equipe escolar na condução, sem distinção ou privilégios. 

Podemos considerar que o principal objetivo da escola é contribuir com a reestruturação do cenário de oportunidades e de participação na sociedade. Para parte dos aprendizes, é onde acontecem os primeiros contatos com as normas e regras que ensinam e direcionam para a cidadania.

O mundo da escola pode proporcionar conquistas pessoais mesmo antes das conquistas profissionais. A convivência diária com os ensinamentos e valores adquiridos no ambiente escolar com professores e colegas de turma, como o respeito ao próximo e às diferenças, bons exemplos, generosidade, bondade, amor, afeto, boa educação, disciplina e organização, boa convivência, senso de responsabilidade, compromisso, confiança e fazer o bem, são alguns instrumentos de equilíbrio aprendidos na escola importantíssimos para a vida em sociedade. 

Podemos considerar como instrumentos de equilíbrio social os valores e princípios familiares preservados e enriquecidos com os ensinamentos essenciais vividos e aprendidos na escola. A construção partilhada desses saberes essenciais norteia a formação para a cidadania. Para isso, a escola precisa considerar os vários contextos de vida familiar dos seus alunos e suas expectativas de futuro, por vezes influenciados e dogmatizados pela difícil condição de vida, podendo gerar uma falsa certeza da inalcançável ascensão pelas vias da educação e de aceitação psicológica ao fracasso social.

O AMBIENTE ESCOLAR E O SEU PAPEL NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E NA SOCIEDADE.

O papel da escola é tentar alterar a aceitação à passividade social com estratégias que estimulem o pensamento positivo, a autonomia e o protagonismo pelo conhecimento, desconstruindo os interesses e a imposição do sistema de classes apresentados diariamente. A baixa autoestima, a apatia e a ausência de iniciativa para a transformação pessoal e da sociedade com equidade são componentes que não fortalecem os interesses da escola.  

 

A autoestima equilibrada proporciona bem-estar psicológico, valorização pessoal, segurança, respeito próprio e habilidade diante dos desafios. Os que se sentem devidamente valorizados alcançam melhores resultados no trabalho, no relacionamento familiar, nas amizades e na comunidade. Ao contrário, os que têm baixa autoestima sentem-se incapazes para enfrentar problemas e estão destinados ao fracasso (Julián, 2009, p. 18).

 

O ambiente escolar tem a capacidade de constituir e estimular sentimento de solidariedade e amor ao próximo com momentos emocionantes e inesquecíveis que harmonizam as nossas experiências pela convivência. A atenção e o cuidado com o próximo desenhados pelo coração criam afinidades, respeito, honestidade, sinceridade e confiança, como elos de amizade levados para a eternidade – como uma singela comemoração de aniversário realizada para um colega que nunca vivera tal momento é capaz de potencializar laços infinitos de gratidão, por exemplo.

Para que a escola se torne esse espaço de aprendizado e de experiências inesquecíveis, necessita ser construído um ambiente agradável e cheio de harmonia, onde o aprendiz, desde criança, goste de estar, de construir e compartilhar aprendizados, de viver com alegria. Estes primeiros passos da caminhada estudantil devem ser preparados com olhares sensíveis à boa aceitação e ao acolhimento de toda a família, em especial ao aluno. 

A habilidade e a capacidade de preparação e adaptação desde os primeiros dias do aprendiz até o universo acadêmico, na condução adequada do dia a dia escolar são responsabilidades fundamentais da família e também da escola. É bem verdade que essa ambientação deve começar na primeira escola social que é a família, com orientação, princípios e valorização da construção de memórias positivas e de importância da escola. 

 

Desde pequena, a criança é educada em um determinado meio cultural familiar, onde adquire conhecimentos, hábitos, atitudes, habilidades e valores que definem a sua identidade social. A forma como se expressa oralmente, como se alimenta e se veste, como se comporta dentro e fora de casa são resultados do poder educacional da família e do meio em que vive. Da mesma forma, a escola também exerce o seu poder em relação aos conhecimentos e ao uso das tecnologias que farão a mediação entre professores, alunos e os conteúdos a serem aprendidos (Kenski, 2012, p. 18-19).

 

Os momentos de evolução e de crescimento no processo escolar são sensacionais, mas não devem ser os únicos escolhidos para incentivos, deve-se construir uma rotina e linguagem motivacional com características que fortaleçam emocionalmente o aprendiz para o embate social, priorizando o desenvolvimento integral e não simplesmente para as boas notas na escola. 

A cultura do ato de estudar e aprender deve ser princípio natural e movimento de mobilização familiar. O gerenciamento dessa cultura gera uma expressão de emoções e processos de entendimento, segurança, autoconfiança, satisfação e uma identidade própria na dimensão do aprender com responsabilidade. 

Quando o aprendiz sente o envolvimento e a participação ativa da família no processo, laços de comprometimento e dedicação são constituídos em tons de valorização do aprendizado e do estar e viver o ambiente escolar, com sentimento de felicidade gerado nesse aprendiz ao ver seus pais felizes pelo seu resultado, inclusive esse movimento participativo e atento da família ao processo escolar pode ser um ponto significativo de reconstrução da escola e da qualidade do ensino-aprendizagem.

 

Os pais podem ser nossos grandes aliados na reconstrução da nova escola brasileira. Eles são uma força estimuladora e reivindicadora dessa tão almejada recriação da escola, exigindo o melhor para seus filhos, com ou sem deficiências, e não se contentando com projetos e programas que continuem batendo nas mesmas teclas e maquiando o que sempre existiu (Mantoan, 2015, p. 59).

 

Ainda nesta linha, o espaço familiar precisa ser construído dentro de diálogos que valorizem e respeitem os estudos, a escola e o professor, com racionalidade teórico-prática da moral e dos bons costumes. A partir daí, a arquitetura pedagógica da escola situa e incorpora suas práticas educativas voltadas para o desenvolvimento das capacidades sociocognitivas do aluno, com criatividade e estímulos à imaginação e ao envolvimento na produção do conhecimento, com seus mecanismos de controle e suas impressões de mundo.

 

As crianças, em seus primeiros anos, cultivam espontaneamente o pensamento antidialético, libertam sua imaginação e, por isso, bombardeiam seus pais com inúmeras perguntas. As perguntas são dialéticas, mas a fonte delas é a imaginação, que é antidialética. Porém um grande acidente ocorre na mente de crianças e adolescentes nas escolas, praticamente em todo o mundo. Depois que os alunos começam a frequentar a escola, são enfileirados e saturados de informações dialéticas. As crianças asfixiam sua imaginação e pouco a pouco deixam de perguntar. A maioria de nós, já nos primeiros anos, começa a limitar sua capacidade de criar (Cury, 2015, p. 127).

 

A função de mobilizar o conhecimento sem descaracterizar a essência criativa e curiosa do aprendiz é concepção vital para o poder da escola. Moldar o incentivo ao aprendizado com moldura tradicionalista de “poder” unilateral baseado no professor é característica primitiva sem interpretação inteligente da linguagem atual e genuína dos novos conceitos de educação discutidos e plantados na sociedade da informação e do conhecimento no século XXI, que tem no aprendiz seu personagem principal.  

A identidade dessa nova escola que se apresenta é flexível e compatível como as mudanças sociais por expressar entendimento à diversidade de elementos inovadores e ao repertório de emoções que acontecem no território das capacidades e contextos individuais, que fortalecem e reconhecem a pluralidade social e a interação onipresente das experiências fundamentais. 

A interpretação reflexiva da diversidade de ser, viver e de opiniões trabalhadas na escola induz à percepção da importância e valorização de cada pessoa, com senso de maturidade e respeito como pano de fundo para as cortinas que se abrirão na literatura da vida, permitindo amparo poético e psicológico, com entendimento realista sobre os dispositivos maquiavélicos da vida em sociedade. 

Por outro lado, as instituições escolares não podem ficar órfãs de uma sociedade que absorve e evidencia informações instantaneamente por múltiplos canais que respiram a revolução do conhecimento e das tecnologias. Aparentemente, cria-se um paradoxo em volta do papel significativo da escola na evolução da sociedade no instante que tal importância é vista, mas não reconhecida com ações contundentes. Contudo, é preciso equilibrar com igual assistência essas camadas influentes e fundamentais da formação humana. 

Trazendo suas impressões a respeito dessa importância da escola para a sociedade, Kenski (2012, p. 19), colabora observando a condição imprescindível do espaço escolar como ambiente de promoção social, dizendo que:

A escola representa na sociedade moderna o espaço de formação não apenas das gerações jovens, mas de todas as pessoas. Em um momento caracterizado por mudanças velozes, as pessoas procuram na educação escolar a garantia de formação que lhes possibilite o domínio de conhecimentos e melhor qualidade de vida.

A concepção do poder da escola depende do envolvimento de todos nós. Não se pode desvincular as responsabilidades coletivas da qualidade do processo escolar quando o referencial é potencializar o papel da escola para o bem da educação. Precisamos, como sociedade, de movimentos cíclicos intensos, organizados e de influente mobilização geral voltados para a transformação estrutural e inovadora das nossas escolas e, consequentemente, da qualidade do ensino-aprendizagem. As mudanças contemporâneas trazem novas possibilidades de futuro e a escola não pode ser um campo isolado e apático dentro desse novo perfil de sociedade.

Essa mobilização social em prol de um sistema educacional adaptado ao caminhar contemporâneo das relações humanas não pode se contentar com os discursos vendedores de sonhos. Trata-se de um desafio social complexo, mas a educação no Brasil não pode continuar ancorada ao passado resistente às boas e necessárias adequações, presa a estruturas e pensamentos guiados pela corrosiva segregação social. Essa responsabilidade é nossa.

 

A educação é um processo de toda a sociedade – não só da escola – que afeta todas as pessoas, o tempo todo, em qualquer situação pessoal, social, profissional, e de todas as formas possíveis. Toda a sociedade educa quando transmite ideias, valores, conhecimento e quando busca novas ideias, valores, conhecimentos. Família, escola, meios de comunicação, amigos, igrejas, empresas, internet, todos educam e, ao mesmo tempo, são educados, isto é, aprendem, sofrem influências, adaptam-se a novas situações. Aprendemos com todas as organizações, grupos e pessoas a quem nos vinculamos (Moran, 2012, p. 14-15).

 

A escola somos todos nós enquanto sociedade. Precisamos fazer ascender em inspirações conscientes bons “reflorestadores” de conhecimento nos seus tons evolutivos e revolucionários, modificando com naturalidade a viagem sombria pelas ruínas obscuras da reprodução de ideias e pensamentos inertes. A ascensão evolutiva do conhecimento deve ser preservada no empoderamento da criatividade e das descobertas, evitando o que Cury (2015, p. 19) chama de “mendigos intelectuais, que vivem de migalhas da arte de pensar, da criatividade, da emoção saudável, do encanto pela vida. Nunca houve tanto acesso à informação e nunca se formaram tantos repetidores de dados, mesmo em teses acadêmicas”.

A arte do pensar investigativo é desafiador e exige alto grau de dedicação, sobretudo de inteligência e comprometimento. Essas inspirações fogem do contexto mais suave e cômodo da indiferença, características do mundo dos controles remotos e do acesso às informações ao toque dos dedos, que por vezes condiciona as mentes humanas à acomodação social. A exigente necessidade de buscar, de investigar o desconhecido e de aprofundar-se no conhecido, remete ao tempo e à aplicação pessoal e coletiva para a edificação de um legado.

Hoje, o conhecimento acontece em vários espaços de convivência social, pela diversidade de informações trazidas pelos meios tecnológicos e de comunicação, assim como a internet, mas nenhum desses tem a essência calorosa e representativa da escola. Produzir “pinturas” de conhecimento na escola pelas relações humanas faz brotar a sensação verdadeira e completa do servir social, sem o vazio da falta de sintonia causada pela ausência do contato da presença. 

 

A sociedade é educadora e aprendiz, ao mesmo tempo. Todos os espaços e instituições educam – transmitem ideias, valores, normas – e, ao mesmo tempo, aprendem, porque – com as mudanças estruturais – não existem modelos prontos e eles vão se adaptando ao novo, a cada situação que se apresenta (MORAN, 2012, p. 15, grifo ao autor).

 

Dentro do desafio da mudança é importante entendermos que não se constrói uma sociedade decente com escolas dissolvidas pela negligência política e desamparadas de apelo de um povo. Na verdade, precisamos desenvolver o sentimento de cultura evolutiva e de valorização dos aspectos estruturais e profissionais do ambiente escolar, na mesma velocidade de transformação científico-tecnológica da sociedade, caso contrário, a educação seguirá no cárcere da inércia e em descompasso com o desenvolvimento das “janelas sociais de oportunidades”. 

A busca por uma educação de qualidade é dever e responsabilidade social, não cabe apontar apenas a escola em julgamento como a grande vilã dos insucessos educacionais históricos. Essa mentalidade é discriminatória e de fácil apontamento. Lembremos que a escola recebe e precisa trabalhar os insucessos sociais, e isso contribui para o seu cenário estrutural e pedagógico fragmentado. O processo escolar acontece em meio às falhas da sociedade e de um sistema educacional.

A metáfora da escola carrega sob sua responsabilidade como laboratório de parâmetros organizacionais da nação uma identidade estrutural com muitos problemas que demandam reflexão e atuação coletivas com relação ao cenário vivenciado. O privilégio de ter essa responsabilidade faz da escola o cerne das mudanças prósperas da sociedade, de reinventar-se nos desafios diários postos a ela, com suas capacidades e protagonismo da nossa história de vida.  

 

A educação escolar não deverá servir apenas para preparar pessoas para exercer suas funções sociais e adaptar-se às oportunidades sociais existentes, ligadas à empregabilidade, cada vez mais fugaz. Não estará voltada, tampouco, para a exclusiva aprendizagem instrumental de normas e competências ligadas ao domínio e à fluência no emprego de equipamentos e serviços. A escola deve, antes, pautar-se pela intensificação das oportunidades de aprendizagem e autonomia dos alunos em relação à busca de conhecimentos, da definição de seus caminhos, da liberdade para que possam criar oportunidades e serem os sujeitos da própria existência (Kenski, 2012. p. 66). 

 

Diante da importância social da escola, encontramos muitos aspectos positivos que mostram avanços nos níveis educacionais alcançados nos últimos anos, principalmente se observarmos a contribuição das tecnologias digitais e da internet como instrumentos de apoio às estratégias de atuação do professor. Para reforçar essa percepção, Gross et al. (2020, p. 01), aponta que “o nível de escolaridade da população brasileira vem crescendo nas últimas décadas. Em 1992, um brasileiro adulto possuía, em média, 5,1 anos de estudos. Mais de 20 anos depois, em 2015, esse número saltou para 10,2 anos de estudos, conforme dados da PNAD”.

O crescimento da escolarização no Brasil vai seguir naturalmente essa tendência por todo o contexto evolutivo e facilidades de acesso à educação que vêm aumentando significativamente. Podemos classificar esse crescimento dentro de uma extensão de evolução atemporal – o passar do tempo só afetará positivamente, com maiores e melhores condições de acesso aos estudos, mesmo para estudantes que não puderem se deslocar até a escola – movimento de aproximação e integração por meio dos instrumentos tecnológicos e da internet. Todavia, cabe uma análise muito minuciosa e atenta à qualidade de ensino ofertado.

O espaço escolar de aprendizagem não é mais delimitado pelas paredes e muros das instituições de ensino, agora mora também e significativamente nos ciberespaços das infinitas possibilidades que abrem um mundo de conexões e aprendizagens. Certamente que a sala de aula ganhou contornos invisíveis que alargam o processo inclusivo canalizado pelas tecnologias digitais e outros recursos que ampliaram sua interatividade, assim como a liberdade autoral de produção do conhecimento.

Para educar, é necessário quebrar barreiras, reduzir distâncias. Para isso, existem inúmeros meios, tais como sala de aula, lousa, projetores, dinâmicas de grupo, laboratórios, bibliotecas, aplicativos, ambientes virtuais, comunidades, fóruns, redes sociais, simuladores, jogos, telepresença e realidade virtual ou aumentada (Tori, 2017, p. 33).

Com o advento das tecnologias na vida das pessoas, a escola vive um processo inevitável e necessário de reconstrução de sua linguagem e instrumentos habituais. São características que marcam, de certa forma, sua adequação à nova sociedade. Com isso, seu poder transformador de realidades sociais ganha importantes aliados na arte do encanto de educar e contextos interessantes capazes de harmonizar a convivência com o conhecimento sem descontextualizar-se da rotina tecnológica. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No Brasil, as condições sociais de muitas famílias ferem a essência da cidadania e abrem caminho para a vulnerabilidade e sentimentos de inferioridade nos ambientes de convivência. Além de educar, a escola tem uma função importante no resgate da autoestima saudável, bem-estar psicológico e da valorização pessoal. Fortalecer a mente e a alma com positividades é a abertura libertadora para os vencedores.

O encanto da escola agrada a alma dos aprendizes como um soneto recitado suavemente a cada novo encontro, é sentimento que se conquista na convivência do ser especial que direciona pelo bom caminho. Encantar é saber ser humano nas atitudes e nas palavras, com entendimento e compreensão que purificam a essência do olhar que enxerga e condimenta as capacidades e equilibra as fraquezas do coração e da mente.

Pensemos quão única é a comunhão de saberes e experiências que acontece todos os dias na escola. Como traduzir tamanha relevância para seus atores? É um espiral de acontecimentos inéditos e transformadores da mente e da alma que versam para um futuro de possibilidades. Como disse um dia o filósofo pré-socrático Heráclito de Éfeso (540-470 a. C.) “nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio… pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tão pouco o homem!…” ou Albert Einstein (1879-1955) quando expressa-se considerando que “a mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.

Esses são bons exemplos do processo evolutivo exponencial pelo qual as pessoas passam e constroem na convivência. A expressividade da socialização apresenta aspectos capazes de refinar ou alterar ideias e pensamentos, no aprofundamento de debates e discussões onde quer que aconteçam, sobre qualquer ponto de vista ou assunto. Somos seres mutáveis pelo poder do ambiente e das assimilações e comportamentos adquiridos, não somos e nunca seremos os mesmos após as informações que recebemos no decurso do momento e de cada olhar ao nosso entorno. Nossa transformação pela socialização é inerente e necessária.

Esse encanto da escola continua a alimentar a esperança de muita gente. São as pérolas de sabedoria desenvolvidas nesse ambiente que alimentam as expectativas de dias melhores, com uma dimensão humana de perseverança inspiradora. A palavra “fracasso” não deve de maneira nenhuma fazer parte dos exemplos e vocabulários utilizados no ambiente escolar. O sentimento de fracasso é apenas uma condição psicológica momentânea, e não de definição de vida ou de futuro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CURY, Augusto. Pais inteligentes formam sucessores, não herdeiros. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015.

GROSS, Amanda; CHING, Hong Yuh; VASCONCELOS, Lígia. (Coords). Gestão da aprendizagem: casos práticos. São Paulo: Atlas, 2020.

JULIÁN, Melgosa. Mente positiva: como desenvolver um estilo de vida saudável. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009.

KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. 8ª ed. Campinas, SP: Papirus, 2012.

MANTOAN, Maria Teresa Egler. Inclusão escolar – O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Summus, 2015.

MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. 5ª ed. Campinas, SP: Papirus, 2012.

TORI, Romero. Educação sem distância: as tecnologias interativas na redução de distâncias em ensino e aprendizagem. 2ª ed. São Paulo: Artesanato Educacional, 2017.

, . A importância do ambiente escolar no desenvolvimento da cultura do ato de estudar e no gerenciamento da construção do conhecimento..International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

BAILEY, C. J.; LEE, J. H.
Management of chlamydial infections: A comprehensive review.
Clinical infectious diseases.
v. 67
n. 7
p. 1208-1216,
2021.
Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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