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Resumo
INTRODUÇÃO
A Educação Física assume um papel crucial no desenvolvimento integral das crianças, notadamente para aquelas com transtornos do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Diante da crescente prevalência de tais transtornos em cenários educacionais, compreender e maximizar os benefícios das atividades físicas adaptadas torna-se fundamental. Estudos recentes no Brasil têm iluminado como essas atividades influenciam positivamente tanto a capacidade motora quanto cognitiva dessas crianças. Por exemplo, a pesquisa de Carvalho et al. (2022) evidencia melhorias substanciais na qualidade de vida de indivíduos com TEA, através de práticas regulares de atividades físicas que promovem bem-estar biopsicossocial.
Em um contexto prático, Pereira e Almeida (2017) exploraram os efeitos da natação em crianças autistas, observando avanços significativos em habilidades motoras, que são essenciais para o desenvolvimento infantil. Adicionalmente, Santos (2023) salienta a importância de estratégias eficazes que aumentem a participação dessas crianças em atividades físicas, apontando para a necessidade de investigações que orientem a implementação dessas práticas no Brasil.
A inclusão da Educação Física no currículo escolar de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento não apenas abre um leque de possibilidades para melhorias em suas habilidades sociais e cognitivas, mas também desafia educadores e políticas públicas a repensarem abordagens pedagógicas. Diante desse cenário, o presente estudo se orienta por perguntas norteadoras específicas: Como as intervenções de Educação Física podem ser especificamente adaptadas para crianças com diferentes tipos de transtornos do neurodesenvolvimento? Quais são os impactos a longo prazo dessas atividades na cognição e desenvolvimento motor? Como a colaboração entre educadores físicos e profissionais de saúde pode otimizar esses benefícios?
Este estudo visa avaliar a eficácia de diversas abordagens de atividades físicas adaptadas, examinar seus efeitos no desenvolvimento cognitivo e comportamental das crianças e propor diretrizes para práticas colaborativas e interdisciplinares entre educadores e profissionais da saúde.
Este estudo é conduzido como uma revisão bibliográfica, empregando uma metodologia interdisciplinar que combina abordagens qualitativas e quantitativas para analisar de maneira integral os efeitos das práticas de Educação Física adaptadas a crianças com transtornos do neurodesenvolvimento. A pesquisa se baseará na compilação e análise de dados secundários disponíveis em literatura acadêmica, incluindo artigos de periódicos, livros e relatórios de conferências que discutem as intervenções de Educação Física e seus impactos no desenvolvimento motor e cognitivo dessas crianças.
A revisão sistemática da literatura permitirá identificar, avaliar e sintetizar as pesquisas existentes, oferecendo um panorama atualizado e detalhado sobre o tema. Especificamente, serão examinadas as estratégias de intervenção que têm sido eficazes, bem como aquelas que requerem mais investigação. O estudo focou na identificação de lacunas no conhecimento atual e na sugestão de diretrizes para futuras pesquisas e práticas educacionais. Este processo envolve a seleção criteriosa de estudos relevantes e a análise crítica de seus conteúdos, metodologias e conclusões.
Essa abordagem metodológica é essencial para garantir que o programa desenvolvido seja inclusivo e eficaz, criando um ambiente estimulante e adaptado que atenda às necessidades específicas dessas crianças. O enfoque interdisciplinar adotado neste estudo é crucial para o desenvolvimento de intervenções que não apenas sejam eficazes a curto prazo, mas também sustentáveis a longo prazo, promovendo a integração social e o desenvolvimento integral das crianças envolvidas.
REVISÃO DE LITERATURA
IMPACTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR E COGNITIVO
A Educação Física escolar desempenha um papel essencial no desenvolvimento motor e cognitivo das crianças, influenciando positivamente suas habilidades físicas e funções cognitivas. Diversos estudos recentes destacam a importância das práticas físicas estruturadas, não apenas para o aprimoramento das competências motoras, mas também para a melhoria do desempenho cognitivo. O referencial teórico a seguir explora três áreas principais do impacto da Educação Física: o desenvolvimento motor, os efeitos cognitivos das atividades físicas e a interação entre esses dois aspectos.
A prática regular de atividades físicas no ambiente escolar é fundamental para o desenvolvimento motor das crianças. Segundo Maciel et al. (2023), a Educação Física escolar tem um impacto significativo no aprimoramento das habilidades motoras fundamentais, como coordenação, equilíbrio e agilidade. Além disso, a atividade física regular ajuda a combater o sedentarismo, promovendo um estilo de vida ativo e saudável desde a infância. Os programas de Educação Física que envolvem atividades variadas, como jogos, danças e esportes, são eficazes na melhoria do controle motor e na promoção do desenvolvimento físico geral (Santos & Almeida, 2022).
Estudo realizado por Silva et al. (2024) também reforça que a prática de atividades físicas desde a infância pode melhorar a habilidade de controle postural e aumentar a resistência física, aspectos essenciais para o desenvolvimento de competências motoras e para a participação em atividades cotidianas. Além disso, esses benefícios têm implicações para o desenvolvimento social e acadêmico das crianças, pois a melhoria das habilidades motoras também está associada ao aumento da autoconfiança e da autoestima.
Além dos benefícios motores, a Educação Física também desempenha um papel crucial no desenvolvimento cognitivo das crianças. De acordo com Oliveira e Costa (2023), a inclusão de atividades físicas no currículo escolar contribui para o desenvolvimento de funções cognitivas essenciais, como memória de trabalho, atenção e processamento de informações. A prática regular de atividades físicas aumenta a circulação sanguínea e a oxigenação do cérebro, o que pode resultar em melhorias na concentração e no desempenho em tarefas cognitivas (Carvalho et al., 2022).
Estudos também sugerem que a prática de esportes e exercícios físicos pode melhorar o desempenho acadêmico, principalmente em áreas como matemática e leitura. Segundo Vieira e Souza (2024), crianças que participam regularmente de atividades físicas estruturadas apresentam melhor desempenho em testes cognitivos, o que reforça a ideia de que o exercício físico regular é uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento intelectual.
A interação entre o desenvolvimento motor e cognitivo é um tema amplamente discutido nas pesquisas recentes. Segundo Araújo et al. (2023), o movimento não apenas promove o desenvolvimento motor, mas também facilita o processo de aprendizagem. A Educação Física que integra aspectos lúdicos e esportivos oferece aos alunos oportunidades para desenvolver tanto habilidades motoras quanto cognitivas. Atividades como jogos, esportes coletivos e danças estimulam processos cognitivos como resolução de problemas, tomada de decisões e raciocínio lógico (Silva et al., 2022).
Além disso, atividades físicas em grupo também promovem o desenvolvimento de habilidades sociais, como colaboração, comunicação e trabalho em equipe, que são cruciais para o aprendizado e integração social das crianças (Lima & Costa, 2024). Essa interação entre as competências motoras e cognitivas sugere que a Educação Física pode ter um impacto positivo em várias dimensões do desenvolvimento infantil, contribuindo para o crescimento físico, intelectual e social dos alunos.
A Educação Física escolar exerce uma influência importante no desenvolvimento motor e cognitivo das crianças. As evidências demonstram que as práticas físicas estruturadas não apenas aprimoram as habilidades motoras, mas também promovem melhorias nas funções cognitivas, com impacto positivo no desempenho acadêmico. Portanto, é essencial que escolas e educadores reconheçam e integrem a Educação Física no currículo escolar como um componente fundamental para o desenvolvimento integral dos alunos.
ESTRATÉGIAS EFETIVAS DE INTERVENÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
A ampliação do número e da duração das aulas de Educação Física tem se mostrado eficaz na promoção de hábitos saudáveis e na redução de comportamentos sedentários. Um estudo realizado por Silva et al. (2022) evidenciou que a oferta de aulas extras contribui significativamente para a diminuição do tempo dedicado a atividades sedentárias entre adolescentes. A pesquisa revelou que a intervenção que combinou aumento de aulas e capacitação de professores reduziu o tempo sedentário dos meninos em 61,5 minutos e das meninas em 34,8 minutos diários.
Investir na capacitação contínua dos professores é fundamental para a implementação de práticas pedagógicas inovadoras e motivadoras. A formação adequada permite que os docentes adotem metodologias que atendam às necessidades e interesses dos alunos, promovendo um ambiente de aprendizagem mais eficaz. No estudo mencionado, ações de treinamento e engajamento para professores resultaram em significativa redução do tempo sedentário dos estudantes, mediada pela diminuição da motivação para as aulas de Educação Física.
A utilização de jogos e atividades lúdicas nas aulas de Educação Física favorece o desenvolvimento motor, social e cognitivo dos alunos. Essas atividades estimulam a cooperação, a resolução de problemas e a tomada de decisões, além de promoverem a inclusão e o engajamento de todos os estudantes. Segundo pesquisa de Oliveira e Souza (2023), a introdução de jogos cooperativos nas aulas resultou em aumento significativo na participação dos alunos e melhoria no clima escolar.
A incorporação de tecnologias digitais nas aulas de Educação Física pode enriquecer o processo de ensino-aprendizagem, tornando-o mais dinâmico e interativo. Ferramentas como aplicativos de monitoramento de atividades físicas, vídeos instrutivos e plataformas de gamificação auxiliam na personalização do ensino e no acompanhamento do progresso dos alunos. Estudo de Almeida e Costa (2024) demonstrou que o uso de tecnologias digitais aumentou o interesse dos alunos pelas atividades físicas e contribuiu para a melhoria do desempenho acadêmico.
A implementação de programas estruturados de atividade física durante o horário escolar complementa as aulas de Educação Física e incentiva a prática regular de exercícios. Esses programas podem incluir atividades como caminhadas, corridas e circuitos de exercícios, adaptados às diferentes faixas etárias e capacidades físicas. A pesquisa de Oliveira et al. (2022) evidenciou que a oferta de atividades físicas adicionais durante o recreio escolar aumentou a adesão dos alunos à prática regular de exercícios e contribuiu para a melhoria da saúde geral.
A adoção de estratégias como o aumento da carga horária das aulas de Educação Física, a formação contínua de professores, a implementação de atividades lúdicas, o uso de tecnologias digitais e a promoção de programas de atividade física durante o período escolar são fundamentais para a efetividade das intervenções nessa área. Essas abordagens, quando aplicadas de forma integrada e adaptada às necessidades dos alunos, contribuem para a formação de indivíduos mais ativos, saudáveis e socialmente engajados.
COLABORAÇÃO MULTIDISCIPLINAR PARA OTIMIZAÇÃO DAS INTERVENÇÕES
A colaboração multidisciplinar tem se mostrado essencial na otimização das intervenções educacionais, promovendo ambientes de aprendizagem mais inclusivos e adaptados às necessidades dos estudantes. Este referencial teórico aborda três subtópicos fundamentais: a importância das equipes multiprofissionais nas escolas, estratégias de intervenção colaborativa e os desafios e perspectivas da colaboração interprofissional.
As equipes multiprofissionais, compostas por profissionais de diversas áreas, desempenham um papel crucial no suporte ao processo educativo, especialmente no atendimento a alunos com necessidades específicas. De acordo com Assunção e Freitas (2019), a colaboração entre educadores e psicólogos escolares é fundamental para identificar e intervir nas dificuldades de aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento integral dos estudantes.
Além disso, a atuação de equipes multiprofissionais no contexto da educação especial é destacada por sua capacidade de promover o desenvolvimento de crianças e adolescentes com deficiências. Trabalhando de forma cooperativa, esses profissionais de diferentes áreas colaboram para a inclusão efetiva desses alunos no ambiente escolar.
Para que a colaboração multiprofissional seja eficaz, é fundamental a implementação de estratégias de intervenção que integrem diferentes áreas do conhecimento. Uma abordagem relevante é a consultoria colaborativa como estratégia pedagógica para formação continuada de professores que atuam com estudantes com deficiência intelectual. Lago e Tartuci (2020) ressaltam que essa prática promove a cooperação e a troca de informações entre professores, enriquecendo o processo de ensino-aprendizagem.
Outra estratégia eficaz é o trabalho colaborativo entre professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e docentes do ensino regular. Essa parceria visa construir coletivamente práticas voltadas à inclusão e à educação de qualidade, assegurando aos alunos com necessidades educacionais específicas a participação plena nas atividades escolares.
Apesar dos benefícios, a colaboração interprofissional enfrenta desafios significativos, como a necessidade de comunicação eficaz entre os profissionais e a superação de barreiras disciplinares. No contexto da educação especial, por exemplo, a atuação de uma equipe interprofissional é essencial para o acompanhamento dos estudantes, enfrentando desafios como a necessidade de estratégias específicas para garantir a permanência e o êxito dos alunos.
Além disso, a inserção profissional de pedagogos que atuam com a multidisciplinaridade nos anos iniciais do ensino fundamental requer a mobilização de diversos saberes profissionais. Esses docentes enfrentam o desafio de integrar diferentes áreas do conhecimento em sua prática pedagógica, visando atender às especificidades da docência multidisciplinar.
A colaboração multiprofissional apresenta-se como uma abordagem promissora para a otimização das intervenções educacionais, promovendo um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e adaptado às necessidades dos alunos. Para que essa colaboração seja eficaz, é fundamental a implementação de estratégias de intervenção integradas e a superação dos desafios inerentes ao trabalho interprofissional. Assim, é possível construir uma educação mais equitativa e de qualidade para todos.
METODOLOGIA
A metodologia adotada neste estudo baseia-se em uma abordagem qualitativa e quantitativa, estruturada como uma revisão bibliográfica sistemática. O objetivo é compreender de forma aprofundada o impacto da Educação Física adaptada no desenvolvimento motor e cognitivo de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento, analisando estratégias pedagógicas, desafios enfrentados e os benefícios que essas práticas podem oferecer no contexto escolar. A escolha desse método justifica-se pela necessidade de reunir e interpretar dados já existentes sobre o tema, oferecendo uma visão abrangente e fundamentada.
A pesquisa foi conduzida por meio da seleção criteriosa de artigos científicos publicados entre 2022 e 2025, garantindo que as informações utilizadas estejam atualizadas e alinhadas ao estado da arte da área. As fontes de dados incluem bases indexadas reconhecidas, como SciELO, PubMed, Web of Science, CAPES Periódicos e Google Acadêmico, assegurando a credibilidade dos achados. Para a busca dos estudos, foram utilizados descritores específicos relacionados ao tema, como Educação Física Adaptada, Transtornos do Neurodesenvolvimento, Desenvolvimento Motor, Desenvolvimento Cognitivo, Inclusão Escolar e Intervenção Interdisciplinar, garantindo que apenas pesquisas relevantes fossem incluídas na análise.
A seleção dos estudos seguiu critérios rigorosos de inclusão, priorizando pesquisas que abordassem de maneira empírica a relação entre a prática da Educação Física e os impactos no desenvolvimento infantil. Foram excluídos artigos que não apresentavam metodologia clara, dados empíricos ou que não estavam diretamente relacionados ao escopo da pesquisa. Após a coleta, os dados foram organizados e submetidos a uma análise criteriosa, seguindo as diretrizes da análise de conteúdo proposta por Bardin (2023). Essa abordagem permitiu a identificação de padrões, recorrências e divergências nas pesquisas existentes, possibilitando uma síntese estruturada dos principais achados.
Os resultados foram organizados a partir da leitura crítica dos artigos, buscando compreender como a Educação Física adaptada pode contribuir para a evolução das habilidades motoras e cognitivas das crianças com transtornos do neurodesenvolvimento. Além disso, foram analisadas as estratégias de intervenção mais eficazes e os desafios enfrentados pelos educadores na implementação dessas práticas no ambiente escolar. A ênfase na interdisciplinaridade também se fez presente, considerando a importância da colaboração entre professores, profissionais da saúde e terapeutas no desenvolvimento de abordagens mais eficazes para esse público.
Por tratar-se de uma revisão bibliográfica, o estudo não envolveu a participação direta de seres humanos, o que dispensa a necessidade de aprovação por Comitês de Ética. No entanto, todos os estudos analisados respeitam as diretrizes éticas estabelecidas em normas nacionais e internacionais, como as recomendações da ABNT e da American Psychological Association (APA). Dessa forma, a metodologia adotada permite uma visão ampla e detalhada sobre a relevância da Educação Física adaptada para crianças com transtornos do neurodesenvolvimento, oferecendo subsídios para futuras pesquisas e para a formulação de políticas educacionais mais inclusivas e eficazes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos estudos revisados permitiu identificar tendências significativas no impacto da Educação Física sobre o desenvolvimento motor e cognitivo de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento. Os dados demonstram que a prática regular de atividades físicas adaptadas influencia positivamente aspectos motores, cognitivos e sociais, reafirmando a necessidade de intervenções direcionadas e bem estruturadas.
Os estudos analisados corroboram que a Educação Física desempenha um papel fundamental no desenvolvimento motor de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento. Maciel et al. (2023) destacam que programas de atividades físicas estruturadas promovem melhorias na coordenação motora, no equilíbrio e na agilidade, fatores essenciais para a mobilidade e autonomia das crianças. Além disso, Silva et al. (2024) reforçam que práticas regulares contribuem para o controle postural e a resistência física, facilitando a participação nas atividades diárias e escolares.
No âmbito cognitivo, Oliveira e Costa (2023) evidenciam que a inclusão de atividades físicas no cotidiano escolar estimula funções cerebrais essenciais, como memória, atenção e processamento de informações. A pesquisa de Carvalho et al. (2022) corrobora essa ideia, demonstrando que a circulação sanguínea e a oxigenação cerebral aumentadas devido à prática esportiva resultam em melhor concentração e desempenho acadêmico. Ademais, Vieira e Souza (2024) apontam que crianças envolvidas regularmente em atividades físicas apresentam melhor desempenho em testes cognitivos, especialmente em matemática e leitura.
As estratégias de intervenção analisadas nesta pesquisa indicam a necessidade de programas estruturados e inclusivos. Silva et al. (2022) evidenciaram que a ampliação da carga horária de Educação Física reduziu significativamente os comportamentos sedentários, especialmente entre adolescentes, contribuindo para uma rotina mais ativa e saudável. Além disso, Oliveira e Souza (2023) destacaram o impacto positivo da utilização de jogos cooperativos, que estimulam habilidades sociais, promovem engajamento e melhoram o clima escolar.
A incorporação de tecnologias digitais também se revelou uma ferramenta eficaz. Segundo Almeida e Costa (2024), aplicativos de monitoramento de atividades físicas, recursos de gamificação e materiais audiovisuais dinamizam as aulas e aumentam o interesse dos alunos. A oferta de atividades físicas complementares no ambiente escolar também demonstrou efeitos positivos, conforme apontado por Oliveira et al. (2022), que relataram maior adesão dos alunos a práticas regulares de exercícios quando essas atividades foram introduzidas nos recreios e intervalos escolares.
A efetividade das intervenções na Educação Física para crianças com transtornos do neurodesenvolvimento também está diretamente relacionada à colaboração entre profissionais da educação e da saúde. Estudos como os de Assunção e Freitas (2019) ressaltam a importância da parceria entre educadores físicos, psicólogos e terapeutas ocupacionais na criação de abordagens inclusivas e personalizadas.
No entanto, desafios persistem, como apontado por Lago e Tartuci (2020), que indicam a falta de formação específica de professores para trabalhar com crianças com transtornos do neurodesenvolvimento e a dificuldade na comunicação entre diferentes profissionais. A pesquisa de Souza e Oliveira (2022) enfatiza a necessidade de um planejamento interprofissional estruturado, que alinhe objetivos pedagógicos e terapêuticos, garantindo maior eficácia nas intervenções e no impacto positivo para os alunos.
Os resultados desta pesquisa confirmam que a Educação Física adaptada desempenha um papel central no desenvolvimento motor, cognitivo e social de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento. As evidências sugerem que intervenções estruturadas, uso de metodologias inovadoras e colaboração interprofissional são elementos essenciais para otimizar os benefícios dessas práticas.
Recomenda-se que futuras pesquisas explorem a implementação de novas estratégias interdisciplinares, bem como a formação continuada dos profissionais envolvidos. Dessa forma, é possível ampliar as oportunidades de aprendizado e inclusão para essas crianças, garantindo um ambiente escolar mais adaptado às suas necessidades específicas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo reafirma a relevância da Educação Física adaptada no desenvolvimento motor, cognitivo e social de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento. A revisão da literatura permitiu identificar os principais avanços nas pesquisas sobre a relação entre atividade física e melhorias no desempenho motor e cognitivo, bem como os desafios enfrentados na implementação de programas inclusivos nas escolas. Além disso, evidenciou-se que a prática de atividades físicas pode ter um impacto positivo no desenvolvimento emocional dessas crianças, promovendo maior autonomia e autoestima.
Os achados confirmam que a prática regular de atividades físicas adaptadas promove melhorias significativas na coordenação motora, na atenção e no processamento de informações, contribuindo para o bem-estar geral das crianças com transtornos do neurodesenvolvimento. Essas melhorias não apenas favorecem o desempenho escolar, mas também proporcionam avanços em habilidades socioemocionais, como a cooperação e o respeito às regras. Ademais, evidencia-se a necessidade de capacitação contínua dos professores de Educação Física e da colaboração entre profissionais da educação e da saúde, garantindo a efetividade das intervenções e a adaptação das atividades às necessidades específicas de cada criança.
Dentre os desafios apontados, destaca-se a falta de infraestrutura e de políticas educacionais que incentivem a inclusão e a adoção de metodologias inovadoras. A interdisciplinaridade e o envolvimento das famílias também surgem como fatores determinantes para a otimização dos benefícios das atividades físicas para esses estudantes. Além disso, há a necessidade de um olhar mais atento à adaptação curricular, garantindo que as atividades propostas sejam acessíveis e estimulantes para todas as crianças, independentemente de suas limitações motoras ou cognitivas.
Com base nessas considerações, recomenda-se a ampliação de pesquisas empíricas que avaliem longitudinalmente os impactos das práticas de Educação Física adaptada, bem como a formulação de diretrizes pedagógicas que contemplem abordagens inclusivas e integradas. É essencial que as futuras investigações explorem não apenas os benefícios físicos e cognitivos, mas também os impactos emocionais e sociais dessas práticas. Dessa forma, é possível consolidar a Educação Física como um eixo estruturante para o desenvolvimento integral de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento, garantindo maior qualidade de vida, inclusão no contexto escolar e social e uma participação mais ativa em atividades recreativas e esportivas dentro e fora do ambiente escolar.
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