Deslocamentos Curriculares: A Educação Física na Área das Linguagens Segundo Professores da Rede Estadual de Mossoró/RN.

CURRICULAR SHIFTS: PHYSICAL EDUCATION IN THE AREA OF LANGUAGES ACCORDING TO PUBLIC SCHOOL TEACHERS IN MOSSORÓ/RN

DESPLAZAMIENTOS CURRICULARES: LA EDUCACIÓN FÍSICA EN EL ÁREA DE LENGUAJES SEGÚN DOCENTES DE LA RED ESTATAL DE MOSSORÓ/RN

Autor

Gleiton Soares Bezerra da Costa e Silva
ORIENTADOR
Prof. Dr. Rodger Roberto Alves de Sousa

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/B3C6E3

DOI

Silva, Gleiton Soares Bezerra da Costa e . Deslocamentos Curriculares: A Educação Física na Área das Linguagens Segundo Professores da Rede Estadual de Mossoró/RN.. International Integralize Scientific. v 5, n 47, Maio/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

Este artigo tem como objetivo compreender como os professores de Educação Física do Ensino Médio da rede pública estadual da cidade de Mossoró/RN percebem a inserção desse componente curricular na área das Linguagens, conforme previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e na Lei Federal nº 14.945/2024. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, de caráter exploratório e descritivo, utilizando como instrumento de coleta de dados um questionário estruturado aplicado por meio da plataforma Google Forms. Participaram do estudo cinco docentes da rede estadual, os dados foram analisados à luz de referenciais teóricos atualizados e pertinentes à temática. Os resultados indicam uma compreensão limitada por parte dos professores quanto à vinculação da Educação Física à área das Linguagens, revelando, em grande parte, uma visão reducionista do corpo, compreendido apenas sob uma perspectiva biológica, o que reforça a associação tradicional do componente às Ciências Naturais. Além disso, identificou-se uma escassez de propostas interdisciplinares com os demais componentes da área das Linguagens, o que evidencia o distanciamento entre teoria e prática e a necessidade urgente de formações continuadas que contribuam para a ressignificação da Educação Física como linguagem.
Palavras-chave
educação física; área das linguagens; BNCC; interdisciplinaridade; formação docente.

Summary

This article aims to understand how high school Physical Education teachers from the state public school system in Mossoró/RN perceive the inclusion of this curricular component in the Languages area, as established by the National Common Curricular Base (BNCC) and Federal Law No. 14.945/2024. The research adopted a qualitative approach with an exploratory and descriptive character, using a structured questionnaire applied through the Google Forms platform as the data collection instrument. Five teachers from the state network participated in the study. The data were analyzed based on updated and relevant theoretical references related to the topic. The results indicate a limited understanding among teachers regarding the connection of Physical Education to the Languages area, revealing a predominantly reductionist view of the body, understood only from a biological perspective, which reinforces the traditional association of the component with Natural Sciences. Furthermore, a lack of interdisciplinary proposals with other components of the Languages area was identified, highlighting the gap between theory and practice and the urgent need for ongoing training that contributes to the redefinition of Physical Education as a form of language.
Keywords
physical education; languages area; BNCC; interdisciplinarity; teacher training.

Resumen

Este artículo tiene como objetivo comprender cómo los docentes de Educación Física de la Educación Secundaria de la red pública estatal de la ciudad de Mossoró/RN perciben la inserción de este componente curricular en el área de Lenguajes, conforme a lo previsto en la Base Nacional Común Curricular (BNCC) y en la Ley Federal nº 14.945/2024. La investigación adoptó un enfoque cualitativo, de carácter exploratorio y descriptivo, utilizando como instrumento de recolección de datos un cuestionario estructurado aplicado a través de la plataforma Google Forms. Participaron en el estudio cinco docentes de la red estatal. Los datos fueron analizados a la luz de referencias teóricas actualizadas y pertinentes al tema. Los resultados indican una comprensión limitada por parte de los docentes sobre la vinculación de la Educación Física al área de Lenguajes, revelando en gran medida una visión reduccionista del cuerpo, entendido únicamente desde una perspectiva biológica, lo que refuerza la asociación tradicional del componente con las Ciencias Naturales. Además, se identificó una escasez de propuestas interdisciplinares con los demás componentes del área de Lenguajes, lo que evidencia la distancia entre teoría y práctica y la necesidad urgente de formaciones continuas que contribuyan a resignificar la Educación Física como lenguaje.
Palavras-clave
educación física; área de lenguajes; BNCC; interdisciplinariedad; formación docente.

INTRODUÇÃO

A Educação Física foi historicamente vinculada às Ciências Biológicas e à promoção da saúde, tem passado por significativas ressignificações no âmbito da educação básica com a promulgação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), esse componente curricular passou a integrar a área das Linguagens, ao lado da Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Arte e Educação Midiática. Essa nova configuração propõe uma compreensão ampliada da linguagem como forma de expressão, comunicação e produção de sentidos, reconhecendo o corpo como veículo simbólico e cultural, mais recentemente, a Lei Federal nº 14.945/2024 reafirmou esse posicionamento, reforçando o papel da Educação Física como parte integrante das práticas discursivas e comunicativas no espaço escolar.

No entanto, a efetivação dessa proposta depende, em grande medida, da compreensão e da atuação dos docentes que vivenciam o cotidiano escolar, a mudança de paradigma exige não apenas uma reestruturação curricular, mas também uma transformação na percepção que os professores têm sobre o papel da Educação Física enquanto linguagem. Logo, para que as práticas corporais não sejam compreendidas somente como textos culturais passíveis de leitura e produção (Brasil, 2018), torna-se necessário permitir se avançar em relação às concepções que entendem as linguagens como um processo unicamente de escrita e de oralidade (Oliveira et al., 2021). 

Nesse contexto, tornou-se necessário investigar como os educadores compreendem essa inserção e de que maneira a articulam com os demais componentes da área das Linguagens. Este artigo científico tem como objetivo compreender a percepção dos professores de Educação Física do Ensino Médio da rede pública estadual da cidade de Mossoró/RN acerca da inserção da disciplina na área das Linguagens, a pesquisa adota uma abordagem qualitativa, de caráter exploratório e descritivo, com base na análise das respostas de docentes da rede estadual, a fim de contribuir com reflexões teóricas e práticas que favoreçam a implementação efetiva de uma Educação Física interdisciplinar, crítica e significativa.

CONTEXTO TEÓRICO

A linguagem sendo considerada como um campo do conhecimento que abrange dentre várias manifestações, os gestos e os movimentos corporais, consolida-se no campo da Educação  Física Escolar (EFE) como forma de expressão de práticas sociais, sem depender, exclusivamente, do uso de palavras. Isso possibilita a interação entre o sujeito e o outro, além de consigo próprio, permitindo a transmissão de saberes, valores e elementos culturais, assim, os movimentos e os gestos integram os instrumentos comunicativos utilizados pelo ser humano para transmitir suas emoções, atitudes e informações (Matthiesen et al., 2008).

Mesmo após a promulgação da Lei Federal nº 13.415/2017, que reformulou o Ensino Médio e inseriu competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a EFE ainda necessita de maior consolidação científica ao ser compreendida como linguagem. Diante disso, torna-se essencial a realização de estudos que abordem essa concepção e enfoquem o corpo como elemento central dessa linguagem, conforme Barros (2017), as produções acadêmicas ainda são limitadas e escassas quando se trata de abordar a linguagem de forma integrada na Educação Física.

Mas, afinal, o que é linguagem? Diversos estudiosos defendem que ela deve ser entendida como um sistema de códigos e sinais que pode ser compartilhado por meio da oralidade, escrita, leitura, arte e corporalidade. Ramos (2000) apud Matthiesen et al. (2008) afirma que linguagem constitui um conjunto de sinais verbais e não verbais presente no universo educacional e tal entendimento é fortalecido pela recente Lei nº 14.945/2024, que inclui práticas corporais no currículo escolar como formas legítimas de linguagem.

Nesta direção, é possível destacar a diversidade dos significados que a linguagem assume dentro da Educação Física, conforme o contexto sociocultural dos sujeitos, isso evidencia como diferentes manifestações da cultura corporal, como danças, ginásticas, lutas e jogos, podem ser incompreendidas por culturas distintas, como ocorre com brincadeiras populares regionais (Matthiesen et al., 2008).

Da mesma forma, os autores Neira e Nunes (2021) apontam que a linguagem não se restringe à fala ou à escrita, mas compreende também as imagens, sons, gestos e símbolos. Nesse sentido, a cultura interfere diretamente na constituição dos sujeitos e na maneira como percebem o mundo, é possível considerar então que a linguagem, serve como uma ponte para essas interpretações e tais abordagens também refletem a importância de diversificar as formas de expressão presentes nos currículos escolares, conforme previsto pela Lei nº 13.415/2017.

Apesar de a EFE estar alocada na área das linguagens, ainda carece de definição e prática mais consolidadas por parte dos profissionais da educação e da comunidade escolar, o que acaba contribuindo para a persistência de uma compreensão equivocada, segundo a qual a linguagem se expressaria somente por meio de textos escritos.

Essa visão reducionista ignora os movimentos, os sons, os símbolos e os gestos enquanto meios válidos de comunicação e expressão, diante disso, se torna urgente que as escolas valorizem a multimodalidade da linguagem (Cope; Kalantzis, 2009), em conformidade com os dispositivos legais que visam assegurar a formação integral dos estudantes, conforme estabelecido nas diretrizes curriculares referentes a Legislação do Novo Ensino Médio (NEM).

Para que haja uma prática pedagógica eficaz, é fundamental incorporar os saberes contemporâneos marcados pela pluralidade cultural, linguística e digital, a Lei que formula  o NEM 2024,  vem para reafirmar esse compromisso, ao reconhecer as práticas corporais como ferramentas legítimas de desenvolvimento social, cultural e cognitivo. Nesse cenário, os multiletramentos, propostos pelo Grupo de Nova Londres (Cope; Kalantzis, 2000), se apresentam como uma resposta à diversidade que marca o ambiente escolar atual, tal proposta amplia o conceito de letramento tradicional, incorporando diferentes recursos expressivos como constituintes da linguagem (Catto, 2013). Daí a importância de adotar uma abordagem multimodal que reflita a complexidade da sociedade e das interações humanas, como defendido ao enfatizar a formação por competências.

Considerando os multiletramentos, compreende-se que os sujeitos são produtores de sentidos, pois interpretam, analisam e ressignificam as múltiplas linguagens e representações a que são expostos (Oliveira et al., 2021). Os autores; Cope e Kalantzis (2009) classificam essas manifestações como práticas multimodais, valorizando os diversos modos semióticos como meios legítimos de aprendizagem. Conforme destacado por Catto (2013), os multiletramentos abrangem, além da linguagem oral e escrita, formas visuais, sonoras, táteis e corporais, assim, incorporá-los às aulas de EFE representa reconhecer a diversidade cultural e estimular a formação de sujeitos críticos e participativos. Essa perspectiva dialoga com os fundamentos da Lei nº 14.945/2024, ao defender a valorização das expressões corporais como linguagem legítima.

Portanto, com a adoção de uma abordagem baseada nos multiletramentos e na linguagem multimodal, a EFE amplia as possibilidades de envolvimento dos estudantes nas práticas da cultura corporal de movimento, enriquecendo suas vivências e construções de sentido (Catto, 2013), promovendo também uma ruptura com paradigmas reducionistas que limitam essa disciplina à dimensão biológica.

Contudo, para que esse cenário se concretize ainda é necessário superar muitos desafios, estudos de Oliveira et al. (2021), ao analisarem a BNCC identificaram fragilidades na compreensão da linguagem pela EFE e na valorização das múltiplas formas de expressão. Além disso, há pouca articulação entre os componentes curriculares e os temas transversais ao longo da trajetória escolar. Grellmann (2021) observa uma lacuna nas pesquisas científicas sobre a EFE como linguagem, o que resulta em uma compreensão restrita de suas contribuições para a formação cultural e comunicativa dos estudantes, dessa forma, é fundamental que a Educação Física seja tratada como um sistema comunicacional que possibilita a expressão e a representação da realidade.

Ao longo da história, a EFE teve sua prática marcada por uma abordagem biologicista, centrada na preparação física e nos métodos militaristas, com a crença de que os exercícios garantiriam, por si só, um corpo saudável (Soares, 2020), e essa perspectiva, ainda presente em muitas escolas, limita a inserção dos estudantes na cultura corporal. Como destaca Soares (2017), a permanência dessa visão se deve à sociedade moderna, que ainda prioriza o corpo biológico em detrimento de suas dimensões culturais. 

Assim, ao ser compreendido como linguagem, a EFE amplia seus horizontes, dialogando com diversas práticas da cultura corporal e permitindo que o estudante atue como sujeito ativo em sua trajetória social e cultural. O autor Barros (2017) argumenta que a linguagem carrega significados e, por isso, amplia a compreensão da realidade, já os autores Ladeira et al. (2013) reforçam que os gestos, sinais e símbolos presentes nas manifestações corporais promovem uma comunicação mais empática e significativa. Oliveira et al. (2021) observam que, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, há maior presença de práticas multimodais, mas nos anos finais, essa abordagem praticamente desaparece, o que revela uma fragilidade na continuidade da proposta.

Baseado nessa realidade, Grellmann (2021) sugere:

 

O desenvolvimento de atividades corporais lúdicas, que tenham o sentido recreativo, esportivo, cultural e social, permitindo que o movimento corporal tenha uma prática reflexiva dos conteúdos trabalhados, levando o educando a perceber-se enquanto um ser biopsicossocial e não fragmentado sob um enfoque biologicista e competitivo. Nesse sentido, cabe aos professores e professoras perceber o significado da atividade física realizada, vivenciando a reflexão e constante transformação das práticas corporais enquanto práticas culturais e sociais presentes na Área de Linguagens. (p.41)

 

Na percepção de Neira e Nunes (2021), a cultura corporal representa um sistema de linguagem próprio, cujos significados são definidos pelo contexto histórico e social, não sendo universais nem imutáveis; essa compreensão amplia a leitura do corpo e do movimento como representações simbólicas dinâmicas e contextuais. Scortegagna e Gilz (2013) apontaram também que a fragmentação curricular ainda é um problema, pois dificulta a articulação entre saberes, fortalecendo esse posicionamento, Coelho et al. (2015) afirmam que, para o trabalho interdisciplinar, não é necessário o domínio aprofundado de todas as áreas, mas sim o reconhecimento de suas interações e dos métodos de ensino que as sustentam.

Grellmann (2021), observou que os documentos oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e a BNCC trazem uma concepção de linguagem que ultrapassa os limites de cada componente da área, sendo inerentemente transdisciplinar, cabendo assim ao próprio docente da EFE abordar a linguagem de forma abrangente, possibilitando a interdisciplinaridade e ampliando os horizontes de aprendizagem e inclusão dos estudantes.

Por fim, ao alinhar a EFE com os demais componentes da área de linguagens, promove-se sua consolidação no cenário educacional, como destaca Pereira (2014), a escola deve ser um espaço multimodal, no qual as linguagens se combinem, traduzam, ressignifique e se manifestam por diferentes meios, tornando a vida, a arte e a expressão uma unidade pedagógica transformadora.

 

METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos adotados para a realização da análise do presente estudo, com base em reflexões e abordagens científicas, objetivando investigar a compreensão dos professores do município de Mossoró/RN sobre a inserção da disciplina de Educação Física no campo das linguagens, em consonância com as diretrizes estabelecidas pelas Leis Federais nº 14.945/2024 e nº 13.415/2017, que reconhecem a importância da área para a formação integral dos estudantes.

Quanto aos objetivos, a pesquisa caracteriza-se como exploratória, conforme classificação de Gil (2008), por buscar proporcionar maior familiaridade com o problema e torná-lo mais evidente, especialmente diante da escassez de estudos que tratam da Educação Física como linguagem. Essa abordagem visa conhecer os fatos e fenômenos relacionados ao tema e se justifica frente à necessidade de investigação acadêmica sobre os impactos da reorganização curricular proposta pelas leis que formulam o Novo Ensino Médio que reforçam o papel das práticas corporais como formas legítimas de expressão e linguagem.

Além disso, essa pesquisa também se classifica como sendo descritiva, pois tem como propósito o de identificar as características relacionadas ao fenômeno estudado, ou seja, à percepção docente sobre a inserção da Educação Física como componente curricular da área das linguagens e sua articulação interdisciplinar.

Em relação à abordagem metodológica, o estudo assume um caráter qualitativo, fundamentando-se em Flick (2014), que a define como adequada para descrever aspectos de práticas cotidianas, estruturas e rotinas, permitindo a compreensão aprofundada dos significados atribuídos pelos sujeitos aos processos vivenciados. Essa abordagem alinha-se também ao que propõe Minayo (2001), ao considerar que a pesquisa qualitativa lida com o universo simbólico, com os valores, aspirações, crenças e atitudes dos sujeitos, o que é essencial para compreender as implicações da legislação educacional vigente na prática docente.

Para a coleta de dados, optou-se pela aplicação de um questionário online via Google Forms, composto por nove questões objetivas e seis discursivas. As três primeiras tiveram como finalidade caracterizar o perfil dos(as) docentes, abordando aspectos como gênero, tempo de atuação na profissão e instituição de formação. As demais questões visaram compreender a percepção dos professores quanto à Educação Física como componente da área das linguagens, conforme previsto na BNCC e na Lei nº 13.415/2017, bem como sua capacidade de promover articulações interdisciplinares com outras áreas do conhecimento, alinhadas à proposta da Lei nº 14.945/2024 de valorização das práticas corporais no currículo escolar.

Os participantes da pesquisa foram, ao todo, cinco professores da rede pública, atuantes no âmbito estadual da cidade de Mossoró/RN, que ministram a disciplina de Educação Física Escolar no ano de 2025, todos eles com mais de 10 anos de experiência em salas de aulas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Quanto ao perfil dos docentes, ao todo, cinco profissionais se dispuseram a responder ao questionário, sendo três do sexo masculino e dois do sexo feminino, dentre os participantes, um possui apenas a graduação, quatro afirmaram ter especialização na área e apenas um está em fase final para obtenção do título de mestre. No que se refere ao tempo de experiência na atuação como profissional da Educação Física Escolar (EFE), Quatro deles possuem entre dez e quinze anos e o último apresenta mais de quinze anos de prática docente, evidenciando um grupo com uma certa vivência profissional.

Acerca da classificação da EFE dentro das áreas do conhecimento, dois professores a reconheceram como pertencente tanto ao campo dos Desportos quanto ao da Saúde. Um dos participantes identificou a Educação Física como integrante das Ciências Sociais, considerando a relação com o contexto sociocultural dos estudantes. Por fim, todos os docentes (cinco) associaram a EFE ao campo das linguagens. Essas informações iniciais revelam uma concordância entre os profissionais quanto à inserção da EFE na área de linguagens, conforme diretrizes da Lei nº 14.945/2024, que reforça a presença da disciplina no campo da linguagem no ensino básico. Observa-se, entretanto, que duas respostas ainda adotam uma perspectiva esportivista e biologicista, o que pode estar atrelado à tradição histórica da disciplina. Assim, compreende-se que o entendimento sobre o pertencimento da EFE a determinada área do saber permanece diversificado e aberto a diferentes interpretações.

Com o intuito de compreender a visão dos professores sobre os conteúdos da EFE como parte do componente de linguagens, foram oferecidos quatro grupos de conteúdos para seleção. A opção “atividades rítmicas” foi assinalada por todos os participantes, seguida pelos grupos “gestos” e “representações visuais, sonoras e táteis”, cada um com quatro indicações. O grupo “elementos textuais” foi assinalado por três docentes, sendo o de menor representatividade entre as opções. Esse resultado demonstra que, embora a maioria dos professores tenha marcado várias alternativas, o ideal seria que todas fossem assinaladas para representar uma compreensão mais completa da EFE enquanto linguagem.

Outra questão abordada foi a percepção dos professores sobre as mudanças ocasionadas pela inserção da EFE na área de linguagens, três dos cinco docentes conseguiram apontar alterações. Um deles mencionou modificações relacionadas à inclusão de conceitos como “linguagem corporal, signo, símbolo, texto e ritmo” no contexto da EFE. Sob essa ótica, destaca-se a concepção de Neira e Nunes (2007, p.24), segundo a qual:

 

O homem criou os símbolos e assim vingou como espécie. Esses símbolos são transmitidos e criados a todo instante. A criação é vivida, imaginada, representada. A representação se manifesta, vira ação e se transforma em expressões corporais. Ao jogar, dançar e correr, os homens e mulheres se comunicam e transformam em linguagem o movimento humano. Cada grupo cultural cria seu estilo próprio de jogar, dançar, lutar etc., expressa sua cultura por meio dessas práticas e elabora, assim, novos códigos de comunicação. Esses códigos são signos que se inscrevem nos corpos de cada grupo cultural.

 

Também é possível destacar o olhar mais aprofundado de um dos participantes quanto ao corpo e sua relação com a linguagem, conforme expresso no seguinte fragmento: “o corpo possui gestos, os quais funcionam como meio de expressão e comunicação”. Assim, entende-se que:

 

Ao se comunicar, o ser humano utiliza uma variedade de textos e formas de manifestações, ou seja, recorre a palavras, gestos e expressões usando todo o corpo como meio de comunicação. Os gestos são instrumentos que permitem a expressão humana, a transmissão de informações e a construção de conhecimentos. Esses gestos, considerados textos corporais, estão envolvidos por interpretações, que incluem o contexto cultural em que o sujeito está inserido (Grellmann, 2021, p. 21).

 

Frente a essa multiplicidade de significados advindos da gestualidade, os autores Gonzáles e Fraga (2009) argumentam que tais gestos levam os estudantes a vivenciar, compreender e valorizar diferentes práticas corporais, reconhecendo-as como manifestações culturais dinâmicas e diversas. Conforme observado, alguns docentes apresentaram uma compreensão limitada e, por vezes, confusa sobre a EFE enquanto linguagem, no entanto, um dos professores foi capaz de identificar, nas práticas corporais da disciplina, a presença de símbolos, gestos e signos. 

Outro docente demonstrou dificuldade em compreender a EFE como linguagem, argumentando que essa abordagem limita o desenvolvimento cognitivo e motor dos estudantes. Essa percepção reflete uma visão tradicional da disciplina, desconsiderando que os conhecimentos biológicos e esportivos também podem ser compreendidos enquanto linguagem, desvalorizando a diversidade dos sujeitos como produtores de significados.

Sobre a inserção da EFE na área das linguagens, todos os cinco docentes avaliaram o agrupamento como “bom” e quando questionados sobre mudanças no cotidiano escolar, três apontaram alterações nas aulas, um docente afirmou não observar mudanças, e outro reconheceu transformações, embora poucas. Essa incoerência, especialmente na fala do profissional que considera a integração como “boa”, mas não percebe mudanças significativas, aponta para uma fragilidade na aplicação prática dessa proposta.

Tal dificuldade em associar os conteúdos da EFE com outras disciplinas da área de linguagens pode ser compreendida a partir da concepção de Neira e Nunes (2007) sobre a “Cultura Hegemônica da Educação Física”, na qual predomina um viés instrumental, centrado no desempenho e na funcionalidade, essa perspectiva ainda está presente no contexto contemporâneo da disciplina. Dessa forma, compreende-se que a aproximação das respostas dos docentes com os conteúdos biológicos decorre do histórico da EFE atrelado às Ciências Biológicas, em detrimento da abordagem pelas linguagens. Isso impede a percepção de aspectos como leitura, interpretação e comunicação presentes também nos conteúdos corporais.

No que diz respeito às práticas pedagógicas interdisciplinares com disciplinas da área de linguagens – Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Artes – quatro docentes relataram ter desenvolvido atividades conjuntas. Para Pombo (2003), a interdisciplinaridade se faz necessária quando se percebe o limite de um campo de conhecimento e a necessidade de ampliar saberes.

Assim, mesmo que ainda pouco praticada, os docentes da rede pública de ensino de Mossoró/RN reconhecem a relevância de integrar os conteúdos da EFE com as demais disciplinas de linguagem. Tal integração está alinhada às diretrizes do Novo Ensino Médio, que promove a flexibilização curricular e a formação integral, além de atender aos desafios educacionais contemporâneos, conforme destaca Grellmann (2021). Portanto, ao promover a interdisciplinaridade entre os componentes da área de linguagens, torna-se possível ampliar as oportunidades de aprendizagem dos estudantes e consolidar a presença da EFE como disciplina integrante desse campo do saber.

Outro aspecto investigado na pesquisa diz respeito às barreiras enfrentadas pelos docentes da EFE para promover práticas interdisciplinares no contexto escolar, sendo questionados sobre as dificuldades encontradas, quatro professores destacaram a ausência de tempo na rotina pedagógica como o principal obstáculo para a realização de atividades conjuntas com outras disciplinas. Além disso, três docentes também apontaram a carência de apoio institucional e a ausência de momentos específicos de planejamento coletivo como fatores que comprometem a construção de propostas pedagógicas interdisciplinares mais consistentes.

Essa realidade pode ser explicada, conforme Lima e Rocha (2023), pela organização fragmentada do currículo escolar, que frequentemente prioriza conteúdos de natureza teórica e desconsidera a complexidade das práticas corporais enquanto linguagem expressiva e comunicativa. Para os autores, o rompimento com essa lógica curricular exige uma mudança paradigmática nas concepções docentes, além de políticas institucionais que fomentem espaços colaborativos e incentivem o diálogo entre as diferentes áreas do saber.

Outro ponto evidenciado nas falas dos professores da rede pública de ensino médio da cidade de Mossoró/RN é a percepção da EFE como disciplina “isolada” no contexto curricular. Essa visão, segundo Grellmann (2023), é reflexo de uma trajetória histórica em que a EFE foi concebida como atividade meramente recreativa ou voltada ao rendimento esportivo, o que contribuiu para sua marginalização no ambiente escolar. Para superar essa perspectiva limitada, torna-se necessário reforçar o entendimento da EFE como prática pedagógica integrada às linguagens, reconhecendo seu potencial de mediação entre o corpo, a cultura e os processos comunicativos.

Cabe ressaltar que, apesar das limitações mencionadas, os docentes demonstraram abertura para a realização de práticas interdisciplinares e reconhecem sua importância na formação integral dos estudantes. Essa disposição pode ser considerada um indicativo de que, com o devido suporte institucional, é possível ampliar as experiências interdisciplinares envolvendo a EFE e outras áreas das linguagens.

Diante do exposto, constata-se que a inserção da Educação Física no campo das linguagens ainda encontra resistências, seja pela força de uma tradição biologicista que ainda persiste na prática docente, seja pela ausência de espaços formativos que aprofundem a discussão sobre a linguagem corporal e seus desdobramentos pedagógicos. Conforme aponta Almeida (2024), é fundamental que os cursos de formação inicial e continuada de professores promovam uma abordagem ampliada da EFE, que contemple não apenas os aspectos fisiológicos do movimento, mas também suas dimensões simbólicas, expressivas e culturais.

Portanto, para que a EFE seja efetivamente reconhecida como linguagem no contexto da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), é necessário romper com os paradigmas tradicionais que ainda permeiam sua prática e investir em ações formativas que possibilitem aos professores um repertório mais plural e sensível às múltiplas formas de comunicação corporal. Como enfatizam Silva e Nogueira (2023), a linguagem do corpo, por meio do gesto, da dança, do jogo e da expressão, constitui-se como importante ferramenta de significação e leitura do mundo, devendo ser valorizada em sua totalidade no processo educativo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente investigação buscou compreender as percepções e práticas de professores da Educação Física Escolar (EFE) do ensino médio da rede pública da cidade de Mossoró/RN acerca da inserção do componente curricular na área das Linguagens, conforme preconiza a Base Nacional Comum Curricular (BNCC); a análise das respostas fornecidas pelos docentes revelou um panorama diversificado, evidenciando tanto avanços quanto desafios no processo de ressignificação da EFE enquanto linguagem.

De um modo geral, os dados demonstram que há uma compreensão básica, mas significativa, sobre a linguagem corporal como forma de expressão, comunicação e produção de sentidos, onde a maioria dos professores reconhece a importância de práticas corporais que dialoguem com aspectos simbólicos, culturais e artísticos, como é o caso das atividades rítmicas, gestuais e representações visuais. No entanto, ainda é notória a permanência de uma visão tradicionalista, marcada por uma perspectiva biologicista e esportista da EFE, que limita o entendimento do corpo como meio de linguagem e impede uma maior articulação com os demais componentes da área das linguagens.

Um outro ponto relevante identificado na pesquisa foi a dificuldade dos professores em apontar, com clareza, mudanças concretas no cotidiano pedagógico após a inserção da EFE no campo das Linguagens, ainda que alguns docentes relatam modificações nos conteúdos e abordagens didáticas, muitos ainda demonstram uma compreensão fragmentada e até contraditória sobre essa nova configuração curricular. Correlacionado a isso, também foi observado que as práticas pedagógicas interdisciplinares com disciplinas como Língua Portuguesa, Inglês e Artes ainda são pontuais e enfrentam barreiras estruturais, como a falta de tempo para o planejamento coletivo e o pouco incentivo institucional. 

Diante dessa realidade, torna-se imprescindível compreender a Educação Física Escolar como um campo de saber em constante transformação, cuja inserção na área das Linguagens representa não apenas uma mudança normativa, mas uma oportunidade de ampliação dos sentidos atribuídos às práticas corporais na escola. Para isso, é necessário romper com paradigmas hegemônicos e investir em práticas pedagógicas que valorizem o corpo como linguagem viva, culturalmente situada e fundamental na mediação dos processos educativos.

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Acesso em: 2024-09-03.

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