Agricultura familiar e sustentabilidade: Análise da viabilidade econômica e ambiental da agricultura familiar

FAMILY FARMING AND SUSTAINABILITY: ANALYSIS OF THE ECONOMIC AND ENVIRONMENTAL VIABILITY OF FAMILY FARMING

AGRICULTURA FAMILIAR Y SOSTENIBILIDAD: ANÁLISIS DE LA VIABILIDAD ECONÓMICA Y AMBIENTAL DE LA AGRICULTURA FAMILIAR

Autor

José Carlos Claudino da Silva
ORIENTADOR
Prof. Cleberson Vieira de Araújo

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/0A6B9D

DOI

Silva, José Carlos Claudino da . Agricultura familiar e sustentabilidade: Análise da viabilidade econômica e ambiental da agricultura familiar. International Integralize Scientific. v 5, n 46, Abril/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

Este artigo tem como objetivo geral analisar a combinação de sustentabilidade ambiental e viabilidade econômica que é crucial para o sucesso da agricultura familiar, pois a adoção de práticas sustentáveis na agricultura familiar não só melhora a qualidade dos produtos, como também garante a segurança alimentar e a preservação dos recursos naturais para as futuras gerações. Esta pesquisa demonstrará que a viabilidade econômica da agricultura familiar depende de vários fatores, como acesso a crédito, assistência técnica, infraestrutura adequada, e políticas públicas de apoio. Em muitos casos, a agricultura familiar enfrenta desafios, como limitações de recursos financeiros e tecnológicos, dificuldades para acessar mercados e competir com a agricultura industrial. Contudo, quando apoiada por políticas públicas eficazes, cooperativismo e inovação, a agricultura familiar pode ser economicamente viável e gerar renda suficiente para sustentar as famílias e comunidades envolvidas. Sendo assim, este artigo visa estudar essas áreas que é vital para desenvolver e implementar práticas que promovam um equilíbrio entre as necessidades humanas e a preservação do meio ambiente, garantindo um futuro sustentável para todos. Em se tratando da metodologia deste estudo, a mesma apresenta como método de abordagem o dedutivo, como método de procedimento, o histórico e interpretativo e como técnica de pesquisa, a do tipo bibliográfica, por meio de pesquisa qualitativa geral.
Palavras-chave
Agricultura Familiar. Sustentabilidade. Viabilidade econômica e ambiental.

Summary

This article has the general objective of analyzing the combination of environmental sustainability and economic viability, which is crucial for the success of family farming, as the adoption of sustainable practices in family farming not only improves the quality of products, but also guarantees food security and preservation of natural resources for future generations. This research will demonstrate that the economic viability of family farming depends on several factors, such as access to credit, technical assistance, adequate infrastructure, and supportive public policies. In many cases, family farming faces challenges, such as limitations in financial and technological resources, difficulties in accessing markets and competing with industrial agriculture. However, when supported by effective public policies, cooperativism and innovation, family farming can be economically viable and generate sufficient income to support the families and communities involved. Therefore, this article aims to study these areas that are vital to develop and implement practices that promote a balance between human needs and the preservation of the environment, ensuring a sustainable future for everyone. When it comes to the methodology of this study, it presents the deductive method of approach, the historical and interpretative method of procedure, and the bibliographic type as the research technique, through general qualitative research.
Keywords
Family Farming. Sustainability. Economic and Environmental Viability.

Resumen

Este artículo tiene como objetivo general analizar la combinación de sostenibilidad ambiental y viabilidad económica, que es crucial para el éxito de la agricultura familiar, ya que la adopción de prácticas sostenibles en la agricultura familiar no solo mejora la calidad de los productos, sino que también garantiza la seguridad alimentaria y la preservación de los recursos naturales para las futuras generaciones. Esta investigación demostrará que la viabilidad económica de la agricultura familiar depende de varios factores, como el acceso al crédito, la asistencia técnica, una infraestructura adecuada y políticas públicas de apoyo. En muchos casos, la agricultura familiar enfrenta desafíos, como limitaciones de recursos financieros y tecnológicos, dificultades para acceder a los mercados y competir con la agricultura industrial. Sin embargo, cuando cuenta con el respaldo de políticas públicas eficaces, el cooperativismo y la innovación, la agricultura familiar puede ser económicamente viable y generar ingresos suficientes para sustentar a las familias y comunidades involucradas. Por lo tanto, este artículo busca estudiar estas áreas, ya que es vital desarrollar e implementar prácticas que promuevan un equilibrio entre las necesidades humanas y la preservación del medio ambiente, garantizando un futuro sostenible para todos. En cuanto a la metodología de este estudio, se presenta como método de enfoque el deductivo, como método de procedimiento el histórico e interpretativo y como técnica de investigación, la de tipo bibliográfico, a través de una investigación cualitativa general.
Palavras-clave
Agricultura Familiar. Sostenibilidad. Viabilidad Económica y Ambiental.

INTRODUÇÃO

A agricultura familiar desempenha um papel fundamental tanto no Brasil quanto no mundo, sendo crucial para a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento econômico das comunidades rurais. Ela é responsável por cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros, segundo dados do Censo Agropecuário de 2017 do IBGE. Ela produz a maior parte de alimentos como feijão, mandioca, leite e carne suína. 

Por cultivar uma variedade de alimentos, a agricultura familiar contribui para uma dieta mais equilibrada e nutritiva, reduzindo a dependência de alimentos industrializados e processados, que muitas vezes são menos nutritivos. Em tempos de crises, como pandemias e desastres naturais, ela pode ser um pilar essencial para a continuidade do abastecimento alimentar, especialmente em regiões onde cadeias de suprimento longas podem ser interrompidas.

Além disso, a agricultura familiar geralmente adota práticas mais sustentáveis, como a rotação de culturas, a agricultura orgânica e a preservação de áreas florestais, contribuindo para a conservação do meio ambiente e da biodiversidade, preservando saberes tradicionais e práticas culturais, que são transmitidos de geração em geração, mantendo vivas as identidades culturais das comunidades rurais.

Pequenos agricultores têm um interesse direto em preservar os recursos naturais dos quais dependem, como a água e o solo. Eles são mais propensos a adotar práticas de conservação e a proteger áreas florestais e nascentes. Como os produtos da agricultura familiar geralmente são consumidos localmente, há uma redução na necessidade de transporte de longa distância, o que contribui para uma menor emissão de gases de efeito estufa. 

A adoção de práticas sustentáveis na agricultura familiar não só contribui para a proteção do solo, da água e da biodiversidade, mas também promove a resiliência das comunidades frente às mudanças climáticas e aos desafios socioeconômicos contemporâneos. Técnicas como o uso eficiente da água, o manejo integrado de pragas, a agroecologia e a diversificação de culturas são exemplos de abordagens que equilibram a produção agrícola com a conservação ambiental, assegurando a saúde dos ecossistemas e a qualidade de vida das populações rurais.

Sendo assim, a integração de políticas públicas e incentivos governamentais voltados para a sustentabilidade na agricultura familiar é crucial para fomentar a adoção dessas práticas em larga escala. A educação ambiental e o acesso a tecnologias apropriadas também desempenham um papel vital na capacitação dos agricultores familiares para implementarem métodos produtivos mais sustentáveis e ambientalmente responsáveis.

Portanto, a preservação ambiental aliada a práticas sustentáveis na agricultura familiar representa um caminho promissor para a construção de sistemas alimentares mais justos, resilientes e ecologicamente equilibrados, contribuindo significativamente para a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável das nações.

Apesar dos benefícios, a agricultura familiar enfrenta desafios como o acesso limitado a crédito, tecnologia e mercados. Contudo, políticas públicas que incentivem o acesso a esses recursos, bem como a educação para práticas agrícolas sustentáveis, podem fortalecer a agricultura familiar como uma força na preservação ambiental e no desenvolvimento econômico local. A integração de práticas sustentáveis na agricultura familiar é essencial para assegurar um futuro equilibrado, onde a produção de alimentos não comprometa o meio ambiente e continue a promover o bem-estar das comunidades locais.

A falta de acesso a seguros adequados contra riscos climáticos ou de mercado deixa os agricultores vulneráveis a perdas imprevisíveis, há uma barreira significativa no acesso a tecnologias modernas, como máquinas agrícolas, técnicas de irrigação e sementes geneticamente melhoradas. Isso resulta em menor produtividade e eficiência. Mesmo quando há acesso a tecnologias, a falta de capacitação técnica impede o uso efetivo dessas inovações.

No entanto, a viabilidade econômica e ambiental da agricultura familiar tem sido amplamente debatida, considerando os desafios contemporâneos, como as mudanças climáticas, a competição com a agricultura industrial e as dificuldades de acesso a recursos financeiros e tecnológicos. Enquanto a agricultura industrial muitas vezes prioriza a maximização da produção e a eficiência econômica, frequentemente à custa do meio ambiente, a agricultura familiar pode oferecer um equilíbrio mais harmonioso entre produtividade, preservação ambiental e sustentabilidade social. A superação desses desafios requer uma abordagem integrada, que combine políticas públicas eficazes, apoio institucional, acesso a crédito e tecnologias e capacitação dos agricultores para que possam adotar práticas sustentáveis e competir em um mercado cada vez mais exigente.

O estudo da agricultura familiar e da sustentabilidade é vital para entender e promover práticas agrícolas que sejam economicamente viáveis e ambientalmente sustentáveis. Tanto do ponto de vista acadêmico quanto prático. Essa área de estudo tem o potencial de transformar a forma como a agricultura é praticada, garantindo a segurança alimentar, a preservação ambiental, e o bem-estar das comunidades rurais.

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo explorar a importância da agricultura familiar, destacando seus desafios, suas contribuições para a economia local e regional e as políticas públicas voltadas para o seu desenvolvimento. Além disso, será analisada a sustentabilidade desse modelo de produção, tanto do ponto de vista ambiental quanto social, e como ele contribui para a segurança alimentar e nutricional.

Neste contexto, serão discutidos os desafios e oportunidades enfrentados pelos agricultores familiares e as políticas e práticas que podem apoiar o desenvolvimento sustentável desse setor. Através de uma revisão da literatura existente e de estudos de caso, este trabalho pretende fornecer uma visão abrangente do papel da agricultura familiar na promoção da sustentabilidade e na construção de um futuro mais equilibrado e justo para todos.

Através deste estudo, pretende-se demonstrar que, apesar das dificuldades enfrentadas, a agricultura familiar continua sendo um pilar essencial para o desenvolvimento rural sustentável, promovendo a inclusão social e a valorização das tradições e saberes populares.

CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA DA AGRICULTURA FAMILIAR

A agricultura desempenhou um papel crucial desde a antiguidade, sendo fundamental para o desenvolvimento das primeiras civilizações. Antes da agricultura, as sociedades humanas dependiam da caça, pesca e coleta de alimentos. No entanto, com o advento da agricultura, as comunidades começaram a cultivar plantas e domesticar animais, o que proporcionou uma fonte de alimento mais estável e previsível. 

De acordo com Matos e Marin (2009), a agricultura familiar refere-se ao tipo de produção agrícola em que a gestão, a tomada de decisões e a maior parte da mão de obra são realizadas pela família proprietária da terra. Esse tipo de agricultura está geralmente associado a pequenas e médias propriedades rurais, onde as atividades agrícolas são passadas de geração em geração, mantendo um vínculo estreito entre o trabalho da família e a terra. (Bevilaqua, 2016).

Considerando esses conceitos, a agricultura familiar apresenta como característica a diversificação da produção de diferentes tipos de culturas e criações, permitindo uma maior resiliência econômica e alimentar para a família, reduzindo a dependência de mão de obra externa, permitindo a integração com o meio ambiente, para que os agricultores possam desenvolver práticas agrícolas que são sustentáveis e adaptadas ao meio ambiente local, muitas vezes preservando práticas tradicionais de cultivo, o que leva a uma ligação com a comunidade, pois a agricultura familiar está frequentemente ligada às comunidades locais, contribuindo para a coesão social e preservação cultural. (Reis; Lima; Desiderio, 2018).

Devido à sua escala e práticas muitas vezes tradicionais e menos intensivas, a agricultura familiar pode ser mais sustentável do ponto de vista ambiental, contribuindo para a conservação da biodiversidade e dos recursos naturais (Manfio; Pierozan, 2017). Ela ajuda na diversificação da economia rural, promovendo uma variedade de atividades econômicas além da produção agrícola, como o turismo rural e o artesanato. (Barbosa; Batista; Pimenta, 2014).

A agricultura familiar é essencial para o desenvolvimento das economias locais, já que os recursos gerados tendem a ser reinvestidos nas comunidades. Esse tipo de agricultura é uma das principais fontes de emprego no meio rural, contribuindo para a manutenção da população no campo e evitando o êxodo rural. 

SUSTENTABILIDADE NA AGRICULTURA: DEFINIÇÕES E PRINCÍPIOS DA SUSTENTABILIDADE APLICADOS À AGRICULTURA, COM FOCO EM PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NA AGRICULTURA FAMILIAR

Sustentabilidade na agricultura refere-se à prática de produzir alimentos, fibras e outros produtos agrícolas de maneira que sejam economicamente viáveis, ecologicamente corretas e socialmente responsáveis. 

Isso envolve o uso eficiente dos recursos naturais, como água e solo, para minimizar o impacto ambiental, preservar a biodiversidade e manter a fertilidade do solo a longo prazo. Além disso, busca promover a equidade social, garantindo que os agricultores, especialmente os de pequena escala, tenham acesso justo a recursos e mercados. A agricultura sustentável também enfatiza a redução do uso de produtos químicos nocivos, o manejo integrado de pragas, a rotação de culturas, e a adoção de tecnologias que aumentem a produtividade sem degradar o meio ambiente. (Delgado; Bergamasco, 2017).

Para Reis, Moreira e Cunha (2017), os princípios da sustentabilidade aplicada à agricultura utilizam recursos como água, solo e energia de forma eficiente, evitando desperdícios e adotando tecnologias que melhorem a produtividade sem esgotar os recursos naturais, visando a conservação do solo com práticas como: rotação de culturas, plantio direto e uso de coberturas vegetais que ajudam a manter a saúde do solo e a prevenir a erosão, pois a gestão adequada da água, incluindo irrigação eficiente e conservação de bacias hidrográficas, é essencial para a sustentabilidade agrícola.

A gestão eficiente da água é outro aspecto crucial. A agricultura é uma das atividades que mais consomem água no mundo, e práticas sustentáveis buscam otimizar o uso desse recurso, promovendo técnicas como irrigação por gotejamento e captação de água da chuva. Além disso, a preservação da biodiversidade agrícola, por meio da diversificação das culturas e do uso de variedades locais, é essencial para a resiliência dos sistemas agrícolas diante das mudanças climáticas. 

Segundo Assis e Romeiro (2014), a agricultura sustentável é um conceito que ganha cada vez mais relevância em um mundo onde os desafios ambientais, sociais e econômicos estão profundamente interligados. A agricultura sustentável deve garantir que os agricultores, trabalhadores e comunidades locais se beneficiem das atividades agrícolas, tendo acesso a condições de trabalho justas, remuneração adequada e qualidade de vida digna. A valorização do conhecimento tradicional e a inclusão de pequenos agricultores em cadeias produtivas são práticas que fortalecem o tecido social e promovem a equidade no campo. Além disso, a promoção de práticas agrícolas que preservem a saúde dos trabalhadores e das comunidades, como o uso reduzido de agrotóxicos, é um aspecto crucial da sustentabilidade social.

A agricultura sustentável também busca minimizar a dependência de insumos externos e caros, promovendo a autonomia dos agricultores através de práticas como a produção de sementes próprias e a redução do uso de fertilizantes e pesticidas químicos. Além disso, incentivos econômicos e políticas públicas que apoiem a adoção de práticas sustentáveis são essenciais para garantir a viabilidade econômica dessas práticas.

A sustentabilidade econômica na agricultura refere-se à viabilidade financeira das atividades agrícolas a longo prazo. Isso inclui a capacidade dos agricultores de obterem rendimentos justos e estáveis, que lhes permitam continuar a produzir e investir em práticas sustentáveis. O acesso a mercados, a valorização de produtos orgânicos e sustentáveis, e a diversificação das fontes de renda são estratégias que contribuem para a resiliência econômica dos agricultores. (Delgado; Bergamasco, 2019)

A inovação é um princípio chave na sustentabilidade agrícola. O desenvolvimento e a adoção de novas tecnologias e práticas que aumentem a eficiência e a resiliência dos sistemas agrícolas são cruciais para enfrentar desafios como as mudanças climáticas e a escassez de recursos. Além disso, a capacidade de adaptação dos agricultores a mudanças ambientais e de mercado é essencial para a sustentabilidade a longo prazo. (Abramovay, 2012).

A sustentabilidade na agricultura também envolve a promoção da equidade social. Isso inclui garantir condições justas de trabalho, promover a inclusão social e econômica de pequenos produtores e comunidades rurais e assegurar a distribuição equitativa dos benefícios econômicos gerados pela atividade agrícola. Além disso, o fortalecimento das comunidades locais através de capacitação e educação é fundamental para a construção de um sistema agrícola mais resiliente. 

VIABILIDADE ECONÔMICA E AMBIENTAL: CONCEITOS E MÉTODOS DE ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA E AMBIENTAL DE EMPREENDIMENTOS AGRÍCOLAS.

A viabilidade econômica e ambiental refere-se à avaliação da capacidade de um projeto ou atividade ser tanto financeiramente sustentável quanto ecologicamente responsável. 

Esse conceito é central para o desenvolvimento sustentável, onde se busca equilibrar crescimento econômico, preservação ambiental e bem-estar social. 

Silva (2020) afirma que:

A viabilidade econômica e ambiental é um conceito que engloba a análise integrada de fatores financeiros e ecológicos. Para que um projeto seja considerado viável, é essencial que ele demonstre capacidade de gerar retorno financeiro sem comprometer a sustentabilidade dos ecossistemas envolvidos. (Silva, 2020, p. 45).

Nesse contexto, a viabilidade econômica e ambiental é interdependente e fundamental para o sucesso de qualquer projeto. A primeira garante que os recursos sejam utilizados de maneira eficiente e sustentável do ponto de vista financeiro, enquanto a segunda assegura que o desenvolvimento não comprometa o meio ambiente e a qualidade de vida das gerações futuras. Juntas, elas formam a base do desenvolvimento sustentável.

A análise da viabilidade econômica e ambiental de empreendimentos agrícolas é essencial para garantir a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo dessas atividades. No âmbito econômico, os métodos de análise envolvem a avaliação de custos e receitas, projeções de fluxo de caixa, cálculo do valor presente líquido (VPL) e da taxa interna de retorno (TIR) (Joaquim, 2015). Esses indicadores financeiros ajudam a determinar se o empreendimento gerará lucro e se os investimentos iniciais serão recuperados em um prazo aceitável. (Balbino, 2012).

Por outro lado, a viabilidade ambiental é avaliada com o uso de métodos que consideram o impacto das atividades agrícolas sobre o meio ambiente. Isso inclui a análise do uso de recursos naturais como água e solo, a emissão de gases de efeito estufa, a preservação da biodiversidade e a gestão de resíduos. Ferramentas como a análise do ciclo de vida (ACV) são frequentemente empregadas para medir o impacto ambiental em todas as fases do empreendimento, desde a produção até o consumo final.

Integrar essas duas dimensões, econômica e ambiental, é fundamental para o desenvolvimento de práticas agrícolas mais sustentáveis. A análise conjunta permite identificar possíveis sinergias e “trade-offs” entre rentabilidade econômica e sustentabilidade ambiental, orientando a tomada de decisão para maximizar os benefícios econômicos enquanto se minimizam os impactos negativos ao meio ambiente. Dessa forma, métodos como a análise de custo-benefício ambiental e a avaliação integrada de sustentabilidade têm ganhado relevância na formulação de políticas e estratégias empresariais no setor agrícola. (Rezende; Oliveira, 2013).

Métodos como a análise de custo-benefício, a análise de ponto de equilíbrio e a projeção de fluxo de caixa são ferramentas-chave que ajudam a determinar a capacidade de um empreendimento agrícola em gerar lucro e sustentar suas operações a longo prazo.

Por outro lado, para Assaf Neto e Lima (2011), a viabilidade ambiental foca na compatibilidade do empreendimento com práticas sustentáveis e na minimização dos impactos negativos sobre o meio ambiente. Métodos de avaliação como a análise de ciclo de vida (ACV), a avaliação de impacto ambiental (AIA) e a certificação de práticas sustentáveis são utilizados para garantir que as operações agrícolas não comprometam a saúde dos ecossistemas e que respeitem as normas ambientais vigentes. A integração dessas análises permite um equilíbrio entre a lucratividade e a preservação ambiental, promovendo um desenvolvimento agrícola responsável e sustentável.

Dessa forma, empreendimentos agrícolas bem-sucedidos são aqueles que não apenas geram benefícios econômicos, mas também contribuem positivamente para o meio ambiente e a sociedade.

POLÍTICAS PÚBLICAS: ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA O APOIO À AGRICULTURA FAMILIAR E SUSTENTABILIDADE.

A análise das políticas públicas voltadas para o apoio à agricultura familiar e sustentabilidade envolve examinar como essas políticas são formuladas e implementadas, quais são seus objetivos e impactos, e como elas afetam os agricultores familiares e o meio ambiente. 

De acordo com Chacon (2013), políticas públicas voltadas para a agricultura familiar e a sustentabilidade são fundamentais para a promoção do desenvolvimento rural sustentável. Elas visam não apenas o aumento da produtividade, mas também a preservação dos recursos naturais e o fortalecimento das comunidades locais. A implementação eficaz dessas políticas pode gerar benefícios econômicos e sociais, melhorando a qualidade de vida dos agricultores e contribuindo para a conservação ambiental.

No Brasil, diversas políticas foram implementadas para apoiar a agricultura familiar. Programas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) são exemplos de iniciativas que buscam integrar a agricultura familiar às cadeias produtivas e ao mercado. Estes programas visam melhorar o acesso a mercados, fortalecer a capacidade produtiva e garantir a segurança alimentar para populações vulneráveis. (Muller, 2007)

Chacon (2013) diz que a sustentabilidade na agricultura familiar é promovida por meio de práticas que minimizem o impacto ambiental e melhoram a resiliência dos sistemas agrícolas. A adoção de técnicas como a agricultura de precisão, o uso racional dos recursos hídricos e a diversificação de culturas são incentivadas por políticas que oferecem suporte técnico e financeiro aos agricultores familiares.

As políticas públicas também se focam na inclusão social e no fortalecimento das organizações de agricultores. O acesso a crédito e a assistência técnica é crucial para que os agricultores possam adotar novas tecnologias e práticas sustentáveis. A participação ativa das organizações de agricultores nas decisões políticas e na formulação de políticas públicas é essencial para garantir que as necessidades e as realidades locais sejam adequadamente abordadas. (Howlett; Ramesh, 2013).

No entanto, a análise crítica dessas políticas revela desafios significativos. A implementação desigual e a falta de integração entre diferentes programas podem limitar a eficácia das políticas. Além disso, a necessidade de políticas mais adaptativas e flexíveis é evidente, uma vez que as condições e as necessidades das comunidades agrícolas podem variar amplamente. (Muller, 2007).

Portanto, a análise das políticas públicas voltadas para a agricultura familiar e sustentabilidade destaca a importância de uma abordagem integrada e adaptativa. Para alcançar resultados sustentáveis, é fundamental que as políticas sejam constantemente avaliadas e ajustadas de acordo com as necessidades reais dos agricultores e as condições ambientais. Somente com um suporte contínuo e bem direcionado será possível garantir que a agricultura familiar continue a desempenhar seu papel essencial na segurança alimentar e na preservação ambiental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise da viabilidade econômica e ambiental da agricultura familiar demonstra que esse modelo de produção pode ser altamente sustentável quando bem gerido. A agricultura familiar tem o potencial de equilibrar a preservação ambiental com a geração de renda, uma vez que utiliza práticas agrícolas menos intensivas em recursos e mais adaptadas às condições locais. Além disso, promove a biodiversidade e fortalece a segurança alimentar nas comunidades. Contudo, para garantir sua sustentabilidade a longo prazo, é necessário investimento em políticas públicas de apoio, acesso a tecnologias adequadas e capacitação dos agricultores, assegurando tanto a proteção dos ecossistemas quanto a melhoria das condições de vida dessas famílias.

A importância deste trabalho reside na demonstração que a agricultura familiar é uma alternativa viável tanto econômica quanto ambientalmente, desde que apoiada por políticas adequadas e práticas sustentáveis. Sua importância para a segurança alimentar, a preservação dos recursos naturais e a manutenção das tradições rurais faz com que seja essencial integrar estratégias que aumentem sua eficiência econômica e minimizem seu impacto ambiental. A adoção de tecnologias e práticas sustentáveis, aliada ao fortalecimento de políticas públicas de apoio, é o caminho para garantir que a agricultura familiar continue contribuindo para o desenvolvimento rural e para um futuro mais sustentável.

Sendo assim, estudar agricultura familiar e sustentabilidade é fundamental para promover o desenvolvimento rural, a segurança alimentar e a preservação ambiental. A agricultura familiar, responsável por grande parte da produção de alimentos no mundo, precisa ser fortalecida com práticas sustentáveis que respeitem os recursos naturais e assegurem o equilíbrio entre produtividade e conservação do meio ambiente. Compreender esses temas possibilita a criação de políticas públicas eficazes, além de incentivar inovações tecnológicas e sociais que aumentem a resiliência das comunidades rurais e garantam a sustentabilidade das futuras gerações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

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Silva, José Carlos Claudino da . Agricultura familiar e sustentabilidade: Análise da viabilidade econômica e ambiental da agricultura familiar.International Integralize Scientific. v 5, n 46, Abril/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

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Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
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