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Resumo
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a difusão da tecnologia digital mudou significativamente vários aspectos da sociedade, incluindo a educação. A utilização desta tecnologia no ambiente educacional não só criou novas formas de ensinar e aprender, mas também trouxe desafios que exigem a reestruturação dos cursos, curriculares e sociais.
A realidade educacional atual tem exigido do professor habilidades específicas de utilização das tecnologias digitais em contexto pedagógico. Diante desse cenário, surge o interesse em compreender como essa demanda impacta a formação dos docentes e influencia a qualidade do ensino oferecido no Brasil.
A relevância social desta pesquisa se destaca, pois, após a análise dos dados coletados, foi possível obter um entendimento mais aprofundado do objeto de estudo, identificar os desafios presentes e, consequentemente, propor recursos para fortalecer a formação continuada dos professores. A construção da justificativa acadêmica se iniciou com a busca pelo embasamento teórico através de pesquisas bibliográficas, livros, artigos científicos, revistas, sites especializados, bases de dados de resumos e citações.
Para o responder o objetivo proposto neste trabalho, a perspectiva teórica-metodológica adotada uma abordagem qualitativa. A metodologia aplicada é uma pesquisa bibliográfica com método qualitativo baseada na revisão de literatura bibliográficas nacionais e internacionais das publicações pesquisadas no google acadêmico e após selecionar um quantitativo de material que fosse suficiente para subsidiar a pesquisa, então se procedeu à leitura para identificar citações mais específicas ao estudo a ser realizado (Gil, 2022).
AS NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO
A tecnologia digital está constantemente redefinindo o cenário educacional, oferecendo novas ferramentas e formas de melhorar o processo de aprendizagem. A rápida expansão da Internet, dos dispositivos móveis, da inteligência artificial, da realidade virtual e aumentada, entre outras inovações, está a mudar fundamentalmente a forma como os professores ensinam e os alunos aprendem nas salas de aula em todo o mundo. Esses dispositivos permitem aos alunos acessarem uma variedade de recursos educacionais, como aplicativos educacionais, vídeos e simulações interativas, que complementam e enriquecem o aprendizado tradicional. Além disso, esse rápido desenvolvimento da Internet tornou acessível uma quantidade sem precedentes de conhecimento e informações (Hernandes et al., 2024).
Os avanços tecnológicos aconteceram em pouco espaço de tempo e a humanidade tem se beneficiado com isso. Em algumas décadas, a indústria da computação cresceu vertiginosamente, e esse crescimento aconteceu de forma global, passando a fazer parte da nossa rotina e em muitas das nossas atividades. Esses avanços vêm modificando o nosso modo de viver, a nossa cultura, a nossa sociedade e levando em conta que a sociedade atual se conecta, se informa e se comunica em rede, a educação precisa ter condições de formar sujeitos para conviver, interagir e trabalhar nessa sociedade digital (Aranha, 2002). Assim sendo, discorreremos aqui sobre como se deu a disseminação dessas tecnologias na educação de acordo com os documentos legais (Niz, 2017).
Como explica Moran (2013), uma comunidade evolui para uma comunidade em aprendizagem contínua, explorando novos métodos, novos participantes e novas abordagens. As cidades estão a transformar-se em centros de educação, combinando competências e serviços presenciais e digitais. A educação formal precisa se adaptar para facilitar uma aprendizagem plena, humana, emocional e ética, combinando aspectos individuais e sociais, diferentes ritmos, métodos e tecnologias, com o objetivo de formar cidadãos completos em todas as suas dimensões.
A introdução de tecnologias digitais na educação tem ampliado o acesso ao conhecimento e diversificado os métodos de ensino. Ferramentas como plataformas virtuais de aprendizagem, aplicativos educacionais, vídeos interativos e simulações permitem que os estudantes aprendam de maneira mais dinâmica e personalizada, independentemente de barreiras geográficas ou temporais (Peixoto, 2017).
A tecnologia trouxe novas formas de ensinar, aliadas à presença do professor para facilitar a absorção do conteúdo e tornar o ensino mais atrativo. Atualmente, os alunos são atraídos por métodos mais rápidos, mais curtos e mais informativos, que desejam aumentar o tempo de estudo. Mas o advento da tecnologia traz desafios diários aos professores, e o investimento na formação continuada é uma forma de renovar novos métodos e utilizá-los no cotidiano da escola (Cristóvão et al., 2022).
Não se pode deixar de ressaltar sobre a Inteligência Artificial (IA) que desempenha um papel cada vez mais importante na educação, fornecendo uma variedade de aplicações desde assistentes virtuais que fornecem suporte pessoal até sistemas automatizados de avaliação que analisam o desempenho dos alunos (Oliveira Filho et al.2024).
Além disso, a IA pode ajudar os professores a identificarem padrões de aprendizagem e fornecer recomendações personalizadas para melhorar o processo de aprendizagem e ensino. No entanto, é importante garantir que estes sistemas sejam desenvolvidos e implementados de forma justa e responsável, tendo em conta questões como a privacidade dos dados e o acesso justo (Coppi, 2022).
Há relatos do uso de computadores na área de educação desde os anos 1970. Pelo que se tem notícia, foi quando aconteceu a primeira experiência educacional, na área de física na Universidade Federal do Rio de Janeiro (Moraes, 1997). Posteriormente, com o desenvolvimento de equipamentos de menor porte, os chamados computadores pessoais, as escolas particulares investem na criação de disciplinas de informática, nas quais se ensinava a informática e não se ensinava com informática.
Por outro lado, estão a surgir grandes desafios de implementação em termos de educação. Contudo, a nova tecnologia digital não é fácil de ser encontrada por muitos professores. Além dos efeitos que têm causado nos seus utilizadores como um todo, há um grande número de professores que ainda se sentem inseguros e despreparados para a sua implementação (Gatti et al., 2019). A formação individual do ser humano é essencial para o desenvolvimento da sociedade e a educação apresenta-se como um dos meios para isso. A educação é importante pela amplitude do processo que pode promover, pois pode abranger o desenvolvimento das capacidades físicas, mentais, psicológicas e morais, ou seja, promove o desenvolvimento integral da pessoa (Dallari, 2018).
A nova tecnologia também é considerada uma ferramenta educacional que facilita o diálogo entre os alunos e a escola e possibilita novas práticas (Moran, 2013). O desafio está em negociar e tentar dialogar com os alunos. Os professores podem ajudar os alunos estimulando-os a saber fazer perguntas, focar em coisas importantes, ter critério na escolha de sites, examinar páginas, comparar textos sob diferentes perspectivas. Os professores podem se concentrar mais na pesquisa do que em fornecer respostas prontas; eles podem levantar tópicos interessantes e passar dos níveis de investigação mais simples aos mais complexos; das páginas mais coloridas e estimulantes às mais obscuras; desde vídeos e narrativas impactantes até contextos mais amplos e, assim, ajudam a desenvolver um pensamento arborescente, com sucessivas quebras e contínua reorganização semântica (Gatti et al., 2021).
O professor tem um papel importante como mediador, é preciso estar inserido no universo dos jovens e adultos, estar próximo, mais sensível, aprender a ouvir, enxergar as possibilidades e estabelecer uma comunicação emocional visando o ensino integral e no desenvolvimento do aluno. Apesar de todos os benefícios trazidos pelo uso da tecnologia, vistos até agora, Moran (2013) aponta que a mídia ensina de uma forma muito atrativa, e muitas vezes o público não vê. Os meios de comunicação são rápidos e lógicos, concretos, principalmente com a imagem em movimento. De acordo com Moran (2013):
Combinam a dimensão espacial com a cinestésica, onde o ritmo torna-se cada vez mais alucinante (como nos vídeos clipes) ao mesmo tempo utilizam a linguagem, falada conceitual, falada e escrita, mais formalizada e racional. Imagem, palavra e música integram-se dentro de um contexto comunicacional afetivo, de forte impacto emocional, que facilita e predispõe a aceitar mais facilmente as mensagens (p.50).
Durante as práticas pedagógicas percebe-se a resistência e a ineficiência dos professores em relação ao uso de ferramentas digitais, desde a utilização de videoconferência para compartilhar suas aulas, gravar um vídeo, como também outros meios digitais como as plataformas para mediar a aprendizagem. Nesse sentido, a formação continuada possuiu um papel fundamental, o de proporcionar ao professor apropriação da cultura digital (Araujo, 2021).
O professor precisou se reinventar e entender que nesse novo tempo dominar os conteúdos é ponto de partida, o ponto de chegada é saber como ensiná-los. Valorizar a formação e buscar sempre estar atualizado oportuniza adquirir competências e habilidades para melhor conduzir o processo de ensino aprendizagem. Pois diante desse cenário pós pandemia, mais do que nunca, foi exigido que o professor dominasse diferentes ambientes de aprendizagem a partir do uso de novas ferramentas com métodos ativos e que proporcionasse aos estudantes a construção de um pensamento crítico (Heinsfeld; Pischetola, 2017).
A inserção das tecnologias digitais no sistema educacional brasileiro foi formalizada por meio de uma série de documentos que estabelecem diretrizes para sua utilização, garantindo que elas sejam acessíveis e aplicáveis ao contexto pedagógico (Cordeiro; Bonilla, 2018).
ANALISANDO A TRAJETÓRIA NOS DOCUMENTOS LEGAIS
A base legal para o uso das tecnologias digitais na educação pode ser encontrada na Constituição Federal, que, em seu artigo 205, estabelece a educação como um direito de todos e um dever do Estado e da família. Embora não mencione diretamente as tecnologias digitais, a garantia de acesso à educação de qualidade pressupõe a inclusão de ferramentas tecnológicas contemporâneas (Brasil, 1988). E em se tratando de tecnologias, o documento exprime prezar pelo desenvolvimento tecnológico do país, porém não apresenta em seu texto menções diretas em relação ao uso da tecnologia no contexto educacional (Brasil, 1988).
A LDB é um marco para a regulamentação do ensino no Brasil e menciona a importância de incorporar recursos tecnológicos para a inovação pedagógica. No artigo 32, a lei destaca que o ensino fundamental deve desenvolver a capacidade de “compreender o ambiente natural e social”, o que inclui a cultura digital (LDB – Lei nº 9.394/1996).
Em seu artigo 32, inciso II, preconiza para a formação básica do cidadão em nível de Ensino Fundamental, dentre outros elementos, a compreensão da tecnologia e suas implicações na sociedade. Já para o Ensino Médio, este marco legal recomenda, no artigo 35, inciso IV, que sejam explorados os conhecimentos “científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina”. Seja em nível de Ensino Superior ou na modalidade de Educação Profissional, mantém-se a atenção ao uso e à disseminação dos conhecimentos científico-tecnológicos e suas implicações na sociedade (Brasil, 2012).
O PNE (Lei nº 13.005/2014) traz metas específicas que incentivam a adoção de tecnologias na educação. A meta 7, por exemplo, visa fomentar a qualidade da educação básica em todos os níveis e modalidades, promovendo a inovação tecnológica para apoiar o ensino (Brasil, 2014).
A BNCC, homologada em 2017, destaca a importância do desenvolvimento de competências digitais para formar cidadãos críticos e preparados para o mundo contemporâneo. A competência geral número 5 enfatiza que os estudantes devem compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de forma ética e crítica
Em novembro de 2017, foi publicado um documento com as diretrizes para a criação de uma Nova Política de Inovação e Tecnologia Educacional (2017-2021) . Essas diretrizes foram elaboradas, levando em consideração as análises comparativas de políticas públicas em outros países, e pelas lições aprendidas com as ações de tecnologia educacional implementadas no Brasil nos anos anteriores. Esse documento foi elaborado pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed), que espera que essa nova política nacional promova a qualidade, equidade e contemporaneidade na educação pública brasileira, contribuindo para uma melhor gestão nas redes de ensino (Brasil, 2017b).
[…] utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.”
[…] compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. (Brasil, 2017b).
Apesar da Carta não mencionar diretamente o uso pedagógico das TDICs, em meados de 1990 já era possível perceber a preocupação com o uso das tecnologias voltadas ao ensino em leis e documentos regulatórios da educação nacional. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei Nº 9.394/96), apesar de não abordar explicitamente o uso das tecnologias no contexto educacional, quer seja devido à limitação de acesso aos meios de comunicação e informação na época de sua promulgação ou mesmo à falta de demanda expressiva para sua aplicação no âmbito social e profissional, ainda assim, encontramos no documento reconhecimento quanto a importância da tecnologia para o desenvolvimento dos estudantes (Brasil, 2017a).
Assim, ao mesmo tempo em que Internet começou a ser implantada no país, também começaram as iniciativas governamentais através de políticas públicas voltadas para a educação. Para Santiago (2017, p.49):
Transformar a inclusão digital em política pública é fundamental para o desenvolvimento de programas e projetos em todo o Brasil, de modo que não seja ligado somente ao governo vigente. Inclusão digital não significa somente ter acesso ao computador ou à internet, mas também aos recursos digitais e conteúdos educacionais. Envolve apropriar-se dessas tecnologias para resolução de problemas, motivo pelo qual são pontos de cidadania, diminuição da exclusão social e educação. Portanto, a pessoa que está incluída na sociedade digital é capaz de melhorar suas condições de vida desde o maior aproveitamento das potencialidades desses veículos informacionais (Santiago, 2017, p.49).
Lançada em 2018, a Estratégia Brasileira para a Transformação Digital (E-Digital) incluiu ações específicas para fortalecer a formação digital de estudantes e professores, promovendo o uso de tecnologias como ferramentas essenciais no processo de ensino (Brasil, 2019).
A lógica tecnocrática se fez presente no primeiro momento de inserção das TDICs na educação, uma vez que nessa ocasião, percebia-se uma maior preocupação com a inserção de equipamentos tecnológicos nas escolas e não com infraestrutura, como rede elétrica, conectividade, e, principalmente com formação de professores para o uso pedagógico dessas tecnologias. Pischetola (2016), discorre sobre a crença de que a inserção de equipamentos tecnológicos seria suficiente para se obter os resultados desejados. Segundo essa autora, acreditar nisso é crer que:
A mera exposição a tecnologias específicas seria capaz de desencadear, em um contexto específico, os processos de crescimento já em curso em outro contexto, adotado como referência. Se aceita, desta forma, uma visão linear de desenvolvimento e de inovação, que assume a tecnologia como expressão de benefício universal (Pischetola, 2015, p. 2).
Dialogando com Pischetola (2015), autores como Barreto (2012) e Pretto & Pinto (2006), enxergam o fato de se priorizar a disseminação do digital no lugar de sua incorporação à prática pedagógica como uma visão reducionista, relacionando seu uso ao âmbito educacional como um artefato técnico. A inserção das TDICs na educação precisa estar atrelada ao seu engajamento nas práticas educacionais, promovendo um ambiente de aprendizagem mais crítica e participativa, onde os estudantes façam escolhas conscientes a partir do uso das ferramentas tecnológicas e isso vai além de investimento em capacidade técnica e operacional.
Apesar de haver pontos em que se percebe a relação entre TIC e as questões pedagógicas, é muito mais evidente o tratamento das tecnologias como ferramentas estratégicas para o alcance das metas estabelecidas, desse modo, a percepção de tecnologia no plano se aproxima mais á de artefato técnico, não havendo muita preocupação com um aprofundamento crítico e reflexivo sobre o verdadeiro papel dessas tecnologias no âmbito escolar (Araújo, 2019).
Para Duarte (2022, p.22), “a concepção de tecnologia encontrada na BNCC ainda é muito incipiente, sendo posta como elemento complementar à formação, não sendo dada ênfase à sua importância nos processos educativos dos sujeitos”. Assim, percebemos que na BNCC, o tema tecnologia está mais voltado para sua aplicabilidade no ensino dos alunos, sendo dividida entre as áreas de conhecimento e disciplina. Porém, para que essa aplicabilidade aconteça de modo a gerar os resultados esperados, é preciso que a tecnologia seja implementada no cotidiano desses estudantes, assim como no de seus professores (Alves, 2022).
As competências e abordagens que envolvem tecnologia na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estão intimamente conectadas às formas de comunicação e informação da era tecnológica, impactando tanto o indivíduo quanto a sociedade como um todo. A fusão entre tecnologia e educação tem se destacado como uma estratégia fundamental nas políticas públicas voltadas para o aprimoramento do ensino e da aprendizagem (Silva et al., 2020).
Analisando esses documentos, percebemos que não é dada a real importância ao assunto TDIC na educação, o que reflete na escassez de investimentos em políticas públicas voltadas a esse assunto. Masetto (2002, p. 135), afirma que “a desvalorização da tecnologia em educação tem a ver com a experiência vivida nas décadas de 1950 e 1960 quando se procurou impor o uso de técnicas nas escolas, baseada em teorias comportamentalistas”. No entanto, de lá para cá, o mundo evoluiu muito, modificando as sociedades e trazendo novas exigências para a formação dos sujeitos. E para enfrentar os desafios desse mundo evoluído, conectado e digital, esses sujeitos precisam desenvolver várias competências, entre elas, a de saber lidar com as tecnologias (Vidal, 2021).
Adaptar os programas educacionais à nova geração de estudantes tem sido uma tarefa difícil para os complexos nativos digitais, destacados por Lira (2018), incorporada e conectada às instituições de ensino e aos novos desafios, o que exige que os professores encontrem outras maneiras de tornar o ensino mais eficaz com base nas necessidades desses alunos.
Sendo assim, é essencial que se invista cada vez mais em políticas públicas voltadas para tecnologia educacional, uma vez que é através dessas políticas que se consegue democratizar o acesso, reduzir as desigualdades sociais e formar cidadãos com melhores oportunidades para adentrar ao mundo do trabalho, capazes de construir uma de sociedade mais justa e igualitária.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formação é um processo de aprendizagem que se manifesta ao progredir tanto individualmente quanto coletivamente dentro de uma cultura, incorporando-a, e contribuindo para sua criação e recriação. E como processo de aprendizagem, a formação envolve compreender as relações entre diferentes conhecimentos em diversas dimensões. A aprendizagem ocorre de forma consciente, com a decisão de incorporar ou não esses conhecimentos ao desenvolvimento individual e coletivo.
As tecnologias por si só, não asseguram automaticamente mudanças significativas no êxito da aprendizagem dos alunos. A mera presença de recursos tecnológicos nas escolas não é capaz de gerar melhorias substanciais no sistema educacional. O desafio real para os educadores reside em saber como integrá-las com eficiência em suas práticas pedagógicas, a fim de ampliar a interação entre todos os participantes nos processos de ensino e aprendizagem.
Como esse novo método de ensino traz uma nova forma de ensinar e aprender, os alunos demonstram grande interesse e entusiasmo por esta fase de ensino, participam mais e realizam as atividades propostas com pouca resistência. O desenvolvimento de aplicativos como ferramentas para aumentar o conhecimento tem crescido nos últimos anos e está fazendo a diferença. Eles atuam apresentando trabalhos docentes e atendimento remoto
Além disso, é importante destacar que a política de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) na educação teve início antes das demais políticas, porém, se tivesse sido planejada com investimento, acompanhamento, formação de professores, continuidade ao longo dos governos, garantia de acesso equitativo a essas tecnologias e estímulo a uma cultura educacional mais inovadora e alinhada com as demandas do século XXI, a realidade educacional brasileira em relação ao uso educacional dessas ferramentas poderia ser outra.
Dessa forma, é crucial implementar políticas educacionais inclusivas, alocar recursos em programas de alfabetização de qualidade, oferecer formação adequada aos professores, garantir a igualdade de acesso e permanência das crianças na escola para promover o desenvolvimento humano, social e econômico do país.
Tanto a política do uso das TDICs na educação demanda uma formação docente apropriada, uma vez que são os professores os responsáveis por transmitir conhecimentos e habilidades aos alunos. Sendo assim, é essencial investir na formação docente para assegurar a qualidade da educação, o desenvolvimento profissional deles, o sucesso dos alunos e o avanço do sistema educacional como um todo.
A difusão das tecnologias digitais na educação é uma oportunidade para repensar e reorganizar o ensino, tornando-o mais inclusivo, inovador e adaptado às necessidades do século XXI. No entanto, esta mudança exige esforços conjuntos entre governos, instituições de ensino e sociedade civil para superar a desigualdade, formar professores e promover o uso da tecnologia de forma consciente e eficaz. Só assim será possível criar uma educação que aproveite todo o poder transformador das ferramentas digitais.
Espera-se que, a pesquisa venha a contribuir na ampliação dos horizontes educacionais em se tratando da necessidade da oferta de formação para o uso das tecnologias em sala de aula, em especial no ciclo de alfabetização e que diante do limite imposto pela falta de formação específica para esse ciclo, outros estudos sejam realizados de forma mais aprofundada, incluindo um maior número de sujeitos participantes.
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