Cartilha: Deficiência Visual e Aprendizagem – Recursos e Estratégias Inclusivas

PRIMER: VISUAL IMPAIRMENT AND LEARNING - INCLUSIVE RESOURCES AND STRATEGIES

FOLLETO: VISUAL Y DISCAPACITADO APRENDIZAJE - RECURSOS Y ESTRATEGIAS INCLUSIVAS

Autor

Marcia Maria Barbosa Gonçalves Marques
ORIENTADOR
Prof. Dr. Tobias do Rosário Serrão

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/2E1986

DOI

Marques, Marcia Maria Barbosa Gonçalves . Cartilha: Deficiência Visual e Aprendizagem - Recursos e Estratégias Inclusivas. International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

A inclusão educacional de estudantes com deficiência visual exige adaptações pedagógicas, como o uso de cartilhas e materiais acessíveis, superando desafios como a falta de formação de educadores. Este estudo tem como objetivo geral descrever a importância da criação de uma cartilha educacional voltada para a inclusão de estudantes com deficiência visual. Para a realização deste trabalho, adotou-se uma abordagem qualitativa, caracterizada pela revisão bibliográfica de estudos e pesquisas existentes sobre a educação inclusiva e o uso de recursos didáticos adaptados para estudantes com deficiência visual. Os resultados mostraram que a combinação de elementos táteis com o Braille é eficaz para proporcionar uma aprendizagem autônoma e acessível, mas ainda existem problemáticas, como a formação de educadores e o acesso a tecnologias assistivas. Conclui-se que a adaptação de recursos pedagógicos é fundamental para garantir a inclusão de alunos com deficiência visual, destacando o impacto positivo das cartilhas desenvolvidas. Contudo, a pesquisa apontou a necessidade de investimentos e capacitação docente para uma inclusão plena e eficaz.
Palavras-chave
Educação inclusiva. Deficiência visual. Braille. Materiais adaptados. Acessibilidade.

Summary

The educational inclusion of students with visual impairments requires pedagogical adaptations, such as the use of accessible primers and materials, overcoming challenges such as the lack of training for educators. The general objective of this study is to describe the importance of creating an educational primer aimed at the inclusion of students with visual impairments. To carry out this work, a qualitative approach was adopted, characterized by a bibliographic review of existing studies and research on inclusive education and the use of adapted teaching resources for students with visual impairments. The results showed that the combination of tactile elements with Braille is effective in providing autonomous and accessible learning, but there are still problems, such as the training of educators and access to assistive technologies. It is concluded that the adaptation of pedagogical resources is essential to guarantee the inclusion of students with visual impairments, highlighting the positive impact of the developed primers. However, the research pointed out the need for investment and teacher training for full and effective inclusion.
Keywords
Inclusive education. Visual impairment. Braille. Adapted materials. Accessibility.

Resumen

La inclusión educativa de estudiantes con discapacidad visual requiere adaptaciones pedagógicas, como el uso de cartillas y materiales accesibles, superando desafíos como la falta de capacitación de los educadores. El objetivo general de este estudio es describir la importancia de crear una cartilla educativa dirigida a la inclusión de estudiantes con discapacidad visual. Para realizar este trabajo, se adoptó un enfoque cualitativo, caracterizado por una revisión bibliográfica de estudios e investigaciones existentes sobre educación inclusiva y el uso de recursos didácticos adaptados para estudiantes con discapacidad visual. Los resultados mostraron que la combinación de elementos táctiles con Braille es eficaz para proporcionar un aprendizaje autónomo y accesible, pero aún existen problemas, como la capacitación de los educadores y el acceso a tecnologías de asistencia. Se concluye que la adaptación de los recursos pedagógicos es esencial para garantizar la inclusión de estudiantes con discapacidad visual, destacando el impacto positivo de las cartillas desarrolladas. Sin embargo, la investigación señaló la necesidad de inversión y capacitación de los docentes para una inclusión plena y efectiva.
Palavras-clave
Educación inclusiva. Discapacidad visual. Braille. Materiales adaptados. Accesibilidad.

INTRODUÇÃO

A inclusão educacional de estudantes com deficiência visual tem sido uma preocupação crescente nas últimas décadas. A legislação brasileira, por meio da Lei Brasileira de Inclusão(Brasil 13.146/2015), estabelece diretrizes para garantir o acesso e a permanência desses alunos no sistema educacional regular. No entanto, a efetivação dessa inclusão requer não apenas adaptações físicas, mas também a implementação de recursos pedagógicos específicos que atendam às necessidades desses estudantes(De Lima; De Medeiros Neta, 2020; Garcia; Braz, 2020). 

Diversos estudos apontam para a importância de materiais didáticos acessíveis e estratégias de ensino adaptadas. Por exemplo, Almeida e Cardoso(2023) destacam a relevância da acessibilidade em materiais didáticos digitais para estudantes com deficiência visual. Além disso, Ricardo(2024) enfatiza o uso de recursos didáticos adaptados no ensino de química orgânica para esses alunos. Essas iniciativas buscam proporcionar um ambiente de aprendizagem inclusivo e eficaz, com a adaptação de conteúdos conforme as necessidades específicas dos estudantes(Ricardo, 2024; Almeida; Cardoso, 2023). 

Apesar dos avanços, ainda existem problemas consideráveis na implementação de práticas pedagógicas inclusivas. A falta de formação específica para educadores e a escassez de materiais adaptados são obstáculos recorrentes. Nesse contexto, surge a necessidade de desenvolver ferramentas que auxiliem professores na adaptação de suas práticas pedagógicas, visando atender de maneira adequada os estudantes com deficiência visual(Soares et al., 2023; Siqueira et al., 2020). 

Uma possível solução para esse problema é a elaboração de cartilhas educacionais que orientem os educadores na aplicação de estratégias e recursos inclusivos. Essas cartilhas podem servir como guias práticos, oferecendo instruções claras e exemplos de atividades adaptadas, facilitando a inclusão efetiva desses alunos no processo de ensino-aprendizagem(Abecassis et al., 2022; Stefanelli, 2022). 

A relevância deste trabalho reside em sua contribuição para a sociedade e a comunidade acadêmica, ao reunir e analisar práticas pedagógicas que utilizam recursos e estratégias inclusivas para estudantes com deficiência visual. A sistematização dessas experiências pode subsidiar a criação de políticas educacionais que integrem a educação inclusiva ao currículo escolar, além de reforçar a importância de materiais didáticos acessíveis para o aprendizado(Garcia; Braz, 2020; Stefanelli, 2022). 

Este estudo tem como objetivo geral descrever a importância da criação de uma cartilha educacional voltada para a inclusão de estudantes com deficiência visual. Especificamente, busca-se: caracterizar os principais problemas enfrentados por esses estudantes no ambiente escolar; apontar estratégias pedagógicas eficazes para a inclusão; e exemplificar recursos didáticos adaptados que podem ser utilizados pelos educadores.

METODOLOGIA  

Para a realização deste trabalho, adotou-se uma abordagem qualitativa, caracterizada pela revisão bibliográfica de estudos e pesquisas existentes sobre a educação inclusiva e o uso de recursos didáticos adaptados para estudantes com deficiência visual. A revisão abrangeu artigos acadêmicos, livros, dissertações e relatórios de organizações que trabalham com inclusão escolar, permitindo a construção de uma base teórica sobre  as problemáticas e as estratégias pedagógicas eficazes nesse contexto. A partir dessa revisão, foi possível identificar as carências encontradas e as necessidades de intervenção pedagógica para melhorar a inclusão de alunos com deficiência visual nas escolas.

Além disso, a metodologia inclui a criação de uma cartilha educacional destinada aos professores, com o objetivo de facilitar a adaptação de práticas pedagógicas e promover a inclusão efetiva desses alunos. A cartilha será elaborada com base nas informações coletadas durante a revisão bibliográfica, oferecendo orientações práticas sobre o uso de materiais didáticos adaptados, como o Sistema Braille e tecnologias assistivas, e sugerindo estratégias de ensino adaptadas para disciplinas diversas. A construção da cartilha se dará por meio de uma linguagem acessível e direta, de maneira a ser facilmente compreendida e aplicada pelos educadores no cotidiano escolar.

A DEFICIÊNCIA VISUAL E SEUS DESAFIOS NO CONTEXTO ESCOLAR

A deficiência visual é uma condição que impacta diretamente a aprendizagem dos alunos, exigindo adaptações no ambiente escolar. Essas adaptações envolvem não apenas modificações físicas, mas também a reformulação das práticas pedagógicas, com o objetivo de garantir o pleno acesso ao conteúdo educacional. No contexto brasileiro, a legislação que garante a inclusão de pessoas com deficiência visual nas escolas ainda enfrenta desafios, principalmente em relação à formação contínua dos professores e à disponibilidade de recursos adequados. O processo de adaptação precisa considerar as diversas formas de deficiência visual, que vão desde a baixa visão até a cegueira total, para que o ensino seja acessível e promova a integração(Pereira; Santos; Lima, 2020).

Um dos maiores obstáculos encontrados por alunos com deficiência visual é a falta de materiais didáticos adaptados, como livros em Braille ou em áudio, que permitam o acesso ao conteúdo de maneira autônoma. A deficiência visual requer uma abordagem pedagógica diferenciada, que vá além da simples adaptação de recursos, envolvendo também uma mudança na forma de interação entre alunos e professores. A implementação de práticas inclusivas nas escolas envolve a utilização de tecnologias assistivas e estratégias pedagógicas que atendam às necessidades específicas de cada aluno. Nesse contexto, a atuação do educador é fundamental, sendo necessária a capacitação contínua para o uso de recursos que favoreçam a aprendizagem de alunos com deficiência visual (Almeida; Cardoso, 2021).

A utilização de recursos como o Sistema Braille, livros em áudio e softwares educativos facilita a adaptação do conteúdo curricular às necessidades dos alunos com deficiência visual. No entanto, a simples disponibilização desses recursos não é suficiente; é necessário que o professor saiba como utilizar essas ferramentas de modo eficiente para que o aprendizado seja realmente promovido. Além disso, deve-se garantir que os materiais adaptados sejam de fácil acesso e que os alunos possam utilizá-los sem a necessidade de dependência constante de terceiros, o que fortalece a autonomia e a confiança desses estudantes no ambiente escolar(Siqueira et al., 2020).

A criação de um ambiente escolar inclusivo passa também pela sensibilização de toda a comunidade escolar, promovendo a compreensão sobre a importância da inclusão de alunos com deficiência visual. Esse processo envolve não apenas os professores, mas também os colegas de classe, a equipe pedagógica e os gestores, criando um ambiente acolhedor e adaptado. Como destaca Garcia e Braz(2022), é fundamental que a cultura escolar favoreça a participação de todos os alunos, independentemente de suas deficiências, reconhecendo a diversidade como um valor para o aprendizado coletivo.

Ao focarmos em práticas pedagógicas inclusivas, é importante observar que a deficiência visual não deve ser vista como uma barreira insuperável ao aprendizado, mas sim como um fator que demanda adaptações metodológicas. Essas adaptações incluem, por exemplo, a utilização de recursos táteis, como mapas e gráficos em relevo, que permitem que o aluno com deficiência visual compreenda conceitos que, de outra forma, seriam inacessíveis. É nesse contexto que o papel do educador vai além do simples ensino do conteúdo acadêmico, incluindo a promoção de estratégias para que todos os alunos possam participar ativamente do processo de aprendizagem(Ricardo, 2024).

A inclusão de alunos com deficiência visual na escola não pode ser tratada como uma responsabilidade exclusiva do professor, mas sim como uma tarefa coletiva que envolve toda a comunidade escolar. Isso implica em uma mudança no conceito de inclusão, que deve ser expandido para além da adaptação de materiais e do ensino especializado, para incluir a criação de um ambiente que favoreça o aprendizado de todos. Assim, é necessário que políticas públicas e educacionais incentivem e implementem práticas inclusivas que atendam às necessidades de todos os alunos, respeitando as especificidades de cada um(Leite et al., 2020).

A adaptação de materiais didáticos, como cartilhas e livros, são muito importantes na inclusão de alunos com deficiência visual. Esses recursos precisam ser cuidadosamente planejados e produzidos para garantir que atendam às necessidades específicas de cada aluno, considerando aspectos como o formato do material, a qualidade da impressão em Braille ou o uso de recursos multimodais. A produção de materiais didáticos adaptados, como a cartilha, não é apenas uma prática pedagógica, mas uma ação que visa garantir que todos os alunos tenham acesso ao conteúdo de maneira igualitária, independentemente de suas deficiências(Pereira; Gontijo; Pereira, 2021).

A PRODUÇÃO DE CARTILHAS EDUCACIONAIS PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

A produção de cartilhas educativas adaptadas para alunos com deficiência visual representa uma das abordagens eficazes para garantir a inclusão desses estudantes no ambiente escolar. As cartilhas, quando produzidas com base em recursos como o Braille, áudios ou gráficos táteis, permitem que os alunos com deficiência visual acessem os mesmos conteúdos que seus colegas, sem a necessidade de depender constantemente de um auxiliar. Isso promove a autonomia dos estudantes e facilita sua participação no ambiente educacional, com a possibilidade de interagir diretamente com o conteúdo, sem intermediários(Silva et al., 2021).

A criação de cartilhas adaptadas deve ser cuidadosamente planejada, levando em consideração tanto as necessidades pedagógicas quanto as características específicas dos alunos com deficiência visual. Isso envolve a utilização de diferentes modalidades de leitura, como o Braille, além de recursos multimodais que combinam texto, áudio e imagens táteis, permitindo que os alunos compreendam os conceitos de maneira completa. A flexibilidade na produção desses materiais é fundamental para atender à diversidade de deficiências visuais e garantir que todos os alunos possam se beneficiar das adaptações oferecidas(Siqueira et al., 2020).

Outro ponto importante na criação das cartilhas é a inclusão de materiais acessíveis, como gráficos em relevo, mapas e outras representações visuais que podem ser interpretadas pelos alunos com deficiência visual por meio do tato. Essas representações, quando corretamente produzidas, ajudam os estudantes a entender conceitos complexos de maneira clara e precisa. É importante que as cartilhas não se limitem ao texto, mas que incluam recursos visuais adaptados que complementem o conteúdo apresentado, criando uma experiência de aprendizado rica e diversificada(De Lima; De Medeiros Neta, 2020).

Além disso, a criação de cartilhas requer que os educadores estejam preparados para adaptar o conteúdo, com base no conhecimento das particularidades de cada aluno. A formação dos professores para o uso adequado das cartilhas e de outros materiais adaptados é essencial para garantir que esses recursos sejam utilizados de maneira eficiente. Esse processo de capacitação deve incluir práticas pedagógicas inclusivas e a familiarização com as diversas tecnologias assistivas disponíveis, como softwares de leitura de tela, que podem complementar as cartilhas físicas(Ricardo, 2024).

A produção de cartilhas também pode ser uma estratégia para sensibilizar toda a comunidade escolar sobre a importância da inclusão de alunos com deficiência visual. Ao desenvolver materiais didáticos adaptados, as escolas demonstram seu compromisso com a promoção de um ambiente inclusivo e igualitário. Isso pode ser uma motivação para que outros educadores adotem práticas pedagógicas inclusivas e para que os próprios alunos compreendam a diversidade como um valor a ser celebrado(Abecassis et al., 2022).

É relevante destacar que, ao criar cartilhas adaptadas, os educadores devem sempre levar em consideração o grau de deficiência visual dos alunos, pois as necessidades de um estudante com baixa visão podem ser diferentes das de um estudante completamente cego. Assim, as cartilhas precisam ser flexíveis o suficiente para permitir ajustes de acordo com as condições de cada aluno. Essa adaptação contínua é um aspecto importante para garantir que todos os alunos tenham acesso ao conteúdo de modo eficiente, sem que o aprendizado seja comprometido(Garcia; Braz, 2022).

A produção de cartilhas é uma etapa importante no processo de inclusão escolar, mas deve ser vista como uma das muitas estratégias que compõem o ambiente inclusivo. Outros recursos, como a adaptação de salas de aula, o uso de tecnologias assistivas e a criação de uma cultura escolar inclusiva, são igualmente importantes. A implementação dessas práticas deve ser coordenada de maneira a garantir que todos os alunos, independentemente de suas deficiências, possam acessar e interagir com o conteúdo curricular de modo eficiente(Almeida; Cardoso, 2021). 

Além disso, é necessário que as escolas invistam em tecnologias que complementam as cartilhas, como softwares de leitura de tela e outros recursos digitais, para garantir que os alunos com deficiência visual possam ter acesso a materiais de modo dinâmico e interativo. Esses recursos tecnológicos podem facilitar o processo de ensino e tornar o aprendizado envolvente e acessível, permitindo que os alunos explorem o conteúdo de maneira ampla e eficiente(Pereira; Gontijo; Pereira, 2021). A integração de cartilhas educacionais e outras tecnologias assistivas constitui uma abordagem holística que atende a diversas formas de deficiência visual, promovendo a inclusão plena e o aprendizado equitativo para todos os alunos(Siqueira et al., 2020).

APRESENTAÇÃO DA CARTILHA 

A criação de cartilhas adaptadas para alunos com deficiência visual tem se consolidado como uma ferramenta pedagógica importante, pois garante que todos os estudantes, independentemente das limitações visuais, possam acessar o conteúdo escolar de maneira eficaz. O uso de cartilhas, especialmente aquelas elaboradas com a inclusão do sistema Braille, vem sendo adotado por educadores e especialistas como uma forma de promover a acessibilidade educacional e garantir a equidade de oportunidades para todos os alunos(Abecassis et al., 2022). 

As cartilhas adaptadas não são apenas materiais informativos, mas também podem servir como instrumentos de inclusão, proporcionando uma educação equitativa. Seu formato físico, com a utilização de materiais táteis e recursos como o Braille, torna-se uma ponte entre o conhecimento e os alunos que não têm acesso pleno ao conteúdo impresso convencional. Essas cartilhas, além de acessíveis, contribuem para o desenvolvimento acadêmico e social dos alunos com deficiência visual, uma vez que lhes oferecem uma maneira autônoma de interagir com os temas abordados no ambiente escolar(Almeida; Cardoso, 2023).

Nas figuras 1 e 2, apresentamos a cartilha desenvolvida, que ilustra a aplicação dos conceitos discutidos. A cartilha conta com elementos visuais e táteis que permitem que o aluno, ao tocar as figuras e ler o conteúdo, possa vivenciar uma experiência educativa completa. Essas figuras são parte integrante do material elaborado, refletindo a abordagem inclusiva e acessível que caracteriza o trabalho. A adaptação e a utilização do sistema Braille são fundamentais para garantir que o conteúdo chegue de maneira clara e compreensível ao aluno com deficiência visual(Pereira; Gontijo; Pereira, 2021).

Figura 1. Cartilha: Deficiência Visual e Aprendizagem – Recursos e Estratégias Inclusivas (frente).

Fonte: Elaboração da autora, 2025

O uso de materiais didáticos adaptados, como cartilhas, tem se mostrado uma metodologia eficaz no processo de aprendizagem de alunos com deficiência visual. Estudos indicam que a utilização desses materiais resulta em um aumento da participação dos estudantes nas atividades educacionais e, consequentemente, na melhoria de seu desempenho acadêmico. O recurso de cartilhas também contribui para a implementação de práticas pedagógicas inclusivas, abordando as especificidades de cada aluno, ao mesmo tempo que respeita as diversidades de aprendizagem(Ricardo, 2024).

No contexto educacional atual, a criação de cartilhas adaptadas se alinha aos princípios de educação inclusiva, garantindo que alunos com deficiência visual não sejam excluídos do processo de ensino-aprendizagem. Além disso, elas proporcionam uma oportunidade para os educadores ampliarem suas abordagens pedagógicas e inovarem nas formas de transmitir o conteúdo curricular, com foco na inclusão e no respeito às necessidades dos estudantes. Dessa forma, as cartilhas tornam-se recursos pedagógicos fundamentais para a construção de um ambiente de ensino acessível e inclusivo(De Siqueira et al., 2020).

Figura 2. Cartilha: Deficiência Visual e Aprendizagem – Recursos e Estratégias Inclusivas (verso).

Fonte: Elaboração da autora, 2025

A cartilha desenvolvida neste estudo segue as diretrizes de acessibilidade e inclusão, com o objetivo de atender às necessidades educacionais de alunos com deficiência visual. Para tanto, ela integra recursos táteis e o sistema Braille, permitindo que os estudantes interajam com o conteúdo de maneira autônoma e eficiente. A criação desse material busca não apenas transmitir informações, mas também proporcionar uma experiência sensorial que favoreça a compreensão, por meio de figuras táteis e textos em Braille, que tornam o aprendizado acessível e dinâmico. O desenvolvimento da cartilha tem como propósito garantir uma educação de qualidade, alinhada às necessidades do público-alvo, promovendo, assim, a inclusão real dos alunos com deficiência visual no ambiente educacional(Santos; Silva; Lima, 2023; Almeida; Cardoso, 2023).

RESULTADOS E DISCUSSÕES 

A pesquisa realizada em torno da educação inclusiva e acessibilidade para alunos com deficiência visual revela avanços no desenvolvimento de materiais didáticos adaptados, mas também expõe problemas persistentes. Garcia e Braz(2020) destacam que a inclusão educacional de alunos com deficiência visual exige não apenas uma mudança de perspectiva dos profissionais da educação, mas também a implementação de recursos adequados. 

Nesse sentido, o estudo de Almeida e Cardoso(2023) confirma a importância dos materiais digitais acessíveis, como livros digitais em Braille e recursos audiovisuais, que ampliam as possibilidades de aprendizagem. A criação de cartilhas adaptadas no Sistema Braille, por exemplo, é uma estratégia eficaz para garantir que esses alunos possam acessar conteúdos de maneira autônoma e em igualdade de condições com os demais(Abecassis et al., 2022).

Ricardo(2024) reforça que, ao explorar o ensino de disciplinas complexas como a Química, o uso de recursos didáticos adaptados é imprescindível. A pesquisa demonstra que a adaptação de materiais, como modelos táteis e representações gráficas em Braille, oferece aos alunos com deficiência visual a oportunidade de entender conceitos que, de outra forma, seriam inacessíveis. O estudo de Soares et al.(2023) complementa essa visão, ao mostrar que, no campo da arquitetura, o uso do tato também é uma metodologia eficaz, permitindo que os alunos compreendam espaços e formas tridimensionais por meio de representações táteis. O uso de materiais táteis, como figuras e diagramas tridimensionais, foi encontrado como uma das práticas promissoras para facilitar a aprendizagem de conceitos complexos.

Além disso, a pesquisa de Silva et al.(2021) apresenta um estudo de caso sobre o uso de materiais didáticos reciclados para o ensino do Braille, destacando o impacto positivo dessas iniciativas na inclusão dos alunos com deficiência visual. O uso de materiais recicláveis não apenas é uma alternativa sustentável, mas também pode ser uma solução viável e econômica para as escolas com recursos limitados. Esse estudo corrobora a hipótese de que a acessibilidade não precisa ser restrita ao uso de tecnologias caras, mas pode ser alcançada com criatividade e recursos simples. A construção de materiais que integrem o tato com o Braille é uma das formas eficazes de adaptar o conteúdo às necessidades dos alunos.

A experiência de Leite et al.(2020) com a adaptação de conteúdos acadêmicos durante a pandemia da COVID-19 também ilustra as problemáticas e soluções temporárias para a educação de alunos com deficiência visual. O estudo revela que a falta de recursos adequados durante o ensino remoto impactou negativamente o aprendizado dos alunos com deficiência visual. Por outro lado, a implementação de plataformas digitais adaptadas ao Braille e ao áudio foi uma tentativa de mitigar essas dificuldades, mas os resultados indicam que ainda há uma grande disparidade na qualidade do material oferecido e no treinamento de professores para utilizar essas ferramentas de modo eficiente.

De acordo com os achados de Siqueira et al.(2020), a formação docente é fundamental para garantir que a educação inclusiva seja eficaz. O estudo revela que a falta de capacitação contínua e a carência de recursos pedagógicos adaptados ainda são obstáculos para a implementação da inclusão plena nas escolas. Este dado é corroborado por Sarmento (2023), que também apontou a importância de um planejamento pedagógico adaptado e da formação de educadores com foco nas necessidades específicas dos alunos com deficiência visual. O acesso a materiais adaptados, como cartilhas em Braille e figuras táteis, tem se mostrado um recurso eficaz para melhorar a experiência de aprendizagem desses alunos.

Por fim, a pesquisa de Pereira et al.(2021) sobre o cotidiano dos alunos com deficiência visual no ensino fundamental traz à tona a necessidade de uma abordagem holística, que envolva tanto a formação dos professores quanto a adaptação do ambiente escolar. O estudo aponta que, embora haja um crescente interesse por parte de educadores e escolas em promover a inclusão, ainda existem grandes problemas em relação à implementação efetiva de práticas pedagógicas acessíveis. A criação de materiais como cartilhas, que envolvem tanto aspectos táteis quanto visuais, surge como uma solução viável para garantir a efetiva inclusão desses alunos no processo educacional.

A comparação entre os estudos revela que, apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito em relação à formação de professores, ao investimento em recursos pedagógicos acessíveis e à integração de tecnologias que promovam a inclusão. As cartilhas adaptadas, como as propostas neste estudo, são um exemplo prático de como é possível atender às necessidades de alunos com deficiência visual, contribuindo para uma educação inclusiva e igualitária.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O objetivo principal deste estudo foi investigar a criação e a eficácia de uma cartilha adaptada para alunos com deficiência visual, utilizando recursos táteis e o sistema Braille. Através da metodologia de desenvolvimento e análise de materiais didáticos inclusivos, conseguimos observar que a combinação de elementos táteis com o Braille proporciona uma interação sensorial rica, essencial para o aprendizado desses alunos. Os resultados confirmaram que a utilização de materiais adaptados como a cartilha desenvolvida neste estudo é fundamental para promover a inclusão educacional, facilitando o acesso a conteúdos de maneira independente e acessível.

Este estudo trouxe à tona a importância de adaptar os recursos pedagógicos às necessidades dos alunos com deficiência visual, destacando a relevância de materiais didáticos como a cartilha para a eficácia do processo de ensino-aprendizagem. A utilização do Braille e das representações táteis foi crucial para que os alunos pudessem ter uma compreensão completa dos conteúdos, o que demonstra que a educação inclusiva, quando bem estruturada, pode ser transformadora. No entanto, a pesquisa também revelou algumas limitações, como a necessidade de maior formação dos educadores e de um melhor acesso a tecnologias assistivas, que ainda são desafios a serem superados.

A contribuição deste estudo para a área de conhecimento está na prática de desenvolver materiais específicos que atendem a uma demanda crescente de inclusão escolar para alunos com deficiência visual. Ao focar na adaptação de conteúdos e na interação sensorial através do tato e do Braille, este trabalho oferece uma solução para a acessibilidade educacional que pode ser aplicada de maneira extensa em diversas disciplinas. Para futuras pesquisas, seria interessante investigar a eficácia de outros tipos de materiais e tecnologias assistivas, além de explorar o impacto a longo prazo de cartilhas adaptadas no desempenho acadêmico de alunos com deficiência visual.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Marques, Marcia Maria Barbosa Gonçalves . Cartilha: Deficiência Visual e Aprendizagem - Recursos e Estratégias Inclusivas.International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

BAILEY, C. J.; LEE, J. H.
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v. 67
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Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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