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Resumo
INTRODUÇÃO
As fases do jogo podem ser compreendidas como etapas fundamentais do desenvolvimento do futebol, nas quais se alternam momentos distintos conforme a posse de bola. Essas fases são tradicionalmente divididas em fase ofensiva, caracterizada pela posse da bola e pela tentativa de construção de jogadas com o objetivo de marcar gols, e fase defensiva, na qual a equipe se encontra sem a posse e precisa organizar-se para recuperar a bola, impedir o avanço adversário e proteger a própria baliza. Compreender essas dinâmicas é essencial para estruturar o comportamento coletivo das equipes e aplicar estratégias eficazes de modelação tática (Thiengo, 2020).
Durante uma partida de futebol, as equipes estabelecem constantes relações de cooperação e oposição, em um ambiente marcado por elevada imprevisibilidade e aleatoriedade, essa dinâmica evidencia que o jogo apresenta características próprias de um sistema complexo aberto, no qual as interações entre os jogadores e as respostas às situações do jogo ocorrem de forma adaptativa e não linear. Nesse contexto, os comportamentos coletivos emergem como elementos predominantes, frequentemente se sobrepondo às características individuais dos atletas, o que reforça a importância da organização tática e da inteligência coletiva dentro do campo (Travassos, et. al. 2012).
A observação de situações defensivas no futebol tem se mostrado uma ferramenta essencial para a identificação e compreensão de comportamentos coletivos que impactam diretamente o desempenho das equipes em contextos reais de jogo, por meio dessa abordagem, é possível analisar padrões táticos, ajustes posicionais e estratégias de cooperação entre os jogadores que ocorrem em resposta às ações do adversário. Nesse sentido, os esforços para compreender os fatores que contribuem para o desempenho eficiente de jogadores e equipes têm sido um dos principais focos das pesquisas que adotam a metodologia observacional, destacando-se como um recurso valioso para a análise da complexidade do jogo e para a elaboração de intervenções mais eficazes no treinamento esportivo (Borges., et al. 2019).
Torna-se fundamental que os atletas da modalidade se adaptem continuamente aos requisitos do jogo para competir em alto nível, no futebol, esse processo de adaptação envolve não apenas aspectos técnicos e táticos, mas também uma compreensão clara das exigências fisiológicas impostas pela própria dinâmica da partida. Essas demandas fisiológicas são, em geral, quantificadas por meio das respostas corporais dos jogadores durante o jogo, como a frequência cardíaca, o consumo de oxigênio e os níveis de fadiga. Tais indicadores refletem, de maneira indireta, o ritmo e a intensidade com que a partida está sendo disputada, revelando a importância de um planejamento físico e tático que prepare os atletas para manter a performance diante de diferentes cenários competitivos (Reilly, 2000).
O modelo de jogo adotado por uma equipe é influenciado por uma série de fatores que refletem a identidade e a cultura do clube. Cada instituição possui uma maneira própria de interpretar o jogo, moldada pelas experiências, valores e tradições esportivas que a caracterizam. Dentro desse contexto, o treinador desempenha um papel central, sendo responsável por traduzir essa cultura em práticas concretas, com base em suas concepções e perspectivas pessoais sobre o futebol, assim, o modelo de jogo não é fixo ou universal, mas sim o resultado dinâmico das interações entre os diferentes agentes envolvidos, treinadores, jogadores e o próprio ambiente cultural, o que faz com que ele varie significativamente de uma equipe para outra (Casarin, 2011).
A transição defensiva é uma das estratégias fundamentais no contexto tático do futebol moderno, referindo-se ao momento imediato em que uma equipe perde a posse de bola e precisa reorganizar-se rapidamente para defender, esse processo exige dos jogadores uma resposta rápida e coordenada, com o objetivo de recuperar as posições defensivas, aplicar pressão imediata sobre o portador da bola adversário e, se possível, interromper a construção da jogada ofensiva do oponente ainda em seus estágios iniciais. A eficácia dessa transição pode determinar o sucesso defensivo da equipe, evitando situações de desorganização e reduzindo o risco de sofrer gols em contra-ataques. Assim, o treino sistemático da transição defensiva é essencial para fortalecer a coesão tática e a capacidade de reação coletiva (Jorge, 2023).
O processo defensivo no futebol é um momento crucial em que a equipe não possui a posse de bola, iniciando-se com a perda da posse e concluindo-se com a recuperação da bola, durante esse período, a equipe deve atuar de forma organizada e eficaz, com o objetivo de evitar a progressão do adversário em direção ao seu gol, além de buscar recuperar rapidamente a posse da bola. Esse mecanismo tático também envolve a proteção da baliza, defendendo a área de maneira estratégica para prevenir finalizações adversárias, a eficácia do processo defensivo depende da coordenação coletiva, da pressão sobre o portador da bola e da capacidade de antecipação às ações do adversário, sendo fundamental para manter o equilíbrio e a solidez defensiva da equipe (Barbosa, 2013).
Barbosa (2013) refere que o processo defensivo no futebol se desenvolve em três sequências essenciais para garantir uma defesa eficiente, a primeira fase é o equilíbrio defensivo, que ocorre tanto ao longo do processo ofensivo quanto imediatamente após a perda da posse de bola, nesse momento, a equipe deve manter sua estrutura defensiva organizada para evitar que o adversário aproveite a desorganização. A segunda fase é a recuperação defensiva, que acontece logo após a perda da posse, quando os jogadores devem rapidamente retomar suas posições defensivas e aplicar pressão sobre o portador da bola adversário. Por fim, a etapa de defesa ocorre após as duas fases anteriores, quando todos os atletas devem ocupar suas posições em campo de forma coordenada, defendendo a baliza e impedindo a progressão do adversário em direção ao gol (Barbosa, 2013).
METODOLOGIA
Este artigo aborda uma revisão de literatura com o objetivo de reunir e analisar os principais fundamentos teóricos relacionados à modelação tática e às estratégias defensivas no futebol. A revisão de literatura consiste em um processo que identifica, analisa, avalia e sintetiza pesquisas realizadas anteriormente, envolvendo etapas como leitura, análise crítica, argumentação e escrita, o que contribui para a compreensão aprofundada do objeto de estudo e para a identificação de lacunas na produção científica sobre o assunto (Boell, S. K. Cecez-Kecmanovic, D. 2014).
A pesquisa foi realizada em bases de dados nacionais e internacionais, como SciELO, Google Scholar e PubMed, entre outras fontes acadêmicas reconhecidas, com o objetivo de reunir estudos relevantes publicados entre 2020 e 2024. Esse recorte temporal foi adotado para garantir a atualidade dos dados e refletir os avanços recentes nas discussões sobre tática, metodologia do treinamento e análise de desempenho no futebol. Foram utilizados termos de busca como: “modelação tática no futebol”, “estratégias defensivas”, “fases do jogo”, “organização defensiva” e “estrutura tática no futebol”.
Os critérios de inclusão abrangeram artigos científicos, livros, dissertações, teses e documentos técnicos que abordassem, direta ou indiretamente, a aplicação da modelação tática no desenvolvimento de estratégias defensivas no futebol. Foram priorizados estudos com enfoque teórico-prático, que apresentassem análises metodológicas ou exemplos aplicados ao contexto esportivo profissional e de base. Trabalhos com enfoque exclusivamente histórico ou voltados a outras modalidades esportivas foram excluídos.
Após a seleção dos materiais, foi realizada uma análise crítica e interpretativa do conteúdo, considerando os principais conceitos utilizados, os modelos táticos apresentados, as metodologias de análise empregadas e as contribuições teóricas e práticas das obras revisadas. Essa análise permitiu construir uma visão ampla e fundamentada sobre o papel da modelação tática na estruturação de estratégias defensivas
A revisão foi estruturada em três eixos principais: (1) os fundamentos teóricos da modelação tática no futebol; (2) a aplicação da modelação tática nas estratégias defensivas e nas fases do jogo; e (3) os principais modelos e práticas defensivas descritos na literatura recente. Essa organização favoreceu uma discussão alinhada aos objetivos da pesquisa.
Além da revisão descritiva, foi realizada uma análise reflexiva dos dados encontrados, levando em conta os aspectos metodológicos, técnicos e táticos que influenciam a implementação de estratégias defensivas eficazes. A abordagem adotada não se limitou à simples sistematização dos resultados, mas buscou também identificar lacunas de pesquisa e direções futuras para o estudo da modelação tática no futebol contemporâneo.
Por fim, esta revisão bibliográfica contribui para o aprofundamento teórico de treinadores, analistas de desempenho, preparadores físicos e demais profissionais do futebol interessados em compreender e aplicar estratégias defensivas baseadas em modelação tática.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O futebol de alto rendimento apresenta uma ampla variedade de estratégias táticas, tanto no aspecto ofensivo quanto no defensivo, especialmente no que se refere à marcação por zona, em linhas gerais, distinguem-se dois grandes sistemas: o tático ofensivo e o defensivo. O sistema ofensivo tem como objetivo distribuir os jogadores de forma estratégica para dificultar a ação dos marcadores adversários, nesse contexto, os atletas que estão sem a posse da bola devem se movimentar constantemente, buscando criar linhas de passe à frente da linha da bola, por meio de infiltrações, ou posicionando-se atrás dela para oferecer apoio. Em situações de superioridade numérica, o ideal é que a equipe ofensiva priorize a troca de passes rápidos, como por exemplo, realizando jogadas de 2 contra 1 para superar a defesa adversária (Guimarães, 2012).
A análise dos estudos revisados revelou uma série de desafios e avanços no desenvolvimento de estratégias defensivas no futebol de base, destacando a importância da formação tática desde as categorias iniciais. Um estudo conduzido por Borges et al. (2019) investigou a eficácia tática e os processos ofensivos adotados por jogadores juvenis da Itália e do Brasil, os resultados apontaram que os atletas italianos demonstraram maior eficiência nas ações ofensivas organizadas, evidenciando um alto nível de coordenação coletiva e tomada de decisão tática, em contrapartida, os jogadores brasileiros se sobressaíram em situações que exigiam improvisação e criatividade individual. Tais achados ressaltam a necessidade de equilibrar, no processo formativo, tanto o desenvolvimento de princípios táticos coletivos quanto a autonomia dos jogadores em cenários imprevisíveis, fatores que influenciam diretamente também na organização defensiva, ao exigir leitura de jogo, antecipação e resposta eficaz às ações ofensivas do adversário. (Borges, et al. 2019).
Por sua vez, um relatório de estágio realizado no Sporting Clube de Portugal teve como um de seus principais focos o desenvolvimento de competências relacionadas ao processo defensivo nos escalões de formação, entre os sub-7 e sub-13. A última fase do relatório descreve a realização de uma formação voltada à partilha de conhecimentos entre treinadores sobre estratégias defensivas, com o objetivo de promover a evolução contínua da estrutura técnica do clube. Além disso, o relatório evidenciou a adoção de um modelo de jogo comum a todas as categorias, buscando a otimização do desenvolvimento individual dos jogadores dentro de uma lógica coletiva. Essa abordagem metodológica se mostra alinhada com os princípios da literatura, que destaca a importância da organização e consistência no processo formativo de jovens atletas (Dos Santos, 2023).
No contexto da modelação tática aplicada às estratégias defensivas no futebol, o estudo desenvolvido por Fiuza (2023) durante seu estágio na equipe sênior do Grupo Desportivo União Ericeirense evidencia a importância de integrar princípios teóricos e práticos na formação e no desempenho coletivo. A pesquisa ressaltou que um modelo de treino centrado no jogador, com foco na autonomia, na tomada de decisão e na responsabilidade individual dentro do sistema tático coletivo, contribui significativamente para o desenvolvimento de comportamentos defensivos mais eficazes. Ao adaptar as metodologias de treino às características do grupo e ao contexto competitivo, o treinador pode promover uma organização defensiva mais estruturada, capaz de reagir de forma eficiente às ações ofensivas do adversário, o que está diretamente alinhado com os fundamentos da modelação tática e sua aplicação no aprimoramento da performance defensiva (Fiuza, 2023).
Um estudo realizado por Borges (2024) durante seu estágio na equipe sênior do Mortágua Futebol Clube destacou a importância da modelação tática no desenvolvimento de estratégias defensivas eficazes, o autor enfatizou a necessidade de integrar princípios teóricos e práticos no processo de treinamento, visando aprimorar a organização defensiva da equipe. Através da análise de jogos e sessões de treino, o estudo identificou que a aplicação de modelos táticos adaptados às características dos jogadores e às exigências competitivas contribuiu para uma melhoria significativa na coesão defensiva, na antecipação de jogadas adversárias e na tomada de decisão sob pressão, esses resultados reforçam a relevância da modelação tática como ferramenta fundamental para a otimização do desempenho defensivo no futebol (Borges, 2024).
O estudo desenvolvido por Jorge (2023) durante seu estágio na equipe sub-19 da Associação Académica de Coimbra – Organismo Autónomo de Futebol (OAF) concentrou-se na análise descritiva e comparativa dos pontapés de canto executados durante o Campeonato Mundial de 2022. Utilizando uma metodologia observacional, o autor examinou aspectos como a frequência, o tipo de execução e os padrões táticos associados a essas jogadas. Os resultados destacaram a importância dos cantos como oportunidades estratégicas no futebol moderno, evidenciando que equipes com abordagens táticas bem definidas nessas situações tendem a obter maior eficácia ofensiva e, consequentemente, a exigir respostas defensivas mais organizadas e coordenadas. Esses achados reforçam a relevância da modelação tática no desenvolvimento de estratégias defensivas eficazes, especialmente em contextos de bola parada, onde a antecipação e a preparação são cruciais para neutralizar as ameaças adversárias (Jorge, 2023).
No contexto da modelação tática no futebol, especialmente no que diz respeito às estratégias defensivas, é essencial compreender as características estruturais dos sistemas táticos mais utilizados atualmente. Segundo Bettega, Fuke e Schmitz Filho (2010), formações como o 4-3-3, 4-4-2 e 3-5-2 se destacam pela organização e função defensiva que atribuem aos jogadores. O sistema 4-3-3, por exemplo, apresenta uma linha de quatro defensores composta por dois laterais e dois zagueiros centrais, garantindo solidez na última linha. À frente da defesa, três meio-campistas atuam como suporte defensivo e ligação com o ataque, enquanto os três atacantes se posicionam na zona ofensiva, podendo também exercer pressão alta e contribuir para a recuperação da posse, esse tipo de organização reflete diretamente na aplicação de estratégias defensivas coordenadas, fundamentais na modelação tática moderna do futebol. (Bettega, 2010).
Um relatório publicado por Miguel Ângelo Marques Gouveia (2021), teve como objetivo principal a criação e implementação de um departamento de observação e análise tática no escalão Sub-14 de um clube. A pesquisa concentrou-se na coleta e interpretação de dados sobre o desempenho coletivo e individual dos jogadores, com ênfase nas ações defensivas da equipe, os resultados indicaram que a introdução de um sistema estruturado de observação contribuiu significativamente para a identificação de padrões defensivos, como a organização em bloco, a eficácia na transição defensiva e a capacidade de pressão coordenada sobre o adversário. Além disso, o estudo destacou a importância da análise tática como ferramenta para o desenvolvimento de estratégias defensivas mais eficazes, alinhadas aos princípios da modelação tática no futebol, a implementação deste departamento permitiu uma abordagem mais científica e sistematizada no processo de treino, promovendo uma melhoria no desempenho defensivo da equipe (Gouveia, 2021).
O estudo realizado por Scatolin (2021), intitulado O desempenho de Pelé que imortalizou a camisa 10 no futebol: Ainda temos esse jogador atualmente?, analisou o desempenho tático e técnico de Pelé, destacando como suas ações em campo contribuíram para a imortalização da camisa 10 no futebol. A pesquisa evidenciou que Pelé, ao atuar como um meio-campista ofensivo, demonstrava uma compreensão tática excepcional, aliando criatividade, visão de jogo e capacidade de finalização. Essas características permitiam que ele desempenhasse múltiplas funções em campo, adaptando-se às necessidades táticas da equipe e influenciando diretamente nas estratégias defensivas e ofensivas (Scatolin, G. 2021).
As investigações de Scatolin (2021) destacam a importância de jogadores com alta inteligência tática, capazes de compreender e executar diferentes funções conforme as exigências do jogo. Analisando a versatilidade do jugador de Pelé, se exemplifica como a modelação tática pode ser aplicada para desenvolver estratégias defensivas eficazes, onde jogadores são treinados para reconhecer padrões de jogo, antecipar ações adversárias e ajustar seu posicionamento e comportamento em campo de forma dinâmica, assim, a pesquisa reforça a necessidade de uma abordagem tática integrada no treinamento de futebol, visando a formação de atletas completos e adaptáveis às diversas situações de jogo (Scatolin, G. 2021).
Em investigações de Machado, observou-se que determinados comportamentos individuais, como o drible e a condução de bola, foram amplamente utilizados por equipes de futebol de alto rendimento, destacando-se como elementos-chave para a eficácia ofensiva. Além disso, os cruzamentos e os passes de ruptura demonstraram ser ações táticas determinantes na criação de desequilíbrios nas linhas defensivas adversárias, abrindo espaços e oportunidades claras de finalização. Esses achados reforçam a importância da modelação tática no futebol, onde compreender e treinar tais comportamentos pode contribuir tanto para a construção de estratégias ofensivas quanto para o aperfeiçoamento de estratégias defensivas, no sentido de prevenir e neutralizar essas ações durante a competição (Machado, 2013).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, os sistemas táticos mais utilizados no futebol de campo incluem o 4-3-3, o 4-4-2 e o 3-5-2, sendo acompanhados por diferentes tipos de estratégias defensivas, como a marcação individual em duplas, a marcação individual por setor e a marcação por zona. Esta última tem como principal objetivo otimizar a ocupação do espaço por parte da equipe, tornando o campo “menor” para o adversário que ataca. Para que a marcação por zona seja eficaz, é essencial que cada jogador possua uma ampla visão do jogo, permitindo uma leitura tática apurada e um posicionamento coordenado entre os companheiros de equipe (Brazão, 2019).
Como consideração final, destaca-se que a zona defensiva desempenha um papel crucial na eficácia das estratégias táticas no futebol, sendo caracterizada por uma marcação intensa e uma cobertura constante entre os jogadores. Nessa área do campo, a atuação sem posse de bola exige ações rápidas e precisas como a antecipação, interceptação e recuperação da bola. Uma vez retomada a posse, os atletas devem iniciar rapidamente a transição para o ataque; caso isso não seja viável, é fundamental manter a posse com segurança até que se crie uma oportunidade clara para construir uma jogada ofensiva, essa dinâmica evidencia a importância da organização e da inteligência tática dos jogadores dentro do modelo defensivo adotado (Burgos, 2021).
As ações defensivas, por definição, se opõem às ofensivas: elas consistem em recuperar a posse de bola, conter o avanço do adversário e proteger a meta, ou seja, evitar que a equipe sofra gols, dentro da modelação tática, compreender a importância da recuperação da bola como elemento estratégico é essencial, pois ela representa um pilar fundamental para alcançar vitórias. Assim como manter a posse é crucial para propor o jogo, recuperá-la também é determinante para controlar o ritmo da partida e reduzir a eficácia ofensiva do oponente (Santos, 2017).
A eficiência defensiva está diretamente ligada ao tempo de recuperação da posse, equipes taticamente bem organizadas e treinadas para pressionar logo após a perda da bola apresentam melhor desempenho, pois reduzem o tempo de exposição ao ataque adversário. A modelação tática deve, portanto, incluir princípios defensivos que favoreçam a recuperação rápida da posse como estratégia para manter o controle territorial e emocional da partida (Vogelbein, 2014).
Além disso, estudos mostram que quanto maior o número de erros defensivos, maior a probabilidade de derrota; por outro lado, equipes que se destacam nos desarmes e duelos individuais (1×1) tendem a obter melhores resultados. Esses dados reforçam a importância de treinar fundamentos defensivos específicos dentro de uma estrutura tática planejada. A modelação tática permite minimizar erros e potencializar ações individuais dentro de um sistema coletivo, aumentando as chances de um resultado positivo (Lepschy, 2020).
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