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Resumo
INTRODUÇÃO
A educação de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) exige abordagens interprofissionais que integrem áreas como educação, saúde e assistência social, visando atender às necessidades específicas desses alunos. No entanto, a implementação de práticas interprofissionais enfrenta desafios significativos, incluindo a fragmentação do conhecimento, a falta de formação específica dos profissionais e a ausência de políticas institucionais eficazes. Essas barreiras podem comprometer a inclusão educacional e limitar o potencial de desenvolvimento dos estudantes com TEA.
De acordo com Maranhão et al. (2019), o trabalho interprofissional colaborativo pode ser um fator fundamental para aumentar a eficácia dos atendimentos oferecidos a crianças com TEA, proporcionando uma abordagem mais ampla e integrada que considera as particularidades de cada aluno. No entanto, os autores destacam que a falta de preparo e de integração entre os profissionais representa um dos principais entraves à implementação dessas práticas.
A necessidade de formação continuada para os docentes e demais especialistas envolvidos na educação inclusiva é um fator determinante para o sucesso da interprofissionalidade nesse contexto. Além disso, conforme apontado por Silva et al. (2019), um dos grandes desafios da inclusão escolar de crianças autistas está na falta de preparo para a assistência e na falta de interação interprofissional. Em suas pesquisas, os autores identificam que a ausência de um ambiente educacional preparado e a escassez de recursos adaptados dificultam a adoção de práticas interprofissionais, tornando a aprendizagem desses alunos mais complexa e menos acessível.
Diante desse cenário, emergem questões norteadoras para direcionar a pesquisa: quais são os principais desafios enfrentados pelos profissionais da educação e da saúde na implementação de práticas interprofissionais voltadas para crianças com TEA? De que maneira a formação docente influencia na adoção de práticas interprofissionais na educação inclusiva? Quais estratégias podem ser aplicadas para fortalecer a colaboração entre diferentes áreas do conhecimento na educação de crianças autistas?
Este estudo tem como objetivo geral analisar as barreiras que dificultam a implementação de práticas interprofissionais na educação de crianças com TEA, considerando os desafios enfrentados por profissionais da educação e da saúde, bem como os fatores institucionais que impactam essa realidade. Para alcançar esse propósito, são traçados os seguintes objetivos específicos: identificar os principais obstáculos que dificultam a adoção de práticas interprofissionais na educação de crianças com TEA; investigar o impacto da formação docente e dos profissionais da saúde na implementação de abordagens interprofissionais; analisar a influência do suporte institucional na viabilização de estratégias pedagógicas colaborativas; e propor soluções baseadas em evidências científicas que possam favorecer a prática interprofissional na educação inclusiva.
A pesquisa se justifica pela necessidade de aprofundar a compreensão sobre as dificuldades encontradas na integração de diferentes áreas do conhecimento na educação especial e de propor alternativas que possam garantir um ensino mais inclusivo e eficaz para crianças com TEA. Dessa forma, busca-se contribuir para o aprimoramento das práticas pedagógicas e para a construção de políticas educacionais que favoreçam o desenvolvimento e a aprendizagem desses alunos.
REVISÃO DE LITERATURA
COMUNICAÇÃO INTERPROFISSIONAL NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A comunicação interprofissional desempenha um papel crucial na educação inclusiva, especialmente no suporte a crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A troca eficaz de informações entre professores, terapeutas, psicólogos e demais profissionais envolvidos permite uma abordagem mais integrada, promovendo um ensino adaptado às necessidades individuais dos alunos. A construção desse diálogo colaborativo, no entanto, ainda enfrenta desafios significativos, como a fragmentação do conhecimento, a falta de diretrizes claras e a resistência à interdisciplinaridade dentro das instituições de ensino.
Mendes (2007) ressalta que a construção de uma escola inclusiva em um país com desigualdades significativas é um desafio considerável. O autor argumenta que o trabalho colaborativo entre professores do ensino regular e da educação especial é essencial para garantir não apenas o acesso, mas também a permanência e o aprendizado dos alunos com necessidades educacionais especiais em classes comuns. Segundo o estudo, a ausência de comunicação estruturada entre os profissionais pode gerar lacunas no acompanhamento pedagógico e comprometer o desempenho acadêmico dos estudantes com TEA. Além disso, Mendes (2007) destaca que, quando há diálogo e alinhamento entre os envolvidos, a inclusão se torna mais efetiva e os alunos apresentam melhores resultados.
A interdisciplinaridade surge como um caminho viável para aprimorar a comunicação interprofissional no contexto educacional. Gomes (2021) enfatiza que a colaboração entre diferentes áreas do conhecimento pode favorecer o processo de ensino-aprendizagem dos alunos da educação especial. No entanto, a autora também aponta que a interdisciplinaridade, apesar de amplamente discutida na literatura acadêmica, ainda não é plenamente incorporada na prática educacional. A falta de uma formação específica para os professores e a resistência institucional são fatores que dificultam essa implementação. Isso demonstra a necessidade de reformulação nas práticas educacionais para que a interdisciplinaridade seja mais do que um conceito teórico e se torne uma realidade efetiva no cotidiano escolar.
Outro aspecto essencial na comunicação interprofissional é a clareza e a efetividade no intercâmbio de informações entre os profissionais que atuam na educação de crianças com TEA. Araújo et al. (2017) analisaram a comunicação como um domínio essencial no processo de trabalho das equipes de Atenção Primária à Saúde, destacando que a comunicação interprofissional eficaz é um fator determinante para a colaboração e a qualidade do atendimento. No contexto educacional, essa reflexão é igualmente válida, pois sem uma comunicação estruturada, as estratégias pedagógicas podem se tornar inconsistentes, prejudicando o desenvolvimento da criança com TEA.
Portanto, para que a comunicação interprofissional seja eficiente e traga impactos positivos no sucesso educacional das crianças com TEA, é necessário superar barreiras disciplinares e estabelecer um espaço de atuação comum entre os diferentes profissionais envolvidos. Isso inclui a criação de programas de formação continuada, a implementação de metodologias de trabalho colaborativo e o incentivo a práticas que valorizem a troca de experiências entre os profissionais. Apenas por meio de uma comunicação efetiva e estruturada será possível garantir um ensino mais inclusivo, que respeite as particularidades de cada aluno e proporcione um desenvolvimento integral no ambiente escolar.
DESAFIOS E BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO INTERPROFISSIONAL PARA A EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS COM TEA
A comunicação interprofissional é um dos pilares fundamentais para a efetivação da educação inclusiva de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). No entanto, diversas barreiras dificultam essa colaboração, impactando negativamente o desenvolvimento e a aprendizagem desses alunos. Entre os desafios mais recorrentes, destacam-se a falta de conhecimento específico sobre TEA, a deficiência na formação continuada dos profissionais envolvidos e a ausência de políticas institucionais que promovam e incentivem práticas interdisciplinares.
Um dos primeiros obstáculos para a construção de uma comunicação interprofissional eficiente é a falta de conhecimento aprofundado sobre TEA por parte dos profissionais da educação e da saúde. Embora a literatura acadêmica tenha avançado significativamente na compreensão do autismo, muitos docentes e terapeutas ainda possuem uma visão restrita sobre o transtorno, limitando suas práticas pedagógicas. Silva et al. (2019) apontam que, embora os profissionais reconheçam o TEA como um distúrbio neurológico que afeta a comunicação e a interação social, muitos deles não se sentem preparados para lidar com a complexidade das intervenções necessárias, tampouco para estabelecer um fluxo de informações eficaz entre diferentes áreas de atuação. Segundo os autores, essa falta de preparo contribui para um atendimento fragmentado, dificultando a adoção de estratégias consistentes e individualizadas para cada aluno.
Outro fator que intensifica as barreiras na comunicação interprofissional é a carência de programas de formação continuada voltados especificamente para o atendimento de crianças com TEA. A formação inicial de muitos professores não contempla conteúdos aprofundados sobre autismo, e mesmo os cursos de especialização nem sempre abordam a interprofissionalidade como elemento essencial da inclusão escolar. Locateli (2021) destaca que, sem um conhecimento sólido sobre as características do TEA e as práticas pedagógicas mais eficazes, os professores e outros profissionais tendem a trabalhar de forma isolada, sem articular estratégias com a equipe multidisciplinar. Essa realidade reforça a importância da criação de espaços de formação colaborativa que promovam a troca de saberes e experiências entre profissionais de diferentes áreas.
Além da formação deficiente, a falta de políticas institucionais que incentivem a comunicação interprofissional é outro grande entrave para a educação de crianças com TEA. Em muitas escolas, ainda não há diretrizes claras para a troca de informações entre professores, terapeutas, fonoaudiólogos e assistentes sociais, o que faz com que as intervenções ocorram de forma desarticulada. Soares e Souza (2015) ressaltam que o trabalho em equipe interprofissional melhora significativamente a eficiência da intervenção, pois permite que os profissionais compartilhem conhecimentos e adaptem suas abordagens conforme as necessidades individuais de cada aluno. No entanto, sem apoio institucional e tempo destinado para reuniões interdisciplinares, esse tipo de colaboração se torna impraticável na rotina escolar.
Diante desse cenário, é essencial que sejam implementadas medidas para superar essas barreiras e garantir que a comunicação interprofissional ocorra de maneira eficaz. Investir em formação continuada, criar políticas institucionais de incentivo à troca de informações entre os profissionais e estruturar mecanismos que favoreçam a colaboração no ambiente escolar são passos fundamentais para a construção de um ensino mais inclusivo. Sem essas iniciativas, as crianças com TEA continuarão enfrentando desafios que poderiam ser minimizados por meio de um trabalho interprofissional bem estruturado.
ESTRATÉGIAS PARA O FORTALECIMENTO DA COMUNICAÇÃO INTERPROFISSIONAL E SEUS IMPACTOS NO SUCESSO EDUCACIONAL DE CRIANÇAS COM TEA
A comunicação interprofissional eficaz é essencial para a educação inclusiva de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Diversas estratégias podem ser implementadas para aprimorar essa colaboração entre profissionais de diferentes áreas, visando melhorar o atendimento educacional dessas crianças.
Investir na formação continuada dos profissionais da educação e da saúde é fundamental para promover uma comunicação interprofissional eficaz. Programas de capacitação que abordem as especificidades do TEA e incentivem práticas colaborativas são essenciais. De acordo com Soares et al. (2015), a prática colaborativa entre profissionais é uma estratégia potente para enfrentar os desafios relacionados ao TEA, melhorando a eficiência das intervenções e promovendo o desenvolvimento da criança.
O uso de ferramentas de Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA), como pranchas de comunicação e aplicativos digitais, pode complementar ou substituir a comunicação verbal, permitindo que a criança expresse suas necessidades e emoções de forma acessível. Essas ferramentas não apenas auxiliam na comunicação funcional, mas também criam oportunidades para ampliar o repertório verbal e social das crianças com TEA. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a utilização de recursos tecnológicos pode favorecer a inclusão e a aprendizagem de alunos com necessidades especiais.
Estabelecer protocolos institucionais que garantam reuniões regulares entre os profissionais envolvidos no atendimento de crianças com TEA é uma estratégia eficaz para fortalecer a comunicação interprofissional. Essas reuniões permitem a troca de informações, a discussão de casos e a elaboração conjunta de estratégias de intervenção, garantindo uma abordagem integrada e centrada nas necessidades da criança. Soares et al. (2015) destacam que a colaboração interprofissional pode ser um fator determinante para aumentar a eficácia dos atendimentos oferecidos a crianças com TEA, promovendo a integralidade do cuidado.
A utilização de suportes visuais, como imagens, cartões de comunicação e quadros de rotinas, facilita a compreensão e a expressão das crianças com TEA. Esses recursos auxiliam na organização e previsibilidade, criando segurança para as crianças e promovendo a interação social. Além disso, a tecnologia tem se tornado uma aliada indispensável na promoção da comunicação no TEA, oferecendo soluções práticas e inovadoras para superar barreiras na comunicação. De acordo com a ABNT, o uso de tecnologias assistivas é recomendado para apoiar a aprendizagem e a comunicação de alunos com TEA.
Incluir a família no processo educacional e terapêutico é fundamental para o sucesso das intervenções. A participação ativa dos familiares nas estratégias de comunicação e nas decisões relacionadas ao desenvolvimento da criança com TEA fortalece a rede de apoio e promove a continuidade das práticas no ambiente doméstico. Soares et al. (2015) enfatizam que a orientação de profissionais da saúde e da educação na construção de estratégias de comunicação alternativa é importante para que esses recursos estejam compatíveis com o nível de desenvolvimento linguístico da criança, destacando o papel dos pais, cuidadores e educadores nesse processo.
Implementar essas estratégias requer um compromisso institucional e individual dos profissionais envolvidos, visando sempre o melhor interesse da criança com TEA. A adoção de práticas colaborativas e o uso de recursos adequados podem transformar significativamente a experiência educacional dessas crianças, promovendo sua inclusão e desenvolvimento integral.
METODOLOGIA
Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica e de abordagem qualitativa, com o objetivo de analisar a comunicação interprofissional na educação de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A pesquisa bibliográfica permite reunir e discutir as informações disponíveis sobre o tema, proporcionando um embasamento teórico para compreender os desafios e estratégias voltadas à colaboração entre profissionais da educação e da saúde.
A pesquisa qualitativa foi escolhida por permitir uma análise aprofundada dos conceitos, desafios e práticas relacionadas à comunicação interprofissional. Segundo Gil (2019), esse tipo de pesquisa é adequado quando se busca compreender fenômenos complexos e interpretar dados não numéricos, focando em significados e contextos.
A pesquisa bibliográfica, por sua vez, fundamenta-se na análise de livros, artigos científicos, teses e dissertações publicadas em bases de dados reconhecidas, como SciELO, CAPES e Google Acadêmico. Essa abordagem possibilita a construção de um referencial teórico sólido sobre o impacto da comunicação interprofissional na inclusão escolar de crianças com TEA.
Os dados foram coletados a partir da revisão de materiais acadêmicos publicados entre 2015 e 2025, garantindo a atualidade e a relevância das informações. Os critérios de inclusão foram:
Foram excluídas publicações que não possuíam revisão por pares ou que não apresentavam relação direta com a temática do estudo.
A análise dos dados foi realizada por meio de análise de conteúdo, conforme Bardin (2016), que consiste na identificação de padrões, conceitos-chave e categorias temáticas dentro dos materiais revisados. Essa abordagem permitiu a organização das informações em três eixos principais:
A escolha pela pesquisa bibliográfica justifica-se pela necessidade de compreender um fenômeno multidimensional e interdisciplinar. Ao analisar a literatura acadêmica existente, busca-se reunir informações relevantes para contribuir com a melhoria das práticas interprofissionais voltadas à educação inclusiva de crianças com TEA.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da revisão bibliográfica realizada, identificou-se que a comunicação interprofissional desempenha um papel crucial na inclusão escolar de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). No entanto, diversos desafios dificultam a colaboração entre os profissionais da educação e da saúde, comprometendo a qualidade do ensino e das intervenções terapêuticas. Neste capítulo, são discutidos os principais achados da pesquisa, organizados em três categorias principais: (i) impacto da comunicação interprofissional na inclusão escolar, (ii) desafios enfrentados pelos profissionais e (iii) estratégias para fortalecer a colaboração interdisciplinar.
A literatura revisada aponta que uma comunicação interprofissional eficiente entre professores, terapeutas ocupacionais, psicólogos e fonoaudiólogos contribui significativamente para o sucesso educacional de crianças com TEA. Mendes (2007) destaca que quando há um fluxo contínuo de informações entre os profissionais envolvidos, a adaptação curricular se torna mais eficaz, permitindo que os alunos recebam um atendimento mais personalizado. Segundo Maranhão et al. (2019), a colaboração entre diferentes áreas do conhecimento possibilita uma abordagem mais integrada, levando em consideração não apenas o desempenho acadêmico, mas também as necessidades emocionais e sociais das crianças.
Outro ponto relevante é a percepção dos professores sobre a importância da troca de informações com profissionais da saúde. Estudos indicam que, quando os educadores recebem orientações adequadas sobre os desafios do TEA e as melhores estratégias para manejo em sala de aula, a inclusão se torna mais efetiva (Silva et al., 2019). Contudo, sem essa comunicação estruturada, há um risco de desconexão entre as práticas pedagógicas e as intervenções terapêuticas, dificultando o progresso dos alunos.
Apesar da importância da comunicação interprofissional, diversos desafios foram identificados na literatura. O primeiro obstáculo refere-se à falta de formação específica dos profissionais para atuar de forma interdisciplinar. De acordo com Locateli (2021), muitos professores não possuem conhecimento aprofundado sobre o TEA, o que dificulta a aplicação de estratégias pedagógicas adequadas. Além disso, a ausência de capacitação na área da interprofissionalidade compromete a colaboração entre docentes e profissionais da saúde.
Outro desafio significativo é a fragmentação das informações e a falta de tempo para reuniões interdisciplinares. Soares e Souza (2015) apontam que, na prática, os profissionais da educação e da saúde frequentemente atuam de forma isolada, sem um espaço estruturado para o compartilhamento de informações. A sobrecarga de trabalho também é um fator que impede reuniões frequentes entre as equipes, dificultando a implementação de estratégias conjuntas para a inclusão escolar de crianças com TEA.
Além disso, a ausência de diretrizes institucionais claras sobre o papel de cada profissional na educação inclusiva representa uma barreira para a comunicação interprofissional. Segundo Maranhão et al. (2019), muitas escolas não possuem protocolos bem definidos para a troca de informações entre educadores e terapeutas, o que pode resultar em abordagens descoordenadas e ineficazes.
A revisão da literatura também apontou algumas estratégias que podem ser implementadas para fortalecer a comunicação interprofissional e melhorar a inclusão escolar de crianças com TEA. Entre as principais propostas destacam-se:
Os resultados da pesquisa indicam que a comunicação interprofissional é essencial para garantir o sucesso educacional de crianças com TEA, mas ainda enfrenta diversas barreiras institucionais e estruturais. A falta de formação dos profissionais, a fragmentação das informações e a ausência de diretrizes claras dificultam a implementação de práticas colaborativas eficazes. No entanto, estratégias como a capacitação continuada, a realização de reuniões interdisciplinares e o uso de tecnologias podem contribuir significativamente para o fortalecimento dessa comunicação.
Para que essas estratégias sejam eficazes, é fundamental que haja um comprometimento institucional e a criação de políticas públicas que incentivem a interprofissionalidade na educação inclusiva. Dessa forma, será possível garantir um ensino mais acessível e adequado às necessidades das crianças com TEA, promovendo sua inclusão e desenvolvimento integral.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A comunicação interprofissional é um fator determinante para o sucesso educacional de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), pois permite a integração de conhecimentos e práticas entre diferentes profissionais, como professores, terapeutas ocupacionais, psicólogos e fonoaudiólogos. Ao longo deste estudo, foi possível identificar que a falta de formação específica, a fragmentação das informações, a sobrecarga de trabalho dos profissionais e a ausência de políticas institucionais bem definidas são desafios significativos que dificultam essa colaboração.
Mendes (2007) destaca que a ausência de um fluxo contínuo de informações entre os profissionais pode comprometer a adaptação curricular e a efetividade das estratégias pedagógicas voltadas para alunos com TEA. De maneira semelhante, Maranhão et al. (2019) ressaltam que a comunicação interprofissional eficaz possibilita uma abordagem mais ampla e integrada, levando em consideração não apenas o desempenho acadêmico, mas também as necessidades emocionais e sociais das crianças.
Diante desses desafios, a literatura aponta algumas estratégias para fortalecer a comunicação interprofissional na educação inclusiva. A formação continuada dos profissionais da educação e da saúde é essencial para garantir que docentes e especialistas estejam preparados para atuar de forma colaborativa. Além disso, a criação de espaços institucionais destinados a reuniões interdisciplinares pode favorecer a troca de informações e a construção de estratégias conjuntas.
O uso de tecnologias educacionais, como plataformas digitais de compartilhamento de informações e registros pedagógicos, também pode facilitar a comunicação entre os profissionais. Outro aspecto importante é a elaboração de diretrizes institucionais claras que formalizem a interprofissionalidade dentro do ambiente escolar, garantindo que todos os envolvidos compreendam seu papel na inclusão de crianças com TEA.
Com base nessas reflexões, conclui-se que, para que a comunicação interprofissional seja efetiva, é necessário que haja investimentos na formação dos profissionais e a implementação de políticas que incentivem o trabalho interdisciplinar. A educação inclusiva exige um compromisso coletivo, no qual educadores, profissionais da saúde, gestores e familiares atuam de maneira integrada para garantir um ensino acessível e de qualidade. Apenas por meio de uma comunicação estruturada e colaborativa será possível promover um ambiente escolar mais inclusivo e que favoreça o desenvolvimento integral das crianças com TEA.
Recomenda-se que futuras pesquisas investiguem a aplicação dessas estratégias na prática, bem como a percepção dos profissionais e das famílias sobre a interprofissionalidade na educação especial, contribuindo assim para o aprimoramento das políticas e metodologias voltadas à inclusão de alunos com TEA.
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