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Resumo
INTRODUÇÃO
A evasão escolar não é um problema restrito apenas a algumas unidades escolares, mas é uma questão nacional que vem ocupando relevante papel nas discussões e pesquisas educacionais no cenário brasileiro. Este fenômeno destaca-se como ponto preocupante para todos os envolvidos, como alunos, pais, professores bem
como as instituições de ensino, tornando-se evidente que a preocupação com o futuro das crianças, jovens e adultos evadidos, ou seja, eles até frequentam a escola, mas não permanecem.
O papel a ser desempenhado pelos Assistentes Sociais no ambiente escolar difere do exercido pelos professores/educadores em sala de aula. Apesar do trabalho profissional de ambos ser pautado em propósitos políticos com objetivos semelhantes na construção de uma sociedade pautada em valores éticos, humanos e de cidadania, as atuações se diferem em relação à prática teórico-metodológica. Desta forma, não há possibilidade do profissional de Serviço Social entrar em atrito com os educadores/professores no que compete a perda de espaço profissional destes últimos, ou interferência nas áreas específicas do saber. A presença do Serviço Social na Escola se justifica frente ao trabalho interdisciplinar, que pode colaborar com o desenvolvimento político dos diversos atores sociais envolvidos em tal contexto.
O Assistente Social na escola desempenha importantes atribuições, buscando promover a compreensão das complexidades da realidade social e identificar situações que afetam o processo educacional, como bullying, dificuldades de aprendizagem e problemas sociais mais graves. Além disso, contribui na construção de uma parceria entre escola, família e comunidade, garantindo a importância de envolver todos os atores sociais na promoção de uma educação de qualidade.
REVISÃO DA LITERATURA
A EVASÃO ESCOLAR COMO EXPRESSÃO DA QUESTÃO SOCIAL DO SERVIÇO SOCIAL
A questão social passa a ser compreendida como uma ruptura do padrão estabelecido em convergência com a aceitabilidade das normas e conceitos sociais, religiosos e culturais. Deste modo, a evasão escolar é uma expressão da questão social, sendo o Serviço Social encarregado de fazer a análise e construir intervenções para a superação desta dificuldade.
Assim, sabe-se que, no Brasil, desde a década de 80 que se busca soluções para que todos os cidadãos tenham acesso aos direitos fundamentais: educação, saúde, moradia. O ápice desta conquista é a promulgação da Constituição Federal de 1988, concedida no processo de redemocratização do país e por esse motivo ficou conhecida como Constituição Cidadã
Para que os direitos sejam assegurados, é primordial o envolvimento de todos os profissionais da educação para que o serviço seja prestado com maestria e o aluno se torne o grande beneficiário. Dentre estes profissionais, tem-se o Serviço Social, com a missão de consolidar as políticas públicas e projetos intervencionistas, resultando em solução para as demandas mais urgentes e, permitindo o acesso dos cidadãos aos seus direitos e conquistas sociais.
Nessa direção, a questão social e suas mais diversas expressões fruto das desigualdades geradas pelo sistema capitalista impactam em todas as áreas da sociedade e na educação não seria diferente, como parte constituinte da comunidade está inserida nos conflitos de ordem econômica, política, cultural e social, é na junção desses conflitos que as expressões da questão social podem ser visualizadas nas instituições educacionais.
A função da educação requerida pelo capital não pode ser confundida com a natureza ontológica da educação, cuja função é essencialmente possibilitar ao indivíduo alcançar patamares mais elevados do gênero humano, não somente pelo acesso ao patrimônio material e espiritual produzido pela humanidade, que visa o preparar para responder social e conscientemente a novas situações que surgem no processo de reprodução social, mas também pela possibilidade de, em sentido amplo, ser partícipe do processo de produção desse patrimônio, tendo em vista que sempre haverá situações novas para as quais o conhecimento acumulado não será suficiente para a humanidade responder adequadamente (Amorim, 2018, p. 68).
A escola é o espaço institucional para a oferta da educação formal, mas também é o local de referência da comunidade para acesso a um dos direitos sociais – o direito à educação. O espaço escolar possibilita a interação social entre os estudantes, mas também entre os professores e demais profissionais da educação com a comunidade local, sendo muitas vezes a presença mais próxima das políticas públicas ofertadas no âmbito governamental.
O problema da evasão e da repetência escolar no país tem sido um dos maiores desafios enfrentados pelas redes do ensino público, pois as causas e consequências estão ligados a muitos fatores como social, cultural, político e econômico, como também a escola onde 23 professores tem contribuído a cada dia para o problema se agravar, diante de uma prática didática ultrapassada (Azevedo, 2011, p.05).
Neste contexto, a evasão escolar passa a ser entendido como problema nacional, não sendo algo recente, mas perdurando por muitas décadas, acarretando em preocupação nos profissionais de educação e na exigência de elaboração de metodologias para a permanência do aluno no ambiente escolar e assim, criar motivações para que estes possam terminar seus estudos e vivenciar as transformações sociais advindas da educação escolar.
A evasão escolar é um problema crônico em todo o Brasil, sendo muitas vezes passivamente assimilada e tolerada por escolas e sistemas de ensino, que chegam ao exercício de expedientes maquiadores ao admitirem a matrícula de um número mais elevado de alunos por turma do que o adequado, já contando com a ‘desistência’ de muitos ao longo do período letivo. Que pese a propaganda oficial sempre alardear um número expressivo de matrículas a cada início de ano letivo, em alguns casos chegando próximo aos 100% (cem por cento) do total de crianças e adolescentes em idade escolar, de antemão já se sabe que destes, uma significativa parcela não irá concluir seus estudos naquele período, em prejuízo direto à sua formação e, é claro, à sua vida, na medida em que os coloca em posição de desvantagem face os demais que não apresentam defasagem idade-série (Digiácomo,2011, p.01)
Esses impactos são agravados quando os erros institucionais e governamentais com suas políticas públicas ineficientes que não resolvem realmente os fenômenos que rodeiam as instituições, que agravam ainda mais situações que segregam o ensino, provoca o aumento do quadro de exclusão social e de violação de direitos dentro do âmbito educacional. Quando essas expressões são revestidas de evasão escolar, impactam na vida dos sujeitos que por diversos fatores passam a não ter condições de permanecer na escola, ficando impossibilitado de acessar aos direitos sociais básicos, é nessa direção que a evasão escolar torna-se uma expressão da questão social.
Assim, é essencial a intervenção do Assistente Social, fazendo-se primordial sua atuação profissional, para que sejam realizadas sessões de acompanhamento no decorrer do processo de ensino e aprendizagem, para que sejam elaboradas atividades de caráter educativo para minimizar os problemas que resultam na evasão escolar.
O trabalho do assistente social frente a essas expressões demanda intervenções principalmente por meio de acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem, na elaboração e execução de atividades socioeducativas e preventivas das problemáticas enfrentadas, tendo em vista viabilizar e contribuir para as condições de acesso destes estudantes as escolas.
O Serviço Social na educação tem como principal objeto de trabalho a garantia do direito a educação, mediando a efetivação deste direito, prezando por uma educação laica e de qualidade para a população como citado no CFESS (2015), para isto no ano de 2000 foi criado um projeto de lei (Nº 3688/2000) que propunha tornar efetiva a participação desse profissional no âmbito escolar, porém esse projeto só veio a ser aprovado na comissão de Constituição, Justiça e Cidadania em 7 de Julho e 2015 (CFESS, 2015).
São diversos os fatores que determinam o abandono escolar e evasão escolar, de acordo com Cabral Luz (2015) existem os fatores externos e internos que são caracterizados por situações do cotidiano do estudante como: trabalho infantil, questões relacionadas a família e estrutura das escolas bem como a precarização do ensino, as vulnerabilidades sociais que o impedem de frequentar o espaço escolar, questões familiares e até mesmo a necessidade de trabalhar junto a família para ajudar no sustento.
Alguns fatores são analisados em relação ao abandono e à evasão escolar, surgindo classificações dos mesmos em fatores endógenos e exógenos. As causas exógenas são defendidas por autores como Brandão (1983), Arroyo (1993) Janosz (1997), Queiróz (2002) , Zago (2011) argumentando que o abandono se alicerça na má condição familiar, na necessidade de trabalhar para auxiliar os pais no sustento da família e na diferença de classes que alteram as relações sociais.
A precarização do trabalho dos educadores nas escolas e na estrutura das instituições públicas, associado a baixas condições dos estudantes de permanecerem na escola, são fatores que determinam a evasão escolar e o abandono escolar. Com o desmonte do Estado através de políticas de congelamento de investimento na educação e baixos salários aos educadores, a realidade da educação no Brasil está cada vez mais decadente e necessária a inserção de profissionais do Serviço Social que possam articular estratégias de intervenção nas diversas manifestações da questão social.
A inserção do trabalho do Assistente Social nas escolas é fundamental para desenvolver ações de garantia do direito à educação. Planos e estratégias que proporcionarão ao estudante dentro do ambiente escolar, trabalhar com os estudantes que estão em infrequência escolar pode-se traduzir em expressões da questão social que vão além dos termos evasão e abandono escolar, há situações vivenciadas no seio familiar que podem influenciar a infrequência escolar como violência intrafamiliar, reprovação escolar, problemas de saúde e outras situações que estão sendo vivenciadas pelo estudante dentro de sua família.
São muitos os desafios para assegurar que o aluno tenha uma frequência favorável em sala de aula sem perspectiva de uma vida melhor, recaindo ainda mais a responsabilidade o professor em se tornar um dos grandes articuladores e apaixonados pela educação, de maneira que promovam dinâmicas capazes de oportunizar de maneira responsável um conhecimento prazeroso e transformador.
De tal forma, é preciso que a meta do professor seja estabelecida e cumprida levantar problemas e apresentar soluções através dos conteúdos para estimular ao aluno a se apaixonar pelo contexto de sala de aula e de estar em constante aceitação para com a comunidade escolar, com pensamento de compreensão sobre a existência de uma sociedade excludente e injusta que o rodeia. Porém, é incoerente e inoportuno imputar ao professor as causas da evasão escolar e do fracasso do aluno assim como também tirar deste todas as responsabilidades, conforme discorre Freire (2002).
Veiga & Bergiante (2016), as inúmeras causas que levam o educando ao fracasso escolar, entre eles, a dificuldade no aprendizado, falta de conhecimento por parte do docente, drogas, desinteresse, trabalho, gravidez, entre outros. Deste modo podemos dizer que, aspectos culturais, sociais, econômicos e políticos, causam o chamado fracasso escolar e consequentemente evasão, abandono e repetência.
Um dos fatores que podem contribuir para que isso aconteça está no hábito de consumir má alimentação ou até mesmo a desnutrição, fatores que podem levar estas crianças a se tornarem mais frágeis, desatentas. Muitas vezes em consequência disso o seu desenvolvimento pode ser afetado (DIAS, 2013).
De acordo com Neri (2009) as causas da evasão são motivadas a partir de três tipos básicos: o primeiro motivo, é o não conhecimento das políticas públicas pelos gestores da escola, o que desencadeia a restrição das ofertas de serviços educacionais. A segunda motivação é, a falta de interesse inerente dos alunos, e dos pais a respeito da educação oferecida, pela baixa qualidade do ensino, ou por não perceber as possíveis consequências que a falta de interesse pode causar.
Para Silva (2016), o abandono escolar não é causado apenas por um motivo, e por isso não podemos culpar somente o ambiente escolar pela evasão, as inúmeras causas são determinadas pelos mais diversos fatores, por exemplo: sociais, políticos, econômicos e até mesmo culturais.
Na visão de Cabral (2017), um convívio familiar conflituoso, um ensino de má qualidade, entre outros, são considerados fatores da evasão escolar. Podemos dizer que a evasão não está relacionada apenas com o ambiente interno escolar, mas também, está relacionado a família, as políticas de governo, ao aluno, que dependendo da situação econômica, não tem interesse ou não vê utilidade na continuação dos estudos, para que no futuro possa ter uma profissão, ou pelo menos concluir o ensino médio.
Para Barbosa (2017), o aluno desengajado nas atividades escolares, causa malefícios para a sua vida, e para toda a sociedade. Ou seja, os jovens e adolescentes desmotivados e desengajados trazem prejuízos para si e para a sociedade, por exemplo: não conseguem entrar no mercado de trabalho, apresentam problemas psicológicos e de autoestima, além da dificuldade de se relacionar profissionalmente e socialmente.
SERVIÇO SOCIAL E EDUCAÇÃO
A inserção de profissionais de Serviço Social nas escolas é necessário para desenvolver todos os aspectos sociais e humanos de oferecer condições de permanência escolar, a inserção do assistente social na educação vem se configurando ainda mais como necessidade dentro das escolas no Brasil, a realidade da atual conjuntura do país demonstra dados alarmantes que mostram ainda mais a desigualdade no direito à educação.
O/A assistente social, atuando em uma equipe interdisciplinar – pedagogos, professores, psicólogos –, poderá contribuir na permanência e no combate à evasão escolar por meio da execução de atendimentos individuais (com os estudantes e/ou com seus responsáveis), reunião com a comunidade que gira em torno da escola, criando ou fortalecendo os conselhos Escola-Comunidade, as Associações de Pais e Mestres, reunião com os profissionais da educação da própria escola e das escolas próximas, com vistas a discutir os problemas comuns; visitas domiciliares aos estudantes e suas famílias, possibilitando conhecer sua realidade socioeconômica e cultural; contato e articulação com a rede de serviços do território, com vistas a encaminhamentos e discussões de situações que aparecem cotidianamente no interior das escolas (Almeida et. al., 2014, p. .62).
Diversos problemas sociais se manifestam no ambiente educacional, como a evasão escolar, o trabalho infantil, a gravidez precoce e a violência em suas diversas formas e gravidades, entre outros fatores que colocam os estudantes brasileiros em risco de abandono escolar. Questões como a violência, problemas familiares, desemprego e situações de pobreza são algumas das causas que geram exclusão social e, consequentemente, a evasão escolar (Carvalho, 2016).
A atuação do assistente social, nesse contexto, é caracterizada por sua especialização em políticas públicas educativas e integrativas, uma vez que a escola não é apenas um local onde ocorrem fracassos e tensões, mas também um espaço acolhedor e ressocializador. Dessa forma, é fundamental desenvolver projetos sociais voltados para o combate à exclusão social, por meio de intervenções dos assistentes sociais, que são profissionais capacitados para lidar com essas especificidades e enfrentar os problemas sociais (Oliveira, 2018).
Cabe ao profissional de Serviço Social entender que a escola é um equipamento social, e que através dele podemos observar a realidade social na localidade. Entender que o processo educacional não está alheio às expressões da questão social, ao contrário, é neste espaço que por vezes as vulnerabilidades se apresentam e/ou são identificadas, como por exemplo, situações de violência intrafamiliar.
A partir da análise e dos estudos destes contextos de não permanência na escola ou acentuados processos de exclusão, diferentes autores e instituições de pesquisa pontuaram os conceitos de evasão e abandono.
Além disso, os fatores sociais e culturais devem ser levados em consideração no que se refere à gestão e organização pedagógica das escolas. É preciso reavaliar e repensar o papel do sistema educacional, das escolas e do trabalho dos professores, como forma de buscar a superação do fracasso escolar.
DESAFIOS DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE A EVASÃO ESCOLAR
Silva (2016) afirma que a evasão escolar não é responsabilidade apenas da escola, mas também da família, das políticas de governo e do próprio aluno. A evasão escolar está relacionada ao ingresso do aluno na criminalidade, ao convívio familiar conflituoso, à má qualidade do ensino, à necessidade de o educando trabalhar para ajudar a família e até mesmo para o seu próprio sustento, além de outros fatores. Assim, a evasão escolar é um problema que transpõe a sala de aula e tem diversas razões de ordem social e, principalmente, econômica, tais como: necessidade de trabalhar, violência no ambiente escolar, faltas de professor, falta de material didático e formação inadequada oferecida pela escola aos alunos.
A educação é a resposta para diversas questões que temos em pauta no Brasil, que percorrem da segurança pública, desigualdade, até a participação política. É na educação que temos um ponto de partida para a transformação da sociedade em que vivemos. Uma educação de qualidade, que não busque unicamente preparar os estudantes inseridos nela para o mercado de trabalho, que possa ir além formando trabalhadores e cidadãos.
Os embates hoje sofridos na educação Brasileira são fruto de uma presença tardia de um projeto de democratização da educação pública no Brasil, ainda hoje inacabado, que sofre as consequências das mudanças ocorridas na segunda metade do século XX, que trouxeram grandes transformações no âmbito cultural, econômico e social que hoje incidem sobre a educação pública brasileira segundo Krawczyk (2011).
Segundo a Constituição Federal de 1988 prevê a educação oferecida como um direito de todos, dever do Estado e da família, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício de cidadania e qualificação para o trabalho, tendo em vista que será ministrada com base na igualdade de condições para acesso e permanência na escola, um de seus princípios que deveria garantir o acesso, a permanência e a qualidade no ensino (BRASIL, CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988).
O Serviço Social na educação assim como nas suas diversas áreas de atuação no início da profissão continha uma perspectiva conservadora, influenciada pelo Estado promovia ações paliativas de caráter imediatista, buscando amenizar os impactos da “questão social” com principal finalidade abrandar as lutas e disputas de classes na época e até hoje.
O fazer profissional do assistente social consistia não só na educação como no âmbito das políticas sociais em geral como um papel corretor, de ajuste, mediador das necessidades sociais das famílias e crianças para com o Estado, famílias pobres com crianças que apresentassem problema de aprendizado, comportamento, ou qualquer situação tida como “incomum” era sujeita a interferência do Estado através do Serviço Social, o serviço lidava com reprovações, evasão escolar, analfabetismo e valendo ressaltar que o Estado e a profissão com seu viés conservador não levava em consideração a conjuntura político-econômica que influenciava completamente na realidade e na vida das famílias e dos jovens, o sujeito era totalmente culpabilizado por sua condição.
A educação enquanto complexo universal tem em seus primórdios a função de transmitir, apropriar e dar continuidade ao conhecimento adquirido no processo de reprodução social, caracterizando cada momento histórico, corroborando desta forma para a transformação dos indivíduos enquanto participantes do gênero humano.
É o acúmulo de conhecimento acerca da humanidade durante gerações, a fim de desenvolver novos caminhos e novas situações de vida, tornando-se sua capacitação para lidar com as adversidades futuras e imprevistas, portanto, é imprescindível o conhecimento tanto para a reprodução do trabalho, quanto para a vida em sociedade. É um ciclo, que impulsiona a busca de novos conhecimentos para o desenvolvimento da vida e dos processos sociais.
A evasão escolar é uma temática gradualmente mais presente nas discussões realizadas pelo Estado e pela sociedade, ao qual tem se preocupado com maior intensidade em manter as crianças e adolescentes no ambiente escolar, para tanto, é notável o aumento considerável de pesquisas científicas em torno dos possíveis fatores que contribuem para a evasão escolar para que se possam buscar alternativas de enfrentamento através de políticas públicas que possibilitem o acesso e a permanência de todos os sujeitos.
Ainda temos no Brasil um perfil de famílias de baixa renda que não enxergam na educação um futuro para sua juventude, pensamento fortalecido pelo fato do ingresso em uma universidade não ser uma opção para todos. Há duas perspectivas a serem analisadas, uma individual que compete ao aluno as circunstâncias que levam a sua evasão, como o seu percurso na escola. E a institucional que leva em conta a escola, a família, a comunidade e os grupos em que o estudante se encontra.
Dentre as causas da evasão escolar no ensino médio estão o envolvimento com tráfico de drogas ou o uso de drogas, violência, sucessivas reprovações, distinção idade- série, necessidade de trabalho para colaboração da renda familiar, gravidez na adolescência, falta de incentivo da família e da escola, excesso de conteúdo, por se considerarem incapazes de passar de ano e uma escola não atrativa são alguns dos fatores que determinam o fracasso escolar.
As motivações para a continuidade do ensino médio ou não, se estende às diferentes camadas sociais como cita Krawczyk (2011) para uma fração da sociedade terminar o ensino médio é algo natural e visto como recompensa seja pela família ou pelo ingresso no ensino superior, o problema está nas camadas sociais onde essa questão não é alcançada nem vista como uma possibilidade, não fazendo parte de seu “capital cultural” 14 ou das experiências familiares, para tanto os jovens que fazem parte desta camada não são cobrados por continuarem estudando.
Dentre os desafios dentro da escola que afastam os alunos da instituição segundo Filho e Araújo (2017) estão as relações entre a instituição/professor e aluno, cada aluno trás suas própria experiências intelectuais e culturais, a escola desconhece o histórico e as condições socioeconômicas, políticas, ideológicas de cada aluno, muitas vezes esquecendo o principal ponto de partida a minimizar o afastamento desses alunos da instituição, a inclusão.
Das expressões que estão entranhadas nessa conjuntura estão desde a degradação do trabalho que envolve baixos salários, desemprego, longas jornadas de trabalho fragilizando as questões e vínculos familiares, se expressando também nas condições frágeis de saúde, habitação, educação e assistência fundamentais enquanto direitos e como base indispensável a todos os usuários da rede pública de ensino a fundamentar e dar condições ao seu ingresso e continuidade na rede escolar. A evasão escolar configura-se como uma expressão da questão social dentro na escola pública, grande maioria dos casos de evasão são advindos das consequências desta fora da escola, no âmbito familiar, cultural, político e econômico.
O governo federal nos últimos anos tem buscado combater o abandono na Educação Básica através de programas sociais como o Bolsa Família e outros, mas esses programas são paliativos e não chegam ao cerne do problema (Rocha Auriglietti 2014).
Cabe ao profissional de Serviço Social desenvolver suas habilidades para realizar o atendimento e desenvolver técnicas de enfrentamento das questões mais complexas dentro do campo educacional que são o abandono escolar e evasão escolar, pois são dois fatores decorrentes de outros aspectos que envolvem o contexto social, cultural e econômico do estudante.
Projetos de inserção do estudante novamente no ambiente escolar são necessários e compõem-se de ações de integração do mesmo com a comunidade escolar, trazendo a dimensão colaborativa com os sujeitos do processo de seu aprendizado. O profissional poderá de forma abrangente incluir os demais integrantes da família através de acompanhamento em projetos de orientações sobre a necessidade da frequência escolar para o processo de ensino-aprendizado.
EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA PERSPECTIVA DE REDUÇÃO DA EVASÃO ESCOLAR
A Educação Inclusiva parte do princípio de que a educação é um direito de todas as pessoas, pautada na ideia de uma escola em que é possível o acesso e a permanência de todos os alunos e alunas, a partir de práticas que dispersem as barreiras que impedem a aprendizagem e valorizem as diferenças e a diversidade social e cultural, a partir de um diálogo intercultural.
A Educação Especial na perspectiva inclusiva é recente, tem seu marco a partir da década de 90 do século passado e é pautada pela inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais em classes e escolas regulares, a partir da concepção de que o convívio em sociedade é um direito de todas as pessoas e a aprendizagem ocorre a partir da interação indivíduo/sociedade.
Costa et al. (2016) demarcam que a Educação Inclusiva é a expressão da democratização escolar e da aceitação das diferenças. Nesse sentido, os autores coadunam com a ideia de uma nova cultura escolar, direcionada para o atendimento das necessidades dos alunos.
A Educação Inclusiva, segundo Souto (2014), exige o atendimento de necessidades especiais, não apenas das crianças e adolescentes com deficiências, mas de todas, “Implica trabalhar com a diversidade, de forma interativa – escola e setores sensíveis. Deve estar orientada para o acolhimento, aceitação, esforço coletivo e equiparação de oportunidades de desenvolvimento”.
Uchôa e Chacon (2021) defendem o currículo sob uma perspectiva crítica, o qual imprescinde a participação dos sujeitos e afirmam: “o currículo é um instrumento social que demanda a participação de cada um numa perspectiva de autonomia, preparação para a vida, construção de uma escola que valorize o conhecimento democrático”. Nesse sentido, o primeiro ponto a se considerar em um currículo inclusivo é a abertura às vozes daqueles que o praticam: professores e alunos.
O Currículo para a inclusão volta-se para a realidade concreta e as subjetividades dos sujeitos envolvidos no processo educativo. Sob essa orientação, deve-se realizar flexibilizações nos conteúdos, nas metodologias e nos processos avaliativos, de modo a atender as necessidades individuais de todos os alunos.
A Educação Inclusiva exige a tomada de posição e a escolha de um lado. Nesse caso, uma opção curricular voltada para a criação constante de uma nova cultura escolar que se torna a expressão e a prática de uma verdadeira escola democrática. Para que a escola possa ser um lugar onde as pessoas aprendam a ser “pessoas” é preciso superar visões patológicas da deficiência que limitam os sujeitos e legitimam os discursos de exclusão.
METODOLOGIA
Para embasamento teórico e elaboração deste estudo, foram realizadas pesquisas bibliográficas, seguidas por análise documental e levantamento de dados. O método aplicado nesta pesquisa será um estudo bibliográfico, utilizando artigos de 2013 até 2023, através dos bancos de dados PubMed, Scielo, BIREME e Google Acadêmico.
Deste modo, a pesquisa terá seu regimento nas seguintes etapas para a realização do estudo: primeira etapa foi a escolha e delimitação do tema proposto; segundo, foi a busca em literatura específica, através de livros, revistas, artigos, monografias, etc. A terceira etapa foi uma revisão na literatura escolhida, escolhendo o que melhor oferece suporte bibliográfico. E a quarta etapa foi a interpretação e síntese do conhecimento na revisão literária no estudo de caso.
Em relação ao tipo de pesquisa, este artigo se caracteriza como qualitativa, que pode ser definida como a que se fundamenta principalmente em análises qualitativas, caracterizando-se, em princípio, pela não utilização de instrumental estatístico na análise dos dados. Esse tipo de análise tem por base conhecimentos teórico-empíricos que permitem atribuir-lhe cientificidade.
A elaboração do trabalho científico tem suas etapas desenvolvidas por uma pesquisa aplicada, cujo objetivo é gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.
Demasiadamente, com a pesquisa bibliográfica em questão, a partir da escola do tema selecionado, busca-se fazer uma observação acerca dos fatores influenciadores da temática em discussão. Desta forma, ao reconhecer a importância das hipóteses e da abordagem, é essencial compreender a importância de empregar métodos e não um método, visando a ampliar as possibilidades de análise, considerando que não há apenas uma forma capaz de abarcar toda complexidade das investigações (Prodanov e Freitas, 2013).
De acordo com o pensamento de Lozada (2018), o papel da metodologia é apresentar um auxílio na escolha e na concretização da pesquisa, sobretudo por apresentar uma reflexão sobre as inovações tecnológicas na agricultura brasileira, de forma que, é visível as contribuições para o meio ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fazendo um recorte para o desenvolvimento da educação no Brasil e os impactos da “questão social” sob a vida da juventude neste país, buscando fundamento no conceito e na função da educação no contexto brasileiro, foi necessário resgatar as conquistas e atrasos ocorridos na política de educação brasileira até o estabelecimento de leis e diretrizes que regulamentam e dão alicerce para o que hoje conhecemos como política de educação.
Buscou-se analisar a forma como a desigualdade e a “questão social” impactam a vida dos estudantes deste país e como é imprescindível através do Estado garantir acesso à cultura, lazer, políticas e programas educacionais a fim de sustentar condições dignas de vida para se estabelecer ganhos a longo prazo tanto para a juventude quanto para o futuro do país, partindo da necessidade e curiosidade de entender de fato o que determina os fatores fundamentais para desvendar os impasses dentro das escolas que provocam o afastamento de jovens do sistema educacional brasileiro.
O investimento público é fundamental nesse processo também, sendo o alicerce para transformações eficazes na educação como um todo.
A Educação Inclusiva deve acolher a todas as pessoas, mormente as chamadas minorias ou grupos subordinados, aquelas/es que são vítimas das desigualdades produzidas pelo nosso sistema capitalista, tendo em vista a equidade social e o combate às práticas de etnocentrismo, xenofobia, racismo, intolerância religiosa, sexismo, homofobia e outras manifestações discriminatórias e violentas que produzem a segregação, o aviltamento, a marginalização e a exclusão do/a outro/a.
A maior consequência da evasão é sem dúvida a concretização da desigualdade social, os alunos evadidos podem ficar, desprotegidos, e com dificuldade de sair dessa condição. Ao finalizar o artigo, a autora ressalta ter sido possível conhecer e entender mais da problemática da evasão
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