A Importância de Reconhecer os Temperamentos na Administração Pública: Temperamento Melancólico

THE IMPORTANCE OF RECOGNIZING TEMPERAMENTS IN PUBLIC ADMINISTRATION: MELANCHOLIC TEMPERAMENT

LA IMPORTANCIA DE RECONOCER LOS TEMPERAMENTOS EN LA ADMINISTRACIÓN PÚBLICA: TEMPERAMENTO MELANCÓLICO

Autor

Eveline Horta de Souza
ORIENTADOR
 Patrícia Erica Hamada Bonjiorno

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/3E7828

DOI

Souza, Eveline Horta de . A Importância de Reconhecer os Temperamentos na Administração Pública: Temperamento Melancólico. International Integralize Scientific. v 5, n 47, Maio/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

Este artigo apresenta as principais características do temperamento melancólico, um dos quatro tipos apontados na teoria clássica dos quatro temperamentos. Do tipo seco e frio, esse temperamento simbolizado pelo elemento terra apresenta-se como o temperamento da permanência, da continuidade, da constância e da segurança. A partir disso, esse artigo esmiúça suas potencialidades e suas fraquezas, a fim de elucidar seus pontos fortes e fracos. Objetiva, portanto, a importância deste conhecimento na Administração Pública, viabilizando a utilização desta ferramenta na identificação e manejo de servidores do tipo melancólico, que muito têm a contribuir com sua força de vontade, dedicação, lealdade e solidez. Para isso, foi efetuada uma revisão bibliográfica, a fim de se apresentar um panorama geral, as especificidades e as variações deste temperamento, buscando-se um conhecimento mais amplo e profundo de suas características.
Palavras-chave
temperamento melancólico; frio-seco; constância; terra; solidez.

Summary

This article presents the main characteristics of the melancholic temperament, one of the four types identified in the classic theory of the four temperaments. Of the dry and cold type, this temperament symbolized by the earth element presents itself as the temperament of permanence, continuity, constancy, security. Based on this, this article scrutinizes its strengths and weaknesses, in order to elucidate its strengths and weaknesses. Therefore, it aims to highlight the importance of this knowledge in Public Administration, enabling the use of this tool in identifying and managing melancholic type employees, who have a lot to contribute with their willpower, dedication, loyalty and solidity. To this end, a bibliographical review was carried out in order to present a general overview, the specificities and variations of this temperament, seeking a broader and deeper knowledge of its characteristics.
Keywords
melancholy temperament; cold-dry; constancy; soil; solidity.

Resumen

Este artículo presenta las principales características del temperamento melancólico, uno de los cuatro tipos identificados en la teoría clásica de los cuatro temperamentos. Del tipo seco y frío, este temperamento simbolizado por el elemento tierra se presenta como el temperamento de permanencia, continuidad, constancia, seguridad. Con base en esto, este artículo analiza sus fortalezas y debilidades, con el fin de dilucidar sus fortalezas y debilidades. Por ello, se pretende resaltar la importancia de este conocimiento en la Administración Pública, permitiendo el uso de esta herramienta en la identificación y gestión de empleados de tipo melancólico, que tienen mucho que aportar con su fuerza de voluntad, dedicación, lealtad y solidez. Para ello se realizó una revisión bibliográfica con el fin de presentar un panorama general, las especificidades y variaciones de este temperamento, buscando un conocimiento más amplio y profundo de sus características.
Palavras-clave
temperamento melancólico; frío-seco; constância; tierra; solidez.

INTRODUÇÃO

Várias são as teorias, estudos e pesquisas voltadas para o conhecimento da natureza humana e seus inumeráveis aspectos e variáveis.

Quando se trata disso, deve-se sempre manter em mente que qualquer que seja a metodologia utilizada e suas conclusões, trata-se necessariamente de um recorte selecionado dos aspectos a serem analisados e aprofundados. Em outras palavras, nenhuma ciência que envolve aspectos humanos encerra-se e basta-se a si mesma. Mas todas elas procuram respostas, explicações e capacidade de previsão do funcionamento humano em sua relação com o mundo.

A Teoria dos Quatro Temperamentos, formulada na Antiguidade e que se perpetua até os dias atuais, faz parte deste campo, ao observar, analisar e descrever as formas de ser das pessoas a partir de suas categorias.

Portanto, como toda teoria que analisa aspectos humanos, a Teoria dos Quatro Temperamentos oferece instrumentos para identificação e compreensão dos temperamentos, sem a pretensão de vir a ser uma resposta absoluta a respeito do funcionamento das pessoas em sua totalidade.

Assim, a Teoria dos Quatro Temperamentos identifica quatro temperamentos que se originam da mescla de características e que aproximam pessoas com funcionamento semelhante e as diferenciam de pessoas com temperamentos díspares.

Embora tenha havido variações posteriores, esta teoria se mostra bastante adequada ao evidenciar que cada pessoa possui um e apenas um temperamento e com ele se insere no mundo ao longo de toda a sua existência.

Sua categorização assim denomina os temperamentos: sanguíneo, colérico, melancólico e fleumático.

Inicialmente, associou-se os temperamentos à predominância de determinados fluidos corporais identificados à época: sanguíneo – sangue; colérico – bile amarela; melancólico – bile negra; fleumático – fleuma.

E para melhor ilustrar e caracterizar o funcionamento de cada temperamento, foram associados simbolicamente a elementos da natureza, quais sejam: sanguíneo – ar; colérico -fogo; melancólico – terra; fleumático – água.

A ciência simbólica resgata a capacidade de observação e contemplação do mundo, sintetizando significados e atributos, exprimindo em imagens aquilo que palavras faladas ou escritas não abarcam em sua totalidade. 

Portanto, a simbologia se torna parte integrante fundamental para a compreensão dos temperamentos, tornando-os particularmente inteligíveis. E essa facilidade de entendimento torna esta teoria bastante acessível e útil para os mais diversos objetivos, sempre se esperando, entretanto, que este conhecimento, assim como qualquer outro, seja usado de forma ética e para fins legítimos.

Nesse ínterim, compreende-se que a Teoria dos Quatro Temperamentos pode-se mostrar como uma eficiente ferramenta no âmbito organizacional, inclusive, do serviço público, já que o reconhecimento do modo de funcionar dos servidores em relação às tarefas e aos colegas, por exemplo, auxilia sobremaneira os setores de gestão pública nas diversas esferas de atuação. 

Cabe ressaltar, entretanto, que o temperamento, embora seja constituinte do indivíduo, não se mostra determinante de seus comportamentos e atitudes. Sempre é possível agir de forma diferente ou mesmo contrária ao que o temperamento inclina, sendo que, para isso, justamente, há que se conhecer os temperamentos para poder trabalhá-los de forma positiva e assertiva.

Assim, um bom setor de gestão pública pode e deve fazer uso dos conhecimentos a respeito dos temperamentos sem, contudo, desacreditar da capacidade de mudança e aprimoramento pessoal. 

Diante disso, este artigo se propõe a apresentar de forma pormenorizada, dentre os temperamentos existentes, e a partir de uma revisão bibliográfica, especificamente o temperamento melancólico e seus possíveis impactos na Administração Pública.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO DE PESSOAS

A administração pública pode ser compreendida como o conjunto de decisões, ações e políticas voltadas aos cidadãos executadas por servidores públicos em nível federal, estadual, municipal e distrital.

Conforme Oliveira (2012, p. 18): “a administração pública trata de uma visão ampla da execução dos processos administrativos do Estado, fundamentada na Constituição do país”.

Tem como objetivo atender às necessidades da sociedade interessada e promover o bem-estar público.

A administração pública se compõe de órgãos, entidades e agentes de estado responsáveis pela criação, execução e viabilidade das políticas públicas, serviços e bens direcionados ao interesse social. 

Assim, a administração pública se compõe de pessoas que integram a estrutura da máquina pública que possuem como objetivo fazer cumprir a missão de cada ente estatal. Cada servidor público possui sua atribuição funcional, está lotado em um cargo e integra uma equipe de trabalho. E é uma pessoa.

Dito isto, percebe-se que a administração pública envolve, necessariamente, seres humanos, com suas especificidades, histórias e circunstâncias de vida, expectativas, complexidades.

Neste recorte, a gestão de pessoas dentro de uma instituição pública volta seu olhar para o material humano da máquina pública sob sua gestão, necessitando, assim, possuir conhecimentos acerca de características individuais, grupais e relacionais.

Afinal, como bem explica Chiavenato (2014): 

Falar de gestão de pessoas é falar de gente, do componente humano das organizações, de cultura e mentalidade, de inteligência, de energia e vitalidade, ação e proação. A gestão de pessoas é uma das áreas que mais tem passado por mudanças e transformações nesses últimos anos. Não somente nos seus aspectos tangíveis e concretos, como principalmente nos aspectos conceituais e intangíveis. A visão que se tem hoje da área é totalmente diferente de sua tradicional configuração, quando recebia o nome de administração de recursos humanos (ARH). Muita coisa mudou (Chiavenato, 2014, p. IX).

Portanto, a gestão de pessoas moderna trata de indivíduos e não de trabalhadores. Tal visão holística permite analisar, compreender e lidar com as diversas dimensões humanas que se presentificam e impactam, em maior ou menor grau, as atividades desenvolvidas dentro dos setores organizacionais. 

Mas não só isso. Torna-se fundamental estar atento às mudanças sociais, em todos os seus níveis – de valores, culturais, econômicos, políticos, legais, – a fim de acompanhar pari passu sua dinamicidade e adequá-la aos desafios da gestão pública (Chiavenato, 2014). 

Tal complexidade expõe a dimensão do trabalho que a gestão pública envolve – seja seu setor típico, seja cada cargo de gestão distribuído em diferentes setores da administração -, ficando evidenciado o nível de exigência que a atribuição pressupõe.

Portanto, estar atento ao contexto maior, ao momento presente – tanto do mundo externo quanto dentro da própria organização -, assim como apropriar-se das características dos indivíduos que formam a força de trabalho da organização, em sua individualidade, em seu momento de vida, nas suas relações com os colegas e com as tarefas são habilidades necessárias a um bom gestor.

E no serviço público, há, ainda, que se considerar sua especificidade, qual seja, sua substância política. Em outras palavras, a administração pública sofre necessariamente, por sua própria razão de existir, influências dessa característica, com suas ideologias, suas alternâncias, sua dinamicidade, sua transitoriedade. Isso se torna mais um elemento de influência aos servidores ativos, pois recebem impactos, em maior ou menor grau, desses traços inerentes à função pública.

A busca pelo alcance dos resultados, portanto, passa necessária e fundamentalmente pelos indivíduos que compõem o corpo ativo da organização. Resultados só são alcançados se as tomadas de decisões e o trabalho desenvolvido forem direcionados para o mesmo fim. Para isso, aspectos como estilo de liderança, talento, habilidades, desempenho, eficiência, inteligência emocional, dentre outros, dependem do material humano que deve ser olhado com a devida atenção e cuidado.

Portanto, de fato, os trabalhadores devem ser compreendidos e tratados como colaboradores, como parceiros de um objetivo compartilhado. E o desafio dessa dinâmica no setor público passa, por sua especificidade, pela motivação, pelo engajamento e pelo compromisso. Afinal, nem sempre existe a perspectiva, sob o ponto de vista individual, de melhoria de benefícios e de salários, ou de nomeação para cargos mais altos, ao se dedicar mais nas atividades laborais. 

Por isso, o desafio da gestão de pessoas no setor público envolve estimular entusiasmo e proatividade. Para isso, mais importante ainda se torna a necessidade de observar cada um dos setores de sua organização e cada um dos servidores e seu contexto, a fim de proporcionar as melhores condições para o desenvolvimento e aplicação de suas habilidades, capacidades e senso de realização. 

A Gestão de Pessoas, portanto, necessita de instrumentos úteis, práticos e eficazes para fazer a máquina pública atender os cidadãos e proporcionar vitalidade e qualidade de vida no ambiente de trabalho de seus servidores. 

A teoria dos Quatro Temperamentos muito tem a contribuir para a gestão de pessoas dentro de uma organização, uma vez que viabiliza uma análise ágil, prática, aplicável, fidedigna e confiável dos indivíduos, permitindo um manejo adequado e de sucesso.

Ao observar a forma de funcionamento e interação de cada colaborador, sua relação com a organização, com a equipe de trabalho, com as tarefas executadas, um bom gestor estará sensível a avaliar se aquele indivíduo está bem adaptado e com as capacidades e potencialidades estimuladas e postas em ação.

Portanto, essa ferramenta se mostra inegavelmente útil e acessível para qualquer gestor que por ela se interesse e a valorize como merece.

O TEMPERAMENTO MELANCÓLICO

Teorias acerca dos temperamentos têm se desenvolvido por longo tempo. Partindo da mesma origem – a teoria hipocrático-galênica -, vêm sofrendo divulgação, mas também variação. No entanto, todas elas refletem a importância a ser dada a este aspecto e evidenciam sua aplicabilidade prática. Como afirmam Ito e Guzzo, (2002, p. 9), “tópicos relacionados ao temperamento têm recebido especial atenção no meio científico internacional.” 

Este artigo tratará do temperamento melancólico de forma bastante carregada, forte, com todas as suas características bem marcadas, a fim de se ter uma boa ideia de sua composição. Entretanto, ninguém apresentar-se-á exatamente da maneira aqui descrita, assim como nenhum melancólico se mostrará idêntico a outro. Como toda teoria relacionada às humanidades, a dos temperamentos funciona como uma bússola, indicando a direção, mas não o caminho exato a ser percorrido. Logo, a descrição aqui apontada tem a pretensão de ilustrar as características que podem ser encontradas, devendo-se saber, de antemão, que elas podem se apresentar com diferentes possibilidades de combinação. 

Melancólico, como o próprio nome já sugere, é um temperamento mais calmo, mais comedido, mais contido, mais discreto.

Seu elemento simbólico é a terra. A imagem da terra já nos dá uma boa ideia de como se comporta um melancólico.

A terra é firme, sólida, estável, permanente. Aparentemente impassível diante de estímulos que a provocam, caracteriza-se muito fortemente pela continuidade, precisando de longo tempo para sofrer alterações. Para que sofra modificações imediatas, faz-se necessário que algo realmente impactante a atinja e deixe marcas. 

A relação do melancólico com o tempo é diferente da dos temperamentos quentes. Como explica Marsili (2021, p. 218) “o tempo da terra, porém é um tempo estendido, como nos indicam os tempos geológicos. (…) Por isso, o melancólico precisa enquadrar-se numa escala de tempo mais lenta”.

Isso se evidencia, inclusive, em relação ao tempo para a tomada de decisões. Enquanto o sanguíneo e o colérico rapidamente o fazem, cada qual dentro de suas características, o melancólico precisa cercar-se de certezas e previsibilidades para resolver agir. O tempo é seu principal conselheiro.

O melancólico, portanto, mostra-se cauteloso, desconfiado, detendo-se para pensar, refletir, estudar o assunto antes de tomar alguma decisão. 

Sua preferência em pensar antes de agir mostra-se útil no mais das vezes, mas em outras, pode prejudicá-lo por deixar passar oportunidades ou demorar-se mais tempo em situações que já poderiam ter sido superadas.

O melancólico mostra-se como o temperamento da constância. Isso faz com que uma pessoa melancólica seja percebida como confiável, firme, sem arroubos de estado de espírito, sem impetuosidade.

Rudolf Steiner entende o melancólico como o temperamento de grande energia e pouca excitabilidade, isto é, o melancólico mostra-se pouco afetado pelos estímulos externos e possui boa capacidade e força de vontade para se manter firme em cumprir os compromissos assumidos (König, 2013).

É um temperamento que aprecia a permanência das coisas, do ambiente, pouco se envolvendo em novidades, especialmente se elas forem repentinas e chamativas.

O melancólico rapidamente estrutura os estímulos que recebe do mundo externo em seu mundo interno, organizando-o, categorizando-o, engessando-o, muitas das vezes, abrindo pouco espaço para mudanças e instabilidades. 

E o melancólico é estável porque precisa ser. “Há uma necessidade nesse temperamento de ter certeza das coisas, do contrário, ele sente que o mundo vai desmoronar (o que não é verdade, mas quando desconhece seu temperamento, não sabe disso)” (Gomes; Gomes, 2022, p. 56).

Logo, o melancólico prontamente estabelece rotinas, estrutura programações antecipadamente, mostra-se precavido e preparado para combater imprevistos já exaustivamente imaginados previamente. 

O melancólico é o temperamento frio e seco. A frieza o faz tender ao recolhimento, à introspecção, à reflexão. É a frieza que lhe confere esse forte aspecto interior. Tem também uma dimensão seca, que traz rigidez e estabilidade (Frizanco, 2023, p. 26).

Aliás, a secura o prepara para ser pouco afetado pelo mundo externo, voltando-se caracteristicamente para seu mundo interior. Por isso, é mais afeito às atividades que envolvem concentração, estudo, análise e reflexão. 

Isso explica por que o melancólico tende a não se recordar de detalhes de ambientes em que esteve ou mesmo frequentou, já que o mundo externo não excita tanto seus sentidos. 

O melancólico também tem dificuldade em delegar tarefas. Assim como o colérico, mostra-se controlador. Diferentemente deste, porém, não se trata necessariamente de um egoísmo arrogante por excesso de autoconfiança, mas de possuir exagerado apego àquilo que considera seu, por uma dificuldade em abrir mão daquilo que tanto tempo e energia lhe custou.

Pelo mesmo motivo o melancólico comumente se mostra avarento e apegado a bens materiais. Afinal, quando algo se torna seu, em outras palavras, quando lhe marca, passa a fazer parte de seu ser e, abrir mão de partes suas se mostra difícil e até doloroso.

É o temperamento, portanto, que, quando se apropria de algo, guarda-o. Inclusive as mágoas, os rancores, as lembranças, remoendo os pensamentos, evitando compartilhá-los.

Uma de suas tendências, portanto, é o espírito de vingança, que pode até não colocar em prática, mas que consome muito de seu tempo, suas forças, seus pensamentos e devaneios (Lahaye, 1983).

Seu apego ao mundo interno demonstra a dificuldade que um melancólico possui de lidar com as fraquezas e com as falhas inerentes à vida, investindo, portanto, sua energia tanto nos erros detectados, repassando-os e se apegando a detalhes, quanto refugiando-se em seus ideais de perfeição. 

Rudolf Steiner (apud Mutarelli, 2006), que observava crianças, percebia que as de temperamento melancólico ficavam imersas em seu mundo interno, como que ruminando, cismando por dentro.

Perfeccionista, tende ao auto-sacrifício e a buscar objetivos árduos e que exige abnegação. Como afirma Lahaye (2008, p. 118), “esse temperamento é, de todos, o mais talentoso. É perfeccionista por natureza, muito sensível e apreciador das belas-artes, analítico, abnegado e amigo leal”.

O melancólico é o temperamento mesmo da solidez, da robusta força de vontade e determinação. 

Mas também é um temperamento pesado, para quem tudo tem de ter uma razão de ser, sendo altamente exigente consigo próprio e com os demais. Com isso, resvala para expectativas e cobranças excessivas e, por ser pouco afetuoso e acolhedor – temperamento seco -, pode-se mostrar uma pessoa dura e crítica.

Mais ainda, “esse caráter tende a ser genioso, crítico, pessimista e egocêntrico” (Lahaye, 2008, p. 119). Mas seu egocentrismo se mostra bem diferente do egocentrismo do colérico; enquanto este volta-se para seu eu por confiar excessivamente em si mesmo, o melancólico volta-se para seu eu, a fim de manter sua estruturação interna intacta. Ou seja, o melancólico pode mascarar uma insegurança com uma aparência de autoconfiança.

Esse é um dos motivos de os melancólicos possuírem complexo de inferioridade, como afirma Lahaye (2008). Tal complexo também é alimentado pelo perfeccionismo, de forma que seu nível de exigência é alto, tanto para consigo mesmo quanto para os demais, nunca atingindo seus ideais de perfeição. 

E esse ciclo vai se retroalimentando, uma vez que seus erros são guardados profundamente dentro de si, gerando auto-cobrança, ressentimento, pessimismo e insegurança.

Isso faz com que o melancólico seja particularmente sensível às críticas negativas e pouco afetado pelas críticas positivas, dada sua falta de confiança em si mesmo e seu complexo de inferioridade.

O fracasso é uma experiência devastadora para os melancólicos. Desse momento em diante, seus sentimentos de inferioridade aumentam, e eles passam a ter pavor de fazer qualquer nova tentativa, para que não se repitam os resultados desastrosos (Lahaye, 2008, p. 126).

E o medo de errar, por sua vez, leva o melancólico a se fechar mais ainda em seu mundo, mostrando-se, assim, anti-social. O melancólico passa a sentir-se à vontade na solidão.

Sua constante insatisfação com tudo e todos o torna amargo, cético e com tendência ao cinismo, desconstruindo imagens, ideais, sonhos e até mesmo simples alegrias. O melancólico raramente consegue sentir felicidade genuína, havendo quase sempre a sombra de uma negatividade.

Tais pontos negativos não passam, na verdade, de disfarces da ira e o melancólico, assim como o colérico, caracteriza-se por ser um temperamento irascível.

Em compensação, quando faz amigos – de forma bastante seletiva -, mostra-se fiel e leal. O que ilustra bem sua forma de agir. O melancólico mostra-se criterioso em tudo, mas, quando, após muito gasto de energia interna, decide-se por algo, investe nisso até o fim. 

Assim Immanuel Kant, citado por Lahaye (2008), resume o melancólico:

As pessoas com tendência à melancolia atribuem grande importância a tudo que lhes concerne. Descobrem em tudo uma razão para a ansiedade e em qualquer situação notam de imediato as dificuldades. Nisso são inteiramente o oposto do sanguíneo.

Não fazem promessas com facilidade, porque insistem em cumprir a palavra e pesa-lhes considerar se será ou não possível cumpri-la. Agem assim, não devido a considerações de ordem moral, mas ao fato de que o inter-relacionamento com os outros preocupa sobremaneira o melancólico, tornando-o cauteloso e desconfiado. É por essa razão que a felicidade lhes foge (Lahaye, 2008, p. 11).

O melancólico, de fato, tende à tristeza. Seu perfeccionismo e a consequente decepção consigo próprio, com as pessoas, com as situações presentes, o levam a fugir do presente e se refugiar no passado ou nas promessas do futuro, muito embora já saiba de antemão que o futuro o decepcionará necessariamente, antecipando seu desgosto. A tristeza, em maior ou menor intensidade, é sua companheira.

O melancólico, portanto, é o temperamento da solidez, da constância, da permanência, da rigidez. Necessita de certezas, garantias e segurança. Inseguro, absorve-se em ponderações, reflexões, pensamentos e análises. Prefere tomar decisões após se convencer da melhor resposta a ser dada na situação. Tem pavor de cometer erros e busca a excelência em tudo que se propõe a fazer.

VARIAÇÕES DO TEMPERAMENTO MELANCÓLICO

Pode-se afirmar que nenhum temperamento ocorre em sua pureza, por assim dizer. Sempre haverá variações, inserções de traços típicos de outros temperamentos, presença de algumas características e ausência de outras. Afinal, nada a respeito do ser humano pode ser taxativo, dada sua natureza complexa e multifacetada.

O temperamento melancólico apresenta três variações, a depender da intensidade e da relação de suas características básicas – secura e frieza – e de seu aporte.

Quando a secura se sobrepõe à frieza, tem-se o melancólico pedra; quando é a frieza que se sobrepõe, tem-se o melancólico terra; e quando a frieza se sobressai à secura mas recebe o aporte úmido, tem-se o melancólico argila (Gomes e Gomes, 2022). 

A secura é a característica da marca, da rigidez, da análise, da categorização, da estruturação. O melancólico pedra, portanto, é mais rígido, mais sistemático, mais fechado, mais perfeccionista, solitário. 

Possui pouca inclinação para o improviso e para a ousadia, estruturando sua vida de modo planejado e previsível, precisando se sentir no controle de tudo que considera relevante. 

Precavido, já se antecipa a eventuais problemas e obstáculos, cercando-se de respostas e certezas.

O melancólico pedra é o que pouco se afeta com a opinião alheia, uma vez que seus valores e princípios falam mais alto e, junto a isso, aprecia enormemente a solidão, podendo se tornar uma pessoa com pouco interesse e traquejo social.

O melancólico terra, por ser mais frio que seco, caracteriza-se fortemente pela retenção, pelo apego, pelo enraizamento. 

Mostra-se o mais egoísta dos três tipos, justamente pela dificuldade em desapegar, tanto de bens materiais, quanto de ideias e crenças, uma vez que se enraízam e se fixam em seu interior. Aliás, o mundo material possui profundo significado em sua vida, tornando o melancólico terra o mais preocupado em ganhar e reter, apresentando-se como o mais avarento. 

Apresenta mais sociabilidade que o melancólico pedra, mas também aprecia a solidão. 

A frieza o faz apresentar maior tempo de reação que os demais, retardando uma decisão que, por outro lado, uma vez tomada, dificilmente será descartada ou modificada.

O melancólico argila é o que possui aporte da umidade, o que o torna mais sociável, mais necessitado de companhia, podendo mesmo chegar a ser excessivamente “apegado e grudento” (Frizanco, 2023, p. 103).

Por ser melancólico, apresenta altas expectativas. E isso se evidencia nas relações sociais que desenvolve, por conta do aporte mútuo. Assim, sofre se um relacionamento próximo não se apresenta do modo que idealizou, ou se foi rompido e tenta sempre apaziguar os ânimos, cedendo, muitas vezes além do necessário apenas para que a relação se mantenha. 

O melancólico argila também sofre por não conseguir ser tão sociável quanto acredita que deveria ser, seja por despender muito esforço e energia para estar com as pessoas – afinal de contas ele não é sanguíneo -, seja por projetar sua imagem pessoal em um patamar excessivamente elevado.

Seja qual for a variação, fato é que o melancólico é o temperamento que tende à solidez, à previsibilidade e à seletividade social, ficando bem marcada a diferença entre esse temperamento e os demais. 

O TEMPERAMENTO MELANCÓLICO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A Administração Pública deve primar pela diversidade de temperamentos em sua força de trabalho, dadas as especificidades de cada um deles, suas forças e suas fraquezas, suas habilidades e limitações.

O tipo melancólico tem muito a contribuir no serviço público, especialmente pela força que possui em uma característica importante: o apego à segurança e previsibilidade. Isso se mostra bastante interessante em setores da Administração Pública que lidam com demandas rotineiras e cíclicas, geralmente rechaçados pelos temperamentos quentes.

Também vai bem em setor de gestão de risco e compliance, uma vez que o temperamento melancólico é perfeccionista e naturalmente se antecipa a eventuais problemas ao avaliar, de forma minuciosa, os riscos envolvidos em qualquer situação e especialmente nas tomadas de decisão, procurando sempre a via que traga mais assertividade e segurança e menos vulnerabilidade. Portanto, o melancólico é o tipo que apresenta soluções já bastante blindadas de eventuais questionamentos e problemas.

O melancólico também é um temperamento que apresenta muita perseverança e força de vontade. Aguerrido, dedica-se profundamente às tarefas atribuídas, zelando pela qualidade do resultado e pelo cumprimento de prazos.

Como aprecia tarefas que exigem concentração, reflexão e estudo, o melancólico pode ter suas habilidades bem utilizadas em setores que lidam com análise e planejamento estratégico, e tomada de decisões baseadas em dados, por exemplo. Portanto, pode-se pensar em áreas como auditoria, planejamento e orçamento, elaboração e implementação de políticas públicas, regulação e fiscalização.

O melancólico também possui boa versatilidade, sendo o tipo de temperamento que se adapta bem em praticamente qualquer setor em que seja colocado, precisando, porém, de tempo para isso, já que essa variável se mostra muito relevante para ele. Assim, o melancólico precisa de tempo para estruturar o ambiente e sua rotina para torná-la familiar, confortável e previsível. Uma vez que isso é alcançado, tende a se sentir confortável e confiante. 

E até suportam bem certo nível de pressão, “porque a motivação externa impulsiona seus talentos então latentes” (Lahaye, 2008, p. 120). Mas uma pressão excessiva pode paralisar o melancólico, devido ao seu alto nível de exigência e sua facilidade em remoer suas frustrações imaginárias ou reais, podendo pressentir não ser capaz de alcançar os resultados esperados.

Quando líder, o melancólico evidencia sua centralização, já que precisa estar no controle dos processos. Tal necessidade advém da insegurança pessoal, da necessidade de possuir para se apropriar, e da sensação de perda de controle dos processos se não estiver ele mesmo lidando diretamente com eles. Ademais, o melancólico é perfeccionista, o que dificulta a confiança necessária para delegação de tarefas.

Como afirma Lahaye (2008, p. 137), “grande parte do gênio criativo do melancólico se perde porque ele reluta em delegar o trabalho a ser feito. Em geral, o motivo é uma desconfiança inata na capacidade alheia, que o leva a fazer tudo por si mesmo”.

Assim, o melancólico tende a se sobrecarregar e a demandar pouco de seus subordinados. Por outro lado, domina o assunto e responde bem por ele, respeitando prazos e entregando resultados.

Por possuir altas expectativas e ideais muito elevados, o melancólico pode-se mostrar um líder altamente crítico e exigente, necessitando, portanto, de treinamento para calibrar melhor seu nível e forma de cobrança.

Assim, seus subordinados, para ganharem sua confiança, devem ser sensíveis a ponto de perceber como o melancólico funciona, apreender sua linha de raciocínio e “falar a mesma língua”, por assim dizer. A vantagem é que além de conquistarem a confiança, ganharão um colega leal e parceiro.

O melancólico lida mal com críticas e reprimendas, sendo altamente sensível às suas falhas, remoendo-as ininterruptamente por longo período de tempo. 

O temperamento melancólico é do tipo que tende a não se imiscuir em assuntos não relacionados a trabalho, contribuindo para um ambiente agradável e saudável. E tende a atrair colegas que buscam em quem confiar, uma vez que os melancólicos se mostram discretos, constantes e firmes, inclusive em relação a valores e princípios.

Um bom gestor no serviço público deve estar atento para detectar os melancólicos em seu quadro de pessoal e avaliar sua adaptabilidade em relação ao serviço e em relação ao ambiente do setor, afinal, existe “uma forte associação entre o ambiente social e o temperamento” (Frizzo, 2013, p.99). É sempre interessante incluir um melancólico em uma equipe, uma vez que ele se mostra dedicado, esforçado, discreto e sério, ajudando o grupo a cumprir metas e a confiar em seu trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se pode observar, o temperamento melancólico é um dos quatro temperamentos da teoria clássica e apresenta, como os demais, forças e fraquezas próprias.

Aliás, analisar um temperamento em relação a aspectos positivos e negativos serve exclusivamente para se ter uma noção teórica e orientadora. Afinal, os temperamentos apresentam características próprias mais ou menos acentuadas, e que não possuem, em si mesmas, juízo de valor.

Virtudes e defeitos baseiam-se, na realidade, na intensidade e direcionamento que se dá às características do temperamento, de forma que, nenhum temperamento pode ser julgado por elas isoladamente. 

De fato, conhecer os temperamentos auxilia na avaliação do sujeito e no diagnóstico dos pontos a serem realçados e estimulados, tirando proveito de suas habilidades e competências naturais.

Ao mesmo tempo, ter conhecimento dos temperamentos auxilia a pessoa na busca pelo auto aperfeiçoamento, de forma a tomar conhecimento de suas tendências e trabalhá-las para oferecer o seu melhor, tanto na vida privada como na laboral.

Assim, tem-se, em relação ao temperamento melancólico no serviço público, o tipo de servidor que, quando maduro, mostrar-se-á uma pessoa e colega de trabalho dedicado, parceiro, confiável e agradável.

Saberá utilizar as características de introspecção, reflexão e dedicação ao estudo para apresentar soluções adequadas e embasadas; saberá usar sua tendência ao perfeccionismo para estimular a busca pela excelência; saberá usar sua capacidade de lealdade e comprometimento para o alcance dos melhores resultados.

Ao mesmo tempo, saberá que será necessário controlar sua tendência ao pessimismo e ao excesso de preocupação, assim como precisará saber delegar e trabalhar em equipe.

Um bom melancólico se mostrará um servidor genuinamente voltado à missão do ente público em que se encontra lotado. Dedicar-se-á a cumprir suas tarefas e não medirá esforços para cumprir prazos.

Conseguirá se adaptar em um ambiente minimamente saudável, contribuindo para ele com sua seriedade, senso de responsabilidade e dedicação.

Controlando sua natureza irascível, saberá cobrar de seus colegas ou subordinados com sensibilidade, buscando posicionar seu nível de exigência dentro de parâmetros tangíveis e viáveis.

Também conseguirá digerir melhor as críticas recebidas, utilizando sua capacidade de autoanálise para ajuste de pensamentos, direcionamentos e atitudes.

Em suma, o servidor melancólico maduro tem muito a contribuir para a Administração Pública, ao utilizar seus traços inatos de temperamento de forma equilibrada, serena, firme e segura, contribuindo para o trabalho em equipe, para a construção de um ambiente agradável e estimulante e para o alcance das metas estipuladas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Clinical infectious diseases.
v. 67
n. 7
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Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
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A Importância de Reconhecer os Temperamentos na Administração Pública: Temperamento Melancólico

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