O processo de alfabetização de crianças de 5 e 6 anos: práticas e desafios na contemporaneidade.

THE LITERACY PROCESS OF 5 AND 6 YEAR OLD CHILDREN: PRACTICES AND CHALLENGES IN CONTEMPORARY TIME

EL PROCESO DE ALFABETIZACIÓN DE NIÑOS DE 5 Y 6 AÑOS: PRÁCTICAS Y DESAFÍOS EN EL TIEMPO CONTEMPORÁNEO

Autor

Latife Coutinho Marangoni
ORIENTADOR
 Alda Cristina Menezes da Silva

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/4045C8

DOI

Marangoni, Latife Coutinho . O processo de alfabetização de crianças de 5 e 6 anos: práticas e desafios na contemporaneidade.. International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

O processo de alfabetização é um dos principais desafios da educação infantil, especialmente para crianças de 5 e 6 anos. Este artigo analisa as práticas pedagógicas, os desafios enfrentados por educadores e os impactos de metodologias modernas no desenvolvimento da leitura e escrita nesta faixa etária. A pesquisa baseia-se em revisões bibliográficas de estudos publicados entre 2020 e 2024, enfatizando abordagens interativas e contextuais que respeitem o ritmo de aprendizagem infantil. Conclui-se que a alfabetização eficaz depende da integração de estratégias lúdicas, tecnológicas e do envolvimento da família no processo.
Palavras-chave
Alfabetização infantil. Práticas pedagógicas. Educação infantil. Desenvolvimento da leitura e escrita.

Summary

The literacy process is one of the main challenges of early childhood education, especially for children aged 5 and 6. This article analyzes pedagogical practices, the challenges faced by educators and the impacts of modern methodologies on the development of reading and writing in this age group. The research is based on bibliographic reviews of studies published between 2020 and 2024, emphasizing interactive and contextual approaches that respect children’s learning rhythm. It is concluded that effective literacy depends on the integration of playful and technological strategies and family involvement in the process.
Keywords
Childhood literacy. Pedagogical practices. Early childhood education. Reading and writing development.

Resumen

El proceso de alfabetización es uno de los principales desafíos de la educación infantil, especialmente de los niños de 5 y 6 años. Este artículo analiza las prácticas pedagógicas, los desafíos que enfrentan los educadores y los impactos de las metodologías modernas en el desarrollo de la lectura y la escritura en este grupo de edad. La investigación se basa en revisiones bibliográficas de estudios publicados entre 2020 y 2024, enfatizando enfoques interactivos y contextuales que respeten el ritmo de aprendizaje de los niños. Se concluye que una alfabetización efectiva depende de la integración de estrategias lúdicas, tecnológicas y del involucramiento familiar en el proceso.
Palavras-clave
Alfabetización infantil. Prácticas pedagógicas. Educación infantil. Desarrollo de la lectura y la escritura.

INTRODUÇÃO 

A alfabetização infantil representa um marco essencial no desenvolvimento das crianças, sendo um processo que transcende o simples domínio da leitura e da escrita. Este processo é fundamental para a construção das habilidades cognitivas e comunicativas, que são a base para a aprendizagem em diversas áreas do conhecimento. Entre os 5 e 6 anos, as crianças estão em uma fase crucial para o desenvolvimento dessas competências. Durante esse período, a aquisição da linguagem oral ocorre de maneira intensa, ao mesmo tempo em que a introdução à linguagem escrita se torna uma prioridade. Esse momento de transição é essencial, pois marca o início de um longo caminho de formação acadêmica e social.

Para aprofundar neste estudo surge a necessidade de três questões norteadoras: (i) Quais são as estratégias pedagógicas mais eficazes para promover a alfabetização de crianças entre 5 e 6 anos, considerando suas necessidades cognitivas e emocionais?
(ii) De que maneira os professores podem integrar a linguagem oral e escrita para potencializar o aprendizado nessa faixa etária? (iii) Quais são os principais desafios enfrentados no processo de alfabetização infantil e como podem ser superados por meio de práticas educativas inovadoras?

A aquisição da leitura e da escrita vai além de um aprendizado mecânico de decodificação de palavras. Ela envolve a construção do entendimento sobre como o sistema de escrita funciona e o reconhecimento de seu valor na comunicação. Nesse sentido, as crianças começam a compreender a relação entre sons e letras, desenvolvendo a consciência fonológica, além de iniciar o processo de decodificação, essencial para a fluência leitora. O papel da escola, dos professores e da família nesse momento de transição é imprescindível, pois deve criar um ambiente estimulante que favoreça a aprendizagem e incentive o uso da linguagem escrita no cotidiano das crianças.

Este artigo tem como objetivo geral  analisar as estratégias mais eficazes para o processo de alfabetização de crianças de 5 e 6 anos, considerando tanto os aspectos pedagógicos quanto os desafios mencionados. 

Seguido de três objetivos específicos: (i) Investigar as práticas pedagógicas que melhor atendem às necessidades cognitivas e emocionais de crianças em fase de alfabetização;(ii) Identificar os principais desafios enfrentados por professores e escolas na alfabetização de crianças dessa faixa etária; (iii) Propor estratégias que integrem metodologias inovadoras e tradicionais para promover um aprendizado significativo e inclusivo.

Contudo, justifica-se que o processo de alfabetização infantil não é isento de desafios. A diversidade de ritmos e estilos de aprendizagem das crianças, bem como as diferenças individuais em termos de competências cognitivas e socioemocionais, exigem uma abordagem pedagógica flexível e adaptada às necessidades de cada aluno. Além disso, o contexto socioeconômico das crianças também desempenha um papel crucial no sucesso da alfabetização. Crianças que vivem em situações de vulnerabilidade podem ter acesso limitado a materiais educativos e a um ambiente estimulante, o que pode dificultar o seu desenvolvimento nesse campo. Essas desigualdades demandam estratégias específicas que considerem as condições reais em que as crianças se encontram.

É relevante destacar que o processo de alfabetização é a capacitação dos educadores. Muitos professores, embora dedicados, não têm acesso a formação continuada específica para lidar com as especificidades da alfabetização, especialmente no que diz respeito ao uso de novas tecnologias educacionais e abordagens pedagógicas mais inovadoras. O aprimoramento da formação docente é fundamental para garantir que os professores estejam preparados para enfrentar as dificuldades encontradas no processo de alfabetização e para adotar estratégias mais eficazes que atendam às necessidades dos alunos. Além disso, a pandemia de COVID-19 trouxe à tona novos obstáculos, como a dificuldade de adaptação ao ensino remoto e a ampliação das desigualdades educacionais, que afetaram negativamente a aprendizagem das crianças. 

A metodologia usada é uma abordagem bibliográfica, com foco em estudos publicados entre 2020 e 2024, busca-se compreender as melhores práticas para garantir que todas as crianças, independentemente de sua origem ou condições socioeconômicas, tenham acesso a uma alfabetização de qualidade. Ao abordar esses desafios, o estudo procura contribuir para a construção de soluções mais eficazes no campo da educação infantil, promovendo a equidade no aprendizado e o desenvolvimento pleno das crianças.

ALFABETIZAÇÃO

A alfabetização na primeira infância deve ser compreendida como um processo multidimensional que vai além da simples decodificação de palavras. Segundo Soares (2021), a alfabetização deve ser integrada ao letramento, promovendo a compreensão funcional e significativa da linguagem escrita. Piaget (apud Freitas, 2020) destaca que nesta faixa etária as crianças encontram-se na transição entre o pensamento pré-operacional e o operacional concreto, o que influencia diretamente sua capacidade de abstração e simbolização.

Outros estudos recentes, como o de Oliveira e Santos (2022), apontam para a importância de práticas pedagógicas lúdicas e interativas, que estimulem o interesse pela leitura e escrita por meio de jogos, músicas e histórias. Essas práticas também promovem o desenvolvimento socioemocional, essencial nesta etapa da vida.

A leitura é o primeiro passo para a alfabetização. Ler motiva a criança e faz com que ela se interesse mais pelo ambiente escolar. Além da satisfação pessoal, é através da leitura que se desenvolve a escrita.

De acordo com o documento Referenciais Curriculares Nacionais (Brasil, 2019), a leitura é descrita como:

 

[…] um processo dinâmico no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento prévio sobre o assunto e de suas experiências linguísticas e culturais. Esse processo vai além da decodificação dos sinais gráficos, envolvendo interpretação e compreensão ampla do conteúdo.

 

Para promover uma boa leitura, é essencial que se desenvolvam também as habilidades de escuta ativa. Segundo Vigotsky (2018, p. 78), o ensino da leitura e da escrita deve ser organizado de forma que se apresente como algo relevante à vida da criança, favorecendo dispositivos e estratégias que motivem os pequenos a avançar em suas aquisições de linguagem.

Na concepção de Ferreiro (2021), “a escrita é um objeto cultural coletivo, desenvolvido pela humanidade ao longo da história”. Assim, a aprendizagem da escrita vai além de um processo escolar, sendo parte fundamental de um contexto cultural mais amplo.

Kramer e Abramovay (2020) reforçam que “a alfabetização não é um momento isolado que se inicia na escola, mas um processo em construção, que se desdobra desde os primeiros contatos da criança com o mundo”. Nesse sentido, a alfabetização é uma experiência cumulativa, que antecede e transcende a vida escolar.

O Programa Nacional de Alfabetização (Brasil, 2021) descreve a alfabetização como “a habilidade de decodificar os sinais gráficos e compreendê-los dentro de contextos sociais, uma prática que ultrapassa a decodificação para envolver o letramento, ou seja, a inserção nas práticas sociais de leitura e escrita”.

PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO

1ª Leitura e interpretação: A leitura deve incluir gêneros variados e abordar tanto momentos de fruição quanto intervenções pedagógicas. Durante os primeiros anos, o professor deve incentivar o contato com diferentes textos (contos, poesia, fábulas) e trabalhar aspectos como função social, interpretação e decodificação (Souza, 2022).

2ª Produção de textos: A produção escrita pode ser coletiva ou individual. Durante o início da alfabetização, os alunos podem produzir oralmente, enquanto o professor transcreve. Com o avanço, os alunos passam a assumir a escrita (Lima, 2023).

3ª Análise linguística: Envolve explorar os mecanismos de sentido do texto, como concordância, organização e clareza. Atividades de reescrita são eficazes para desenvolver essas competências (Souza, 2022).

4ª Sistematização do código: Apesar das críticas aos métodos tradicionais, é importante trabalhar o conhecimento de letras e sílabas de forma significativa, como através de jogos e atividades interativas, para garantir o domínio do código escrito (Oliveira, 2023).

Portanto, o papel da escola é integrar leitura, escrita e análise linguística, garantindo que esse processo seja enriquecedor e significativo para a criança.

DIFERENÇAS ENTRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

A distinção entre alfabetização e letramento é fundamental para compreender as diferenças no processo de aprendizagem e no uso da leitura e da escrita. A alfabetização é o ato de aprender a ler e escrever, enquanto o letramento vai além, sendo a prática social e o uso contínuo da leitura e da escrita em diversos contextos. A alfabetização pode ser vista como o primeiro passo para o letramento, mas não é garantia de que o indivíduo usará essas habilidades de forma constante em sua vida cotidiana (Soares, 2023; 2021).

De acordo com Soares (2021), a diferença entre saber ler e escrever e ser alfabetizado e letrado é notável. O indivíduo alfabetizado possui a habilidade técnica de ler e escrever, mas o letrado vai além, utilizando essas práticas de maneira constante em sua vida social, cultural e profissional. Essa prática constante de leitura e escrita não é observada em indivíduos apenas alfabetizados, que podem saber ler e escrever, mas não utilizam essas habilidades de forma significativa no seu contexto social (Soares, 2020).

Em seus estudos, Soares (2020) afirma que a alfabetização é um processo técnico de aprendizado, enquanto o letramento envolve uma inserção ativa nas práticas de leitura e escrita, que vão além do ato de aprender. A pessoa letrada é aquela que, ao contrário do analfabeto ou iletrado, usa a leitura e a escrita em sua rotina e em interações sociais, o que altera sua forma de pensar e de se comunicar (Soares, 2021). Além disso, essa transformação também se reflete nas mudanças linguísticas observadas em indivíduos que, ao aprenderem a ler e escrever, modificam sua linguagem, tanto na oralidade quanto na escrita (Soares, 2020).

Embora a alfabetização seja uma habilidade necessária, ela não é suficiente para garantir que o indivíduo seja letrado. O letramento envolve a constante prática de leitura e escrita em contextos diversos, como em casa, no trabalho, na escola e em outras esferas sociais. Por exemplo, uma criança pode não estar alfabetizada, mas pode ser considerada letrada por suas interações com livros e o ato de imitar a escrita em brincadeiras (Soares, 2020). Assim, o letramento é um processo que começa antes da alfabetização formal e se estende por toda a vida, com a pessoa praticando ativamente a leitura e a escrita em suas atividades diárias (Soares, 2021).

Soares (2023) também alerta para a importância de distinguir e, ao mesmo tempo, aproximar os conceitos de alfabetização e letramento. Enquanto a alfabetização se refere ao processo técnico de aprender a ler e escrever, o letramento envolve as práticas sociais e culturais associadas a essas habilidades. A compreensão de ambos os conceitos é essencial para a educação, pois o letramento depende da alfabetização, mas é algo mais amplo, que vai além da aprendizagem formal e se insere no cotidiano do indivíduo.

METODOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS NA ALFABETIZAÇÃO

As metodologias contemporâneas para alfabetização infantil valorizam a interação entre professor e aluno, bem como o uso de tecnologias digitais. Estudos recentes (Silva et al., 2023) demonstram que plataformas digitais, como aplicativos educacionais, podem complementar as atividades tradicionais, tornando o aprendizado mais dinâmico e atrativo.

Além disso, a adoção de práticas contextualizadas tem se mostrado eficaz. Por exemplo, trabalhar com temas do cotidiano das crianças, como família, brinquedos e animais, permite que elas relacionem o aprendizado com suas experiências pessoais. Freire (2020) reforça a ideia de que o processo de alfabetização deve ser significativo, conectado à realidade do aluno.

DESAFIOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

O processo de alfabetização, embora tenha registrado avanços nas últimas décadas, ainda enfrenta desafios significativos que dificultam a plena inclusão de todas as crianças no processo de aprendizagem. Um dos maiores obstáculos é a desigualdade socioeconômica, que impacta diretamente o acesso a recursos essenciais para o aprendizado, como livros, materiais pedagógicos e ambientes estimulantes. Crianças provenientes de contextos vulneráveis, muitas vezes, não têm acesso a esses recursos, o que compromete sua capacidade de desenvolver habilidades de leitura e escrita adequadas (Souza e Lima, 2021). Essa desigualdade também reflete uma disparidade no suporte educacional, tornando o processo de alfabetização mais difícil para essas crianças.

Além da desigualdade socioeconômica, a formação de professores é outro fator que contribui para os desafios no processo de alfabetização. Muitos educadores não possuem uma formação específica e aprofundada sobre as estratégias de alfabetização, o que dificulta o enfrentamento das dificuldades que as crianças podem apresentar nesse processo. A utilização de tecnologias educacionais, por exemplo, tem se mostrado uma necessidade cada vez maior, mas nem todos os professores estão preparados para integrá-las de forma eficiente na prática pedagógica (Santos, 2022). A falta de capacitação adequada, aliada à escassez de recursos, pode comprometer a eficácia das metodologias de ensino e impactar negativamente o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita.

Outro grande desafio, que se intensificou nos últimos anos, foi o impacto da pandemia de COVID-19. O período de ensino remoto, que ocorreu em 2020 e 2021, exacerbou as desigualdades educacionais, especialmente no que diz respeito ao acompanhamento individualizado das crianças. Muitos alunos ficaram sem acesso à internet ou a dispositivos eletrônicos, o que dificultou o aprendizado remoto e comprometeu a continuidade do processo de alfabetização. Estudos de Gomes et al. (2023) apontam que a interrupção das aulas presenciais resultou em lacunas no aprendizado, especialmente entre os alunos de escolas públicas, que já enfrentavam uma realidade educacional precária antes da pandemia.

Além disso, a falta de interação direta com os professores e colegas dificultou a adaptação das crianças às novas formas de ensino, que não conseguiam acompanhar as atividades e o ritmo de aprendizagem de maneira eficaz. O isolamento social e a diminuição da interação com os colegas também afetaram o desenvolvimento social e cognitivo das crianças, o que agravou ainda mais os desafios da alfabetização (Gomes et al., 2023). O ensino remoto, apesar de ser uma solução temporária, não foi capaz de substituir a riqueza do ambiente escolar presencial, onde a aprendizagem é mais dinâmica e interativa.

Outro fator que contribui para os desafios da alfabetização é a diversidade no desenvolvimento das crianças. Cada aluno possui seu próprio ritmo de aprendizagem, e muitos enfrentam dificuldades específicas, como transtornos de aprendizagem ou deficiências, que exigem abordagens pedagógicas diferenciadas. A falta de estratégias adequadas para atender a essa diversidade no contexto escolar pode resultar em uma alfabetização incompleta ou tardia, comprometendo o futuro educacional desses alunos. Assim, é fundamental que os educadores se capacitem para lidar com a heterogeneidade das turmas, oferecendo suporte personalizado para cada criança.

Por fim, é importante destacar que, apesar dos desafios, existem caminhos para superar as dificuldades no processo de alfabetização. Investir na formação contínua de professores, melhorar o acesso a recursos pedagógicos e tecnológicos, e promover políticas públicas que garantam igualdade de oportunidades educacionais para todas as crianças são medidas essenciais para enfrentar esses obstáculos. A conscientização sobre os impactos da desigualdade socioeconômica e os efeitos da pandemia deve ser um ponto central nas estratégias de aprimoramento da alfabetização, com o objetivo de proporcionar a todas as crianças as condições necessárias para o desenvolvimento pleno de suas habilidades de leitura e escrita (Souza e Lima, 2021; Santos, 2022).

O PAPEL DA FAMÍLIA E DA COMUNIDADE

O envolvimento da família no processo de alfabetização é um fator crucial para o sucesso no desenvolvimento da leitura e escrita das crianças. Pesquisas indicam que crianças cujos pais se envolvem ativamente nas atividades educacionais e na rotina de aprendizado tendem a apresentar melhores resultados em comparação com aquelas que não recebem esse apoio em casa. Atividades cotidianas, como ler histórias, conversar sobre os conteúdos aprendidos na escola e incentivar a escrita de bilhetes e pequenas notas, ajudam a criar um ambiente que favorece o desenvolvimento da linguagem e fortalece as habilidades cognitivas (Costa e Almeida, 2022). Esse envolvimento familiar facilita a formação de hábitos de leitura, essenciais para a alfabetização.

Além disso, o suporte da família vai além das atividades práticas. O incentivo ao estudo, o estabelecimento de uma rotina organizada e a valorização do aprendizado como uma prioridade são elementos fundamentais para o sucesso da alfabetização. Crianças que crescem em um ambiente onde a educação é considerada importante, com pais que demonstram interesse pelo processo de aprendizado, tendem a se sentir mais motivadas e confiantes no ambiente escolar (Costa e Almeida, 2022). Assim, o papel da família vai além do simples auxílio nas tarefas de casa, sendo essencial para cultivar uma atitude positiva em relação ao aprendizado.

Por outro lado, a comunidade também exerce um papel significativo no processo de alfabetização das crianças. Bibliotecas públicas, eventos culturais e programas educacionais são algumas das iniciativas que contribuem para o estímulo à leitura e ao contato das crianças com os livros desde cedo. Essas práticas promovem a ampliação do repertório cultural das crianças, oferecendo-lhes acesso a uma variedade de textos e experiências de leitura. A participação em atividades culturais, como rodas de leitura, contação de histórias e visitas a bibliotecas, estimula a curiosidade e a imaginação, aspectos fundamentais para o desenvolvimento da alfabetização (Oliveira e Santos, 2022).

A colaboração entre família e comunidade também é essencial para criar um ecossistema de aprendizado contínuo. A escola, ao promover parcerias com as famílias e com instituições da comunidade, cria um ambiente mais rico e dinâmico, capaz de oferecer múltiplas experiências educativas. A integração de diferentes agentes educacionais fortalece a rede de apoio ao estudante, proporcionando-lhe mais oportunidades para aprender e se desenvolver de maneira completa. Esse envolvimento conjunto pode ser especialmente importante em contextos de vulnerabilidade social, onde a colaboração entre família, escola e comunidade pode compensar a falta de recursos materiais e financeiros (Costa e Almeida, 2022).

Portanto, a sinergia entre o papel da família e o da comunidade é crucial para o êxito no processo de alfabetização. Quando ambos os ambientes colaboram para promover o aprendizado, as crianças se beneficiam de um suporte mais robusto, que vai além da sala de aula. O incentivo à leitura e ao desenvolvimento da linguagem, seja no lar, seja na comunidade, é uma estratégia eficaz para garantir que todas as crianças tenham acesso a uma alfabetização de qualidade. Além disso, é fundamental que escolas e professores reconheçam a importância desses apoios externos e busquem integrar as famílias e as comunidades nos processos pedagógicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de alfabetização de crianças de 5 e 6 anos requer uma abordagem integrada que considere as especificidades de cada criança, valorize o contexto sociocultural e utilize metodologias diversificadas. Apesar dos desafios, a combinação de práticas lúdicas, o uso de tecnologias e o envolvimento da família e da comunidade pode promover um aprendizado significativo e prazeroso.

Futuros estudos devem explorar formas de melhorar a formação docente e reduzir as desigualdades educacionais, garantindo que todas as crianças tenham acesso a uma alfabetização de qualidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020.

GOMES, M. R.; OLIVEIRA, T. S.; SANTOS, A. L. Impactos da pandemia no processo de alfabetização: uma análise crítica. Educação em Foco, v. 18, n. 1, p. 12-25, 2023.

KRAMER, Sonia; ABRAMOVAY, Miriam. Alfabetização em tempos modernos. Rio de Janeiro: Vozes, 2020.

LIMA, Joana. Produção de textos na alfabetização. Revista Brasileira de Educação, v. 28, n. 2, 2023.

OLIVEIRA, Ana. Sistematização do código e alfabetização. Educação e Linguagem, 2023.

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SILVA, J.; FERREIRA, L.; ANDRADE, C. O uso de tecnologias digitais na alfabetização. Tecnologia e Educação, v. 9, n. 2, p. 34-50, 2023.

SOARES, M. Alfabetização e letramento: novos olhares. Revista de Estudos da Linguagem, v. 29, n. 2, p. 123-140, 2021.

SOUZA, F.; LIMA, E. Desigualdade e alfabetização na educação infantil. Educação e Sociedade, v. 42, n. 1, p. 98-113, 2021.

SOUZA, Carla. Práticas de leitura e interpretação na educação infantil. Revista de Alfabetização, v. 10, n. 1, 2022.

VIGOTSKY, Lev. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2018.

Marangoni, Latife Coutinho . O processo de alfabetização de crianças de 5 e 6 anos: práticas e desafios na contemporaneidade..International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

BAILEY, C. J.; LEE, J. H.
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v. 67
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2021.
Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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