Benefícios do jejum na saúde humana integral e a sua relação com princípios bíblicos

BENEFITS OF FASTING FOR INTEGRAL HUMAN HEALTH AND ITS RELATIONSHIP WITH BIBLICAL PRINCIPLES

BENEFICIOS DEL AYUNO PARA LA SALUD INTEGRAL HUMANA Y SU RELACIÓN CON LOS PRINCIPIOS BÍBLICOS

Autor

Adriano Faustino de Figueiredo
ORIENTADOR
Prof. PhD Mauro Luis Melo Pinto

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/4285E8

DOI

Figueiredo, Adriano Faustino de . Benefícios do jejum na saúde humana integral e a sua relação com princípios bíblicos. International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

O jejum, seja de curto (STF) ou longo prazo (LTF), é uma estratégia alimentar que impacta o metabolismo, promovendo benefícios como a perda de peso, preservação da massa muscular e melhorias na saúde cardiometabólica. Modalidades como alimentação com restrição de tempo (TRE), jejum intermitente e jejum periódico têm sido amplamente estudadas, demonstrando efeitos positivos na composição corporal, flexibilidade metabólica e redução da inflamação. Porém existe uma outra vertente relacionada com o jejum que vem desde os primórdios da humanidade e está descrito nas escrituras sagradas em diversas passagens bíblicas. Este artigo teve como objetivo apontar a correlação do jejum com esses princípios mostrando seus benefícios para uma vida plena em sua totalidade. Trata-se de uma revisão bibliográfica na qual foi utilizada a base de dados PubMed e que teve como retorno seis artigos nos quais as discussões foram apoiadas. Como conclusão entendeu-se que a prática do jejum relacionada com os princípios bíblicos traz benefícios para seus praticantes, promovendo sua saúde integral.
Palavras-chave
Jejum Intermitente. Saúde Integral. Princípios Bíblicos.

Summary

Fasting, whether short-term (STF) or long-term (LTF), is a dietary strategy that impacts metabolism, promoting benefits such as weight loss, preservation of muscle mass, and improvements in cardiometabolic health. Modalities such as time-restricted feeding (TRE), intermittent fasting, and periodic fasting have been widely studied, demonstrating positive effects on body composition, metabolic flexibility, and reduction of inflammation. However, there is another aspect related to fasting that has been around since the dawn of humanity and is described in the sacred scriptures in several biblical passages. This article aimed to point out the correlation of fasting with these principles, showing its benefits for a full life in its entirety. This is a bibliographic review in which the PubMed database was used and which returned six articles in which the discussions were supported. As a conclusion, it was understood that the practice of fasting related to biblical principles brings benefits to its practitioners, promoting their integral health.
Keywords
Intermittent Fasting. Integral Health. Biblical Principles.

Resumen

El ayuno, ya sea de corto plazo (STF) o de largo plazo (LTF), es una estrategia dietética que impacta el metabolismo, promoviendo beneficios como pérdida de peso, preservación de la masa muscular y mejoras en laalud cardiometabólica. Modalidades como la alimentación restringida en el tiempo (TRE), el ayuno intermitente y el ayuno periódico se han estudiado ampliamente y han demostrado tener efectos positivos sobre la composición corporal, la flexibilidad metabólica y la reducción de la inflamación. Sin embargo, hay otro aspecto relacionado con el ayuno que existe desde el inicio de la humanidad y está descrito en las sagradas escrituras en varios pasajes bíblicos. Este artículo tuvo como objetivo señalar la correlación del ayuno con estos principios, mostrando sus beneficios para una vida plena en su totalidad. Se trata de una revisión bibliográfica en la que se utilizó la base de datos PubMed y que arrojó seis artículos en los que se sustentaron las discusiones. En conclusión, se entendió que la práctica del ayuno relacionado con los principios bíblicos trae beneficios a sus practicantes, promoviendo su salud integral.
Palavras-clave
Ayuno Intermitente. Salud Integral. Principios Bíblicos.

INTRODUÇÃO

O jejum, categorizado como curto prazo ou longo prazo, é uma estratégia alimentar na qual os indivíduos se abstêm da ingestão de energia por períodos superiores às 8 horas habituais de sono para promover benefícios à saúde. Pesquisas apontam que o jejum afeta o metabolismo do substrato e diversas vias celulares, como lipólise e autofagia, além de impactar o sistema cardiovascular e os processos inflamatórios. O jejum de longa duração, realizado por três ou mais dias, esgota as reservas de glicose no organismo e induz cetose, enquanto o jejum de curta duração envolve durações insuficientes para desencadear esse estado metabólico. Entre as abordagens populares do jejum de curto prazo estão o jejum intermitente (por exemplo, jejum em dias alternados ou jejum de dia inteiro, um a dois dias por semana), jejum periódico (jejum por três ou mais dias a cada duas a três semanas) e alimentação com restrição de tempo (TRE), onde a ingestão de energia é limitada a uma janela diária específica. As estratégias dietéticas de jejum de curto prazo ganharam popularidade porque não requerem restrição calórica contínua para alcançar perda de peso e melhorias na saúde cardiometabólica. Isto é significativo, uma vez que a restrição calórica contínua muitas vezes leva a uma fraca adesão e pode resultar na recuperação do peso perdido uma vez eliminadas as restrições alimentares.

Além disso, a restrição calórica tradicional pode levar a perdas substanciais de massa muscular, enquanto abordagens de jejum intermitente, como alimentação com restrição de tempo combinada com treinamento de resistência, demonstraram preservar a massa muscular, melhorar o desempenho físico e reduzir a massa gorda. Essas descobertas tornam o jejum uma alternativa eficaz para controle de peso e melhoria da composição corporal (Kotarsky et al., 2021).

As dietas de jejum e que imitam o jejum ganharam atenção significativa nos últimos anos devido aos seus potenciais benefícios metabólicos e terapêuticos. Foi demonstrado que essas abordagens dietéticas, que envolvem restrição calórica periódica e controlada, influenciam o metabolismo sistêmico, as respostas imunológicas e os mecanismos de reparo celular. Além disso, o jejum pode aumentar a flexibilidade metabólica, fazendo com que o corpo passe da utilização de glicose para a produção de corpos cetônicos, o que tem sido associado à melhoria da saúde metabólica e à redução da inflamação. Além dos benefícios metabólicos, o jejum surgiu como uma potencial estratégia adjuvante no manejo de doenças, particularmente em oncologia. Estudos indicam que o jejum pode aumentar a eficácia dos tratamentos anticancerígenos padrão, como quimioterapia e imunoterapia, ao mesmo tempo que minimizam os seus efeitos adversos. Estas descobertas apoiam o crescente interesse no jejum como uma intervenção não farmacológica que pode complementar as terapias convencionais, tornando-o uma área que está em crescente avanço de investigação tanto na medicina clínica como na medicina preventiva (Vernieri et al., 2022).

O jejum intermitente é um padrão alimentar caracterizado pela alternância entre períodos de alimentação e intervalos de abstinência calórica, associado a benefícios como perda de peso, melhora na sensibilidade à insulina e redução de marcadores inflamatórios. Essa prática tem sido relacionada à autofagia, um processo celular que degrada e recicla componentes celulares danificados. A relevância clínica e científica desse processo foi reconhecida em 2016, quando Yoshinori Ohsumi recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina por descobrir e esclarecer os mecanismos fundamentais da autofagia em leveduras. Seu artigo seminal, “Autophagy in yeast demonstrated with proteinase-deficient mutants and conditions for its induction”, publicado em 1992 no Journal of Cell Biology, identificou genes essenciais para o desencadeamento desse processo.

O jejum moderno tem demonstrado efeitos como a desintoxicação do corpo, ajudando a limpar o sistema digestivo, melhorar a função hepática e reduzir inflamações. Esses efeitos físicos são frequentemente vistos como uma forma de renovação e renascimento do corpo. A autodisciplina no jejum, tem um forte paralelo com a prática espiritual de domínio próprio. O autocontrole alimentar pode levar a uma maior percepção da dependência de Deus e do valor da humildade. É possível fazer essa correlação à partir de algumas passagens bíblicas, como no Antigo Testamento, Moisés jejuou por 40 dias no Monte Sinai ao receber os Dez Mandamentos (Êxodo 34:28), e o rei Davi jejuou em súplica pela vida de seu filho (2 Samuel 12:16). O povo de Nínive também jejuou como sinal de arrependimento diante da pregação de Jonas (Jonas 3:5). No Novo Testamento, Jesus jejuou por 40 dias no deserto antes de iniciar seu ministério (Mateus 4:2), e Ele ensinou que o jejum deve ser feito com humildade e não para ostentação (Mateus 6:16-18). Além disso, os apóstolos praticavam o jejum como parte da busca por orientação divina e fortalecimento da fé (Atos 13:2-3) (Bíblia Sagrada Edição Pastoral, 1990).

À luz destas descobertas, o jejum surge como uma prática que possui significativas implicações fisiológicas, metabólicas e até espirituais. Desde a promoção da flexibilidade metabólica e o aumento das respostas imunitárias até ao seu papel potencial como coadjuvante na gestão de doenças, o jejum oferece uma estratégia não farmacológica convincente para melhorar a saúde geral. Além disso, as suas raízes históricas reforçam a noção de que o jejum não é apenas uma ferramenta para o bem-estar físico, mas também um meio de autodisciplina e introspecção. Nesse sentido, a conexão entre o jejum e os princípios bíblicos pode ser vista como um reflexo da relação mais ampla entre práticas religiosas e saúde. Os princípios bíblicos não apenas fornecem suporte emocional e social, mas também incentivam comportamentos que promovem a longevidade e o bem-estar. Da mesma forma, o jejum ultrapassa a simples restrição alimentar, funcionando como uma prática que fortalece a disciplina mental, reduz o estresse e favorece uma maior consciência do corpo e da mente (Zimmer et al., 2016).

Assim, compreender o jejum dentro desse contexto mais amplo permite enxergá-lo não apenas como uma ferramenta de saúde, mas como parte de um estilo de vida integrado, que equilibra o físico e o espiritual em busca de uma vida mais plena e saudável. Dada a sua popularidade crescente e o crescente corpo de investigação, este artigo pretende avaliar os benefícios do jejum no corpo humano, explorando o seu impacto no metabolismo, na prevenção de doenças e na saúde, ao mesmo tempo que considera o seu significado mais amplo em diferentes contextos.

METODOLOGIA

A metodologia desta revisão bibliográfica baseou-se na realização de uma pesquisa em bases de dados científicas e acadêmicas reconhecidas, como PubMed e Elsevier. Foram adotados critérios de inclusão que englobam artigos revisados por pares, estudos clínicos e pesquisas que analisam o jejum intermitente como uma estratégia para a melhoria da saúde geral. Para garantir a relevância e atualidade das informações, a busca foi restrita a publicações dos últimos cinco anos, utilizando palavras-chave específicas, como “intermittent fasting”, “integral health” e “biblical principles”. Ao final do processo, seis estudos foram selecionados para compor a discussão deste artigo.

Após a etapa inicial de busca, os artigos identificados foram submetidos a uma avaliação de qualidade e pertinência. Foram aplicados critérios de exclusão para descartar estudos que não tratavam especificamente do jejum intermitente ou que não apresentavam dados relevantes sobre sua eficácia e segurança para a saúde. A seleção final foi realizada a partir da análise dos resumos, priorizando aqueles que atendiam aos critérios estabelecidos. Os dados extraídos foram organizados de maneira a sintetizar os objetivos dos estudos, metodologias empregadas, principais achados e conclusões, proporcionando uma visão ampla sobre o tema.

Além disso, foi conduzida uma análise qualitativa para interpretar os dados coletados. Os resultados foram categorizados em temas centrais, como os benefícios do jejum intermitente para a obesidade e seu impacto no tratamento de doenças. As evidências foram discutidas com base em sua relevância clínica e implicações para a prática estética, ressaltando lacunas existentes na literatura e apontando direções para futuras pesquisas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O primeiro artigo selecionado traz que o jejum, especialmente a alimentação com restrição de tempo (TRE), pode ser uma estratégia eficaz para a redução da massa corporal total, do índice de massa corporal (IMC) e da gordura corporal em adultos com sobrepeso ou obesidade, especialmente quando aliado ao treinamento físico. A pesquisa indicou que indivíduos que adotaram o TRE apresentaram uma perda de peso significativamente maior, com uma redução média de 3,3 kg, enquanto aqueles que mantiveram um regime alimentar convencional (NE) tiveram uma perda mínima de apenas 0,2 kg, apesar de uma ingestão calórica semelhante. Além da redução de peso, o treinamento físico combinado com o jejum contribuiu para melhorias na força e resistência muscular. Houve aumentos significativos na massa magra e na força de flexão do joelho em ambos os grupos, demonstrando que o TRE não compromete a capacidade muscular. Alterações hormonais também foram observadas, com variações nos níveis de testosterona, DHEAS e cortisol, embora a relevância dessas mudanças tenha se mostrado diferente entre os grupos analisados(Kotarsky et al., 2021).

Outro estudo analisou os efeitos do jejum intermitente combinado com treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) em quatorze mulheres ativas com peso normal, com média de 27 anos. Para garantir a precisão dos resultados, as participantes foram selecionadas com base em critérios de inclusão específicos, excluindo qualquer condição de saúde subjacente que pudesse interferir no programa de treinamento. Além disso, todas foram avaliadas na mesma fase do ciclo menstrual, minimizando possíveis influências hormonais na composição corporal e no desempenho físico. O objetivo da pesquisa foi comparar os impactos do HIIT realizado com e sem jejum intermitente na composição corporal e no desempenho físico. Os resultados mostraram que ambas as abordagens levaram a melhorias no desempenho do salto, mas não foram observadas diferenças significativas na variação da massa muscular entre os dois grupos. No entanto, o estudo sugeriu que o jejum intermitente pode potencializar as adaptações de desempenho, possivelmente devido a um melhor aproveitamento dos nutrientes durante as sessões de treino. Com isso, concluiu-se que o jejum intermitente pode ser uma estratégia alimentar que traz benefícios para mulheres ativas que desejam otimizar sua composição corporal e desempenho físico (Martínez-Rodríguez Et Al., 2021).

Já este estudo analisou os efeitos do jejum intermitente combinado com estimulação proteica em 200 indivíduos saudáveis, com sobrepeso ou obesidade, com idades entre 30 e 65 anos, residentes em Saratoga Springs, NY. Antes da participação, os voluntários eram sedentários ou apresentavam um nível de atividade física leve. Para avaliar diferentes abordagens dietéticas, os participantes foram distribuídos aleatoriamente em dois protocolos distintos de jejum intermitente, os quais seguiram por um período de quatro semanas. No primeiro grupo (IF1-P), a ingestão diária foi limitada a 400 calorias, enquanto o segundo grupo (IF2-P) consumiu 500 calorias por dia, com suplementação e lanches específicos para atender às necessidades nutricionais. Para analisar os impactos dessas estratégias na composição corporal, medições da massa gorda e da massa livre de gordura foram realizadas no início e ao final do estudo. Registrado em 3 de março de 2020, o estudo teve como objetivo explorar os efeitos do jejum intermitente e da estimulação proteica na perda de peso e na saúde metabólica. Os estudos fornecem informações relevantes sobre intervenções dietéticas para controle de peso e reforçam a importância de planos alimentares estruturados para alcançar melhores resultados de saúde (Arciero et al., 2022).

Esse estudo teve como objetivo avaliar a eficácia e a viabilidade de vários protocolos de Jejum Intermitente, com foco no índice de massa corporal (IMC) como desfecho primário, bem como na composição corporal, marcadores metabólicos e hematológicos em participantes saudáveis. Um total de 25 indivíduos foram distribuídos aleatoriamente em um dos três grupos de jejum: jejum 16/8 (n = 11), jejum 20/4 (n = 6) e jejum em dias alternados (JDA, n = 8). As avaliações foram realizadas no início do estudo, após uma fase de corrida controlada de quatro semanas e após oito semanas de jejum. O estudo constatou que tanto o IMC (p = 0,01) quanto o peso corporal (p = 0,01) diminuíram significativamente no grupo JDA, enquanto nenhuma alteração significativa foi observada nos grupos de jejum 16/8 e 20/4 (p > 0,05). A adesão aos protocolos de jejum variou, mas não foi estatisticamente significativa entre os grupos (16/8: 84,5 ± 23,0%; 20/4: 92,7 ± 9,5%; ADF: 78,1 ± 33,5%, p = 0,57). Com base nestes resultados, os dados sugerem que certas intervenções de jejum podem ter benefícios potenciais para a saúde metabólica (HERZ et al., 2024).

Uma outra pesquisa revelou que o excesso de peso, particularmente na forma de adiposidade, desempenha um papel crucial no desenvolvimento de doenças cardiometabólicas. Embora as modificações no estilo de vida envolvendo restrição energética contínua (REC) sejam eficazes para perda de peso e redução da adiposidade, a REC diária frequentemente leva a baixa adesão a longo prazo. Nos últimos anos, o jejum intermitente surgiu como uma alternativa aumentando a adesão e melhorando a saúde cardiometabólica independentemente da perda de peso. Este artigo apresentou uma análise secundária de dados de uma intervenção de 12 semanas avaliando os efeitos de um jejum duas vezes por semana (5:2 JI; grupo JI) e REC (grupo REC) quando combinados com exercícios de resistência em 34 participantes saudáveis (17 homens, 17 mulheres; IMC médio: 27,0 kg/m², idade média: 23,9 anos). O estudo analisou mudanças em marcadores sanguíneos cardiometabólicos, juntamente com classificações de fome, humor, energia e adesão dentro e entre os grupos. As prescrições dietéticas eram hipoenergéticas, combinadas para ingestão de energia e proteína. Como resultado, observou-se que ambos os grupos dietéticos mostraram reduções no colesterol total. O grupo JI mostrou maiores reduções no CT e LDL-C após ajuste para níveis basais e mudanças no peso. Nenhuma mudança significativa foi observada nos marcadores de regulação da glicose. Ambos os grupos mantiveram alta adesão à dieta (~80%) e relataram baixos níveis de fome durante toda a intervenção (Keenan et al., 2022).

O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia de uma dieta de jejum intermitente com restrição energética em biomarcadores metabólicos e no gerenciamento de peso em adultos com síndrome metabólica. O estudo controlado e randomizado foi realizado com pacientes diagnosticados com síndrome metabólica, com idades entre 18 e 65 anos, em uma instituição acadêmica em Istambul, Turquia (n = 70). Os participantes foram randomizados em dois grupos: o grupo de intervenção de Restrição Energética Intermitente e o grupo controle de Restrição Energética Contínua. Os testes bioquímicos, incluindo o perfil lipídico, glicose plasmática em jejum, insulina, hemoglobina glicada (HbA1c), avaliação da resistência à insulina (HOMA-IR), pressão arterial e composição corporal, foram avaliados no início e na 12ª semana do estudo. A ingestão alimentar foi medida através do método de recordatório alimentar de 24 horas, e a qualidade da dieta foi avaliada com o Índice de Alimentação Saudável-2010. Os resultados mostraram que ambos os grupos apresentaram mudanças semelhantes no peso corporal (perda de aproximadamente 7%) e na composição corporal. A pressão arterial, o colesterol total, os triglicerídeos, o colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL), a glicose em jejum e os níveis de insulina diminuíram significativamente após 12 semanas em ambos os grupos. Não foram observadas diferenças significativas nos biomarcadores da síndrome metabólica entre os grupos. A dieta de jejum intermitente com restrição energética não causou deficiências na ingestão de macronutrientes ou fibras. Ambos os grupos apresentaram pontuações semelhantes no Índice de Alimentação Saudável, com suas ingestões alimentares estando em conformidade com os valores de referência nutricionais diários (Kunduraci; Ozbek, 2020).

Os estudos analisados demonstram que o jejum intermitente pode trazer diversos benefícios à saúde, especialmente no controle do peso e na composição corporal. A alimentação com restrição de tempo (TRE) mostrou-se eficaz na redução do índice de massa corporal (IMC), da gordura corporal e na melhoria da força e resistência muscular, sem comprometer a massa magra (Kotarsky et al., 2021). Além disso, a combinação do jejum com o treinamento físico potencializou os efeitos positivos, favorecendo adaptações metabólicas e hormonais. Em outro estudo, o jejum intermitente aliado ao treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) foi associado a melhorias no desempenho físico, sugerindo que essa estratégia pode otimizar a utilização de  nutrientes  e favorecer adaptações  positivas ao  exercício (Martínez- Rodríguez et al., 2021). Essas evidências reforçam que o jejum não apenas auxilia na perda de peso, mas também pode contribuir para a manutenção da massa muscular e melhora do desempenho físico.

O jejum intermitente apresenta diferentes protocolos, sendo os mais estudados e utilizados o protocolo 16/8, o jejum em dias alternados (Alternate Day Fasting, ADF) e o protocolo 5:2, nos quais períodos definidos de restrição alimentar se alternam com janelas específicas de alimentação. O protocolo 16/8 é caracterizado por uma janela diária de jejum de 16 horas seguida por uma janela alimentar de 8 horas, favorecendo a autofagia e a otimização metabólica. O ADF, por outro lado, alterna dias de alimentação normal com dias de restrição calórica severa, enquanto o protocolo 5:2 permite alimentação habitual por cinco dias da semana e restrição energética significativa (aproximadamente 500-600 kcal) nos outros dois dias não consecutivos. Tais protocolos têm demonstrado benefícios relevantes na perda de gordura visceral, melhora dos níveis glicêmicos, redução da inflamação sistêmica e aumento da longevidade, desde que aplicados de forma personalizada e supervisionados por profissionais capacitados (Trepanowski et al., 2017; Patterson; Sears, 2017; Mattson et al., 2017).

Além dos efeitos na composição corporal, o jejum intermitente tem sido estudado por seu impacto na saúde metabólica e na redução de fatores de risco cardiometabólicos. Pesquisas indicam que essa abordagem pode melhorar perfis lipídicos, reduzindo colesterol total e LDL, além de favorecer o controle glicêmico em indivíduos com síndrome metabólica (Keenan Et Al., 2022; Kunduraci; Ozbek, 2020). Comparado à restrição energética contínua, o jejum intermitente apresentou benefícios semelhantes na perda de peso e na composição corporal, mas sem comprometer a ingestão adequada de nutrientes (Arciero et al., 2022). Além disso, a alta adesão às dietas e os baixos níveis de fome relatados pelos participantes sugerem que essa prática pode ser uma alternativa viável para o controle de peso e a promoção da saúde a longo prazo (Herz et al., 2024).

A relação entre princípios bíblicos, saúde e práticas alimentares tem sido estudada tanto no campo teológico quanto no científico. O jejum, presente em diversas tradições religiosas, incluindo o cristianismo, é frequentemente associado ao fortalecimento espiritual e a benefícios para a saúde física e mental. Estudos indicam que princípios bíblicos podem impactar positivamente a longevidade e a qualidade de vida, especialmente entre pessoas mais velhas, que tendem a ter maior envolvimento em atividades religiosas. Uma revisão sistemática aponta que princípios bíblicos e espiritualidade estão associadas a uma menor taxa de mortalidade e a uma melhor saúde mental e física, independentemente de fatores comportamentais como tabagismo, consumo de álcool e nível socioeconômico (Chida et al., 2009).

Este estudo sugere que a participação religiosa está associada a um menor risco de mortalidade e melhor saúde geral (Chida et al., 2009). Zimmer et al. (2016) investigaram como os princípios bíblicos podem impactar a longevidade e a saúde física e mental, especialmente em populações mais velhas. A pesquisa sugere que, além das intervenções dietéticas, práticas religiosas e espirituais podem influenciar positivamente na qualidade de vida, no controle do estresse e na promoção de comportamentos saudáveis. Esse aspecto é ainda mais relevante quando comparado aos estudos de Caplan et al. (2013), que observaram que a princípios bíblicos pode estar associada à redução de sintomas depressivos e à melhora no funcionamento físico e mental de sobreviventes de câncer. Isso leva à uma reflexão sobre a importância de abordagens não convencionais para a saúde, onde a integração do corpo, mente e espírito seja valorizada como um meio de alcançar o bem-estar total.

Em relação às escrituras bíblicas, o jejum aparece como um importante instrumento, porém com propósitos distintos no antigo e no novo testamento, como por exemplo, no antigo testamento, Moisés jejuou por 40 dias ao receber os Dez Mandamentos (Êxodo 34:28), enquanto o povo de Israel jejuou em arrependimento (1 Samuel 7:6). Davi jejua em súplica pela vida de seu filho (2 Samuel 12:16-23), e Esdras proclamou um jejum para buscar proteção divina (Esdras 8:21-23). Ester pede que o povo jejue antes de sua intercessão corajosa (Ester 4:16). Já no novo testamento, em Mateus 4:1-2, Jesus jejuou por 40 dias no deserto, preparando-se espiritualmente para enfrentar a tentação e submeter-se à vontade de Deus, mostrando a importância da consagração e dependência do Pai. Em Mateus 6:16-18, Ele ensina que o jejum deve ser feito com humildade e sinceridade, não para exibição, mas como uma prática íntima entre crente e Deus, fortalecendo o espírito e renunciando ao ego. Na igreja primitiva, o jejum era parte essencial da busca por direção divina, como em Atos 13:2-3, onde a igreja jejua e ora antes de enviar missionários, e em Atos 14:23, ao escolher líderes espirituais, demonstrando dependência de Deus para decisões importantes. Esses exemplos destacam o jejum como uma prática de preparação espiritual, discernimento e submissão à vontade divina.

Por fim, a interseção entre jejum e princípios bíblicos evidencia a importância do autocontrole e da autodisciplina, valores centrais nas escrituras bíblicas e na promoção da saúde. A prática do jejum requer adaptação mental e física, promovendo uma maior consciência sobre os hábitos alimentares e o equilíbrio do organismo. Paralelamente, a princípios bíblicos tem sido associada à regulação emocional e a menores índices de depressão, conforme evidenciado por diversos estudos epidemiológicos (HUGHES et al., 2008). Além disso, a participação religiosa está correlacionada a uma redução na mortalidade por doenças cardiovasculares, reforçando que práticas religiosas e disciplina alimentar podem atuar em conjunto na promoção do bem-estar (CHIDA et al., 2009). Assim, tanto a teologia quanto a ciência apontam para o jejum como uma ferramenta poderosa na busca por uma vida equilibrada e saudável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Diante das evidências apresentadas, o jejum intermitente se mostra como uma abordagem que apresenta diversos benefícios para a promoção da saúde, atuando na regulação metabólica, na composição corporal e na prevenção de doenças. Além de seus benefícios fisiológicos, a prática do jejum também carrega um significado histórico e religioso, como demonstrado em diversas tradições, incluindo o cristianismo. A integração entre ciência e princípios bíblicos reforça a visão do jejum como um hábito que vai além da restrição alimentar, promovendo não apenas a saúde física, mas também o equilíbrio emocional e mental. Assim, compreender seus mecanismos e impactos abre caminho para novas investigações que possam consolidar seu papel na medicina preventiva e no bem-estar humano, incentivando estratégias personalizadas que respeitem as necessidades individuais de cada um.

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Figueiredo, Adriano Faustino de . Benefícios do jejum na saúde humana integral e a sua relação com princípios bíblicos.International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

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Área do Conhecimento

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