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Resumo
INTRODUÇÃO
A inclusão escolar de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido um dos grandes desafios da educação contemporânea. Nesse contexto, a compreensão dos sintomas bem como a formação docente desempenham um papel crucial para garantir práticas pedagógicas eficazes, que promovam a aprendizagem e o desenvolvimento desses estudantes no ambiente escolar. A educação especial, pautada nas necessidades do autista, exige que os professores possuam conhecimentos específicos sobre o TEA, compreendam as particularidades desse transtorno e adotem estratégias adequadas para atender às necessidades educacionais individuais.
No entanto, diversos desafios permeiam esse processo, desde a falta de formação inicial e continuada até a ausência de recursos e suporte adequado dentro das escolas. Além de dificuldades em lidar com as demandas pedagógicas e comportamentais dos alunos com TEA, torna-se evidente a necessidade de capacitações que aliem teoria e prática, proporcionando um ensino mais acessível e inclusivo.
Dessa forma, este artigo tem como objetivo discutir a importância da formação docente voltada para a educação especial, analisando as dificuldades enfrentadas pelos professores, que lidam com alunos com autismo. A partir de uma abordagem teórica e de estudos recentes sobre o tema, pretende-se contribuir para a reflexão sobre políticas educacionais e práticas formativas que possibilitem uma inclusão efetiva e de qualidade no contexto escolar.
O CAMINHO PARA A DOCÊNCIA DO TEA
O TEA é um transtorno neurobiológico que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento, em decorrência desse distúrbio a comunicação na fase inicial da vida e a interação com as demais crianças, passa a ser uma prática dificultosa, e diferente das demais crianças, segundo discorre Netto:
Desde 2013, o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA), apresentado pelo DSM-5, tem sido empregado. O autismo é concebido como um distúrbio do neurodesenvolvimento que se manifesta durante o segundo ano de vida (12 a 24 meses), embora os sintomas possam aparecer antes dos 12 meses de idade, conforme a gravidade dos atrasos. O transtorno é caracterizado pelos prejuízos persistentes na sociocomunicação e na presença de padrões restritos e repetitivos de comportamentos, de interesses e de atividades, sintomas que em conjunto restringem ou dificultam o funcionamento cotidiano da pessoa (DSM-V, APA, 2014). A incidência prossegue em quatro vezes mais no sexo masculino do que no feminino.(Netto, p.22, 2017).
Esses sintomas, aparecem de forma acentuada nas crianças com TEA, estes sintomas, podem trazer muitos transtornos durante a sua jornada escolar, principalmente porque o TEA, torna difícil a comunicação e por conseguinte a interação social, nesta linha discorre melhor Almeida et. al:
A interação social ocorre de forma atípica, há pouca resposta ao outro, principalmente com o contato visual, e a aproximação, muitas vezes, na tentativa de interagir, ocorre de forma inapropriada ou inadequada. Em determinadas situações sociais, como no recreio escolar ou no refeitório, é um desafio manter a reciprocidade e há uma dificuldade em entender as regras sociais e interpretá-las. A marca do TEA é o déficit na comunicação não verbal que varia desde a total falta de expressão facial até a inexistência da integração da comunicação gestual (contato visual, sorriso, apontar, acenar com a cabeça, mandar beijo, dar de ombros) com a comunicação verbal 3,4. A linguagem receptiva, geralmente, é menos comprometida do que a linguagem expressiva em crianças altamente verbais com TEA.A falta do brincar lúdico ou uma brincadeira com roteiro repetitivo é uma característica típica das crianças com TEA. A relação de amizade é um desafio e, quando ocorre, é usualmente por algum interesse específico de compartilhamento.(Almeida et.al, P.02, 2018)
Contudo, essas barreiras, enfrentadas pelos indivíduos com TEA, não os tornam incapazes de terem uma boa educação, é preciso conhecer mais sobre essas diversidades, para formar docentes capazes de identificar e agir no momento oportuno, sendo assim, explica Netto:
Para alguns pesquisadores, apesar de haver barreiras provenientes do transtorno, quanto mais precocemente a criança for submetida à intervenção adequada, há maior possibilidade de se maximizar seu potencial e obter melhores resultados. E destacaram a importância da intervenção precoce para possibilitar a estruturação do planejamento educacional, suporte médico e apoio à família, favorecendo a diminuição do estresse e da angústia, comumente vivenciados em decorrência dos inúmeros sintomas.(Netto, p.22, 2017).
A compreensão de cada sintoma especificamente da um norte ao professor para usar a melhor estratégia ou prática pedagógica, a que seja mais eficiente para cada tipo e característica do TEA, tendo em vista que, estes possuem uma série de características que os distingue uns dos outros, assim explica duas desta no entender de Vigotsky, citado por Pinho adiante:
De acordo com Vigotsky (1988), o desenvolvimento e a aprendizagem estão diretamente relacionados, desde a fase inicial da vida de qualquer criança. O meio social é de grande influência para esses processos. É por intermédio das relações estabelecidas com objetos e pessoas que as crianças constroem redes de conhecimento advindas do aparato cultural a que têm acesso (conceitos, valores, crenças, visão de mundo) e carregam consigo essa bagagem cultural, que é acessada ao chegarem na escola.( Vigotsky apud PINHO, p.12, 2018)
Conhecer a criança que possui TEA é fundamental para o docente que deseja educar de forma inclusiva, não se permitindo diferenciar os alunos especiais com os demais de modo a minimizar os efeitos causados pela própria enfermidade, o TEA, pode causar nos indivíduos, com essa patologia, dificuldades acentuadas, e que atrasa o desenvolvimento cognitivo, bem como, distância das demais crianças, nesse sentido, buscar compreender essas marcas é o melhor caminho para o educador, assim narra Pinho:
O contexto e as relações nos quais se insere a criança com TEA constitui um universo particular. Conhecer suas peculiaridades pode ser o caminho para saber como auxiliá-la a estabelecer relações que promovam seu desenvolvimento social, cognitivo, linguístico e afetivo, buscando alternativas para incluí-las na sociedade da qual fazem parte. De acordo com Maia et al. (2012), a captura das informações provenientes do meio pode ser considerada como um processo que permanentemente se transforma, sendo necessária a estimulação de habilidades cognitivas, linguísticas e sociais que auxiliem no desenvolvimento de suas potencialidades.(Pinho, p.18, 2018)
Outro fator relevante para o docente é entender que o número de crianças com autismo tem aumentado significativamente, como também tem refletido na busca de uma educação para essas crianças, dessa forma, o olhar do professor deve estar apurado, no sentido de compreender que o autista necessita de uma atenção quanto às suas características, reforça Soares:
Em 2007,eram 64.781 alunos com TEA matriculados, em 2008 o número sobe para 93.900. No que se refere à matrícula geral de pessoas com deficiência em 2014, conforme dados do Ministério da Educação e Cultura (MEC), extraídos do Censo Escolar, o crescimento é significativo, são 698.768 estudantes especiais matriculados em classes comuns. Essa demanda inquieta os professores, pois requer que suas práticas pedagógicas sejam ressignificadas à luz da inclusão escolar como uma questão de direito do aluno. Em periódicos e portais das universidades brasileiras encontram-se trabalhos acadêmicos que sinalizam a necessidade de maior conhecimento sobre como qualificar o ensino para as pessoas com o TEA, indicar suportes pedagógicos e apoiar práticas educativas escolares inclusivas.(Soares, p.21, 2016)
É importante perceber que existem uma variabilidade dos sintomas e a singularidade de cada indivíduo demandam uma abordagem diferenciada no ambiente escolar, necessitando de uma capacidade do professor de compreender as diversas necessidades de cada criança especial, no comportamento de cada indivíduo com autismo, assim demonstra Acuña:
Por fim, apesar de todos os impasses, questionamentos e dificuldades registradas, afirma-se que pensar no plural sem desconsiderar as singularidades das partes que o compõe é uma possibilidade e prática que traz contribuições a todos, não somente a um grupo específico. É justamente neste sentido que se assenta a atuação do profissional de psicologia no âmbito educacional, clarificar que as diferenças não são motivos de desigualdade, mas orientadoras de desenvolvimento humano. (Acuña, p.114, 2022).
Compreender as características do TEA é essencial para que os docentes possam criar um ambiente de aprendizagem inclusivo.
DESAFIOS NA FORMAÇÃO DE DOCENTES
A formação inicial de professores nem sempre contempla a educação especial de maneira aprofundada. Muitas vezes, os educadores se veem despreparados para lidar com a diversidade de necessidades que alunos com TEA apresentam, necessitando muita das vezes adaptar estratégias ou práticas pedagógicas que favoreçam a inclusão do aluno com TEA, neste entender Soares ensina:
Diante do exposto, é notável que as características presentes em pessoas com o TEA demandam a necessidade de que os professores elaborem atividades didáticas com atributos que estejam para além da oralidade e escrita, tão comum em suas salas de aula. Além disso, trabalhem com adaptações pedagógicas favoráveis à participação de seus alunos com o TEA considerando as possibilidades de interação conforme suas peculiaridades. (Soares, P.28, 2016)
A falta de conhecimento sobre o TEA, ou sobre o ensino inclusivo, pode levar o professor a um “labirinto”, ou seja, não sabe para onde vai nem para onde quer chegar, nesse sentido não restam dúvidas que a estrutura curricular dos professores devem ser modificada e amparada no ensino inclusivo, sendo necessário investimentos para programas de capacitação dos professores segundo explana Pletsch:
Por outro lado, investimento na formação docente em nível superior por si só não resolverá a complexidade dos problemas educacionais brasileiros historicamente reproduzidos, como, por exemplo, o analfabetismo. É preciso compreender que mudanças na educação para atender ao paradigma vigente de inclusão educacional dependem de diversos fatores, como, por exemplo, o contexto social, econômico e cultural em que se insere a escola, as concepções e representações sociais relativas à deficiência e, por fim, os recursos materiais e os financiamentos disponíveis à escola (Mendes, 2002). Ou seja, a formação deve atender às necessidades e aos desafios da atualidade. Para tanto, sugerimos que o professor seja formado de maneira, a saber, mobilizar seus conhecimentos, articulando-os com suas competências mediante ação e reflexão teórico-prática. (Pletsch, p.03, 2009)
Tanto na educação pública quanto na privada, deve haver um investimento em qualificação da mão-de-obra, nesse caso em comento, o professor, que deve ter o seu lugar de destaque, tendo em vista a sua importância para a sociedade e as dificuldades enfrentadas por estes diariamente:
Frente ao objetivo proposto, justifico o estudo em razão de ser público e notório, conforme indica a crítica-teórica especializada, que a formação dos professores é precária e as negligências educacionais das políticas públicas na intervenção dos alunos com diagnósticos e especificamente com TEA têm sido uma constante no Brasil. Essa conjuntura, inclusive, compõe o escopo de debates deste estudo, sendo explorada no decorrer desta dissertação. Tendo como base a precariedade da formação dos professores, busco compreender quais as demandas das/os educadoras/es em relação às crianças com autismo. Para tanto, foram realizados encontros com educadoras e educadores que tive a oportunidade de conhecer, a partir da parceria do Grupo ECOFAM com os equipamentos públicos de educação CEI Francesco Persiani e CCA Enrico Giusti, no distrito da Brasilândia, São Paulo.( Polycarpo, p.13, 2023).
Nesta senda, é notório que o professor deve ter algumas qualidades para poder ensinar seus alunos de forma homogênea, acumulando conhecimento sobre os sintomas e suas dificuldades bem como sobre o processo de inclusão, aplicando práticas pedagógicas adequadas para cada caso, possuindo uma formação capaz de munir com tais conhecimentos, conforme discorre Silva com o pensamento de Pimentel e Fernandes:
De acordo com as pesquisas, a inclusão do autista e sua aprendizagem exigem vários fatores para se realizar, desde conhecimento sobre o TEA à adequação do currículo. Dessa forma, é importante que o professor conheça o seu aluno com TEA quanto a características e sintomas, como também é necessária sua formação e atualização quanto ao tema, para que assim possa desenvolver propostas pedagógicas eficientes para o ensino e o aprendizado dos alunos (Pimentel E Fernandes apud Silva, p. 44, 2022).
Outra dificuldade encontrada pelos professores na educação inclusiva e principalmente no tocante ao TEA, é a falta de implementar estratégias educacionais ao TEA, que deveriam ser implementadas nos currículos dos docentes, para estarem municiados com estratégias eficientes para cada tipo de dificuldade que o TEA pode apresentar, nesta seara Almeida cita CUNHA para melhor explanar:
Neste sentido, para que se tenha uma escolarização efetiva é necessário entender este ser que também é aprendiz, entendendo suas limitações e características para que este conhecimento sirva de base na busca de estratégias funcionais para a aprendizagem centrada no aluno, e não nestas limitações. Cunha (2015) ressalta que se torna necessário uma educação voltada, prioritariamente, ao ser humano e não na patologia, o que exige de forma indispensável um currículo que vá além dos conceitos da deficiência e leve a prática docente a ser atrativa e rica em experiências educativas.(Cunha apud. Almeida, p.34, 2019)
Essas dificuldades aparentes que os professores enfrentam dificultam ainda mais a qualidade do ensino bem como a inclusão do indivíduo autista na escola, não obstante, além do que já fora mencionado, a falta de recursos pedagógicos adequados também tem sido um grande desafio para os professores, tendo em vista que a educação no Brasil, não está preparada para receber os alunos com TEA, na verdade as escolas adequar o ensino precarizando ainda mais, segundo ensina Mendes citado por Pletsch:
Por outro lado, investimento na formação docente em nível superior por si só não resolverá a complexidade dos problemas educacionais brasileiros historicamente reproduzidos, como, por exemplo, o analfabetismo. É preciso compreender que mudanças na educação para atender ao paradigma vigente de inclusão educacional dependem de diversos fatores, como, por exemplo, o contexto social, econômico e cultural em que se insere a escola, as concepções e representações sociais relativas à deficiência e, por fim, os recursos materiais e os financiamentos disponíveis à escola (Mendes apud Pletsch, p.3, 2009)
Nesse pensamento, o professor além de enfrentar as dificuldades com a escassez no currículo inclusivo na sua formação, além de lhe dar com os diversos níveis e características do TEA, enfrentam também a falta de recursos para o auxílio na aplicação das práticas pedagógicas, como por exemplo recurso audiovisual, para auxilia o entendimento do TEA, que muitas das vezes necessitam de recursos para mediar o ensino, como explica Silva et al. Com pensamento de Cunha:
A professora para trabalhar com o estudante com TEA, primeiro deve o observar e conhecer seu educando antes de adaptar as atividades e conteúdo para sala de aula e mediar quando for necessário cada atividade ou situação didática, descobrir suas habilidades e quais precisam ser alcançadas, avaliar os recursos utilizados no ambiente de acordo com as especificidades da criança com TEA. Buscando práticas pedagógicas que ajudaram no desenvolvimento da aprendizagem, procurando atividades que não dure muito tempo e nunca punir o erro, pois nesse processo: “Haverá conquistas e erros, muitas vezes mais erros que conquistas, mas o trabalho jamais será em vão” (Cunha apud Silva et al., p.5, 2015)
Portanto, para que o ensino inclusivo do TEA seja eficaz é necessário uma estrutura adequada, desde a capacidade do professor até a estrutura da escola para recepcionar esses alunos.
ABORDAGENS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE ALUNOS COM TEA
O ensino inclusivo é um desafio tanto para professores quanto para as escolas, conforme já fora mencionado o baixo investimento na capacitação como também na estrutura escolar, leva um ensino inclusivo precário, tendo em vista que as escolas não estão aptas para recepcionar as crianças com TEA, como também reafirma Silva:
Sabemos que há diversas barreiras presentes nas instituições escolares que dificultam a inclusão, como déficits na assistência técnica e financeira, na capacitação de profissionais e na formação continuada, sendo que só a legislação não garante uma inclusão efetiva. É fato que a escola atual ainda não é para todos, mas a maioria das escolas regulares busca desenvolver o seu melhor para atender aos alunos com deficiência, como os que apresentam TEA. (Silva, p.46, 2022)
A formação docente deve incluir a apresentação de metodologias adaptadas às necessidades dos estudantes com TEA. Algumas abordagens eficazes como o ensino estruturado deve ser implementado pelas escolas, com a criação de ambientes previsíveis e organizado, possibilitando práticas pedagógicas eficaz, e proporcionando um ambiente acolhedor, segundo o que descreve Ferreira citado por Lobato:
A educação contemporânea apresenta o espaço escolar como sendo um ambiente que recebe a diversidade, para tanto, o pensar e o agir pedagógico não é apenas ver a escola com suas estruturas funcionais, mas sobretudo com práticas pedagógicas que possibilitem procedimentos metodológicos que atendam a todos os estudantes. (Ferreira, 2006). Contudo, os alunos com TEA devem ser vistos com suas singularidades, mas como pessoas que tem potencialidades, e o professor em sua prática buscará contribuir para seu desenvolvimento não apenas o aprendizado acadêmico, mas para sua inserção na sociedade.( Ferreira apud Lobato, p.70, 2021)
A estrutura escolar deve oferecer recursos para a utilização dos professores como ferramenta para aplicação de práticas pedagógicas adequada, como por exemplo o uso de recursos visuais que auxiliam os alunos com TEA oferecendo um suporte na comunicação e compreensão de conteúdo, assim coaduna Cunha citado por Silva et al.:
A pessoa com TEA apresenta várias limitações, dentre elas comprometimento na comunicação, dificuldade na interação social e atividades restritas e repetitivas (uma forma rígida de pensar estereotipada). A professora para trabalhar com o estudante com TEA, primeiro deve o observar e conhecer seu educando antes de adaptar as atividades e conteúdo para sala de aula e mediar quando for necessário cada atividade ou situação didática, descobrir suas habilidades e quais precisam ser alcançadas, avaliar os recursos utilizados no ambiente de acordo com as especificidades da criança com TEA. Buscando práticas pedagógicas que ajudaram no desenvolvimento da aprendizagem, procurando atividades que não dure muito tempo e nunca punir o erro, pois nesse processo: “Haverá conquistas e erros, muitas vezes mais erros que conquistas, mas o trabalho jamais será em vão” (Cunha, 2012 apud Silva et al., p.5, 2015)
Além de uma estrutura adequada outra abordagem que é necessário para o acolhimento das crianças com TEA, é importante uma atenção diferenciada um olhar clinico do professor, no tocante a perceber as habilidades de cada aluno e orientar segundo as práticas pedagógicas mais adequada segundo suas habilidades e necessidades, em suma um olhar singular no entendimento de Freitas citado por Lobato:
Para Freitas (2005, p.162) “O professor no cotidiano escolar precisa reconhecer e responder às necessidades diversificadas de seus alunos, bem como acomodar diferentes potencialidades, estilos e ritmos de aprendizagem […]”, contudo isso implica em inúmeros fatores e um deles é o “estímulo” no cotidiano escolar que “[…] deve ser trabalhado por práticas pedagógicas heterogêneas que levem em conta a singularidade e a complexidade do sujeito”, certamente, é um dos desafios que se apresentam nas escolas.( Freitas apud Lobato, p.15, 2021).
É imprescindível que as políticas públicas de educação promovam a formação continuada dos docentes. Programas de capacitação e workshops devem ser oferecidos para que os professores possam atualizar seus conhecimentos e habilidades. Além disso, a colaboração entre escolas, famílias e profissionais de saúde é fundamental para um suporte integral aos alunos com TEA, assim discorre Pinho:
Nessa perspectiva das políticas de educação inclusiva, em 2008,o Ministério da Educação (MEC) instituiu a Política Nacional de Educação Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva, tendo como principal objetivo defender o direito de todos os alunos a estarem juntos, aprendendo, participando, sem nenhum tipo de discriminação. Essa política tornou-se um grande marco no sentido de esclarecer que a escola é de todos, sem restrições às deficiências ou características que possam vir a marcar a identidade de qualquer pessoa, possibilitando a participação, a interação, o diálogo, a construção de valores importantes na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, sem nenhum tipo de preconceito, respeitando a diversidade que o universo escolar contempla.(Pinho, p.17, 2018).
Nessa esteira, percebe-se que segundo o entendimento do autor, existem políticas públicas no sentido de aproximar as famílias para participarem de uma escola inclusiva, de modo a estreitar o relacionamento com os alunos e diminuir o preconceito social com as crianças especiais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formação de docentes para a educação especial, com foco no TEA, é um aspecto crucial para a promoção de uma educação inclusiva. Investir na capacitação dos educadores é essencial para garantir que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade. Assim, é necessário que as instituições de ensino, governantes e sociedade civil se unam em torno desse objetivo, assegurando um ambiente educativo que respeite e valorize a diversidade.
A inclusão escolar de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um desafio que exige um compromisso conjunto entre educadores, gestores escolares e a sociedade. A partir da discussão apresentada ao longo deste artigo, torna-se evidente que a formação docente desempenha um papel fundamental nesse processo, sendo essencial para que os professores adquiram conhecimentos teóricos e práticos que possibilitem um ensino verdadeiramente inclusivo e eficaz.
Diante das dificuldades enfrentadas pelos docentes, como a falta de preparo inicial, escassez de formação continuada e limitação de recursos pedagógicos, destaca-se a necessidade de investimentos em capacitação específica e na reestruturação curricular dos cursos de formação de professores. O acesso a estratégias pedagógicas adaptadas e metodologias inovadoras, como o ensino estruturado e o uso de recursos visuais, é fundamental para proporcionar um ambiente de aprendizagem acessível e estimulante para os alunos com TEA.
Além disso, é imprescindível que as escolas ofereçam suporte adequado, tanto em termos de infraestrutura quanto de apoio especializado, garantindo que os professores possam atuar com segurança e assertividade no desenvolvimento de práticas inclusivas. A inclusão de alunos com TEA não deve ser vista apenas como um desafio, mas como uma oportunidade para o crescimento de toda a comunidade escolar, promovendo uma educação mais humanizada e equitativa.
Portanto, para que a inclusão de alunos com TEA seja efetiva, faz-se necessário um esforço coletivo para transformar o ambiente escolar em um espaço de acolhimento e aprendizado para todos. A capacitação docente, aliada a políticas educacionais que garantam recursos e suporte adequado, é a chave para superar os desafios existentes e possibilitar uma educação de qualidade, garantindo o direito de aprendizagem e desenvolvimento para os alunos com TEA, respeitando suas particularidades e potencialidades.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Pletsch, Márcia Denise. A formação de professores para a educação inclusiva: legislação, diretrizes políticas e resultados de pesquisas. Educar, Curitiba, n. 33, p. 143-156, 2009. Editora UFPR.
Pinho, Mariana Campos. Contribuições do uso de atividades lúdicas em sala de aula para o desenvolvimento e aprendizagem de uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA): uma intervenção no contexto escolar. 2018. 175 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018.
Polycarpo, Emanuelle Lopes Eugênio. Docentes e inclusão escolar: desafios em realizar práticas pedagógicas e intervenções com as crianças com TEA. 2023. Dissertação (Mestrado em Educação: Psicologia da Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2023.
Silva, Ana Maria da Conceição. O processo de aprendizagem do(a) aluno(a) com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). 2022. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2022.
Silva, Cleonice Aparecida da; SILVA, Rosimeri Arruda; ASFORA, Rafaella. Práticas pedagógicas inclusivas com crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na Educação Infantil. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2015.
Soares, Francisca Maria Gomes Cabral. Efeitos de um programa colaborativo nas práticas pedagógicas de professores de alunos com autismo. 2016. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.
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