Agora sou professor! Desafios e obstáculos no início da carreira docente

NOW I'M A TEACHER! CHALLENGES AND OBSTACLES AT THE BEGINNING OF A TEACHING CAREER

¡AHORA SOY PROFESORA! RETOS Y OBSTÁCULOS AL INICIO DE LA CARRERA DOCENTE

Autor

Leonice Koch Zimmer
ORIENTADOR
Profa. PhD Vanessa Kelly Sales

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/F85DBE

DOI

Zimmer, Leonice Koch . Agora sou professor! Desafios e obstáculos no início da carreira docente. International Integralize Scientific. v 5, n 47, Maio/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

Esse estudo teve como objetivo compreender o pensamento dos professores recém-formados, iniciantes na carreira docente, a partir de sua inserção na escola. Este estudo se baseou na revisão da literatura pertinente e na experiência das autoras. Partimos do pressuposto de que os professores na fase inicial da carreira docente são sujeitos mobilizadores de questionamentos e reflexões, tanto de sua formação inicial quanto da realidade encontrada nas práticas cotidianas da escola em que trabalham, analisamos seus sentimentos e medos e o porquê da escolha da carreira. Identificamos as necessidades dos professores e a sua formação inicial. Evidenciou-se que apesar das escolas exercerem um papel central na inserção do professor no mundo do trabalho docente, não têm clareza de sua importância e não vêm desenvolvendo ações no sentido de provocar reflexões sobre as práticas pedagógicas no dia a dia de seus membros. Em relação às reflexões que esses docentes fazem sobre a formação inicial, fica evidente a necessidade de se criarem mecanismos que promovam a aproximação dos futuros docentes com as práticas vividas pelos professores em seu contexto escolar. A melhoria da remuneração, condições de trabalho e ações de atratividade para a carreira.
Palavras-chave
docência; início; sucessos; frustrações; resiliência.

Summary

This study aimed to understand the thinking of recently graduated teachers, beginners in the teaching career, after their insertion in school. This study was based on a review of relevant literature and the authors’ experience. We start from the assumption that teachers in the initial phase of their teaching career are subjects who mobilize questions and reflections, both from their initial training and from the reality found in the daily practices of the school in which they work. We analyze their feelings and fears and the reason for choosing the career. We identify the needs of teachers and their initial training. It was evident that although schools play a central role in the inclusion of teachers in the world of teaching work, they are not clear about their importance and have not been developing actions to provoke reflections on pedagogical practices in the daily lives of their members. In relation to the reflections that these teachers make about initial training, the need to create mechanisms that promote the rapprochement of future teachers with the practices experienced by teachers in their school context is evident. Improving remuneration, working conditions and career attractiveness actions.
Keywords
teaching; start; successes; frustrations; resilience.

Resumen

Este estudio tuvo como objetivo comprender el pensamiento de profesores recién graduados, principiantes en la carrera docente, después de su inserción en la escuela. Este estudio se basó en una revisión de la literatura relevante y la experiencia de los autores. Partimos del supuesto de que los docentes en la fase inicial de su carrera docente son sujetos que movilizan preguntas y reflexiones, tanto desde su formación inicial como desde la realidad encontrada en las prácticas cotidianas de la escuela en la que se desempeñan. Analizamos sus sentimientos y Miedos y el motivo de elección de la carrera. Identificamos las necesidades del profesorado y su formación inicial. Se evidenció que si bien las escuelas juegan un papel central en la inclusión de los docentes en el mundo del quehacer docente, no tienen clara su importancia y no vienen desarrollando acciones para provocar reflexiones sobre las prácticas pedagógicas en el cotidiano de sus integrantes. En relación a las reflexiones que estos docentes hacen sobre la formación inicial, se evidencia la necesidad de crear mecanismos que promuevan el acercamiento de los futuros docentes con las prácticas vividas por los docentes en su contexto escolar. Acciones de mejora de la remuneración, las condiciones laborales y el atractivo profesional.
Palavras-clave
enseñanza; comenzar; éxitos; frustraciones; resiliencia.

INTRODUÇÃO

Escolher a profissão de educador não é como escolher uma qualquer outra atividade. Na maioria das vezes, essa escolha ocorre por intuição, muitas educadoras, quando questionadas o que motivou a escolha da carreira de professora, responderam que é porque gostam de crianças e sonhavam com a profissão. Esta resposta tem uma significância e uma certeza lógica, entretanto não se analisa todo o processo da formação da educadora. Geralmente, esta motivação é pouco explorada, já que quase sempre, a formação de educadores limita-se aos aspectos técnicos e pedagógicos e não aos éticos e pessoais, que estariam mais em harmonia com os motivos da sua escolha (Gadotti, 2011).

Paulo Freire escreveu sobre a “boniteza” do sonho de ser educador de tantos jovens neste mundo. E se o sonho puder ser suspirado por muitos, não será só um sonho, se tornará uma realidade (Freire, 1993). Entretanto, a realidade, na maioria das vezes ocorre na contramão dos sonhos e se mostra dura e cruel. A grande maioria dos alunos dos cursos de licenciatura e pedagogia não pretendem se dedicar a uma sala de aula. E muitos deles não tem o mínimo interesse em seguir a carreira do magistério, mesmo frequentando um curso de formação de professores. E o que pesa na tomada desta decisão é a realidade concreta do exercício da profissão, neste momento, os sonhos são relegados e os ganhos financeiros e o respeito social são colocados à frente. E assim são preparados para uma profissão e vão exercer outra (Demo, 2000; Gadotti, 2011).

E ainda se constata que, a maioria dos alunos dos cursos de licenciatura, não tem vocação para a carreira de educador, entretanto, enxergam no curso de licenciatura a única opção para conseguirem concluir um curso superior, por viverem em cidades do interior e sendo a única alternativa para terem condições de emprego. Quase todos são oriundos de famílias que não tiveram a oportunidade de estudar, alguns pais nem foram alfabetizados, então para estes estudantes de licenciatura, este é um processo de ascensão intelectual e profissional, pois, conseguiram mesmo com tantos desafios terem acesso aos benefícios que seus pais não tiveram (Gatti, 2010).

Contudo, nem tudo são flores na vida estudantil do futuro professor, a decisão do aluno ou de uma combinação de fatores sociais, econômicos e pessoais, quer seja a necessidade precoce de ingresso do aluno no mercado de trabalho, ou as dificuldades encontradas em razão das condições desfavoráveis de currículo escolar, professores e organização da escola, levam-no a desistir de concluir a formação de professor ou quando a termina, desiste da profissão (Baggi; Lopes, 2011; Azevedo, 2019).

Este artigo procura refletir a situação vivenciada pelos professores recém formados e jogar uma luz na realidade dos estudantes dos cursos de formação de professores, além do grau de complexidade e dificuldades existente nesta profissão que precisam ser constantemente superados, nesta pesquisa abordamos aspectos relacionados à formação docente, aos baixos salários que são pagos aos educadores, submetendo-os a uma carga horária exaustiva, privando-os de momentos de lazer e a falta de compromisso dos governantes para com a educação em nosso país, além de tantos outros problemas relacionados ao cotidiano escolar.

REVISÃO DA LITERATURA 

PERFIL DOS ALUNOS DOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Quando se pensa em formação profissional, pode-se dizer que, a mesma se constitui de um conjunto de medidas que proporcionam competências, comportamentos, destrezas, valores, atitudes e conhecimentos específicos da profissão e que permitem o desenvolvimento do saber agir na prática do exercício profissional (Costa, 1995). 

A formação inicial insere-se no âmbito das instituições formadoras, consideradas como promotoras de conhecimento profissional, numa perspectiva de fornecer bases preparatórias, em aquisição de conhecimentos profissionais necessários ao início da profissão e a partir desse conjunto de conhecimentos, os indivíduos passam a edificar uma profissão (Marques, 2003; Almeida et al, 2018).  Segundo Nunes (2000, p. 6), a base para a formação inicial, é construída “[…] a partir do domínio de certas competências e habilidades, tanto científicas como profissionais, além de conceito técnico, pedagógico, político, filosófico e social, conduzidos pelas instituições formadoras […]”.

Freire (1993), defendia o conceito de que no processo de evolução, o sujeito, “autor de sua história”, deve revelar sua realidade, e a partir disto assumir seu papel no rumo da mesma. 

É preciso não esquecer que há um movimento dinâmico entre pensamento, linguagem e realidade do qual, se bem assumido, resulta uma crescente capacidade 22 de criadora de tal modo que, quanto mais vivemos este movimento Nuances reais da formação a atuação docente tanto mais nos tornamos sujeitos críticos do processo de conhecer, de ensinar, de aprender, de ler, de escrever, de estudar… (Freire, 1993, p. 7).

O ingresso na carreira profissional geralmente causa muitas expectativas nas pessoas, não apenas porque significa uma conquista pessoal, mas sobretudo pelos desafios que a nova situação impõe, o desenvolvimento das competências técnicas, a convivência com outras pessoas da profissão, além das recompensas sociais e econômicas (Silva, 1997).

Na carreira de professor, este processo ocorre de maneira diferenciada já que que a carreira docente é dotada de singularidades como: que a competência técnico-profissional se reflete na ação de ensinar, tendo como consequência a possível aprendizagem de outros atores; a ação de ensinar não se restringe a uma competência técnica, ela é uma ação social e política, carregada de valores e conflitos que movimentam a vida dos atores no ato do ensinar e aprender; sendo ator que trabalha pela formação de outros atores, as ações são mais diretas e interativas; entusiasmo inicial pela entrada na carreira se mistura a um sentimento de ansiedade causado pela imprevisibilidade e singularidade, característicos dos ambientes de sala de aula e de seu entorno e dos reflexos na sua vida socioeconômica (Quadros et al., 2006; Felício, 2021).

Desde pequena quis ser professora. Sempre em minhas brincadeiras, alguém devia ir para a escola. Ah, eu adorava! Na minha família também tem muitas professoras e eu sempre ouvia delas: “é muito bom ser professora”; “trabalhar com crianças faz a gente esquecer os problemas”; “o único problema é o salário”. Enfim, cresci ouvindo maravilhas sobre a profissão e, apesar do medo de “passar fome” com o salário pouco generoso, fui me apaixonando pela ideia (Brasil, 2001, p. 28).

A fase do início de carreira é a fase de transição de estudante para professor e aponta justificativas para alguns sentimentos expressos por professores iniciantes. Assim, descreve como um choque com a realidade, a situação que atravessam muitos professores em seu primeiro ano de docência, ao perceber o distanciamento entre os ideais elaborados durante a formação inicial e a vida na sala de aula. Entretanto o choque com a realidade, tem origem no confronto entre o mundo interior dos professores e a realidade encontrada no meio socioprofissional em que passam a estar inseridos, podendo provocar medos, frustrações e insegurança (Silva, 1997; Braga, 2001).

Não obstante os conhecidos dados da falta de atratividade da carreira docente, o perfil dos alunos que ingressam nos cursos de formação de professores, tanto em pedagogia quanto nas licenciaturas, tem mudado nos últimos anos. Diversos estudos, apontam que o estudante dos cursos voltados à carreira docente, vem de classes sociais desfavorecidas econômica e culturalmente, estudou em escolas públicas, apresenta baixo desempenho em avaliações, é trabalhador e, muitas vezes, faz parte da primeira geração da família a entrar no ensino superior. Diante das atuais dificuldades da educação brasileira, com índices de aproveitamento preocupantes, pergunta-se quais serão os impactos, a curto e médio prazo, da entrada de professores que chegam à carreira carregando dificuldades acumuladas no seu histórico de vida escolar (Corrêa et al., 2011; Silva, 2014).

PROFESSORES RECÉM-FORMADOS, ESTADOS EMOCIONAIS

Todo início de carreira é difícil e com a docência não é diferente. Na maioria das vezes o recém formado não sabe o espera no caminho que irão percorrer na árdua tarefa docente, pois ser professor é deparar-se a cada dia com novas situações e experiências, independentemente do tempo de docência, sempre irão encontrar situações novas (Umbellino; Ciríaco, 2018).

As crises existenciais iniciam no pós-formatura, esse período é considerado pelo educador como um dos piores da vida profissional docente. O caso de estar começando na nova carreira, culmina em novos desafios e perspectivas, uma vez que não se conhece bem o dia a dia da profissão, fazendo com que esses anos iniciais sejam de grande tensão, ansiedade, dentre outros estados emocionais a serem enfrentados, pelo profissional, diante do novo desafio profissional (Braga, 2001; Romanowski; Martins, 2013, Umbellino; Ciríaco, 2018). 

O professor, como profissional do ensino tem uma papel extremamente relevante no saber dos alunos, um papel de mediador. E para o bom desempenho do mesmo, ele precisa compreender os vínculos de sua prática social global, necessita igualmente dominar os conhecimentos específicos a transmitir, de forma a referi-los ao contexto global, sempre problematizando com os alunos. Só assim os conhecimentos assimilados se tornarão instrumentos para alterarem sua prática social (Lima; Corsi, 2006).

Entretanto, a própria organização interna da escola, não possibilita que professores possam ter momentos de encontros entre os alunos para que possam ressignificar sua prática, através de uma observação reflexiva, fazendo com que a docência fique prejudicada, com isso podendo não perceber que a sua prática pode estar segregando os alunos, no sentido de privilegiar o desempenho dentro dos muros da escola (Lipp, 2006).

DILEMAS E PARTICULARIDADES DA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES NO BRASIL

Um bom professor tem uma função essencial na vida do seu aluno. Por esta razão as diretrizes de como deve ser a formação de professores deve impactar nos projetos educacionais de qualquer país. Adotando mudanças e atualizações constantes de como aprender e ensinar, os cursos de licenciatura e pedagogia necessitam estar preparados para formar os futuros professores para dialogarem com a nova realidade da sala de aula, atuando como mediadores e designers de aprendizagem (Pryjma et al., 2018).

Dentro deste contexto, Sheibe (2008) relata que:

A compreensão de que a escola é uma instância social que tem como tarefa a organização do pensamento de novas gerações, fundamento do exercício da cidadania e da ação consciente na consecução de um projeto de sociedade, é fundamental na trajetória da formação dos profissionais da educação, ajustada constantemente à imagem do projeto educativo nacional. Ajuste muitas vezes sutilmente manejado, é palco das lutas hegemônicas entre as classes fundamentais da sociedade capitalista. A construção de um sistema nacional de formação dos profissionais da educação nos coloca o desafio da análise cuidadosa e atenta das mudanças e ações previstas para o futuro da formação (Sheibe, 2008, p. 42).

Entretanto, os cursos de formação de professores não conhecem a realidade de seus estudantes, muitos deles já vivenciando experiências como professores. Atualmente o que se encontra em muitas escolas são três modalidades de estagiários, estudantes dos cursos Normal Médio e ou de Pedagogia, contratados pela Secretaria de Educação, que exercem o papel de professor: estagiários que assumem a sala de aula sem professor efetivo, estagiários para ajudar em atividades de preparação de material didático e ou substituir os professores em faltas eventuais e estagiários que dão aulas de reforço aos alunos com dificuldade de aprendizagem (Saviani, 2011).

O que ocorre atualmente na educação brasileira é a falsa ideia de que é suficiente equipar as escolas de recursos diversas tecnologias e utilizar treinamentos com seus docentes no uso destas tecnologias para que se melhore a qualidade do ensino ofertado. Não existem dúvidas quanto a importância do auxílio dos recursos tecnológicos no processo de ensino, entretanto deve-se ter em mente que a tecnologia não substitui o professor, porque a docência não se limita a simples transmissão do conhecimento, mas sim a organização desses conhecimentos de modo que os alunos os utilizem durante sua vida, tanto pessoalmente como na sua futura profissão e na sociedade (Pryjma et al., 2018).

O perfil dos alunos ingressantes nos cursos de formação não é o mesmo dos alunos de 10, 20, 30 e até 50 anos atrás. Se nos primórdios da formação de professores o que motivava o ingresso na carreira era o sonho de ser professor, hoje a motivação está mais diversificada, desde a menor concorrência nos cursos de Letras, Pedagogia e Licenciaturas e concomitantemente a facilidade de ingresso na universidade, passando pela segurança de ter uma carreira sem muito esforço e concorrência, até a motivação pela carreira (Duarte et al., 2023).

O magistério, se não é uma das atividades mais desvalorizadas no Brasil, está bem perto desta nefasta liderança. E não só pela remuneração pífia, na maioria das vezes, mas também pela estigmatização social. As políticas educacionais brasileiras não incentivam o ingresso na carreira, ao contrário, os mandatários públicos atuais, estão em caminho inverso ao adotado em todo o mundo (Monteiro et al., 2022). 

Quando um estudante diz que está em um curso de formação de professor, sobre a sua futura profissão, ele espera ouvir como resposta “Que ótimo, parabéns, é de pessoas assim que o país precisa”. Mas o que ocorre é o contrário, o que se ouve é, “Nossa você não teve outra opção?”, “Que pena, vai passar fome”, entre outras respostas sinceras e negativas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de inserção de professores recém-formados e iniciantes na carreira docente tem se constituído em momento de suma importância não apenas por ser um período de adaptação do sujeito à profissão docente, mas, sobretudo, pelas implicações dele decorrentes. Essas implicações colocam em pauta tanto a formação inicial desses professores quanto a instituição que os acolhe como profissionais, revelando a necessidade de aprofundarmos a relação formação de professores e organização escolar. 

As reflexões feitas pelas professoras iniciantes sobre sua formação inicial mostraram que existe um distanciamento entre os conhecimentos construídos na formação inicial e as práticas cotidianas vividas no âmbito da escola. A dicotomia entre teoria e prática é expressiva e professores sempre se reportam à primeira como a formação inicial e a segunda como a sala de aula e a escola. Esse distanciamento empobrece a prática pedagógica pelo fato de não ser possível construir conhecimentos, de forma mais consistente e elaborada, se não se provocar a comunicação entre essas duas instâncias.

Depois deste estudo, o que se percebe é que um dos maiores desafios e dificuldades encontradas pelos professores recém formados, estão ligados à realidade escolar e a toda a insegurança da formação pífia adquirida. A escola tem como objetivo e compromisso, promover uma educação de qualidade para melhor desenvolver o seu trabalho, contando com o apoio pedagógico e com uma gestão democrática no entanto a ausência da união do setor pedagógico a participação e a confiança da família nesse processo de início de carreira do educador acaba dificultando a sua efetivação e motivação, o que causa muita insegurança no educador.

O professor iniciante é caracterizado como sujeito no estágio de aprender a ensinar e, portanto, em processo de formação. Isso traz consequência para as escolas no sentido de romper com o olhar de prontidão que tem sobre o professor iniciante. Esse olhar é predominante nos estudos utilizados no desenvolvimento deste artigo, e os problemas enfrentados por professores iniciantes são vistos de forma natural, passando a ser preocupação da escola quando interferem nas práticas cotidianas dos outros professores ou profissionais que nela trabalham. Falta a compreensão de que ao não partilhar as causas dos problemas enfrentados pelas professoras iniciantes, a escola estará comprometendo o processo de aprendizagem de seus alunos ao se negar a responsabilização para com seus profissionais.

Enfim, ingresso na carreira docente constitui-se um grande desafio para aqueles que estão em busca de um posto de trabalho no campo da docência. Os professores iniciantes ao descobrirem a complexidade da prática pedagógica, na maioria das vezes desistem da profissão e deixam a carreira do magistério já nas primeiras semanas. Alguns, embora com muita insegurança, enfrentam os desafios da carreira consultando, pesquisando, estudando, e anotando as situações bem sucedidas e assim se adaptam aos desafios da carreira docente. Outros assumem uma postura heroica e missionária, encarando o trabalho como um engajamento pessoal, e mesmo com todas as dificuldades impostas pelo trabalho, criam uma cultura profissional. São dotados de idealismo em torno da carreira docente. Muitos depoimentos de professores recém-formados expressam esta postura.

Uma pesquisa realizada em 2020, realizada por um renomado instituto, apurou que 2% dos estudantes que vão prestar vestibular colocam como primeira opção algum curso de formação de professor. Então porque se opta por uma carreira tão difícil e mal remunerada? A única resposta possível é o amor à profissão e a empatia pelo próximo.

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Referencias

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Acesso em: 2024-09-03.

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