Avaliação da qualidade do sono na idade escolar e a conscientização sobre o tema

ASSESSMENT OF SLEEP QUALITY IN SCHOOL AGE AND AWARENESS ON THE TOPIC

EVALUACIÓN DE LA CALIDAD DEL SUEÑO EN EDAD ESCOLAR Y SENSIBILIZACIÓN SOBRE EL TEMA

Autor

André Luis Santana de Araujo
ORIENTADOR
Profa. Dra. Gilmara Silva Baccarin

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/0E0AE2

DOI

Araujo, André Luis Santana de . Avaliação da qualidade do sono na idade escolar e a conscientização sobre o tema. International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

É grande a importância do sono na vida diária, especialmente pensando no desenvolvimento físico e psicológico da criança e adolescente, e suas influências sobre o comportamento e o aprendizado. O presente estudo objetivou avaliar a qualidade do sono em estudantes dos anos finais do ensino fundamental II do Colégio Particular Santa Terezinha, cidade de Castanhal, Pará, bem como desenvolver a conscientização sobre o tema com alunos e professores sobre a importância do sono na idade escolar. O trabalho envolveu as seguintes etapas: 1) Avaliação da Qualidade do Sono e Identificação de Cronotipos dos Alunos; 2) Desenvolvimento de palestras informativas para os alunos sobre o tema; 3) Enquete de Avaliação final sobre os conhecimentos assimilados pelos alunos.
Palavras-chave
Sono. Aluno. Escola. Aprendizagem. Cronotipos.

Summary

The importance of sleep in daily life is great, especially considering the physical and psychological development of children and adolescents, and its influences on behavior and learning. The present study aimed to evaluate the quality of sleep in students in the final years of elementary school II at Colégio Particular Santa Terezinha, city of Castanhal, Pará, as well as to develop awareness on the topic with students and teachers about the importance of sleep at school age. . The work involved the following steps: 1) Assessment of Sleep Quality and Identification of Student Chronotypes; 2) Development of informative lectures for students on the topic; 3) Final Assessment Survey on the knowledge assimilated by the students.
Keywords
Sleep. Student. School. Learning. Chronotypes.

Resumen

La importancia del sueño en la vida diaria es grande, especialmente considerando el desarrollo físico y psicológico de niños y adolescentes, y sus influencias en el comportamiento y el aprendizaje. El presente estudio tuvo como objetivo evaluar la calidad del sueño en estudiantes de los últimos años de la enseñanza básica II del Colegio Particular Santa Terezinha, de la ciudad de Castanhal, Pará, así como sensibilizar sobre el tema a estudiantes y profesores sobre la importancia del sueño. en edad escolar. El trabajo constó de los siguientes pasos: 1) Evaluación de la Calidad del Sueño e Identificación de Cronotipos de los Estudiantes; 2) Desarrollo de charlas informativas para estudiantes sobre el tema; 3) Encuesta de Evaluación Final sobre los conocimientos asimilados por los estudiantes.
Palavras-clave
Sueño. Estudiante. Escuela. Aprendizaje. Cronotipos.

INTRODUÇÃO

Sono é o nome dado ao descanso que fazemos em um período de cerca de 8 horas em intervalo de 24 horas (Bomfim, 2010). O ciclo vigília/sono é um dos ritmos biológicos endógenos mais estudados sendo classificado como circadiano, pois tem a duração de 24 horas (Wey, 2001).

Segundo Seibt et al., (2009) os indivíduos podem ser classificados conforme o funcionamento interno do corpo. Assim temos indivíduos com preferências diferenciadas em relação aos períodos de sono e vigília, sendo estes classificados em indivíduos de cronotipos matutino, vespertino e indiferente (Marques & Menna-Barreto, 2003).

Existem diferentes metodologias que investigam a qualidade do sono e os cronotipos dos indivíduos. Geralmente são instrumentos, de fácil aplicação, como os diários de sono e os questionários sobre qualidade do sono (Melo et al., 2002 e Madeira e Aquino, 2003).

Segundo Mathias, Sanches e Andrade (2006) o conhecimento é de grande importância a divulgação deste conhecimento no âmbito escolar e familiar, pois, compreender o funcionamento dos relógios biológicos reguladores do sono e vigília, fornece elementos para que os pais educadores contribuam para o desenvolvimento de hábitos de sono saudáveis nos alunos. Essas informações possibilitam o planejamento de organização temporal da escola, para que sejam respeitadas as necessidades de sono de cada faixa etária (Louzada, 2004).

Segundo Wey (2001) são frequentes os problemas relacionados ao sono em crianças, mas que muitas vezes deixam de ser abordados nos consultas pediátricas, pelos pais crerem que não são de questões médicas, ou por não conhecerem o que seria comportamento normal em relação ao sono.

Dormir não é somente necessário para o descanso físico e mental, é durante o sono que ocorrem diversos processos metabólicos que podem ser prejudicados caso o sono não seja regular. As alterações no sono refletem-se na baixa qualidade do desempenho e interferem na saúde, muitas vezes de forma muito grave. É também o sono, que todas as informações recebidas ao longo do dia são armazenadas e processadas, se a criança não dorme o tempo necessário, sua memória de curto prazo pode ser comprometida e ela não  consegue transformar em conhecimento aquilo que foi aprendido (Valle et al.,2009).

Segundo Miranda-Neto (2001), é durante o sono que ocorre a consolidação da memória e os processos ligados à aprendizagem. Segundo Louzada e Menna Barreto (2007) um dos fatores que interferem na qualidade de sono é a puberdade, que na adolescência provoca várias mudanças no organismo e no comportamento modificando os horários de dormir e acordar tornando-os mais tardios. Especialistas estimam aumentos de desordens da vigília e do sono, como casos de insônia em crianças e adolescentes, em decorrência de fatores como a falta de exercícios físicos, estímulos de televisão, computador e videogame, impedindo que ela relaxe o suficiente  para dormir à noite. As consequências podem refletir no baixo rendimento escolar, redução da atenção e concentração em certas atividades (Louzada e Menna-Barreto, 2007).

Para que as crianças desenvolvam bons hábitos de sono, tanto os pais quanto educadores devem conhecer e apreciar as necessidades de sono tanto para melhor desenvolvimento e adaptação, quanto para uma boa aprendizagem do estudante (Valle, et al.,2009).

  Segundo Cerqueira (2007) a escola é um local de excelência, onde mais se têm trabalhado os programas de educação para a saúde dos alunos, sendo estes aspectos fundamentais para qualidade de vida, processos de crescimento, desenvolvimento e aprendizagem. Porém, o foco dos programas de educação para a saúde ainda é a doença, o que precisa ser repensado para que se tenha uma expectativa de participação e de melhor promoção da saúde e de qualidade de vida para os alunos. Acrescido a isto, informações sobre a importância do sono para qualidade de vida e a relação com a aprendizagem dificilmente estão disponíveis nos livros escolares, além de haver um déficit na formação dos professores em licenciaturas. (Louzada e Manna-Barreto, 2007).

 Assim, trabalhos educativos relacionados ao desenvolvimento de bons hábitos de sono são de extrema importância neste ambiente, pois segundo Valle et al.,(2009) a aprendizagem é uma atividade cognitiva que acontece a partir da consolidação da memória e nesse processo o sono tem importância fundamental, e tanto a quantidade como a qualidade do sono.

Louzada e Menna-Barreto (2007) em seu livro O sono na sala de aula – Tempo escolar e tempo biológico, descrevem algumas ocasiões em que a privação de sono influencia diretamente no desempenho escolar dos alunos. Os autores comentam a forte influência da consequência mais aparente em sala de aula causada pela privação: a sonolência diurna. Eles descrevem que:

A sonolência é a consequência mais direta da privação de sono. Na criança e no adolescente, manifesta-se dificuldade em levantar no horário para a escola e no sono durante as aulas. Em muitas situações, contribui para a geração de conflitos com pais e professores e para a diminuição da auto-estima. (Louzada e Menna-Barreto, 2007).

  Também descrevem que na sala de aula a sonolência é mais evidente em situações de baixa estimulação, através da leitura, escrita e atividades repetitivas. Sugerem que atividades mais estimulantes podem mascarar níveis moderados de sonolência.

 METODOLOGIA

  • Tipo de pesquisa

Segundo Gil (2002) este tipo de pesquisa de campo caracteriza-se por ser do tipo, qualitativo, quantitativo (considera-se tudo que pode ser traduzido em números, opiniões e informações para classificá-las), descritivo (descreve as características de determinada população ou fenômeno) e exploratório (visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vista a torná-lo explícito explícito ou construir hipóteses).

  • População e amostra 

A pesquisa foi realizada com a comunidade escolar (alunos e professores) do Colégio Santa Terezinha, Rua Marechal Deodoro, n 276, Bairro Ianetama, Cidade de  Castanhal, Estado do Pará. A população deste estudo foi composta por adolescentes matriculados nos anos finais do ensino fundamental, sendo a amostra um total de 36 alunos do 8º e 9º ano da escola.

  •  Coleta de dados

A coleta de dados ocorreu por meio da aplicação de questionários específicos sobre o tema com os alunos. Nas turmas do 8º e 9º ano, além da aplicação dos questionários também foram realizados trabalhos de informação e conscientização sobre a importância do sono na aprendizagem escolar, onde os alunos foram avaliados antes e depois dos trabalhos realizados.

Questionários de identificação do cronotipo e Avaliação da qualidade do sono 

Os Questionários de identificação do cronotipo e Avaliação da qualidade do sono foram aplicados nas turmas de 8º e 9º ano da escola em duas aulas. O primeiro (Questionário de Identificação do Cronotipo de Horne e Ostberg (HO) (1976) foi traduzido e adaptado para essa pesquisa, composta por 18 questões e com o objetivo de identificar o cronotipo dos estudantes entrevistados. O segundo (Questionário de Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh) proposto por Buysse et al.,(1989) composto por 23 questões foi também adaptado para essa pesquisa e teve a finalidade de avaliar a qualidade do sono em um período de um mês.

Desenvolvimento de palestras, avaliação inicial e final

As atividades de intervenção, Avaliação Inicial e Final foram aplicadas nas turmas do 8º e 9º ano, totalizando 8 horas aulas. As atividades de intervenção foram realizadas em forma de palestras informativas sobre o tema. Inicialmente (1 aula) foi aplicado um questionário denominado de Enquete de Avaliação Inicial, que teve por objetivo o conhecimento prévio dos alunos sobre a importância e qualidade do sono.

Durante 4 aulas foram realizadas palestras aos alunos abordando assuntos como: O que é o sono; Qual a importância do sono na idade escolar; A importância da rotina na hora de dormir; Dicas para uma boa noite de sono; Horários ideais para dormir; Melhor posição para dormir, entre outros. Na sequência, (1 aula) os alunos foram orientados a preencher o questionário denominado Enquete de Avaliação Final, que teve como objetivo avaliar o trabalho que realizamos na turma e as assimilações dos alunos sobre o tema trabalhado.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Avaliação da qualidade do sono: Questionário de identificação dos cronotipos e Questionário de Pittsburgh

O questionário de Identificação dos Cronotipos de Horne e Ostberg e o questionário de avaliação da qualidade do sono de Pittsburgh foram preenchidos por 36 alunos do período matutino, na qual as aulas iniciam-se às 7:30 horas. Destes, 66% informaram que acordam entre 06:00h e 06:30h da manhã. Dos alunos participantes, 56% responderam que permanecem na cama até o horário que alguém chama e 18% responderam que acordam antes, mas ficam na cama até a hora de levantar.

Segundo Ayres (2010) o que determina se o despertar é algo fácil ou se exige determinado esforço, é nosso organismo que segue o ciclo circadiano (tempo de cerca de 24 horas) e o nosso relógio biológico. Todos nós nascemos com um sistema de temporização, ou relógio biológico interno, que comanda inúmeras funções do organismo e vários comportamentos, até mesmo a alternância entre os estados de sono e de vigília e ritmo biológico conhecido como vigília-sono (Louzada, 2007).

    Sobre a facilidade de acordar pela manhã, verificou-se que 46% dos alunos acham fácil acordar pela manhã dependendo do dia e 28% responderam que acordar pela manhã não é nada fácil (Gráfico 1 A). Já com relação ao que sentem os alunos ao acordar, 43% relatam se sentindo cansados (28%) ou muito cansados (15%) ao acordarem pela manhã (Gráfico 1B).Os “Ladrões de sono” segundo Louzada e Menna-Barreto(2007), são causados muitas vezes por uso excessivo da televisão, do computador e da internet. Esses afetam principalmente os adolescentes, refletindo em atrasos na hora de dormir e acordar, o que explica muitas vezes a dificuldade ao se levantar pela manhã.

Como últimas atividades realizadas antes de dormir os alunos relatam comer (43%) e utilização de aparelhos eletroeletrônicos 48% (37% assistem TV e 11% jogam vídeo game) e leitura de livros (9%) (Gráfico 2 A). Com relação a beber algum tipo de líquido antes de dormir, 24% relataram ingerir refrigerante ou chá (Gráfico 2B).

Hábitos como comer, assistir televisão, jogar vídeo game antes de dormir são fatores que contribuem negativamente para o sono de boa qualidade em razão do aumento do metabolismo e temperatura e dos ruídos e luzes, respectivamente. Tais hábitos podem afetar a produção de hormônios relacionados ao sono e tardar ou dificultar o sono Louzada e Menna-Barreto (2007). Bebidas que contenham cafeína em sua composição também podem ser prejudiciais ao sono. Smith (2002) apud Soares e Fonseca (2004) concluiu que a cafeína ao ser consumida no período noturno contribui para dificuldades e durabilidade do sono.

Sobre o horário em que os alunos sentem que atingiram o melhor momento de bem estar, 54% dos alunos responderam entre 10:00 e 12:00h e 26% relataram as 07:00h conforme gráfico 3 B. 54% dos alunos também informaram que gostariam de acordar entre 10:00 e 13:00 se fosse possível.

Com base nessas informações, Louzada e Menna-Barreto (2007)  acreditam que existem alunos que estão dispostos a fazer as tarefas escolares diárias em uma determinada hora do dia, e por isso a escola deve levar em consideração esses resultados e valorizar habilidades e  competência de acordo com o tempo biológico de cada um. Da mesma forma que existem preferência nos horários de dormir e de acordar, a aprendizagem pode variar dependendo do horário do dia, ou seja, conforme o ritmo biológico do aluno. Os mesmos autores ainda defendem uma flexibilidade maior de horários de funcionamento das escolas levando em conta hábitos de sono e cronotipos dos alunos.

Com relação ao cronotipo dos alunos, 39% apresentaram cronotipo vespertino (preferem dormir tarde e acordar tarde) e 37% matutino (preferem dormir cedo e acordar cedo), 15% são mais vespertinos do que matutino e 9% são mais matutino do que vespertino. Verificou-se que 39% dos alunos que apresentaram o cronotipo matutino acordam entre 5:00 e 6:00h, ou seja, dormem mais cedo e acordam mais cedo, e 37% dos alunos acordam entre 06:30h 07:30h, pois dormem mais tarde, essas crianças apresentam o cronotipo vespertino (Gráfico 3B).

Com relação aos horários em que os alunos acordam nos finais de semana (Gráfico 3A), os resultados foram parecidos com o Maia (2008) que constatou que as maiorias dos alunos dormem e acordam mais tarde no final de semana, ou seja, apresentaram um aumento na duração no sono noturno nos finais de semana.

 Para Louzada e Menna-Barreto (2007) o horário das aulas constitui um ciclo ambiental que sincroniza os nossos ritmos, pois representa um compromisso que se repete diariamente fazendo com que o nosso organismo se ajuste a ele. Nos feriados e nos finais de semana, nosso organismo se ajusta a outros eventos do ambiente como, por exemplo, passeio, festas, etc. Já com relação ao tipo de cronotipo dos alunos Alam et al., (2008) enfatizam que a preferência pela matutinidade e pela vespertinidade, ou seja, os tipos de cronotipos é a diferença individual que mais explica de forma clara as variações na expressão rítmica de padrões biológicos e comportamentais (Duarte e Silva, 2011). Os mesmos autores enfatizam que o cansaço e de distração podem comprometer seu rendimento escolar. Por isso o conhecimento dos cronotipos pode ajudar a compreender e orientar os indivíduos na adequação do horário para o desenvolvimento das atividades sociais, como o estudo, trabalho e lazer, oportunizando assim, uma melhora no aproveitamento, desempenho e na produtividade das atividades do cotidiano, promovendo uma melhoria na qualidade de vida.

Nos resultados coletados através do questionário de Pittsburgh, que tem a função de avaliação a qualidade do sono, os alunos foram inicialmente questionados sobre o hábito de cochilar durante o dia. 55% dos alunos afirmaram possuir o hábito de cochilar durante o dia (39% de vez em quando, 9% quase sempre e 7% todos os dias). Já em relação ao hábito de cochilar na escola, 27% relataram que possui esse hábito (75% o faz quando não tiveram uma boa noite de sono, 8% quando está entediado e 17% quando estão lendo).

Segundo Valle (2010) cochilar durante o dia faz bem tanto para a memória, quanto para o coração porém em horas inadequadas ou logo após períodos regulares de sono, os cochilos podem indicar má qualidade do sono, insônia, apnéia do sono ou algum outro distúrbio. De acordo com Araújo e Marques (2002) o sono na sala de aula afeta tanto o professor, pois ninguém se sente bem falando com alguém que está apresentando sintomas de sono, e o aluno sofrerá depois, uma vez que não consegue prestar atenção na aula. Segundo Barros (2013) a criança que não dorme o suficiente, se torna desatenta durante as aulas, reduzindo o desempenho escolar.

  Quando questionados sobre a dificuldade de pegar no sono à noite, 75% dos alunos responderam que demoraram para dormir à noite (Gráfico 4 A). Sendo que a dificuldade em pegar no sono durante a noite acaba sendo refletida na hora em que os alunos costumam dormir, conforme o Gráfico 4B, 43% dos alunos vão dormir entre 22:00h e 00:00h e 27% depois da 00:00h. Como já relatado anteriormente, a maioria dos alunos 68% acorda entre 6:00h e 6:30h, ou seja, muitos dos alunos entrevistados não dormem 8 horas de sono por dia, como é o recomendável.

Segundo Cardeal (2013) muitos alunos ficam acordados até a madrugada em frente do computador e da televisão, e como conseqüências acordam irritados, com dificuldades em se concentrar e, consequentemente de aprender. Conforme Duarte e Silva (2011) a luz emitida pelo computador funciona como estímulo luminoso ao hipotálamo e hipófise (onde se encontra o relógio biológico, essencial para manutenção dos ritmos e dos ciclos sono-vigília). A intensidade, a variação e o horário das luzes emitidas desregulam a liberação normal de melatonina, o hormônio responsável pelo sono e, consequentemente, promovem alterações na sua qualidade.

De acordo com Setzer (2008) um estudo elaborado por M.Dworak e colaboradores (2007) sobre o efeito de assistir televisão e jogar vídeo games no sono de crianças, revelou que a exposição à TV e a jogos eletrônicos afetam o sono de crianças e conseqüentemente o desempenho cognitivo verbal, o aprendizado e a memória.

Quanto questionados sobre os problemas que possivelmente afetam a qualidade do sono, 66% dos alunos relataram as notas baixas na escola, já 18% relataram brigas com colegas e 16%brigas com os pais (Gráfico 5A). Esses eventos individuais ou separados podem levar a criança a desencadear o estresse e segundo Lipp et al., (2002 e 2003) o estresse infantil pode prejudicar a qualidade do sono.

Ao avaliarem sua qualidade de sono, 37% avaliou como sono de ótima qualidade, 30% como sono de qualidade ruim, 19% como sono de qualidade boa e 14% sono de qualidade razoável. É possível observar que 44% dos alunos estão insatisfeitos com sua qualidade do sono e 56% estão satisfeitos com sua qualidade do sono (Gráfico 5 B).

Segundo Duarte e Silva (2011) para ter um bom sono, é necessário uma rotina regular dos horários de se deitar e de se levantar, e preservar o tempo de sono, de acordo com a faixa etária e estar livre dos distúrbios do sono.

Medeiros et al.,(2011) afirmam que a qualidade do sono em escolares influencia diretamente os fatores importantes que estão relacionados ao bom rendimento escolar, como: capacidade de aprendizado e memória, liberação hormonal, concentração e atenção. Ribeiro (2003) incluem o sono como indispensável para o processo de aprendizagem, pois ele participa desde o momento em que ocorre a aquisição de uma determinada informação até a consolidação dessa informação na memória. Segundo Valle et al.,(2009) a aprendizagem é uma atividade cognitiva, que acontece a partir da consolidação da memória e o sono é fundamental para esse processo.

Louzada e Menna-Barreto (2007) relata que são bem conhecidas as relações entre memória e sono, principalmente na fase chamada sono paradoxal, pois é nesse momento que acontece os sonhos, que são essenciais para consolidar as experiências da vigília. Desta forma, parece não ter sentido despertar os jovens tão cedo das suas camas, já que as consequências disso podem os tornar menos aptos para aprender.

ENQUETE DE AVALIAÇÃO INICIAL E ENQUETE DE AVALIAÇÃO FINAl

A Tabela 2 demonstra os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema sono, investigados na enquete de avaliação inicial e os conhecimentos posteriormente assimilados aos trabalhos realizados, investigados através da enquete de avaliação final sobre o tema. Em todos os quesitos é possível observar que os alunos adquiriram maior conhecimento sobre o assunto.

OPINIÕES DOS PAIS SOBRE O TEMA ABORDADO COM ALUNOS

Ao responderem o questionário sobre o tema, 100% dos pais julgaram de extrema relevância o trabalho e discussão desse tema na idade escolar, assim como trabalhos de intervenções e conscientização junto à comunidade acadêmica.

Todos afirmaram que prestarão mais atenção à qualidade do sono dos filhos assim como ao número de horas dormidas. 

Segundo Lopes (2011) a escola, deve cada vez mais buscar parceria com as famílias através de palestras, confraternizações e atividades reflexivas para promover a interação entre pais, alunos, professores, equipe pedagógicas e demais funcionários, e com o objetivo de estreitar os laços entre a família e a escola, e também possibilitar a interação entre pais e filhos nas relações afetivas. O mesmo autor ainda destaca a importância dos pais ou responsáveis pelas crianças demonstrarem interesse e participarem da educação formal dos filhos, sendo os reflexos destas atitudes no melhor desempenho escolar dos filhos.

Conforme Chechia e Andrade (2002) a participação dos pais na vida escolar dos filhos apresenta reflexos positivos no desempenho escolar, assim como o diálogo entre a família e a escola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Os estudos do sono demonstram o quanto esse comportamento é de suma importância para os indivíduos, tanto para saúde e bem estar quanto para a consolidação da memória e processo de aprendizagem. Por isso, a discussão do assunto sobre os ritmos biológicos, entre eles, o ciclo vigília-sono na escola pode contribuir para melhorar os hábitos de sono da população.esta atitude é importante, principalmente em uma sociedade em que a alta carga de trabalho e os horários sociais não favorecem a obtenção de um sono de boa qualidade e está relacionada a distúrbios como a sonolência diurna, insônia, entre outros.

Este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade do sono e determinar os cronotipos de escolares do Colégio Santa Terezinha em Castanhal, PA, além de conscientizar pais e alunos sobre o tema “Sono na idade escolar”. Pode-se verificar que um número representativo de alunos está insatisfeito com sua qualidade de sono (44%). Assim como também, um número representativo que foi determinado com o cronotipo vespertino (39%), com destaque para o fato de que os alunos entrevistados estudam no turno matutino.

Todos os envolvidos, alunos, pais e equipe pedagógica consideraram o desenvolvimento das atividades sobre o sono de grande importância, sendo verificada uma ótima assimilação dos conteúdos por parte dos alunos e um compromisso dos pais e escola a uma maior atenção com relação aos filhos, incentivando o desenvolvimento de bons hábitos visando promoção de uma melhor qualidade de vida e saúde, assim como benefícios no processo de ensino aprendizagem. 

O presente trabalho demonstrou que os alunos privados de sono têm um pior desempenho na codificação e consolidação da memória, resultando em uma menos capacidade de desempenho. Agregado a isso, pode-se dizer que o papel do sono na consolidação da memória declarativa pode também ser reforçado quando o processamento da memória é proveniente de uma associação e modulado pela emoção.

Os dados analisados permitem aferir uma grande evolução no conhecimento da influência do sono na memória e emoção. Apesar dos achados atuais, o papel do sono nesses temas ainda permanece um objeto de estudo e mais pesquisa são necessárias para o melhor entendimento acerca da elucidação do papel mais exato do sono.

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Referencias

BAILEY, C. J.; LEE, J. H.
Management of chlamydial infections: A comprehensive review.
Clinical infectious diseases.
v. 67
n. 7
p. 1208-1216,
2021.
Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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Avaliação da qualidade do sono na idade escolar e a conscientização sobre o tema

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Alzheimer e demência na pessoa idosa
Doença de Alzheimer. Demência. Fisiopatologia. Terapias. Envelhecimento.
A importância da socialização da pessoa idosa
Envelhecimento ativo. Socialização. Inclusão social. Qualidade de vida. Políticas públicas.
Síndrome metabólica em pessoa idosa portadora da doença de Parkinson
Doença de Parkinson. Síndrome Metabólica. Pessoa idosa. Nutrição. Estratégias Terapêuticas.
Epigenética e Longevidade: Como fatores ambientais modulam a expressão gênica em centenários
Metilação do DNA. Modificações em histonas. MicroRNAs.
Inflamassomas e inflammaging: Investigando a regulação da resposta inflamatória em centenários
Inflamassomas. Inflammaging. Longevidade.
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Preenchimentos faciais. Sustentação facial. Técnicas estéticas.

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