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Resumo
A alfabetização é um marco crucial no desenvolvimento educacional de todas as crianças, mas para aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o processo pode apresentar desafios únicos que exigem abordagens educacionais especializadas e adaptativas (Bittencourt, 2021)
A implementação de recursos psicopedagógicos tem se destacado como uma estratégia eficaz para apoiar a alfabetização de alunos autistas, proporcionando métodos personalizados que consideram suas necessidades específicas de aprendizagem. Esses recursos são projetados não apenas para ensinar habilidades de leitura e escrita, mas também para promover o engajamento, a motivação e a autonomia nas atividades educativas (Freire; Cardoso, 2022)
Compreender o impacto positivo desses recursos na promoção da alfabetização de alunos autistas é fundamental não apenas para os educadores e profissionais da saúde, mas também para as famílias e a sociedade em geral. A alfabetização eficaz não se limita apenas à habilidade de decodificar letras e palavras, mas também engloba a compreensão de textos, a expressão escrita e a capacidade de aplicar essas habilidades no contexto do dia a dia. Para crianças autistas, que frequentemente apresentam dificuldades na comunicação e na interação social, a alfabetização adequada pode abrir portas significativas para a inclusão social e acadêmica (Santos et al., 2021)
Estes recursos são projetados para atender às necessidades únicas de aprendizagem das crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), oferecendo abordagens personalizadas que se concentram não apenas na aquisição de habilidades de leitura e escrita, mas também no desenvolvimento de competências sociais e comunicativas. A implementação desses métodos pode variar desde o uso de materiais visuais adaptados até estratégias de ensino estruturado, criando um ambiente educacional que promove a compreensão e a aplicação prática do conhecimento (Oliveira; Silva, 2021)
No entanto, a eficácia dos recursos psicopedagógicos depende da adaptação contínua e da personalização para atender às necessidades individuais de cada aluno autista. Desafios como a variação na gravidade do TEA, necessidades específicas de comunicação e níveis de desenvolvimento cognitivo podem exigir ajustes frequentes nas estratégias educacionais. A colaboração estreita entre educadores, terapeutas e famílias é fundamental para garantir que esses recursos sejam aplicados de maneira consistente e eficaz, proporcionando um suporte contínuo ao processo de aprendizagem. (Silva; Leite, 2022)
Em face do que foi exposto, na orientação destes procedimentos encontra-se o psicopedagogo que tem papel fundamental como agente de inclusão na escola e na sociedade, principalmente por tornar-se o mediador aluno-escola-família. Diante disso, levantou-se a problemática: Como os recursos psicopedagógicos podem contribuir para a alfabetização de alunos autistas?
Perante à problemática exposta, este artigo teve como objetivo principal investigar o impacto dos recursos psicopedagógicos na promoção da alfabetização de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Esse estudo se justifica no intuito de conhecer como se dá esse processo de inclusão do autista possibilitando aos professores e futuros profissionais da área, buscar uma melhor forma metodológica de trabalhar com esses alunos. Estar inserido não é o suficiente, é preciso estar incluído, somente dessa forma podemos criar possibilidades de intervenção com os mesmos. Não cabe ao nosso estudo apresentar uma forma de inclusão, mas um mapeamento de como isso está acontecendo.
Constituiu-se de uma revisão de literatura. A busca foi realizada online por meio de artigos indexados nas bases de dados eletrônicas SCIELO e Google acadêmico com a utilização das seguintes palavras-chaves: alfabetização; autismo; recursos pedagógicos. Durante a pesquisa, foram encontrados um total de 101 artigos relevantes nas bases de dados consultadas. Após uma análise minuciosa, com a aplicação de critérios de inclusão e exclusão estabelecidos previamente, foram selecionados 13 artigos que abordavam de forma direta a temática proposta e que se mostraram essenciais para o desenvolvimento dos objetivos da revisão integrativa.
Após a utilização de descritores combinados com operadores booleanos nas bases de dados, foram identificados 29 estudos na LILACS, 55 na SCIELO e 17 na MEDLINE. A seguir, foi realizada uma análise detalhada e leitura dos artigos, considerando os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Como resultado desse processo, foram selecionados 13 estudos que atendiam à temática proposta e contribuem para o alcance dos objetivos estabelecidos para a revisão integrativa.
Esta é uma pesquisa de abordagem qualitativa, um estudo do tipo bibliográfico, pois tem como escopo a análise crítica e comparativa de algumas obras que tratam do tema, como, por exemplo, Aranha (2018), Mantoam (2018), dentre outros que tratam sobre a temática proposta.
DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO (TEA)
O transtorno do espectro do autismo (TEA) é um dos transtornos do neurodesenvolvimento mais comuns, caracterizado por comprometimento persistente na comunicação recíproca e nas conversas sociais, bem como padrão repetitivo restrito de comportamentos, interesses ou atividades. Kanner (1943) escreveu a primeira descrição publicada do autismo em 1943 e, após um ano, Hans Asperger, pediatra da Universidade de Viena, escreveu sobre um grupo de crianças com padrão de comportamento quase semelhante ao de Kanner (1943) (Santos et al., 2021)
Embora os indivíduos com TEA sejam muito diferentes uns dos outros, o transtorno é caracterizado por características centrais em duas áreas – comunicação social e comportamentos sensório-motores restritos e repetitivos – independentemente de cultura, raça, etnia ou grupo socioeconômico. O TEA resulta do desenvolvimento precoce do cérebro alterado e da reorganização neural (Menezes, 2020).
Atualmente, não existem marcadores biológicos específicos para crianças com o transtorno, e o diagnóstico é baseado na observação da interação do paciente e informações detalhadas de entrevistas (anamnese) com pais e/ou cuidadores, observações feitas pela equipe médica e um exame neurológico para excluir comorbidades médicas e/ou transtornos psiquiátricos (Silva; Leite, 2022).
O Autism Diagnostic Interview-Revised (ADR-I) é considerado o padrão-ouro para o diagnóstico de TEA. Trata-se de um questionário de 90 questões, que pode ser aplicado aos pais e/ou cuidadores, por especialistas de diversas áreas como psiquiatras, neurologistas e psicólogos. Apesar desses avanços, a idade média de diagnóstico ainda é de 4 a 5 anos (Oliveira et al., 2021).
Nenhuma etiologia específica para TEA foi identificada; portanto, há uma tendência geral de atribuir múltiplas etiologias ao distúrbio. Várias hipóteses foram consideradas redução no número de células de Purkinje do cerebelo, redução na conectividade entre redes neurais locais especializadas no cérebro e possivelmente sobre conectividade dentro dos conjuntos neurais individuais isolados, mutações do gene PTEN, contato com agrotóxicos durante a gravidez, idade paterna acima de 35 anos e níveis alterados de quimiocinas e citocinas específicas durante a gravidez (Silva; Leite, 2022).
No passado, a exposição ao mercúrio e ao timerosal presentes nas vacinas representavam um importante fator etiológico para o desenvolvimento do TEA. Porém, em 1999, a Academia Americana de Pediatria reduziu a exposição a essas substâncias, culminando com uma redução significativa no número de casos (Santos et al., 2021)
Um diagnóstico de transtorno autista é feito quando há prejuízos na comunicação e na interação social recíproca com a presença de padrões repetitivos e estereotipados restritos de comportamento ou interesses, antes dos 3 anos de idade. Quando os sintomas autistas estão presentes sem atraso geral significativo na linguagem e no desenvolvimento cognitivo, é feito um diagnóstico de transtorno de Asperger (Talarico et al., 2019).
Muitas vezes, o rótulo “autismo de alto funcionamento” é usado de forma intercambiável com o transtorno de Asperger (Costa et al., 2018). Isso é controverso e há um debate considerável sobre se as crianças com transtorno de Asperger, que têm quadros de linguagem normais, devem ser consideradas como um subgrupo distinto das crianças com autismo de alto funcionamento, que têm uma história de atraso no desenvolvimento da linguagem (Silva; Souza, 2018).
O TEA ocorre com mais frequência em meninos do que em meninas, com uma proporção de 4:1 entre homens e mulheres. 7 As taxas de prevalência relacionadas ao autismo e seus distúrbios relacionados aumentaram em todo o mundo nas últimas décadas, de aproximadamente 4 por 10.000 para 6 por 1.000 crianças. As razões para esse aumento incluem maior conscientização pública sobre esses transtornos, ajuda dos conceitos diagnósticos, reclassificações de transtornos e melhor detecção (Suassuna, 2021).
Vários fatores ambientais têm sido explorados como possíveis agentes causadores do autismo. Estudos epidemiológicos indicam que alguns fatores ambientais, incluindo infecções pré-natais por rubéola e citomegalovírus, são responsáveis por casos de autismo. O papel dos metais pesados na etiologia do autismo é controverso e requer mais pesquisas (Santos et al., 2021).
O diagnóstico de TEA é melhor realizado por uma equipe de profissionais de saúde bem informados e vivenciando esses distúrbios. Portanto, um profissional de saúde de cuidados primários deve encaminhar qualquer criança que suspeite de ter TEA para uma equipe especializada para avaliação detalhada. A equipe de especialistas faz o diagnóstico de TEA com base na história específica do autismo e na observação clínica. As ferramentas específicas comumente usadas na avaliação incluem o Autism Diagnostic Interview-Revised (ADI-R) e o Autism Diagnostic Observational Schedule (ADOS) (Suassuna, 2021)
ESTRATÉGIAS PARA A INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS COM TEA
Da mesma forma, os dados existentes mostram que crianças com TEA têm mais dificuldade em tarefas relacionadas à escrita, como composição. Nosso trabalho nessa área sugere que essas dificuldades de escrita podem ser devidas a dificuldades mais amplas relacionadas ao desenvolvimento da linguagem e habilidades de comunicação social (Silva; Souza, 2018).
As principais estratégias de intervenção para com o autista devem estimular o desenvolvimento social e comunicativo; aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas; diminuir comportamentos que interferem com o aprendizado e com o acesso às oportunidades de experiências do cotidiano; e ajudar as famílias a lidarem com o autismo. Para isso, pontuam-se os principais métodos de intervenção de aprendizagem: ABA; PECS; TEACCH (Santos et al., 2021)
A ABA (Análise Aplicada do Comportamento) é um tratamento comportamental indutivo que objetiva ensinar por etapas as habilidades que o autista não possui. Cada habilidade é ensinada, em geral, em plano individual, de maneira associada a uma indicação ou instrução, levando a criança autista a trabalhar de forma positiva (Steffen et al., 2019).
Muitas intervenções baseadas em ABA para crianças no espectro do autismo são conduzidas em casa, com os pais como parceiros ativos. Maurice, mãe de duas crianças com autismo grave, foi uma das primeiras a contar como a intervenção comportamental intensiva baseada em casa resultou na capacidade dos seus filhos de serem incluídos nas escolas regulares sem apoios adicionais (Oliveira; Silva, 2021)
No contexto da ABA, as habilidades são ensinadas de maneira estruturada e sistemática. As sessões de ensino são organizadas de forma a fornecer instruções claras e consistentes, utilizando métodos como o ensino por tentativas discretas. Isso significa que cada habilidade é quebrada em passos menores e mais gerenciáveis, permitindo que a criança aprenda de maneira progressiva e eficaz, com feedback imediato para reforçar comportamentos desejados e corrigir eventuais erros. (Silva; Souza, 2018).
Além de ensinar habilidades acadêmicas, a ABA também foca no desenvolvimento de habilidades sociais e de comunicação. Para crianças autistas, que frequentemente enfrentam desafios nessas áreas, a ABA utiliza técnicas específicas para promover interações sociais positivas, ensinar habilidades de conversação e melhorar a compreensão de pistas sociais. Isso pode incluir práticas como modelagem, role-playing e atividades estruturadas que simulam situações do mundo real (Schmidt, 2019)
Outro aspecto fundamental da ABA é a generalização das habilidades aprendidas. Isso envolve ensinar uma habilidade em diferentes ambientes, com diferentes pessoas e utilizando diferentes materiais, para que a criança possa aplicar o que aprendeu de forma eficaz e consistente em diversas situações do dia-a-dia. A generalização é essencial para garantir que as habilidades adquiridas na terapia sejam transferidas para o ambiente natural da criança. (Santos, 2018).
O método PECS foi desenvolvido com o intuito de ajudar crianças e adultos autistas e com outros distúrbios de desenvolvimento a adquirir capacidade de comunicação. Método considerado simples e de baixo custo, e quando bem implantado apresenta resultados inquestionáveis na comunicação através de cartões em crianças que não falam, e na organização da linguagem verbal para as crianças que falam, mas que precisam organizar a linguagem (Silva; Leite, 2022).
Ao implementar o PECS, é fundamental seguir uma sequência estruturada de ensino. Inicialmente, o foco está em ensinar a troca de cartões, onde o usuário entrega uma imagem ao parceiro de comunicação para expressar uma necessidade ou desejo. Esse primeiro estágio é crucial, pois estabelece a base para a comunicação, incentivando a interação e a expressão das necessidades básicas. Com o tempo, os usuários progridem para níveis mais avançados, onde podem combinar imagens e formar frases simples, ampliando assim suas habilidades comunicativas (Santos et al., 2021)
A pesquisa indica que o método PECS não apenas melhora a comunicação, mas também favorece o desenvolvimento social e emocional das crianças. Ao poder expressar suas necessidades e desejos, os usuários experimentam um aumento na autoestima e na confiança. Essa melhoria na comunicação facilita interações sociais, permitindo que as crianças se conectem melhor com seus pares e adultos, o que é essencial para o desenvolvimento social. (Oliveira; Silva, 2021)
Além disso, o PECS pode ser adaptado a diferentes contextos e necessidades individuais. Educadores e terapeutas podem personalizar os cartões e a abordagem de ensino para atender às características específicas de cada aluno. Essa flexibilidade é uma das grandes vantagens do método, pois permite que ele seja utilizado tanto em casa quanto em ambientes escolares, atendendo a uma ampla gama de perfis de comunicação (Santos et al., 2021)
No entanto, a eficácia do PECS depende significativamente da formação e do compromisso dos educadores e familiares na sua implementação. É fundamental que os profissionais sejam capacitados para usar o método corretamente, garantindo que as crianças recebam orientações consistentes e adequadas. Treinamentos regulares e suporte contínuo são essenciais para o sucesso da aplicação do PECS na vida cotidiana. (Silva; Leite, 2022).
Estudos também ressaltam que o PECS pode ser uma ponte para o desenvolvimento da linguagem verbal em crianças que já falam, mas que precisam de ajuda para organizar sua comunicação. Ao aprender a utilizar imagens de forma sistemática, essas crianças conseguem estruturar melhor suas frases e expressar pensamentos de maneira mais clara. Isso contribui não apenas para a comunicação, mas também para a compreensão e o processamento da linguagem. (Oliveira; Silva, 2021)
Segundo Suassuna (2021), a implementação do PECS tem mostrado resultados positivos em diversas pesquisas. As crianças que utilizam esse método frequentemente relatam maior satisfação em suas interações sociais e uma comunicação mais eficaz. Isso não só beneficia as crianças, mas também os educadores e familiares, que observam melhorias significativas no comportamento e na motivação dos usuários.
Outro método utilizado é TEACCH (Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficit relacionados com a Comunicação). Trata-se de uma intervenção bastante utilizada em todo o mundo para avaliar a criança, caracterizado como um programa de aprendizado individualizado (Santos et al., 2021)
O método TEACCH é amplamente reconhecido por sua abordagem estruturada e individualizada, adaptando-se às necessidades específicas de cada criança com autismo. A filosofia por trás desse método enfatiza a importância de compreender a forma como a criança percebe e interage com o mundo. Através da observação cuidadosa e da avaliação das habilidades individuais, educadores conseguem criar um plano de ensino que se alinha às capacidades e interesses do aluno, promovendo um ambiente de aprendizado mais eficaz e significativo (Steffen et al., 2019).
Uma das características distintivas do TEACCH é a ênfase na estrutura e na rotina. O ambiente de aprendizado é organizado de maneira a minimizar distrações e facilitar a compreensão das tarefas. Os alunos costumam se beneficiar de calendários visuais, quadros de atividades e instruções passo a passo, que ajudam a delinear claramente o que se espera deles em cada momento. Essa previsibilidade não apenas aumenta a confiança da criança, mas também promove um senso de segurança, permitindo que ela se concentre melhor nas atividades propostas (Menezes, 2020).
O método também destaca a importância da comunicação visual. A utilização de pictogramas, cartões e outros recursos visuais auxilia na compreensão das instruções e na expressão das necessidades dos alunos. Essa abordagem é especialmente benéfica para crianças que podem ter dificuldades com a linguagem verbal, permitindo que se comuniquem de forma mais eficaz. A comunicação visual se torna uma ponte que conecta a criança ao mundo ao seu redor, facilitando interações mais ricas e significativas (Santos et al., 2021).
Outro aspecto importante do TEACCH é o envolvimento da família no processo educacional. O método incentiva a colaboração entre educadores e familiares, reconhecendo que a continuidade das práticas em casa é fundamental para o sucesso do aprendizado. Os pais são orientados sobre como aplicar estratégias do TEACCH em suas interações diárias com a criança, criando um ambiente coeso que reforça as habilidades desenvolvidas na escola. Essa parceria entre escola e família é um dos pilares que sustentam a eficácia do método. (Silva; Souza, 2018).
Ambas as abordagens, TEACCH e PECS, são complementares e podem ser implementadas de forma integrada para atender às necessidades individuais das crianças autistas. A metodologia TEACCH fornece um ambiente organizado e previsível que suporta o uso eficaz do PECS, criando oportunidades estruturadas para a prática e a generalização das habilidades de comunicação aprendidas através do sistema PECS. Isso significa que as crianças podem aprender a usar as imagens do PECS não apenas para expressar suas necessidades imediatas, mas também para entender melhor sua rotina diária e interagir de forma mais independente e eficaz com o ambiente ao seu redor. (Santos et al., 2021).
No trabalho com crianças autistas, o uso de recursos pedagógicos adequados tem relevância na promoção do aprendizado e no desenvolvimento de habilidades. Um dos recursos amplamente utilizados são os materiais visuais, como quadros de comunicação, cartões com imagens e cronogramas visuais. Esses recursos ajudam a criança a compreender melhor as instruções, organizarem suas rotinas diárias e expressarem suas necessidades de forma não verbal, facilitando a comunicação e minimizando a ansiedade (Santos et al., 2021)
Além dos materiais visuais, as tecnologias assistivas têm se mostrado muito eficazes no trabalho com crianças autistas. Aplicativos e softwares específicos podem ser utilizados para melhorar habilidades como linguagem, socialização e cognição. Jogos educativos adaptados e programas de computador podem ser personalizados para atender às necessidades individuais da criança, proporcionando um ambiente de aprendizado estimulante e interativo (Santos et al., 2021)
Outro recurso pedagógico importante são as rotinas estruturadas e previsíveis. Crianças autistas geralmente se beneficiam de uma estrutura clara em suas atividades diárias, com horários definidos para cada atividade. Isso ajuda a reduzir a ansiedade e melhora a compreensão de expectativas, promovendo um ambiente mais previsível e seguro. (Silva; Souza, 2018).
A terapia ocupacional também é relevante utilizando recursos como técnicas de integração sensorial para ajudar crianças autistas a processar melhor estímulos sensoriais. Isso pode incluir atividades como brincadeiras sensoriais, uso de equipamentos terapêuticos e estratégias para melhorar habilidades motoras e de coordenação (Santos et al., 2021)
Para promover a socialização e interação, estratégias como o uso de brinquedos e jogos que incentivam o jogo cooperativo e a comunicação são fundamentais. Brinquedos sensoriais, que oferecem diferentes texturas e estímulos táteis, também são recursos valiosos para o desenvolvimento sensorial e exploratório das crianças autistas. (Bittencourt, 2021).
Além dos recursos físicos e tecnológicos, é essencial o envolvimento e capacitação dos educadores e terapeutas que trabalham com crianças autistas. Treinamentos contínuos e workshops sobre estratégias eficazes de ensino e intervenção são fundamentais para garantir que as práticas pedagógicas estejam alinhadas com as necessidades específicas das crianças e com as melhores práticas baseadas em evidências. (Silva; Leite, 2022).
Por fim, o apoio e a parceria com os pais e familiares são recursos essenciais. O envolvimento da família no processo educacional e terapêutico, bem como o compartilhamento de estratégias e experiências, contribui significativamente para o progresso da criança dentro e fora do ambiente escolar. O trabalho colaborativo entre escolas, profissionais de saúde e familiares cria um sistema de suporte mais abrangente e eficaz para as crianças autistas, promovendo um desenvolvimento integral e positivo em todas as áreas da vida. (Silva; Souza, 2018).
Com a ajuda dessas ferramentas, são estabelecidas a predisposição, as habilidades e o potencial da criança. Os resultados obtidos são complementados com uma entrevista ambiental. Depois toda a família é incluída no programa de reuniões do centro, que visa trabalhar tanto com a criança como com os pais (Suassuna, 2021).
Ao finalizar a investigação sobre o impacto dos recursos psicopedagógicos na promoção da alfabetização de alunos autistas, podemos inferir várias conclusões significativas a partir dos resultados obtidos. O principal objetivo deste estudo foi explorar como diferentes estratégias psicopedagógicas podem ser eficazes para facilitar o processo de alfabetização em crianças autistas, levando em consideração suas necessidades específicas de aprendizagem e desenvolvimento.
Durante a pesquisa, observamos que os recursos psicopedagógicos tem um papel relevante ao oferecer suporte personalizado e adaptado às características individuais de cada aluno autista. A utilização de materiais visuais, métodos estruturados de ensino e técnicas específicas de comunicação facilitou não apenas a compreensão dos conceitos de leitura e escrita, mas também promoveu maior engajamento e motivação dos alunos nas atividades educativas. Isso é fundamental, pois crianças autistas frequentemente respondem positivamente a ambientes estruturados e previsíveis, onde as informações são apresentadas de forma clara e acessível.
Um aspecto significativo do estudo foi a análise do progresso alcançado pelos alunos na aquisição de habilidades de alfabetização após a implementação dos recursos psicopedagógicos. Verificamos que muitos alunos apresentaram melhorias significativas na fluência de leitura, compreensão textual e habilidades de escrita, demonstrando uma maior autonomia na expressão de suas ideias e pensamentos.
Esses resultados destacam a importância de uma abordagem educacional adaptada, que não apenas reconheça as necessidades únicas dos alunos autistas, mas também os capacite a alcançar seu potencial máximo no ambiente escolar. Além dos benefícios acadêmicos evidentes, também consideramos a influência positiva dos recursos psicopedagógicos na autoestima e na autoconfiança dos alunos autistas.
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