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Resumo
INTRODUÇÃO
A escola desempenha um papel fundamental na construção da identidade cultural dos indivíduos, pois é um espaço de socialização no qual valores, crenças e práticas culturais são transmitidos e ressignificados. No contexto educacional, a identidade cultural não é apenas um reflexo do meio social, mas também um processo dinâmico de construção individual e coletiva. Assim, a escola se apresenta como um ambiente propício para o desenvolvimento de múltiplas identidades, especialmente quando respeita e valoriza a diversidade existente em sua comunidade. Dessa forma, compreender como a cultura influencia a formação dos sujeitos no espaço escolar é essencial para refletir sobre o papel do professor na promoção de uma educação mais inclusiva e contextualizada.
A relevância dessa temática se evidencia no atual cenário educacional, caracterizado por uma sociedade cada vez mais multicultural e globalizada. A pluralidade de culturas presentes nas escolas exige dos educadores uma postura crítica e reflexiva, capaz de reconhecer e integrar diferentes perspectivas culturais no ensino. Segundo SILVA e ALMEIDA (2020), no Brasil, a diversidade étnica, social e histórica configura um desafio, mas também uma oportunidade para que a escola promova o respeito às diferenças e o fortalecimento das identidades dos estudantes. Nesse sentido, investigar como os professores podem contribuir para a construção da identidade cultural dos alunos torna-se um ponto central para a compreensão dos processos educacionais.
A justificativa desta pesquisa se apoia na necessidade de um ensino que dialogue com a realidade dos estudantes e que valorize suas experiências culturais como elementos essenciais para a aprendizagem. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enfatizam a importância da valorização das identidades culturais como estratégia para o desenvolvimento de cidadãos críticos e conscientes de sua inserção na sociedade. No entanto, na prática, muitos professores ainda encontram dificuldades em incorporar essa perspectiva ao seu planejamento pedagógico, o que torna necessário um aprofundamento teórico sobre o tema.
O problema que norteia este estudo pode ser sintetizado na seguinte questão: como o professor pode atuar de maneira significativa na construção da identidade cultural dos alunos no ambiente escolar? A identidade cultural é um conceito dinâmico, influenciado por fatores históricos, sociais e educacionais, o que exige do docente um olhar atento e estratégias que promovam a valorização da diversidade. Diante desse contexto, este artigo busca refletir sobre o papel do professor como mediador do processo de construção da identidade cultural dos estudantes e as implicações desse fenômeno na prática pedagógica.
O objetivo geral desta pesquisa é analisar como a escola, por meio do trabalho docente, pode atuar como um espaço de construção da identidade cultural dos alunos. Para isso, pretende-se compreender os fatores que influenciam esse processo, identificar desafios e propor estratégias pedagógicas que favoreçam a valorização da diversidade cultural no ambiente escolar. A investigação se fundamenta em referenciais teóricos que discutem identidade cultural, educação e formação docente, com base em autores como Stuart Hall (2006), Antônio Nóvoa (1992) e Paulo Freire (1996), entre outros.
A metodologia adotada será de caráter qualitativo, baseada em revisão bibliográfica e análise de documentos educacionais, buscando compreender as concepções de identidade cultural no contexto escolar e as práticas pedagógicas que contribuem para sua construção. Espera-se que este estudo possa contribuir para o aprofundamento das discussões sobre a relação entre educação e cultura, fornecendo subsídios teóricos e práticos para que os professores promovam uma educação mais inclusiva e culturalmente situada.
A ESCOLA COMO ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL
A identidade cultural é um elemento central na formação dos sujeitos e está intimamente ligada aos processos educacionais. A escola, enquanto espaço de socialização e transmissão de saberes, desempenha um papel fundamental na construção das identidades individuais e coletivas, pois ali ocorrem interações que influenciam a maneira como os sujeitos percebem a si mesmos e ao outro (SILVA; ALMEIDA, 2020). Nesse sentido, compreender a escola como um território de identidades significa reconhecer sua importância na formação cultural dos alunos e no fortalecimento da diversidade.
De acordo com Silva e Almeida (2020), a escola não é um ambiente neutro, mas sim um espaço de disputas simbólicas, no qual diferentes identidades culturais são afirmadas, renegociadas ou até mesmo negadas. Esse fenômeno ocorre porque a educação, historicamente, esteve vinculada a um modelo hegemônico que privilegia determinadas culturas em detrimento de outras. No Brasil, esse contexto se reflete na marginalização de saberes indígenas, afro-brasileiros e populares dentro do currículo escolar, o que reforça desigualdades e limita a construção de identidades plurais.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece diretrizes para garantir que a diversidade cultural seja reconhecida e valorizada no ambiente escolar (BRASIL, 2018). Entretanto, a implementação dessas diretrizes ainda enfrenta desafios, uma vez que a prática pedagógica nem sempre acompanha as mudanças propostas pelos documentos normativos. A formação dos professores, nesse sentido, torna-se um aspecto crucial para garantir que a escola cumpra seu papel na construção de identidades culturais diversas e inclusivas.
Boaventura de Sousa Santos et al. (2019) apontam que o currículo escolar tem sido historicamente um instrumento de colonização do conhecimento, silenciando epistemologias alternativas e reproduzindo perspectivas eurocêntricas. Para superar essa realidade, é necessário um esforço coletivo para uma mudança histórica do currículo, promovendo uma pedagogia intercultural que contemple múltiplas formas de conhecimento e valorize a identidade cultural dos estudantes.
Nóvoa (2021) argumenta que a formação docente precisa ser repensada para incluir discussões sobre cultura, identidade e diversidade. Segundo o autor, os professores não devem ser apenas transmissores de conteúdo, mas mediadores de processos identitários que possibilitem aos alunos reconhecerem-se como sujeitos de saber. Esse processo envolve a incorporação de práticas pedagógicas que dialoguem com a realidade dos estudantes, promovendo um ensino que seja significativo e socialmente contextualizado.
Gomes e Candau (2020) destacam que a interculturalidade é um conceito-chave para compreender a relação entre escola e identidade cultural. Segundo as autoras, a interculturalidade na educação exige uma postura crítica que vá além da mera inclusão de conteúdos sobre diversidade cultural, demandando uma ressignificação das práticas pedagógicas e das relações dentro do espaço escolar.
A escola deve ser um espaço de pertencimento, no qual os estudantes possam afirmar suas identidades sem medo de discriminação ou apagamento cultural. Oliveira et al. (2017) destacam que a relação entre cultura e educação não pode ser vista como algo secundário, mas sim como um elemento central na construção do conhecimento e na formação cidadã. A identidade cultural dos alunos deve ser fortalecida por meio de metodologias que permitam a expressão de diferentes vivências e saberes.
Paulo Freire (2016) reforça ao afirmar que a educação deve ser libertadora e dialógica, respeitando as histórias e as experiências dos educandos. Para o autor, a escola deve ser um ambiente no qual os sujeitos aprendam a se reconhecer como protagonistas de suas próprias histórias, o que só é possível quando suas identidades culturais são respeitadas e valorizadas.
A pesquisa de Carvalho e Souza (2019) enfatiza a importância do papel dos professores na construção das identidades dos alunos. Segundo as autoras, a experiência docente deve ser atravessada por reflexões sobre gênero, raça e classe, pois esses elementos influenciam diretamente as percepções que os estudantes têm sobre si mesmos e sobre o mundo ao seu redor.
Nesse contexto, Alves e Garcia (2022) ressaltam que a escola precisa ser ressignificada para se tornar um espaço verdadeiramente inclusivo. Para isso, é necessário um esforço coletivo para reformular o currículo, promover a formação contínua dos professores e criar ambientes que incentivem a participação ativa dos estudantes na construção do conhecimento.
Por fim, Ribeiro (2021) destaca que o debate sobre identidade cultural no ambiente escolar deve considerar a importância da escuta ativa e do lugar de fala dos estudantes. O reconhecimento das narrativas dos alunos e de suas experiências de vida é fundamental para que a escola cumpra seu papel como um espaço de construção e fortalecimento das identidades culturais.
A INFLUÊNCIA DO AMBIENTE ESCOLAR NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL
A identidade cultural dos estudantes é moldada por diversos fatores, sendo a escola um dos principais espaços de influência nesse processo. O ambiente escolar, compreendido como um espaço social e educativo, não apenas transmite conhecimentos formais, mas também influencia diretamente a forma como os alunos constroem suas percepções sobre si mesmos e sobre o mundo ao seu redor (Silva; Almeida, 2020). Dessa maneira, a escola pode atuar como um agente promotor da diversidade cultural, permitindo que os estudantes fortaleçam suas identidades a partir do reconhecimento e valorização de suas origens.
A estrutura escolar, desde sua organização espacial até a formação do currículo, impacta significativamente a construção identitária dos alunos. Segundo Santos et al. (2019), o currículo tradicionalmente adotado nas escolas brasileiras reflete uma perspectiva eurocêntrica, muitas vezes negligenciando saberes e culturas locais. Para que a escola cumpra seu papel de valorização da identidade cultural, é essencial que haja uma reestruturação curricular, incorporando elementos que representem a pluralidade da sociedade brasileira.
Outro aspecto relevante é a relação entre professores e alunos, que influencia diretamente o sentimento de pertencimento no ambiente escolar. De acordo com Nóvoa (2021), os docentes devem atuar como mediadores na construção da identidade cultural dos estudantes, incentivando o respeito às diferenças e promovendo uma pedagogia que reconheça a diversidade como um elemento enriquecedor da aprendizagem. Isso exige um olhar atento às realidades dos alunos, bem como o desenvolvimento de metodologias que permitam a expressão de suas vivências.
A BNCC (Brasil, 2018) reforça a importância do desenvolvimento de competências socioemocionais, ressaltando que a escola deve proporcionar um ambiente que estimule a valorização da cultura e da identidade dos estudantes. Nesse sentido, a implementação de projetos pedagógicos que contemplem a diversidade cultural pode ser uma estratégia eficaz para que os alunos se sintam representados e motivados no processo de ensino-aprendizagem.
As interações sociais estabelecidas dentro do ambiente escolar também desempenham um papel fundamental na construção da identidade cultural. Oliveira et al. (2017) afirmam que o contato entre diferentes grupos culturais dentro da escola pode contribuir para a formação de uma identidade híbrida, na qual os alunos aprendem a conviver com a diversidade e a ressignificar seus próprios referenciais culturais. Esse processo, no entanto, só se torna positivo quando há um ambiente de respeito e inclusão, evitando-se conflitos decorrentes da discriminação ou da imposição de uma cultura sobre as demais.
O papel da linguagem e da comunicação na escola também deve ser considerado na construção da identidade cultural. Freire (2016) destaca que a linguagem é um elemento essencial para a expressão identitária, e que o ensino deve permitir que os alunos utilizem suas formas de comunicação como parte do aprendizado. Nesse sentido, é importante que os professores estejam atentos à valorização das variações linguísticas e das expressões culturais presentes na comunidade escolar.
A arte e a cultura popular são outras ferramentas importantes para fortalecer a identidade cultural no ambiente escolar. A introdução de manifestações artísticas, como música, teatro, dança e literatura, pode contribuir para que os estudantes reconheçam e valorizem suas origens culturais. Essas atividades permitem uma maior conexão entre os conteúdos escolares e as experiências de vida dos alunos, tornando o aprendizado mais significativo. (Carvalho e Souza, 2019, p.4)
Outro ponto crucial é o combate à invisibilização de determinados grupos culturais dentro da escola. Ribeiro (2021) alerta que as instituições de ensino muitas vezes perpetuam a exclusão de grupos historicamente marginalizados, como indígenas, afrodescendentes e comunidades tradicionais. Para superar essa questão, é necessário que a escola promova iniciativas que deem voz a esses grupos, garantindo que suas histórias, conhecimentos e contribuições para a sociedade sejam reconhecidos e valorizados.
Além da atuação dos professores, a participação da comunidade escolar é essencial para fortalecer a identidade cultural dos alunos. Alves e Garcia (2022) destacam que a relação entre a escola e as famílias pode impactar diretamente a construção identitária dos estudantes. Quando há um envolvimento ativo da comunidade, a escola se torna um espaço de troca e diálogo, possibilitando que os alunos tragam suas referências culturais para o ambiente educacional de maneira mais significativa.
A tecnologia também pode ser utilizada como ferramenta para promover a valorização da identidade cultural no ambiente escolar. Nóvoa (2021) sugere que o uso de recursos digitais, como plataformas colaborativas e redes sociais, pode contribuir para a disseminação de conhecimentos culturais diversos, permitindo que os alunos compartilhem suas vivências e aprendam sobre diferentes perspectivas. Dessa forma, a escola pode utilizar a tecnologia como um meio de ampliação do repertório cultural dos estudantes.
A identidade cultural dos alunos não deve ser vista como um elemento isolado, mas como parte integrante do processo educativo. A escola precisa reconhecer que cada estudante carrega consigo uma bagagem cultural única, e que essa diversidade deve ser respeitada e incorporada ao ensino. Somente por meio da valorização da identidade cultural é possível garantir uma educação verdadeiramente inclusiva, que permita aos alunos se reconhecerem como protagonistas do seu próprio processo de aprendizagem. (Gomes e Candau, 2020, p13)
Dessa maneira, a escola tem um papel central na formação da identidade cultural dos estudantes e deve atuar ativamente na promoção de um ambiente que respeite e valorize a diversidade. Isso envolve mudanças no currículo, capacitação docente, uso de metodologias inovadoras e participação ativa da comunidade escolar. Ao fortalecer a identidade cultural dos alunos, a escola contribui não apenas para seu desenvolvimento pessoal, mas também para a construção de uma sociedade mais plural, justa e democrática.
O PAPEL DO PROFESSOR NA VALORIZAÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL
O professor é um agente central no processo de construção da identidade cultural dos estudantes. Sua atuação pode contribuir para a valorização da diversidade ou, ao contrário, reforçar processos de invisibilização e exclusão. Para que a escola seja um espaço de reconhecimento e fortalecimento das identidades culturais, é essencial que os educadores compreendam a importância do seu papel e desenvolvam práticas pedagógicas que promovam a inclusão e o respeito à diversidade (Silva; Almeida, 2020).
Segundo Nóvoa (2021), a formação docente deve incluir reflexões sobre identidade cultural e diversidade, pois o professor precisa estar preparado para lidar com diferentes realidades dentro da sala de aula. Para isso, é necessário que as licenciaturas e os cursos de formação continuada abordem de forma mais aprofundada as relações entre educação e cultura.
Freire (2016) enfatiza a necessidade de uma pedagogia dialógica, na qual o professor atue como um mediador do conhecimento, e não como um mero transmissor de conteúdos. A identidade dos alunos deve ser levada em consideração no processo educativo, pois só assim a aprendizagem poderá ser significativa e transformadora.
Boaventura de Sousa Santos et al. (2019) defendem que a atuação docente deve estar alinhada com uma pedagogia intercultural, que permita aos alunos compreenderem e valorizarem diferentes formas de conhecimento. Para isso, é necessário romper com modelos tradicionais de ensino e buscar metodologias que incentivem o diálogo e a construção coletiva do saber.
Gomes e Candau (2020) destacam que a prática pedagógica deve considerar a diversidade cultural como um elemento estruturante do currículo. Isso significa que o professor precisa utilizar estratégias didáticas que permitam a valorização das experiências e dos saberes dos alunos, promovendo um ambiente de aprendizagem que respeite suas identidades.
Carvalho e Souza (2019) ressaltam que as questões de gênero, raça e etnia devem ser abordadas de maneira transversal no ensino. A construção da identidade cultural dos estudantes está diretamente relacionada a essas questões, e o professor precisa estar atento para evitar a reprodução de estereótipos e preconceitos dentro da sala de aula.
A BNCC (BRASIL, 2018) reforça a necessidade de uma educação que valorize a diversidade cultural, estabelecendo diretrizes para a inclusão de conteúdos que contemplem as múltiplas identidades presentes na sociedade brasileira. No entanto, para que essas diretrizes sejam efetivadas, é fundamental que os professores tenham acesso a formação adequada e a materiais pedagógicos que os auxiliem nesse processo.
Dessa forma, a valorização da identidade cultural no ambiente escolar depende diretamente da atuação docente. Para que a escola cumpra seu papel social de formação cidadã e crítica, os professores precisam estar preparados para mediar os processos identitários e garantir que todos os alunos se sintam representados e respeitados no espaço escolar.
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA A PROMOÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL NO AMBIENTE ESCOLAR
A valorização da identidade cultural no ambiente escolar depende de práticas pedagógicas que possibilitem a expressão das múltiplas vivências e saberes dos alunos. A escola, como espaço de construção identitária, deve oferecer metodologias de ensino que incentivem o protagonismo discente, permitindo que os estudantes se reconheçam como agentes ativos de sua formação (Silva; Almeida, 2020). Assim, é essencial que os professores desenvolvam estratégias didáticas que promovam a inclusão e a valorização da diversidade cultural.
De acordo com Santos et al. (2019), um dos desafios para a implementação de práticas pedagógicas interculturais é a persistência de um currículo eurocêntrico, que privilegia determinadas formas de conhecimento em detrimento de outras. Para romper com esse paradigma, é necessário adotar metodologias que contemplem saberes de diferentes matrizes culturais, ampliando as possibilidades de aprendizado e estimulando o respeito à diversidade.
A BNCC (Brasil, 2018) reforça a importância da interdisciplinaridade como uma estratégia para integrar a identidade cultural dos alunos ao currículo escolar. A abordagem interdisciplinar possibilita conexões entre diferentes áreas do conhecimento, promovendo uma educação mais contextualizada e significativa. Ao utilizar essa estratégia, os professores podem trabalhar temas como história, cultura, diversidade e cidadania de maneira integrada.
Freire (2016) destaca que a pedagogia da autonomia deve ser um princípio norteador das práticas pedagógicas, permitindo que os estudantes se reconheçam como sujeitos do conhecimento. Para o autor, a educação não pode ser reduzida a um processo de transmissão de conteúdos, mas deve ser dialógica, favorecendo o reconhecimento e a valorização das experiências culturais dos alunos.
Nóvoa (2021) enfatiza que a formação docente deve incluir o desenvolvimento de metodologias que incentivem a expressão cultural dos estudantes. Para isso, é necessário que os professores sejam estimulados a utilizar recursos pedagógicos variados, como projetos interdisciplinares, narrativas orais, produções artísticas e tecnologias digitais, que possibilitem a construção de identidades culturais no espaço escolar.
Uma prática pedagógica eficaz para promover a identidade cultural é o uso da metodologia de projetos. Segundo Alves e Garcia (2022), essa abordagem permite que os alunos pesquisem e apresentem suas próprias experiências e histórias, valorizando suas origens e promovendo um ambiente de respeito e troca de conhecimentos. Projetos que envolvam cultura popular, narrativas comunitárias e história local são estratégias que favorecem o reconhecimento da identidade cultural dos estudantes.
A valorização da identidade cultural na escola também pode ser promovida por meio da literatura e das artes. Carvalho e Souza (2019) argumentam que a inserção de obras literárias de autores negros, indígenas e de outras minorias contribui para a ampliação do repertório cultural dos alunos e fortalece o sentimento de pertencimento. O mesmo vale para atividades que envolvam teatro, música e artes visuais, pois essas linguagens possibilitam a expressão das múltiplas identidades presentes na sala de aula.
Outra estratégia importante para a valorização da identidade cultural é o uso de metodologias ativas no ensino. Segundo Gomes e Candau (2020), metodologias como a aprendizagem baseada em problemas (PBL) e a sala de aula invertida possibilitam que os alunos sejam protagonistas do próprio aprendizado, desenvolvendo autonomia e senso crítico sobre sua identidade cultural. Essas metodologias incentivam a pesquisa e o debate, promovendo o diálogo intercultural dentro do ambiente escolar.
Oliveira et al. (2017) destacam que o ambiente escolar precisa ser um espaço de reconhecimento das diferentes trajetórias de vida dos estudantes. Para isso, a escola deve adotar práticas inclusivas que levem em consideração as realidades sociais, econômicas e culturais dos alunos, garantindo que todos se sintam pertencentes ao espaço escolar.
Santos et al. (2019) defendem que a escola deve ser um território de luta contra a invisibilização cultural, promovendo ações afirmativas que fortaleçam a identidade dos alunos. Uma das formas de garantir essa valorização é a implementação de políticas institucionais, como a criação de espaços de memória e a inclusão de datas comemorativas que celebrem a diversidade cultural no calendário escolar.
A escuta ativa é outra ferramenta essencial para a valorização da identidade cultural. Ribeiro (2021) afirma que os professores devem criar espaços de diálogo nos quais os alunos possam compartilhar suas experiências, histórias e percepções sobre suas próprias identidades. Dessa forma, a escola se torna um ambiente de reconhecimento e respeito às diferenças.
Além disso, o uso de tecnologias educacionais pode ser um recurso importante para potencializar a valorização da identidade cultural. Nóvoa (2021) argumenta que as ferramentas digitais possibilitam o acesso a diferentes narrativas e perspectivas culturais, permitindo que os alunos conheçam histórias e experiências diversas. Recursos como podcasts, vídeos e plataformas colaborativas podem ser utilizados para ampliar o debate sobre identidade cultural no ambiente escolar.
Os desafios para a implementação dessas práticas pedagógicas, no entanto, ainda são significativos. Segundo Alves e Garcia (2022), a resistência a mudanças no currículo e a falta de formação específica dos professores dificultam a inserção da identidade cultural como um eixo central do ensino. Para superar essas barreiras, é necessário um compromisso institucional das redes de ensino e políticas públicas que incentivem práticas pedagógicas inclusivas.
A construção da identidade cultural dos alunos não pode ser vista como um aspecto secundário da educação, mas como um elemento estruturante da formação cidadã. Freire (2016) reforça que a escola deve ser um espaço de emancipação, no qual os alunos aprendam a valorizar sua cultura e a respeitar as diferenças. Essa perspectiva exige um olhar pedagógico que vá além da simples transmissão de conteúdos, estimulando a reflexão e o protagonismo estudantil.
Por fim, promover práticas pedagógicas que valorizem a identidade cultural dos alunos contribui para a formação de uma sociedade mais inclusiva e democrática. A escola tem um papel fundamental nesse processo, e cabe aos professores e gestores educacionais a responsabilidade de construir um ambiente de ensino que respeite, valorize e fortaleça as múltiplas identidades presentes na sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo analisou o papel da escola como espaço de construção da identidade cultural, destacando a importância do professor na valorização da diversidade e na promoção de um ambiente educacional inclusivo. Ao longo da pesquisa, verificou-se que a escola não é apenas um local de transmissão de conhecimentos, mas um território onde identidades são formadas, ressignificadas e fortalecidas. A partir da revisão teórica, constatou-se que a valorização das diferentes culturas no ambiente escolar contribui para o desenvolvimento da autoestima dos alunos e para a construção de uma sociedade mais democrática e plural.
Diante dos desafios identificados, como a resistência à reformulação curricular e a falta de formação docente voltada para a interculturalidade, destaca-se a necessidade de investir em práticas pedagógicas que favoreçam o reconhecimento das múltiplas identidades presentes na escola. A formação docente contínua e a reformulação de estratégias didáticas são elementos essenciais para a superação dessas barreiras, garantindo que o ensino se torne um espaço de reconhecimento e respeito à diversidade cultural. Além disso, é fundamental ampliar o uso de metodologias interdisciplinares e tecnologias educacionais que incentivem a expressão e valorização das identidades culturais dos estudantes.
Por fim, este estudo contribui para a reflexão sobre a relação entre escola, identidade cultural e prática docente, abrindo espaço para novas investigações sobre o impacto das políticas públicas na promoção da diversidade no ambiente escolar. Recomenda-se que futuras pesquisas explorem a aplicação de metodologias inovadoras e estudem o impacto dessas estratégias na construção identitária dos alunos. Assim, reforça-se a importância de um ensino que valorize a diversidade como elemento central na formação cidadã.
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