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Resumo
LUDICIDADE COMO RECURSO PEDAGÓGICO
A importância de ensinar utilizando o lúdico nas escolas é fundamental para o cotidiano dos educandos e professores. Brincar faz com que a criança possa desenvolver cognitivamente, isso acontece em meio à situação de imaginação pelo seu pensamento, pois o brinquedo estabelece relação de sentido e percepção visual.
De acordo com Lima (1991, p. 29), a ação de brincar da criança na escola não pode ser considerada uma atividade que complementa as outras denominadas pedagógicas, “[…] mas sim como atividade fundamental para a constituição de sua identidade cultural e de sua personalidade”.
Segundo Maluf (2003) as brincadeiras fazem parte do cotidiano das crianças e, se utilizada adequadamente, auxilia e provoca o aprendizado, tendo como efeito fazer o bem à criança que ao brincar aumenta a sua capacidade de imaginar.
O autor ressalta ainda que:
A Educação infantil e o lúdico se completam, pois o brincar está diretamente ligado à criança, a recreação é parte integrante da rotina diária e ficar fora deste momento é impossível para os pequenos, porque além de muitas importâncias o brincar desenvolve os músculos, a mente, a sociabilidade, a coordenação motora e além de tudo deixa qualquer criança feliz (Maluf, 2003, p. 19).
Pode-se definir brincadeira toda e qualquer atividade realizada pela criança, desde as livres até as que possuem regras, pois elas auxiliam no desenvolvimento do raciocínio lógico, físico, motor, social e cognitivo.
O educador promove o desenvolvimento do seu aluno, associando-o com o seu cotidiano, dessa forma, a transformação não está somente no convívio social com outras pessoas, mas também no seu modo de pensar, agir e principalmente no seu intelecto.
Kishimoto (2011, p. 1), perpetua a sua definição em relação ao termo jogos. Para ela é uma situação de disputa, como uma partida de xadrez, um gato que empurra uma bola de lã, um tabuleiro e uma criança que brinca com boneca.
Cada jogo possui sua definição e suas regras, porém são considerados uma forma de entretenimento e laser, uma diversão. Ressalta, também, o que cada jogo proporciona, qual o seu objetivo e destaca “A variedade de fenômenos considerados como jogo mostra a complexidade da
tarefa de defini-lo” (Kishimoto, 2011, p. 2).
Para cada cultura o tipo de jogo é determinado.
As características que são relacionadas ao aspecto social podem ter diferentes aceitações por cada comunidade, mesmo a atividade sendo caracterizada lúdica para todas, em seu livro Kishimoto (2011), afirma que:
Embora predomine, na maioria das situações, o prazer como distintivo do jogo, há casos em que o desprazer é o elemento que caracteriza a situação lúdica. Vygotski é um dos que afirmam que nem sempre o jogo possui essa característica porque em certos casos há esforço e desprazer na busca do objetivo da brincadeira. A psicanálise também acrescenta o desprazer como constitutivo do jogo, especialmente ao demonstrar como a criança representa, em processos catárticos, situações extremamente dolorosas (Kishimoto, 2011, p. 4).
Quando o jogo é utilizado de forma lúdica, mas não como brincadeira, sim como atividade de aprendizado, permite a criança viver momentos diferentes de interação.
Segundo Piaget (1967, p. 49), “[…] brincando a criança experimenta, descobre, inventa, aprende, confere habilidades, se comunica e se insere em um contexto social”. O brincar é uma forma lúdica da criança desenvolver sua atividade cognitiva, motora, social e efetiva. Quando duas ou mais crianças brincam, estão socializando, interagindo e ainda estimulando sua autonomia, curiosidade, raciocínio lógico de forma divertida, alegre e prazerosa.
Vasconcellos (2005, p. 78), diz que “[…] a ação de brincar proporciona às crianças o desenvolvimento de uma aprendizagem que valoriza a criatividade, os valores, a vontade de aprender como um ser integral”. Sendo assim, as crianças desenvolvem suas ações de forma criativa, imaginativa e social, por isso esse aprendizado permite que a criança construa sua identidade de forma real e valorize a sua capacidade de desenvolver novos conhecimentos.
Para Kishimoto (2011, p. 16) “[…] a brincadeira é o resultado de um sistema linguístico que funciona dentro de um contexto social, com um sistema de regras e um objeto”. O lúdico auxilia para o desenvolvimento funcional da criança que só consegue a interação por meio da conversa/fala, o que permite a ela desenvolver outras habilidades.
Ainda para Kishimoto (2009, p. 7), “[…] quanto mais se permite à criança explorar, mais ela está perto do brincar”. Complementa sua discussão, ao afirmar que o brinquedo seja entendido sempre como objeto, suporte de brincadeira, a brincadeira como a descrição de uma conduta estruturada, com regras e jogo infantil para designar tanto o objeto, quanto as regras pertencentes ao jogo.
Segundo Vygotsky (1998), o brincar auxilia no desenvolvimento cognitivo da criança, sendo a brincadeira elemento propulsor da chamada zona de desenvolvimento proximal, promovendo êxito no que diz respeito ao desenvolvimento e a aprendizagem infantil. Com relação à zona de desenvolvimento proximal, Vygotsky (1998, p. 97), definiu como:
[…] a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.
A utilização do lúdico pelos profissionais da educação é uma forma de recurso e auxilia no aprendizado. Por meio do lúdico como recurso pedagógico, o professor é capaz de observar e intervir no desenvolvimento da criança, propiciando situações que impulsione conhecimentos, sentimentos e vivência coletiva.
METODOLOGIAS LÚDICAS NA ESCOLA
O uso do recurso lúdico na escola permite um trabalho pedagógico que possibilita a produção do conhecimento e da aprendizagem, além de trazer grandes benefícios para as crianças. Desta forma, a ludicidade é utilizada de forma estratégica e metodológica, a fim de tornar a aprendizagem divertida e efetiva.
Comungando desse posicionamento, Santos (2002, p. 12) menciona que a brincadeira é […] uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, expressão e construção do conhecimento. Nessa mesma direção, Almeida (1995, p. 41) ressalta que as atividades lúdicas contribuem para a formação da criança, bem como promove a interação social e que
As atividades lúdicas contribuem e influenciam na formação da criança, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integrando-se ao mais alto espírito democrático enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. A sua prática exige a participação ativa, criativa, livre, promovendo a interação social e tendo em vista o compromisso de transformação e modificação do meio (Almeida, 1995, p.41).
O professor é o mediador do conhecimento. Cabe a ele desenvolver atividades lúdicas que favoreçam o processo de aprendizagem dos educandos. Neste contexto, o lúdico pode ser trabalhado de forma interdisciplinar, aprimorando a prática pedagógica dos professores e o aprendizado das crianças.
Isto é evidenciado no RCNEI (1998),
[…] cabe ao professor organizar situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada para propiciar às crianças a possibilidade de escolherem os temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar ou os jogos de regras e de construção, e assim elaborarem de forma pessoal e independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais (Brasil, 1998, p. 29).
Ao encontro dessa discussão temos a BNCC (2017), a qual aclara a relevância do brincar para o desenvolvimento integral da criança. O brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais (BRASIL, 2017, p. 36).
Em outras palavras, o papel do professor no processo de ensino e aprendizagem dos infantes é essencial. Compete a ele observar, atentamente, a forma como a criança se relaciona com cada uma das ações e com os fatores de ordem social, afetiva, biológica, motora que orientam e limitam as mesmas, para promover encaminhamentos teórico-metodológicos que permitam a criança superar a etapa em que se encontra e manter-se no processo de aprendizagem e desenvolvimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao passo que as discussões foram retomadas dentro do objetivo proposto, pode-se dizer que as atividades lúdicas são de suma importância para o desenvolvimento da criança, portanto, organizar espaços e brincadeiras proporcionam satisfação e, consequentemente, a aprendizagem da criança, o que compreendemos como essencial e necessária.
Promover as atividades lúdicas como recurso pedagógico é fundamental, pois estudos comprovam que o lúdico é um importante instrumento para a construção de conhecimentos significativos, sobretudo para a formação e desenvolvimento infantil em todos os aspectos motor, cognitivo, físicos e psicológicos.
Para tanto, considera-se que as atividades lúdicas é um instrumento muito eficaz no aprendizado e desenvolvimento da criança como um todo.
Desta forma, ao professor cabe entender a atividade lúdica como uma ferramenta a mais auxiliando sua prática, permitindo situações de aprendizagem que possibilite o desenvolvimento de todas as habilidades da criança.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo, SP: Loyola, 1995.
Brasil. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf>.acesso em 26 dezembro de 2024.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
KISHIMOTO, Tizuko M. Jogos, brinquedos, brincadeira e a educação. Org: 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
Lima, E. C. A. S. A utilização do jogo na Pré-Escola. In: HUERT, Bernard (Org.). O jogo e a construção do conhecimento na pré-escola. São Paulo: FDE, 1991. p. 24-29.
MALUF, Ângela Cristina Munhoz, Brincar prazer e aprendizado. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: Imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.
SANTOS, Santa Marli Pires (Org.). O lúdico na formação do educador. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
SEVERIANO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2007.
VASCONCELLOS, Vera Maria Ramos de: Educação da Infância, história e política. Rio de Janeiro, 2005. Universidade Estadual de Maringá – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Curso de Pedagogia ead – Licenciatura Plena.
VYGOTSKY, Lev Semyonovich. A formação Social da Mente. São Paulo: Antídoto, 1998.
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