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Resumo
INTRODUÇÃO
A criança aprende diariamente através das suas curiosidades, necessidades e experiências. A família e a escola estão na linha de frente na mediação destas aprendizagens. A escola diretamente oferta o universo da alfabetização para que a criança consiga escrever e ler, bem como entender o que está lendo, e assim ser considerada apta a uma vida cidadã numa sociedade letrada.
Possibilitar a criança que ela tenha contato com os elementos da natureza facilitará os processos de ensino e aprendizagem com as letras e com a leitura de mundo e das palavras, conforme (Freire, 2011) Sendo assim, estas experiências poderão ser realizadas através das observações, brincadeiras, passeios e atividades lúdicas, pois este é o universo natural para uma criança que está em processo de investigação e reconhecimento das coisas, do mundo.
Espera-se que a criança desenvolva a curiosidade de forma natural pelos elementos da natureza, sejam eles os elementos minerais e imateriais como o solo, a água, ao ar e a energia, bem como os elementos vivos que são os seres dos mais variados reinos. Através da observação e interação com a terra, com a chuva, com o sol, com o vento, com os animais, com as plantas e com os microrganismos a criança brinca e forma significados, um misto fisiológico dos órgãos dos sentidos e o sistema nervoso.
Oportunizar espaços para que a criança tenha essas experiências em brincar ao ar livre é necessário, principalmente nestes tempos modernos em que as pessoas estão cada vez mais confinadas em espaços fechados, dentro das casas ou escolas, sem contato com os espaços ao ar livre como jardins, praças e parques. Assim ela construirá significados positivos sobre a natureza e que a mesma não está separa do cotidiano.
[…]a reconexão entre crianças e natureza é mais do que urgente, sob o risco de aumento de distúrbios físicos e emocionais causados pela privação de interações cotidianas com os ambientes naturais, seus seres e processos. Outro efeito nefasto do afastamento entre crianças e natureza é o desinteresse das pessoas pelo mundo natural que, sem conhecê-lo, não se empenham em sua proteção, agravando, deste modo, os problemas ambientais contemporâneos (Profice e Munhoz, 2016, p. 56)
Educar as crianças a amarem e respeitarem a terra e todas as formas de vida de forma simples, pelas interações e vivências, é a melhor educação que os pais e a escola podem oferecer aqueles que ainda estão descobrindo o mundo, se alfabetizando com as letras e com os valores sociais.
A CRIANÇA, A ESCOLA E O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
A escola é um referencial essencial da sociedade e se constitui com todos os seus segmentos escolares: os diretores, supervisores, coordenadores, professores, pais, alunos e a comunidade que objetivam e promovem a organização, a estrutura, o planejamento, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e humanas necessárias para garantir o crescimento e avanço das questões socioeducacionais. (Rodrigues, 2025)
Considerando a seriação e organização das etapas dos estudantes nas escolas o Conselho Nacional de Educação adotada a seguinte distribuição: Educação Infantil com 5 anos de duração sendo a Creche até 3 anos de idade e a Pré-Escola aos 4 e 5 anos de idade. O Ensino Fundamental tem 9 anos de duração, sendo os Anos iniciais dos 6 a 10 anos de idade e os Anos finais dos 11 a 14 anos de idade. (Brasil, 1988).
Os objetivos gerais para a Educação Infantil segundo o Referencial Curricular Nacional, Base Nacional comum Curricular – BNCC (Brasil, 2017) são:
( ) -Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações.
-Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar.
-Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social.
-Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração.
-Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação.
-Brincar expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades.
-Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva.
-Conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade (Brasil, 2017, p.63 )
Neste sentido, a função básica da escola é garantir a aprendizagem, o conhecimento, as habilidades e os valores necessários ao aluno para que ele se aproprie dos conteúdos básicos da escrita e da leitura para que exerça suas funções como pessoa e como cidadão o qual está inserido no contexto social. Para isso a escola é fonte primária da alfabetização, local onde o indivíduo interage com as letras e os números através das atividades teórica e prática que são propostas, sempre considerando o conhecimento prévio do aluno e suas experiências de vida.
De acordo com Santos (2024) e (Moraes; Albuquerque (2007):
Alfabetização – processo de aquisição da “tecnologia da escrita”, isto é do conjunto de técnicas – procedimentos habilidades – necessárias para a prática de leitura e da escrita: as habilidades de codificação de fonemas em grafemas e de decodificação de grafemas em fonemas, isto é, o domínio do sistema de escrita alfabético ortográfico (Santos (2024), Morais; Albuquerque, 2007).
A alfabetização é uma etapa indispensável na formação intelectual do aluno. Além da alfabetização e letramento, a criança aprende com o mundo, com a natureza, com as pessoas, conforme as etapas da vida da sua idade em função do desenvolvimento.
Segundo Piaget há quatro estágios do desenvolvimento cognitivo: os estágios sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal. O primeiro estágio que vai até os dois anos é o sensório-motor, onde as crianças adquirem a capacidade de administrar seus reflexos básicos para que gerem ações prazerosas ou vantajosas. No segundo, o pré-operacional, que vai dos 2 aos 7 anos se caracteriza pelo surgimento da capacidade de dominar a linguagem e a representação do mundo por meio de símbolos. O terceiro estágio, o das operações concretas, vai dos 7 aos 11 anos, surge a lógica nos processos mentais e a habilidade de discriminar os objetos por similaridades e diferenças. Por volta dos 12 anos começa o estágio das operações formais. Essa fase marca o domínio do pensamento lógico e dedutivo, o que o habilita à experimentação mental, relacionar conceitos abstratos e racionar sobre hipóteses. (Ferrari, p.57, 2006).
Observando os estágios de desenvolvimento da criança com os objetivos da alfabetização encontramos caminhos que mostram que as crianças constroem o próprio conhecimento, tanto Emília Ferreiro como Piaget realizaram estudos que concentraram o foco nos mecanismos cognitivos relacionados à leitura e à escrita na construção do conhecimento.
Para Emília Ferreiro a alfabetização passa por quatro fases: a pré-silábica, a silábica, a silábico-alfabética e a alfabética. Na pré-silábica ela não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada. Na silábica a criança interpreta a letra à sua maneira, atribuindo valor de sílaba a cada uma. Na silábico-alfabética ela mistura a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas. E na alfabética a criança domina o valor das letras e sílabas. (Ferrari, p.57, 2006).
Seguindo as ideias do processo de alfabetização e como fazemos a alfabetização infantil, temos que Paulo Freire (2011), que iniciou seus trabalhos principalmente na alfabetização de jovens e adultos, foi defensor das ideias que o ser humano aprende a partir da leitura de mundo, ele falava do tema gerador, elencar uma palavra problematizadora a partir da realidade de mundo do estudante e a partir desta estudar as letras, as sílabas, a leitura. Dizia: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”.
O método Paulo Freire de alfabetização é dividido em três etapas: investigação, tematização e problematização. Na etapa de investigação, aluno e professor buscam, no universo vocabular do aluno e da sociedade onde ele vive, as palavras e temas centrais de sua biografia. Na segunda etapa, a de tematização, eles codificam e decodificam esses temas, buscando o seu significado social, tomando assim consciência do mundo vivido pelos alunos. É nesse momento que os educadores fazem associação das palavras com alguma situação cotidiana, conhecida por todos. E no final, a etapa de problematização, aluno e professor buscam superar uma primeira visão mágica por uma visão crítica do mundo, partindo para a transformação do contexto vivido. (Brandão, 2025)
Diante dessas ideias verifica-se a importância de um trabalho pedagógico qualificado no processo do desenvolvimento da aprendizagem das crianças do ensino fundamental. Uma educação de qualidade está diretamente condicionada a escola e ao professor que desenvolvem um trabalho articulado às etapas de ensino e aprendizagem cognitiva com um fazer pedagógico que desenvolva o intelecto dos alunos às suas práticas pessoais e coletivas que estimulem a curiosidade, promovam o conhecimento, a aprendizagem, o respeito e a interação com o meio e com a vida em todas as suas fases.
A curiosidade é o ponto de partida da aprendizagem. É uma vontade muito forte de conhecer. Para as crianças, a curiosidade é incentivo para que investiguem o mundo, e esse processo é muito importante em seu desenvolvimento, como por exemplo, podem leva-las às margens de um lago onde tocarão a água e brincarão com ela. Assim adquirem muitas informações através de atitudes simples e banais. O entusiasmo de um adulto para aprender pode ser tão intenso quanto de uma criança, a maturidade não representa o final da admiração e do encantamento. A aprendizagem intensa, inspirada pela curiosidade, pode ser mantida pela vida inteira. (Herman, 2003).
OS ELEMENTOS DA NATUREZA, A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A SUSTENTABILIDADE NO COTIDIANO
A natureza, o meio ambiente, equivale ao mundo natural. É o conjunto de fatores físicos, biológicos e químicos que cerca os seres vivos, influenciando-os e sendo influenciado por eles. O ambiente natural é essencial na vida dos seres vivos que dependem diretamente dos seus recursos para sobrevivência.
A organização dos componentes da natureza que estão distribuídos naturalmente na biosfera e em constantes interações são: Componentes abióticos: ar, água, solo e luz e os Componentes bióticos: seres vivos.
Os elementos não vivos estão associados aos estados da matéria em que a terra é sólida, a água é líquida, o ar é gasoso e o fogo ou luz é energia. Enquanto os seres vivos estão organizados em grupos com características específicas como o tamanho pela organização celular, a nutrição, o habitat e a reprodução e correspondem aos vírus, bactérias, protozoários, fungos, as algas, as plantas e os animais.
Sendo assim, o meio está num constante equilíbrio dos ecossistemas, onde os seres vivos matem relações ecológicas com os outros seres vivos de mesma espécie ou com espécies diferentes e com os elementos não vivos do ambiente, onde estes estão em constante ciclagem pelos ciclos biogeoquímicos. Esses elementos químicos e os seres vivos estão distribuídos por toda a camada da biosfera, nos biomas, que possuem características peculiares como clima, relevo e biodiversidade.
É da natureza que os seres vivos retiram os recursos básicos de sobrevivência. O ser humano, em especial, além das relações ecológicas também usa a natureza para suas intenções econômicas. Assim precisa diretamente da água potável, dos alimentos, do oxigênio, dos animais, das plantas, do clima e do solo.
Nestes aspectos básicos necessários a sobrevivência, o ser humano precisa estar como parte integrante do meio, sentir-se como parte da natureza e não fora dela. É urgente essa mudança de comportamento onde o ser humano participe de forma responsável e consciente nas suas relações com o meio. As ações humanas usam exageradamente os recursos naturais gerando escassez dos recursos básicos, graves alterações climáticas, extinção de animais e muita produção de poluentes e lixo. Em conformidade com Streit (2024):
Ao longo do desenvolvimento de suas ideias, o teólogo-pensador Leonardo Boff pontua possíveis causas da insustentabilidade da atual ordem ecológico-social, incluindo entre elas o fato de nós, habitantes deste planeta, vermos a Terra como um baú de recursos. Por quatro séculos, essa visão predominou, mas nossa casa já são suporta mais esse tipo de presença humana. Surge, então, a necessidade de criar uma nova relação para com a Terra, que reverta o quadro comprovado de diminuição da biodiversidade, da diminuição da disponibilidade de água, da supressão das florestas, tudo isso agravado pelo crescimento populacional. Afinal, hoje somos mais de 7 bilhões de pessoas no mundo (Streit, 2020, p. 15)
A educação ambiental e a sustentabilidade trazem como reflexão as relações do homem com o meio, de modo individual e coletivo, como podemos ocupar o solo de forma correta nas plantações, a preservação da água, a redução de emissões de fumaça na atmosfera, a separação do lixo e principalmente o consumo saudável e consciente evitando contaminações e desperdícios. Para Macedo (2024, p. 10):
A construção de uma sociedade sustentável deve assentar-se numa clara estratégia mundial, que pode, resumidamente, ser exposta através dos seguintes princípios:
1. Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos
2. Melhorar a qualidade da vida humana
3. Conservar a vitalidade e a diversidade do planeta terra
4. Minimizar o esgotamento de recursos não renováveis
5. Permanecer nos limites da capacidade de suporte do Planeta terra
6. Modificar atitudes e práticas pessoais
7. Permitir que as comunidades cuidassem de seu próprio meio ambiente
8. Gerar uma estrutura para a integração de desenvolvimento e conservação
9. Constituir uma aliança global. (Macedo, 2024, p. 10).
Estes princípios refletem valores e deveres. O dever de cuidado com as outras pessoas e o respeito e cuidado com a natureza. Envolvem as questões ambientais, econômicas, políticas e sociais, as quais nossas culturas e religiões do mundo conhecem muito bem. Devem ocorrer em esfera global, com a participação de todos nos cuidados com a Terra.
Desta forma, o contato do ser humano com a natureza está associado com o equilíbrio das nossas emoções, o planeta Terra representa a nossa mãe Gaia, nossa casa, quanto mais distante dos elementos naturais mais desequilibrado o corpo fica.
“a reconexão entre crianças e natureza é mais do que urgente, sob o risco de aumento de distúrbios físicos e emocionais causados pela privação de interações cotidianas com os ambientes naturais, seus seres e processos. Outro efeito nefasto do afastamento entre crianças e natureza é o desinteresse das pessoas pelo mundo natural que, sem conhecê-lo, não se empenham em sua proteção, agravando, deste modo, os problemas ambientais contemporâneos. (Profice e Munhoz, 2016)
A CRIANÇA INTEGRADA COM SUAS AÇÕES NA ESCOLA E COM O PLANETA
A infância constitui o momento maior de aprendizagem e integração do conhecimento na vida da criança, período de formação de valores que servirão para a vida toda. Nestes momentos de escolarização e de compreensão de sociedade é fundamental inserir os conceitos básicos sobre a natureza, permitir a alfabetização a partir da teoria e prática usando os elementos da natureza.
( ) O objetivo definido pelo Referencial Curricular Nacional é observar e explorar o meio ambiente com curiosidade, percebendo-se como ser integrante, dependente, transformador e, acima de tudo, que tem atitudes de conservação. Quanto mais cedo o tema for abordado com as crianças, maiores as chances de despertar a consciência pela preservação” (Brasil,1997).
Machado (2025) sugere algumas iniciativas para o processo de alfabetização a partir dos elementos da natureza, tais como possibilitar brincadeiras em jardins, praças e parques e deixar a criança livre para que invente suas brincadeiras junto aos elementos da natureza, pois,
A educação ao ar livre traz inúmeros benefícios – melhora o desenvolvimento intelectual e a saúde física, incentiva o pensamento crítico, a inteligência emocional, o trabalho em equipe, e a capacidade de resolução de problemas. (Machado, 2025 – p.10).
Da mesma forma, Piorski (2016), sugere atividades com argila, pedrinhas e gravetos, pois:
A imaginação do brincar e sua intimidade com os quatro elementos da natureza: terra, fogo, água e ar, e revela a voz livre e fluente da criança em sua trajetória de moldar a si própria, tão esquecida nos estudos sobre a infância. Assim como o brinquedo, a brincadeira e seu universo simbólico; a experiência da criança quando, em comunhão com a natureza e em sua vivência transcendente, brinca e significa o mundo. Fala sobre os brinquedos da terra, que caracterizam, na produção material, gestual e narrativa da infância, a investigação da matéria e as operações da imaginação no forjar a elaboração e o enraizamento dos papéis sociais na casa, na família e no mundo.(Piorski, 2016, p.18 página)
Neste sentido, é possível acrescentar atividades com base nas sugestões do autor no trabalho com crianças, tais como: oportunizar espaços e momentos com jogos lúdicos; estimular e criar momentos com sons, cores, cheiros e sabores; criar espaços de hortas e pomares escolares com cultivo e colheita, comer frutos direto na árvore; realizar passeios em chácaras, jardins botânicos ou zoológicos possibilitando o contato com as plantas e animais; estimular a criança nos cuidando de um bichinho de estimação; desenvolver brincadeiras de coordenação com brinquedos rústicos produzidos com materiais de reciclagem ou da natureza; promover troca de brinquedos; estimular atividades físicas com esportes e bicicleta; atividades recreativas em datas comemorativas; promover picnic com alimentos preferencialmente naturais e regionais; promover a contação de histórias, oficinas de escrita e leitura; criar oficinas de sustentabilidade com práticas e dicas para serem feitas em casa; promover atividades sobre os valores humanos; promover a separação do lixo na escola; estimular a observação dos espaços no entorno de casa e da escola que envolvam os aspectos ambientais, econômicos e culturais; criar os espaços temáticos em sala de aula ou na escola; dentre outras. Há uma grande diversidade de possibilidades.
Com o planejamento do professor, a estrutura escolar e a participação dos alunos o processo de ensino aprendizagem ocorrerá de forma natural e divertida, com alegria em aprender e responsabilidade em preservar. O professor da educação infantil tem preparo e confiança em desenvolver atividades com as letras, palavras, escrita e leitura, integradas a prática das observações, dos valores, das brincadeiras, das ações e das emoções promovendo a aprendizagem, a preservação e a cidadania.
Do ponto de vista da criança, a natureza é o meio no qual ela poderá estar mais livre e conectada com sua essência. “Quando a imaginação da criança encontra a natureza, ela se potencializa e se torna imaginação criadora. A natureza tem a força necessária para despertar um campo simbólico criador na criança”, disse Gandhy Piorski, artista plástico que pesquisa as práticas da criança e a relação entre criança e natureza. Evidências científicas apontam que a natureza é importante para o desenvolvimento infantil em todos os seus aspectos: intelectual, emocional, social, espiritual e físico. (Hoshino, 2024).
Uma escola que permite desde a infância os estímulos para uma vida saudável desenvolverá seres humanos mais felizes e responsáveis. Indivíduos que irão potencializar o bem e as coisas boas, que terão boas relações com a preservação do ambiente, bons hábitos alimentares, boas relações sociais, que dificilmente se envolve com substâncias tóxicas ao organismo, que conseguirão usar o conhecimento para desenvolver e estimular uma vida saudável e melhor harmonia social.
Os meninos e meninas de hoje passam a maior parte do tempo em espaços fechados, sentados, assistindo à TV. Eles vivem constantemente debaixo de uma supervisão adulta obcecada por segurança e quase já não têm momentos de brincadeiras descontraídas ao ar livre. Procuramos compensar esse crescente afastamento do mundo natural com um excesso de produtos e tecnologias (bichos de pelúcia, brinquedos eletrônicos, celulares, tablets, games, etc.) que suplantam os seres da natureza. Uma realidade virtual que os afasta ainda mais da vida, reduzindo-os ao papel de espectadores e consumidores passivos. A escassez de espaço e de possibilidades de movimento, a grande quantidade de representações abstratas, sem nenhuma relação com a experiência direta das crianças, o contínuo bombardeio de estímulos (luzes, cores chamativas, ruídos, velocidade) a que são submetidos e, no geral, a falta da natureza podem ser a causa de inúmeras doenças que acometem atualmente as crianças: obesidade, desequilíbrio no biorritmo, problemas motores e de linguagem, asma, estresse, agressividade, hiperatividade, depressão. As crianças precisam da natureza. Elas se sentem espontaneamente atraídas por ambientes naturais e, quando estão em contato com eles, desenvolvem-se de uma forma mais saudável em todos os níveis: físico, emocional, mental, social e espiritual. Passar algum tempo ao ar livre, em uma interação direta com a vida, é um direito fundamental da infância que deveria ser reconhecido na nossa sociedade (Freire, 2013, p. 28).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ser humano desde a infância passa por inúmeras fases no seu desenvolvimento até chegar à maturidade. Desde criança até a vida adulta múltiplas experiências são vivenciadas, conhecimentos adquiridos e valores são formados para que como indivíduo consiga ter boas relações de convivência com os outros indivíduos e com o meio em que vive.
Então permitir que a criança mantenha contato com os elementos da natureza contribuirá para sua formação de respeito ao interagir com os recursos naturais. A criança entenderá desde cedo que ela também é natureza e que todos os elementos que constituem o corpo dela e dos outros seres vivos vieram do solo, da água e do ar.
Portanto é necessário que a criança tenha liberdade de brincar com os elementos naturais, tenha contato com a terra, o barro, com as pedrinhas, com a água de uma poça ou da chuva, com o vento, com os gravetos, com as árvores, com as flores, os pássaros, entre outros, estimulará os órgãos dos sentidos que estão em conexão com o sistema nervoso, gerando assim aprendizagem significativa para observar, criar, imaginar, inventar, encontrar soluções no contexto prático de leitura do ambiente bem como a leitura das letras e palavras na escrita dentro dos processos da alfabetização.
Ao analisarmos o contexto atual de confinamento nos espaços residenciais e escolares, além de uso de tecnologias, como o celular, cada vez mais cedo, fica evidente o afastamento do ser humano do mundo natural, trazendo inúmeras consequências negativas nas relações de alimentação, estresse, ansiedade, gasto exagerado dos recursos naturais e alta produção de lixo.
Torna-se necessário a escola neste momento fazer uma ponte para a sustentabilidade e nos cuidados com a natureza através dos processos de ensino aprendizagem, resgatando através das brincadeiras, dos projetos, da escrita e da leitura que os recursos são finitos e que o ser humano depende do equilíbrio dos elementos vivos e não vivos da Terra para conseguir a manutenção e o equilíbrio da vida.
Observou-se as diferentes fases do desenvolvimento da criança e as diferentes fases de aprendizagem durante a alfabetização, demonstrando que a inserção destes assuntos da natureza e a prática do contatos com os elementos da natureza permitem ensinar com os elementos do cotidiano, colocando a criança em contato com os recursos simples e básicos para a vida resgatando a essência e pureza do natural integrado com o artificial e econômico que se consolida na sociedade, gerando compreensão e conhecimento da integridade.
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