Como prevenir o bullying nas séries iniciais usando a ferramenta Neurociência

HOW TO PREVENT BULLYING IN EARLY GRADES USING NEUROSCIENCE TOOLS

CÓMO PREVENIR EL BULLYING EN LAS PRIMERAS SERIES USANDO HERRAMIENTAS DE NEUROCIENCIA

Autor

Maria Elma Farias
ORIENTADOR
Prof. José Ricardo Martins Machado

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/333406

DOI

Farias, Maria Elma . Como prevenir o bullying nas séries iniciais usando a ferramenta Neurociência. International Integralize Scientific. v 5, n 46, Abril/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

O bullying nas escolas é um problema crescente que afeta a saúde emocional e psicológica das crianças, especialmente nas séries iniciais do ensino fundamental. Este artigo propõe que a neurociência, ao compreender os processos cerebrais e emocionais envolvidos no comportamento social, pode ser uma ferramenta eficaz na prevenção do bullying. Através do estudo do desenvolvimento cerebral infantil, é possível implementar estratégias educativas que favoreçam a empatia, a regulação emocional e a construção de habilidades sociais desde os primeiros anos escolares. A neurociência oferece novos caminhos para a intervenção no ambiente escolar, com base na compreensão do funcionamento do cérebro e da interação social. Este estudo analisa as implicações da neurociência na prevenção do bullying e sugere práticas pedagógicas baseadas em seus princípios para promover um ambiente escolar mais saudável e seguro.
Palavras-chave
Bullying. Neurociência. Educação. Prevenção. Séries Iniciais.

Summary

School bullying is an increasing problem that affects the emotional and psychological health of children, especially in the early years of elementary school. This paper proposes that neuroscience, by understanding the brain and emotional processes involved in social behavior, can be an effective tool for preventing bullying. Through the study of child brain development, it is possible to implement educational strategies that foster empathy, emotional regulation, and the development of social skills from the early school years. Neuroscience offers new pathways for intervention in the school environment, based on understanding how the brain works and how social interactions occur. This study analyzes the implications of neuroscience in bullying prevention and suggests pedagogical practices based on its principles to promote a healthier and safer school environment.
Keywords
Bullying. Neuroscience. Education. Prevention. Early Grades.

Resumen

El bullying en las escuelas es un problema creciente que afecta la salud emocional y psicológica de los niños, especialmente en las primeras etapas de la educación primaria. Este artículo propone que la neurociencia, al comprender los procesos cerebrales y emocionales involucrados en el comportamiento social, puede ser una herramienta eficaz para prevenir el bullying. A través del estudio del desarrollo cerebral infantil, es posible implementar estrategias educativas que fomenten la empatía, la regulación emocional y el desarrollo de habilidades sociales desde los primeros años escolares. La neurociencia ofrece nuevos caminos para la intervención en el entorno escolar, basados en la comprensión del funcionamiento del cerebro y las interacciones sociales. Este estudio analiza las implicaciones de la neurociencia en la prevención del bullying y sugiere prácticas pedagógicas basadas en sus principios para promover un ambiente escolar más saludable y seguro.
Palavras-clave
Bullying. Neurociencia. Educación. Prevención. Primeros Grados.

INTRODUÇÃO 

O bullying nas escolas é um problema recorrente que afeta significativamente o desenvolvimento emocional das crianças. Embora diversos esforços sejam realizados para combater essa prática, é necessário um aprofundamento nas abordagens que tratam o bullying de uma perspectiva científica, como a neurociência. Este artigo propõe que, ao entender o desenvolvimento cerebral e os processos emocionais das crianças, é possível criar estratégias mais eficazes para prevenir o bullying nas séries iniciais. A neurociência permite um olhar mais preciso sobre como as crianças se desenvolvem emocionalmente e como isso impacta suas relações sociais. Além disso, a implementação de práticas educacionais baseadas na neurociência pode contribuir para um ambiente escolar mais harmonioso e saudável. 

O bullying escolar é um problema de grande impacto no desenvolvimento emocional e social das crianças, afetando sua autoestima, aprendizado e bem-estar psicológico (Fante, 2005). Comportamentos agressivos repetitivos podem levar a consequências graves, tanto para as vítimas quanto para os agressores. A neurociência, ao estudar os processos cerebrais envolvidos na regulação emocional e nas interações sociais, fornece insights valiosos para prevenir esse fenômeno (Bowers & Smith, 2017).

Este artigo explora como a neurociência pode ser usada na prevenção do bullying, analisando o desenvolvimento cerebral infantil, o comportamento dos envolvidos e a importância da empatia e da inteligência emocional. A hipótese central é que estratégias baseadas no funcionamento do cérebro podem reduzir significativamente os índices de bullying e promover um ambiente escolar mais seguro e inclusivo.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

O DESENVOLVIMENTO CEREBRAL NAS SÉRIES INICIAIS 

Durante os primeiros anos de vida escolar, o cérebro das crianças está em constante desenvolvimento. Áreas importantes, como o córtex pré-frontal (responsável pela tomada de decisões e regulação emocional) e a amígdala (envolvida no processamento das emoções), estão em formação. A neurociência aponta que intervenções pedagógicas que promovem o desenvolvimento emocional e a empatia podem ajudar a prevenir comportamentos agressivos, uma vez que fortalecem as habilidades sociais desde cedo. 

Nos primeiros anos escolares, o cérebro das crianças passa por um intenso processo de desenvolvimento, principalmente nas áreas responsáveis pelo controle emocional e pela tomada de decisões, como o córtex pré-frontal e a amígdala (Fischer & Leonard, 2019).

O BULLYING E SEUS EFEITOS NO CÉREBRO INFANTIL 

Estudos indicam que a exposição contínua ao bullying pode ter efeitos prejudiciais no cérebro das crianças, especialmente em regiões relacionadas à regulação do estresse, como o hipocampo. Crianças vítimas de bullying frequentemente apresentam alterações nas estruturas cerebrais associadas à memória e à resposta emocional, o que pode levar a dificuldades na formação de relações interpessoais e no desempenho acadêmico. Da mesma forma, os agressores podem apresentar dificuldades no desenvolvimento de empatia, devido à inibição de circuitos neurais relacionados ao reconhecimento de emoções alheias.

O bullying não afeta apenas as vítimas; ele também provoca mudanças no cérebro dos agressores e espectadores. Crianças que sofrem bullying podem desenvolver hiperatividade na amígdala, tornando-se mais sensíveis ao estresse e à ansiedade (Wilson & Taylor, 2020). Além disso, o hipocampo, responsável pela memória e aprendizado, pode ser afetado, impactando o desempenho acadêmico (Bowers & Smith, 2017).

Os agressores, por sua vez, demonstram menor ativação do córtex pré-frontal, região associada ao controle dos impulsos e ao reconhecimento das emoções alheias. Isso sugere que a falta de empatia pode estar relacionada a déficits na regulação emocional, tornando essencial o desenvolvimento de habilidades socioemocionais na escola (Goleman, 1995).

Já os cúmplices, aqueles que presenciam o bullying sem intervir, desempenham um papel crucial na perpetuação do problema. Estudos indicam que a presença de testemunhas passivas reforça o comportamento do agressor e aumenta o sofrimento da vítima (Fischer & Leonard, 2019).

A EMPATIA E A REGULAÇÃO EMOCIONAL COMO FERRAMENTAS DE PREVENÇÃO 

A empatia, uma habilidade fundamental para prevenir o bullying, está diretamente relacionada à capacidade do cérebro de identificar e compreender as emoções dos outros. A neurociência mostra que a prática de atividades que promovem a empatia pode ajudar a fortalecer as conexões neuronais nas áreas do cérebro responsáveis por essa habilidade. Além disso, a regulação emocional é crucial para que as crianças consigam controlar impulsos e lidar com situações de conflito de forma construtiva, sem recorrer à violência. 

Percebe-se que é uma habilidade essencial para prevenir o bullying, pois permite que as crianças reconheçam e compreendam as emoções dos outros. Segundo Daniel Goleman (1995), a inteligência emocional é a capacidade de identificar, expressar e regular emoções de forma eficaz, sendo um fator determinante para a construção de relações saudáveis.

Pesquisas demonstram que programas educacionais que estimulam a empatia e a regulação emocional reduzem significativamente os índices de bullying. Atividades como dramatizações, jogos cooperativos e exercícios de escuta ativa fortalecem conexões neurais nas áreas responsáveis pelo controle emocional e pela socialização (Wilson & Taylor, 2020)

Os resultados indicam que a implementação de abordagens baseadas na neurociência tem impacto positivo na redução do bullying. Programas que enfatizam o desenvolvimento da empatia e do autocontrole mostraram eficácia na diminuição de comportamentos agressivos e na melhoria do clima escolar (Fischer & Leonard, 2019).

          A formação contínua dos professores também se mostrou fundamental para o sucesso dessas estratégias. Educadores capacitados para identificar sinais precoces de bullying e intervir de maneira adequada contribuem para um ambiente escolar mais seguro e harmonioso (Riggs & Greenberg, 2018).

O bullying nas escolas é um fenômeno que tem sido cada vez mais discutido em diferentes contextos educacionais e sociais. A manifestação de comportamentos agressivos entre alunos pode comprometer o desenvolvimento emocional, social e acadêmico das vítimas e até mesmo dos próprios agressores. A prevenção do bullying nas séries iniciais, em especial, é um desafio que exige uma abordagem integrada entre práticas pedagógicas e conhecimentos científicos, como a neurociência, que oferece insights sobre o funcionamento do cérebro e os impactos das interações sociais. Um dos pilares essenciais para a eficácia dessa prevenção é a formação continuada dos professores, que, quando bem orientada, pode contribuir significativamente para a redução de comportamentos agressivos nas escolas.

A formação continuada de professores é um processo permanente e sistemático de capacitação, que visa aprimorar os conhecimentos e as habilidades pedagógicas dos educadores ao longo de sua carreira. No contexto da prevenção ao bullying, a formação continuada permite que os professores desenvolvam competências não apenas na gestão da sala de aula, mas também na identificação e intervenção em situações de violência entre alunos. Em um estudo realizado por Soares e Bittencourt (2018), a formação continuada foi apontada como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e intervenção no bullying, pois permite que os professores estejam preparados para lidar com as diferentes dimensões do problema, inclusive as emocionais e psicológicas dos alunos envolvidos.

Além disso, a neurociência, enquanto campo de estudo, oferece um entendimento mais profundo sobre como as emoções, os comportamentos e as interações sociais afetam o cérebro, especialmente nas fases iniciais do desenvolvimento. Segundo Siegel (2012), às crianças pequenas possuem um cérebro altamente plástico, ou seja, suas conexões neurais são mais flexíveis e suscetíveis a mudanças devido às experiências vivenciadas. Isso implica que comportamentos agressivos ou violentos, como os observados no bullying, podem ser reconfigurados por meio de intervenções adequadas, que considerem o aspecto neurobiológico do desenvolvimento infantil.

Nesse contexto, a formação continuada de professores deve integrar os avanços da neurociência, permitindo que os educadores compreendam as bases neurobiológicas do comportamento agressivo e adotem práticas pedagógicas que favoreçam o desenvolvimento emocional saudável das crianças. Programas de formação que abordem, por exemplo, a importância da empatia, do autocontrole e da resolução pacífica de conflitos, com base nos estudos sobre o cérebro, têm se mostrado eficazes na redução do bullying nas escolas. De acordo com a pesquisa de Oliveira et al. (2020), educadores que participaram de formações que integraram princípios da neurociência relataram um aumento significativo na habilidade de lidar com conflitos e prevenir comportamentos agressivos em seus alunos.

Uma das ferramentas neurocientíficas aplicáveis nesse processo de formação é o conceito de “cérebro social”, que se refere à capacidade do cérebro humano de processar e reagir às interações sociais. A pesquisa de Goleman (2018) destaca a importância da inteligência emocional na promoção de ambientes escolares saudáveis e na prevenção de comportamentos violentos. Professores formados para identificar e gerenciar as emoções de seus alunos podem, portanto, criar espaços mais seguros e acolhedores, diminuindo as oportunidades para a manifestação do bullying. Além disso, a prática de habilidades como a regulação emocional e a empatia, que têm base em processos neurobiológicos, pode ajudar na construção de um ambiente escolar mais positivo e colaborativo.

Um aspecto importante da formação continuada é a criação de ambientes de aprendizagem que favoreçam a inclusão e a cooperação, ao invés da competição e da exclusão. A neurociência tem mostrado que ambientes que estimulam o desenvolvimento de conexões sociais positivas, em vez de agressivas, promovem um cérebro mais equilibrado e preparado para lidar com as adversidades da vida social de maneira saudável. A formação de professores deve, portanto, enfatizar estratégias que ajudem os alunos a desenvolver habilidades sociais, como comunicação assertiva, colaboração e resolução pacífica de conflitos, competências fundamentais na prevenção do bullying.

Em termos de políticas públicas, é essencial que o investimento na formação continuada de professores seja visto como uma prioridade nas iniciativas de prevenção ao bullying. Em uma análise das políticas educacionais brasileiras, Silva (2019) ressalta a importância de programas de formação que envolvam tanto o conhecimento pedagógico quanto o neurocientífico, visando uma abordagem integrada que atenda às necessidades emocionais e cognitivas dos alunos. A implementação de formações que contemplem essas áreas não apenas fortalece o papel do professor na redução do bullying, mas também contribui para a criação de um ambiente escolar mais seguro e empático.

Em suma, a formação continuada de professores, quando alinhada aos avanços da neurociência, desempenha um papel fundamental na prevenção do bullying nas séries iniciais. Ao oferecer aos educadores ferramentas para compreender e intervir de maneira mais eficaz nos comportamentos agressivos, as escolas podem criar ambientes mais saudáveis e acolhedores para todos os alunos. A integração dos conhecimentos neurocientíficos nas práticas pedagógicas oferece uma abordagem inovadora e eficaz para combater o bullying, favorecendo o desenvolvimento emocional e social das crianças e proporcionando-lhes um futuro mais seguro e harmonioso.Além disso, observou-se que crianças que participaram de atividades voltadas à inteligência emocional apresentaram maior engajamento nas aulas e melhora no desempenho acadêmico, reforçando a importância de integrar essas práticas ao currículo escolar (Wilson & Taylor, 2020).

METODOLOGIA 

A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, utilizando uma revisão bibliográfica de artigos, livros e estudos recentes sobre a aplicação da neurociência na educação e na prevenção do bullying. A pesquisa foi conduzida por meio da análise de programas de intervenção escolar que incorporam princípios neurocientíficos, bem como entrevistas com educadores e psicólogos envolvidos na implementação de tais programas. Além disso, foram selecionados artigos de 2015 a 2023 que discutem o impacto da neurociência no comportamento social das crianças. 

Os resultados da pesquisa indicam que a aplicação de estratégias baseadas na neurociência tem se mostrado eficaz na redução dos índices de bullying no Brasil. Programas como o ” Programa de Promoção da Empatia na Educação Infantil” e o “Compasso” demonstraram impacto positivo na promoção da empatia e na autorregulação emocional dos alunos.

 Além disso, a formação continuada dos professores se revelou um fator determinante para o sucesso dessas iniciativas. A adoção de práticas pedagógicas baseadas em neurociência contribui não apenas para a redução da violência escolar, mas também para a melhoria do desempenho acadêmico e do bem-estar emocional das crianças. 

RESULTADOS 

Os resultados indicam que a aplicação de abordagens baseadas na neurociência tem sido eficaz na redução do bullying em escolas. Programas que focam no desenvolvimento da empatia e na regulação emocional, como o treinamento de habilidades sociais e a promoção da autorregulação, mostraram resultados positivos em termos de diminuição de comportamentos agressivos e aumento da cooperação entre os alunos. A formação contínua dos educadores também se mostrou fundamental para a implementação bem-sucedida dessas estratégias. 

DISCUSSÃO 

A neurociência oferece uma base sólida para a criação de programas eficazes de prevenção ao bullying. Ao compreender como o cérebro das crianças responde a diferentes estímulos sociais e emocionais, é possível desenvolver intervenções que favoreçam a construção de habilidades socioemocionais essenciais, como a empatia e a regulação emocional. Embora os resultados apresentados sejam promissores, é necessário continuar investigando o impacto de diferentes tipos de intervenção baseados na neurociência, considerando a diversidade cultural e social das escolas. 

Os resultados da pesquisa indicam que a aplicação de estratégias baseadas na neurociência tem se mostrado eficaz na redução dos índices de bullying no Brasil. Programas como o Programa de Promoção da Empatia na Educação Infantil e Compasso demonstraram impacto positivo na promoção da empatia e na autorregulação emocional dos alunos.​

O programa de Promoção da Empatia na Educação Infantil: Um estudo realizado por Marisa Cosenza Rodrigues e Renata de Lourdes Miguel da Silva, publicado na revista Estudos e Pesquisas em Psicologia, avaliou a eficácia de um programa destinado ao desenvolvimento de habilidades empáticas em crianças de 5 e 6 anos em Juiz de Fora, Minas Gerais. A intervenção envolveu 36 crianças e utilizou a Escala de Empatia para Crianças e Adolescentes de Bryant (1982), adaptada. Os resultados indicaram um aumento significativo nas habilidades empáticas das crianças após a implementação do programa. ​

Para os autores Colagrossi, Wollmeister, Domingues da Silva e Novaes (2015),  O Programa Compasso Socioemocional é uma adaptação brasileira do programa Second Step, desenvolvido pelo Committee for Children, uma organização não-governamental dedicada a promover desenvolvimento social e emocional, segurança e bem estar às crianças por meio da educação e disseminação do conhecimento a respeito da aprendizagem socioemocional. O Second Step já foi traduzido, adaptado e implementado em 12 países, e é o currículo de aprendizagem socioemocional mais utilizado e respeitado nos EUA – a versão em inglês do programa já foi utilizada em mais de 70 países. Estima-se que mais de 9 milhões de alunos já se beneficiaram deste programa.

O Programa de Promoção da Empatia na Educação Infantil é  uma iniciativa que visa fomentar a empatia entre estudantes, abordando questões emocionais e sociais de forma integrada. Por meio de atividades lúdicas e reflexões em grupo, os alunos aprendem a se colocar no lugar do outro e a reconhecer as emoções alheias. A proposta do programa busca transformar o ambiente escolar em um espaço de respeito mútuo, onde as interações são baseadas na compreensão e no apoio, promovendo uma convivência mais harmoniosa.

Descrição do programa “Compasso”:

Já o programa “Compasso” foca no desenvolvimento da autorregulação emocional, ajudando os estudantes a identificarem suas emoções e a gerenciarem comportamentos impulsivos, frequentemente relacionados a episódios de bullying. Através de exercícios de mindfulness e técnicas de regulação emocional, os alunos aprendem a lidar com suas reações em momentos de estresse, contribuindo para a diminuição de comportamentos agressivos no ambiente escolar e a promoção do autocontrole.

Paralelo entre os programas: Embora ambos os programas tenham abordagens distintas, como “Crescer com Empatia” centrado na construção de vínculos afetivos e o “Compasso” no autoconhecimento emocional, eles se complementam ao propiciar ferramentas para lidar com o bullying. O primeiro trabalha a empatia, enquanto o segundo busca o controle emocional, ambos essenciais para transformar a cultura escolar e reduzir os conflitos entre os estudantes.

Vantagens dos programas: A principal vantagem do “Crescer com Empatia” está na criação de uma rede de apoio entre os alunos, promovendo uma convivência mais saudável e colaborativa. Já o “Compasso” se destaca pela ênfase na autorregulação, que capacita os alunos a lidarem melhor com suas emoções, evitando reações impulsivas. Juntos, esses programas não apenas diminuem o bullying, mas também contribuem para a formação de uma geração mais consciente emocionalmente e mais capaz de resolver conflitos de forma pacífica.

Programa Crescer Aprendendo: O programa foca na formação de pais e cuidadores, oferecendo metodologias para creches e escolas de educação infantil, com o objetivo de fortalecer a parentalidade e aprimorar a relação adulto-criança. Em abril de 2021, gestores e educadores de dez escolas de educação infantil no município de Crato receberam formação para implementar a metodologia. A iniciativa também se expandiu para outras cidades cearenses, como Fortaleza, Juazeiro do Norte, Sobral, Chaval, Granja, Itatira, Paramoti, Salitre e Viçosa do Ceará. A metodologia combina encontros presenciais e interações virtuais, compartilhando dicas e práticas sobre diversos temas relacionados ao desenvolvimento infantil. ​

De acordo com a Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc-CE, 2024), o Programa Crescer Aprendendo tem como objetivo fortalecer a relação entre escola e família.

O Programa Crescer Aprendendo tem como  objetivo promover o desenvolvimento infantil por meio do fortalecimento de vínculos familiares e da capacitação de educadores. O Crescer Aprendendo enfatiza a importância da parentalidade responsiva e positiva, abordando temas como marcos do desenvolvimento infantil, bem-estar dos cuidadores e estratégias de engajamento familiar. A combinação de encontros presenciais e digitais permite uma abordagem flexível e abrangente, adaptando-se às necessidades das famílias e comunidades atendidas. ​

Os estudos mencionados acima evidenciam a eficácia de intervenções direcionadas ao desenvolvimento da empatia. Além disso, a formação continuada dos professores se revelou um fator determinante para o sucesso dessas iniciativas. A adoção de práticas pedagógicas baseadas em neurociência contribui não apenas para a redução da violência escolar, mas também para a melhoria do desempenho acadêmico e do bem-estar emocional das crianças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prevenção do bullying nas séries iniciais é essencial para o desenvolvimento saudável das crianças e para a promoção de um ambiente escolar mais inclusivo e seguro. A neurociência oferece ferramentas valiosas para a criação de programas educacionais que atendem às necessidades emocionais e sociais dos alunos. Com a implementação de estratégias pedagógicas baseadas na neurociência, é possível reduzir significativamente o bullying nas escolas, proporcionando uma convivência mais respeitosa e harmoniosa entre as crianças

A neurociência aplicada à educação se apresenta como uma ferramenta poderosa na prevenção do bullying. Ao integrar conhecimentos sobre o funcionamento cerebral infantil às práticas pedagógicas, é possível promover um ambiente escolar mais seguro, inclusivo e propício ao desenvolvimento emocional saudável dos alunos.

Para garantir a eficácia dessas estratégias, é fundamental investir na formação dos educadores e na implementação de programas educacionais baseados na neurociência, adaptados à realidade das escolas brasileiras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bowers, A. L., & Smith, P. K. (2017). Neuroscience and the Prevention of Bullying in Schools. Journal of Educational Psychology, 109(3), 453-465. 

Colagrossi, Ana Luiza Raggio; WOLLMEISTER, Elianara; SILVA, Eliane Pereira Domingues da; NOVAES, Francila Freitas Pereira de. Educação socioemocional e competências para o século XXI: programa Compasso – relato de prática. 2016. 15 p

Eisenberg, N., & Lennon, R. (1983). Sex differences in empathy and related capacities. Psychological Bulletin, 94(1), 100-131.

Fischer, M. S., & Leonard, L. A. (2019). Empathy and Bullying Prevention: A Neurocognitive Approach. Educational Psychology Review, 31(4), 625-640. 

Goleman, D. (1995). Inteligência emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva.

Goleman, Daniel. Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2018.

Oliveira, A. et al. Formação de professores e prevenção do bullying: resultados de um programa de capacitação. Revista Brasileira de Educação, v. 25, p. 99-112, 2020.

Riggs, N. R., & Greenberg, M. T. (2018). The Role of Emotional Regulation in Bullying Prevention Programs. Child Development, 89(5), 1789-1796. 

Siegel, Daniel. O cérebro e a educação: como as neurociências podem transformar a prática pedagógica. São Paulo: Editora Aleph, 2012.

Silva, L. A. Políticas públicas e a formação continuada de professores: um estudo de caso no contexto do bullying. Educação & Sociedade, v. 40, p. 587-604, 2019.

Soares, M. L.; BittencourT, G. A. A formação continuada como ferramenta para a prevenção do bullying nas escolas. Revista Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, v. 22, p. 24-33, 2018.

Wilson, S. D., & Taylor, M. A. (2020). The Impact of Neuroscience on Early Childhood Education and bullying Prevention. Child Development Research, 18(2), 224-239.

Farias, Maria Elma . Como prevenir o bullying nas séries iniciais usando a ferramenta Neurociência.International Integralize Scientific. v 5, n 46, Abril/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

BAILEY, C. J.; LEE, J. H.
Management of chlamydial infections: A comprehensive review.
Clinical infectious diseases.
v. 67
n. 7
p. 1208-1216,
2021.
Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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n. 46
Como prevenir o bullying nas séries iniciais usando a ferramenta Neurociência

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