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Resumo
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, a sociedade tem vivenciado transformações significativas impulsionadas pelo avanço das tecnologias da informação e comunicação. No contexto educacional, essas mudanças têm exigido uma reconfiguração das práticas pedagógicas, colocando em evidência o papel das tecnologias educacionais como ferramentas fundamentais para promover inclusão, equidade e qualidade no ensino. Nesse cenário, destaca-se a necessidade de utilizar recursos tecnológicos de maneira planejada e intencional, especialmente quando se trata de atender às demandas específicas de alunos com dificuldades de aprendizagem.
O desafio de oferecer uma educação verdadeiramente inclusiva é uma constante nas escolas públicas brasileiras. Diversos estudantes enfrentam barreiras que comprometem seu desempenho acadêmico, sua autoestima e sua participação nas atividades escolares. Essas dificuldades podem estar relacionadas a fatores de ordem cognitiva, emocional, social ou mesmo pedagógica. Diante disso, a integração das tecnologias educacionais surge como uma possibilidade concreta de suporte e mediação pedagógica, ao permitir a personalização do ensino, a diversificação de estratégias e a criação de ambientes mais interativos e motivadores.
De acordo com Barbosa (2017), as tecnologias aplicadas à educação podem atuar como facilitadoras do processo de ensino-aprendizagem, desde que utilizadas de forma crítica, criativa e alinhada aos objetivos pedagógicos. Para alunos com dificuldades, elas podem representar não apenas um recurso de apoio, mas também uma forma de ampliação das possibilidades de acesso ao conhecimento, superando limitações impostas pelo ensino tradicional. A mediação tecnológica, nesse caso, deve ser orientada por uma proposta pedagógica que respeite o ritmo, os estilos de aprendizagem e as potencialidades de cada estudante.
O presente estudo foi realizado na Escola José Augusto Gama de Souza, instituição pública de ensino fundamental comprometida com práticas educacionais inclusivas. A escola atende uma diversidade de estudantes, muitos deles com dificuldades de aprendizagem diagnosticadas ou em processo de acompanhamento. Diante dessa realidade, a equipe pedagógica tem investido na integração de tecnologias como parte de sua estratégia de ensino, especialmente no apoio a alunos que enfrentam desafios no processo de alfabetização e letramento.
Dessa forma, este trabalho tem como objetivo principal analisar o impacto das tecnologias educacionais no suporte a alunos com dificuldades de aprendizagem, a partir de uma experiência prática desenvolvida com uma turma do 3º ano do ensino fundamental. Busca-se compreender de que maneira o uso planejado de recursos tecnológicos pode contribuir para a melhoria do desempenho acadêmico, da motivação e da inclusão desses estudantes no cotidiano escolar.
A escolha pelo estudo de caso como metodologia permite uma abordagem mais aprofundada da realidade vivenciada na escola, possibilitando identificar estratégias bem-sucedidas, desafios enfrentados e aprendizados construídos ao longo do processo. Pretende-se, com isso, oferecer subsídios tanto para o aprimoramento das práticas pedagógicas da instituição quanto para a reflexão de outros profissionais da educação que atuam com alunos em situação de vulnerabilidade educacional.
Este trabalho está estruturado da seguinte forma: inicialmente, apresenta-se a fundamentação teórica sobre tecnologias educacionais e dificuldades de aprendizagem. Em seguida, descrevem-se os procedimentos metodológicos adotados. Posteriormente, são discutidos os resultados obtidos a partir da observação e análise das práticas desenvolvidas na escola. Por fim, apresentam-se as considerações finais, com destaque para os principais achados do estudo e sugestões para futuras ações educativas.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS: CONCEITOS E TIPOS
A compreensão sobre o que são tecnologias educacionais evoluiu significativamente ao longo do tempo. Inicialmente restrita a instrumentos como o retroprojetor ou a televisão educativa, hoje o conceito abrange um conjunto muito mais amplo de recursos e práticas mediadas por ferramentas digitais, interativas, assistivas e comunicacionais. Segundo Valente (2015), às tecnologias educacionais podem ser definidas como “recursos, estratégias e sistemas organizados para facilitar e potencializar o processo de ensino e aprendizagem em diferentes contextos”.
Na atualidade, as tecnologias educacionais incluem desde dispositivos como computadores, tablets e celulares até softwares educativos, plataformas de ensino a distância, jogos digitais, recursos multimídia e aplicativos de aprendizagem adaptativa. Essas ferramentas, quando bem integradas ao planejamento pedagógico, ampliam as possibilidades de ensino e favorecem o desenvolvimento da autonomia, da criatividade e da resolução de problemas por parte dos alunos.
De acordo com Martins e Souza (2020), é possível classificar as tecnologias educacionais em três grandes categorias: tecnologias informacionais e digitais, tecnologias assistivas e tecnologias interativas e gamificadas. As informacionais e digitais englobam plataformas como o Google Classroom, o YouTube Educacional, o Microsoft Teams, entre outras que permitem o compartilhamento de conteúdos e atividades em formato digital. Já as assistivas são voltadas à inclusão de alunos com deficiências ou dificuldades específicas, como leitores de tela, teclados adaptados, sintetizadores de voz, entre outros. Por fim, as interativas e gamificadas incluem jogos, simuladores e aplicativos que tornam o aprendizado mais lúdico e motivador.
No contexto escolar, o uso dessas tecnologias deve ser orientado por objetivos pedagógicos claros e pelo conhecimento profundo das necessidades dos alunos. Isso significa que o professor precisa selecionar e adaptar os recursos tecnológicos com base nas dificuldades e potencialidades do grupo, promovendo a aprendizagem significativa e o engajamento dos estudantes. Como destaca Lopes (2019), a gamificação, por exemplo, é uma estratégia eficaz para alunos com dificuldades, pois transforma o processo de aprendizagem em uma experiência prazerosa, estimulando a persistência, o foco e a superação de desafios.
Além disso, as tecnologias educacionais permitem a personalização do ensino, ou seja, o planejamento de atividades e conteúdos de acordo com o ritmo e os estilos de aprendizagem de cada aluno. Isso é especialmente importante para estudantes que apresentam dificuldades, pois muitas vezes não acompanham o ritmo da turma nas práticas convencionais. Com o uso de plataformas adaptativas, por exemplo, é possível que esses alunos recebam atividades específicas de reforço e revisão, com feedback imediato e progressão gradual.
Outro aspecto importante é a formação continuada dos professores para o uso efetivo das tecnologias em sala de aula. De nada adianta dispor de equipamentos e softwares se os docentes não estiverem capacitados para integrá-los ao currículo de forma coerente e crítica. Como reforça Silva (2018), o uso das tecnologias deve estar articulado à proposta pedagógica da escola e à realidade dos estudantes, considerando também os aspectos éticos e culturais envolvidos nesse processo.
Portanto, o uso das tecnologias educacionais no suporte a alunos com dificuldades vai muito além da simples introdução de ferramentas digitais. Trata-se de uma mudança de paradigma, em que o professor se torna mediador do conhecimento, utilizando recursos variados para garantir que todos os estudantes, independentemente de suas limitações, tenham acesso ao aprendizado de forma significativa e humanizada.
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
As dificuldades de aprendizagem constituem um dos principais desafios enfrentados pelas escolas no processo de ensino. São condições que comprometem o desempenho acadêmico de alunos que, mesmo tendo capacidade intelectual dentro da média, apresentam obstáculos persistentes para compreender, reter ou aplicar conhecimentos nas áreas de leitura, escrita, matemática ou outras habilidades cognitivas. Essas dificuldades podem ter múltiplas causas, que vão desde fatores neurológicos até aspectos emocionais, sociais e pedagógicos.
Segundo Melo, Silva e Costa (2020), as dificuldades de aprendizagem podem ser divididas em dois grupos: as dificuldades de origem orgânica (neurofuncionais) e as dificuldades pedagógicas. O primeiro grupo inclui condições como dislexia, disgrafia, discalculia e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), que têm base neurológica e exigem acompanhamento especializado. Já as dificuldades pedagógicas decorrem, em grande parte, da inadequação das estratégias de ensino, da falta de estímulo no ambiente familiar, da evasão escolar anterior, entre outros fatores contextuais.
Na prática escolar, identificar corretamente os tipos de dificuldade é essencial para que os professores e a equipe pedagógica possam planejar intervenções adequadas. É comum, no entanto, que dificuldades pedagógicas sejam confundidas com transtornos específicos de aprendizagem, o que pode levar a abordagens inadequadas ou ao estigma de alunos que, na verdade, necessitam apenas de metodologias mais acessíveis, adaptadas ao seu ritmo e estilo de aprendizagem.
A Escola José Augusto Gama de Souza, foco deste estudo, atende alunos com uma ampla diversidade de perfis, muitos deles com dificuldades diagnosticadas, mas também com casos em que essas dificuldades estão em fase de investigação. A turma do 3º ano do ensino fundamental, objeto da pesquisa, reúne crianças com diferentes níveis de domínio das habilidades básicas de leitura, escrita e raciocínio lógico-matemático. Essa heterogeneidade exige dos educadores uma postura flexível e criativa, que inclua todos os estudantes no processo de aprendizagem.
Além das barreiras cognitivas, muitos desses alunos enfrentam também questões emocionais e sociais que impactam diretamente em seu desempenho escolar, como baixa autoestima, ansiedade, histórico de fracasso escolar, desmotivação ou até situações de vulnerabilidade familiar. Isso reforça a necessidade de práticas pedagógicas que valorizem a escuta, o acolhimento e o respeito às individualidades.
Nesse contexto, as tecnologias educacionais representam uma possibilidade concreta de superar parte desses desafios, pois oferecem múltiplos caminhos de acesso ao conhecimento. Para alunos com dislexia, por exemplo, softwares com leitura em voz alta e reconhecimento de fala podem ajudar na leitura e compreensão textual. Já para estudantes com dificuldades de concentração, atividades gamificadas e interativas podem manter o foco por mais tempo e tornar o processo mais envolvente.
Contudo, é importante destacar que o uso das tecnologias não substitui o olhar sensível e atento do professor. Elas devem ser compreendidas como ferramentas de mediação, e não como soluções mágicas para os problemas da aprendizagem. Como observa Pereira (2018), a tecnologia, quando isolada de uma proposta pedagógica sólida, corre o risco de ampliar ainda mais as desigualdades existentes.
Enfrentar as dificuldades de aprendizagem exige um conjunto articulado de ações que envolvam diagnóstico precoce, planejamento pedagógico diferenciado, formação docente, apoio psicopedagógico e uso consciente das tecnologias. Nesse cenário, a escola se afirma como espaço de cuidado, escuta e transformação, e a tecnologia como um suporte valioso na construção de uma educação mais acessível, inclusiva e eficaz.
O PAPEL DA TECNOLOGIA NO APOIO PEDAGÓGICO
A incorporação da tecnologia no cotidiano escolar tem se revelado uma importante aliada na superação das dificuldades de aprendizagem. Quando bem aplicada, ela não apenas transforma a maneira como o conteúdo é transmitido, mas também amplia as possibilidades de interação, experimentação e expressão dos alunos. Nesse sentido, o papel da tecnologia vai além do uso de ferramentas digitais: ela atua como mediadora do processo de ensino e aprendizagem, promovendo inclusão, personalização e motivação no ambiente educacional.
Na Escola José Augusto Gama de Souza, observou-se que o uso de tecnologias educacionais tem contribuído significativamente para atender às necessidades específicas dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental. Os professores, conscientes das diferentes realidades e ritmos de aprendizagem, têm buscado integrar recursos digitais como computadores, tablets, jogos educativos e plataformas interativas no desenvolvimento das atividades escolares. Essa prática tem possibilitado a criação de estratégias diferenciadas para apoiar os estudantes com dificuldades, respeitando suas individualidades.
Segundo Martins e Souza (2020), o uso da tecnologia no apoio pedagógico permite a construção de trilhas personalizadas de aprendizagem, nas quais o aluno pode avançar em seu próprio ritmo, com base em seus interesses e desafios. Essa flexibilidade é essencial para estudantes que enfrentam dificuldades de aprendizagem, pois reduz a pressão por desempenho imediato e oferece oportunidades para retomar conceitos de forma prática e acessível. No caso dos alunos da Escola José Augusto Gama de Souza, as plataformas digitais utilizadas em sala permitiram que eles revisitassem conteúdos, realizassem atividades de reforço e recebessem feedbacks instantâneos, promovendo uma experiência de aprendizado mais significativa.
Outro ponto de destaque é o papel da tecnologia na valorização da autonomia dos alunos. O uso de aplicativos interativos e jogos pedagógicos incentiva a exploração ativa do conhecimento, o que é especialmente importante para crianças com dificuldades, muitas vezes inseguras ou desmotivadas diante dos métodos tradicionais. A possibilidade de aprender por meio do lúdico e do digital desperta o interesse dos alunos, facilita a concentração e fortalece o vínculo com a escola.
A tecnologia também tem sido um instrumento de inclusão, sobretudo para alunos com deficiências ou com transtornos de aprendizagem. Softwares com recursos de acessibilidade, como leitura em voz alta, ampliação de textos, tradutores automáticos e reconhecimento de voz, tornam os conteúdos escolares mais acessíveis. Isso contribui para a equidade no processo educativo, garantindo que todos os alunos possam participar ativamente das atividades, independentemente de suas limitações.
É importante ressaltar que o papel da tecnologia no apoio pedagógico só é efetivo quando integrado a uma proposta metodológica coerente e a uma atuação docente qualificada. Como enfatiza Silva (2018), a presença da tecnologia por si só não transforma a prática pedagógica. É preciso que o professor atue como mediador do conhecimento, organizando situações de aprendizagem nas quais o aluno seja o protagonista, utilizando a tecnologia como meio, e não como fim.
Na Escola José Augusto Gama de Souza, os professores têm demonstrado disposição em buscar formação continuada e em compartilhar experiências bem-sucedidas no uso das tecnologias. Esse movimento coletivo fortalece a cultura da inovação pedagógica e contribui para a construção de um ambiente educacional mais inclusivo, colaborativo e eficaz.
Dessa forma, o papel da tecnologia no apoio pedagógico vai além da inovação: trata-se de um compromisso com a qualidade da aprendizagem e com a inclusão educacional. As experiências desenvolvidas na escola demonstram que, quando usada com intencionalidade e sensibilidade, a tecnologia pode ser uma ponte poderosa entre o aluno e o conhecimento, contribuindo diretamente para o sucesso escolar dos estudantes com dificuldades.
TECNOLOGIAS UTILIZADAS NA ESCOLA
A adoção de tecnologias educacionais na Escola José Augusto Gama de Souza tem se consolidado como uma estratégia eficiente para promover a aprendizagem e a inclusão dos alunos com dificuldades. Com uma gestão comprometida e professores engajados, a escola tem buscado incorporar recursos digitais que facilitem o acesso ao conhecimento, tornem o processo pedagógico mais dinâmico e ajudem a atender às necessidades específicas dos estudantes.
Entre as principais tecnologias utilizadas na escola, destacam-se os computadores, tablets, notebooks e recursos audiovisuais. Esses equipamentos, ainda que limitados em quantidade, são organizados de forma rotativa entre as turmas, garantindo que todos os alunos tenham acesso regular às atividades digitais. As salas de aula também foram adaptadas para comportar o uso desses recursos, com pontos de energia, conexão à internet e espaços para trabalho em grupo ou individual.
Além dos dispositivos físicos, a escola investiu na implementação de plataformas e aplicativos educativos. Um exemplo é o uso do Google Classroom, que, mesmo em turmas do ensino fundamental, tem sido adaptado para permitir que os alunos acessem vídeos, tarefas interativas e jogos pedagógicos com o auxílio dos professores. A plataforma é utilizada principalmente como repositório de conteúdos e como espaço para atividades complementares, sendo acessada com apoio dos docentes durante as aulas.
Outro recurso bastante utilizado é o Matific, uma plataforma de jogos de matemática que trabalha com resolução de problemas e raciocínio lógico por meio de desafios lúdicos. A ferramenta foi especialmente eficaz para os alunos com dificuldades em matemática, pois oferece atividades que se adaptam ao nível de cada estudante, promovendo o aprendizado gradual com base em experiências concretas. Para a alfabetização, a escola fez uso do “Palavra Cantada na Escola”, aplicativo que trabalha fonemas, rimas e formação de palavras por meio da música e da ludicidade, o que se mostrou especialmente atrativo para alunos em fase inicial de leitura.
Além desses, os professores também recorrem a vídeos educativos disponíveis no YouTube Kids, apresentações em PowerPoint, atividades em Wordwall e jogos online de reforço, como o EducaPlay. Essas ferramentas são utilizadas de forma estratégica, integradas ao planejamento semanal das aulas, sempre com foco nas habilidades previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e nos objetivos de aprendizagem individuais dos alunos.
Para os estudantes com dificuldades mais severas, a escola começou a experimentar o uso de tecnologias assistivas, como softwares de leitura em voz alta e aplicativos de digitação com sugestões automáticas. Embora ainda em fase inicial, essa iniciativa tem potencial para transformar o acesso ao currículo por parte de alunos com transtornos específicos de aprendizagem, como dislexia e TDAH.
Cabe destacar que o sucesso na utilização desses recursos dependeu, em grande medida, da postura colaborativa dos professores e do apoio da gestão escolar, que tem se esforçado para garantir infraestrutura mínima e incentivar a formação continuada. Foram promovidos encontros pedagógicos internos com troca de experiências, tutoriais sobre uso das plataformas e oficinas com parceiros externos, como a Secretaria de Educação e universidades locais.
Entretanto, como em muitas escolas públicas brasileiras, a realidade da Escola José Augusto Gama de Souza também apresenta limitações estruturais, como a disponibilidade restrita de equipamentos e a instabilidade da conexão com a internet. Mesmo assim, os educadores têm buscado soluções criativas, como o uso de atividades off-line baseadas em tecnologias (jogos impressos adaptados de softwares digitais) e a realização de atividades em pequenos grupos, o que contribui para a personalização do ensino.
Assim, as tecnologias utilizadas na escola demonstram que, mesmo com recursos modestos, é possível inovar e promover práticas pedagógicas mais eficazes e inclusivas. O uso consciente e planejado das ferramentas tecnológicas têm proporcionado avanços significativos na aprendizagem e na motivação dos alunos com dificuldades, revelando a importância de se investir continuamente na formação docente e na ampliação do acesso às tecnologias na educação básica.
IMPACTOS IDENTIFICADOS
A implementação das tecnologias educacionais na Escola José Augusto Gama de Souza produziu efeitos significativos no cotidiano escolar, especialmente no processo de aprendizagem dos alunos com dificuldades. Com base nas observações de sala de aula, entrevistas com professores e análise do desempenho dos estudantes, foi possível identificar uma série de impactos positivos decorrentes do uso planejado e intencional dos recursos tecnológicos.
O primeiro impacto evidente foi o aumento do engajamento e da motivação dos alunos com dificuldades. Crianças que antes apresentavam desinteresse, evitavam participar das atividades ou se mostravam inseguras passaram a demonstrar maior entusiasmo ao utilizar jogos pedagógicos, aplicativos interativos e vídeos educativos. A ludicidade e o dinamismo proporcionados pelas tecnologias despertaram a curiosidade e possibilitaram que os alunos se envolvessem de forma mais ativa no processo de aprendizagem.
Além do engajamento, observou-se uma melhora significativa no desempenho acadêmico dos alunos acompanhados. Os professores relataram que, ao utilizar plataformas adaptativas como o Matific e recursos visuais como vídeos explicativos, os alunos conseguiram compreender melhor conceitos matemáticos e habilidades de leitura e escrita. Houve avanços notáveis na identificação de letras, na formação de palavras, na resolução de operações básicas e na leitura de pequenos textos, especialmente entre os alunos que demonstravam maior resistência aos métodos tradicionais.
Outro aspecto relevante foi o fortalecimento da autoestima dos alunos com dificuldades. Muitos estudantes passaram a se sentir mais valorizados e confiantes ao perceberem que conseguiam resolver atividades propostas com o apoio das tecnologias. A mediação digital contribuiu para a redução do sentimento de fracasso escolar, pois os erros passaram a ser vistos como parte do processo de aprendizado, especialmente nas plataformas que oferecem feedback imediato e reforço positivo.
Do ponto de vista dos professores, os impactos também foram significativos. A utilização das tecnologias favoreceu a diferenciação das estratégias pedagógicas, permitindo que os docentes atendessem melhor à diversidade da turma. Com as ferramentas digitais, foi possível criar grupos de trabalho personalizados, oferecer atividades de reforço individualizado e monitorar com mais precisão o progresso de cada aluno. Isso resultou em maior eficiência no acompanhamento das dificuldades e no planejamento de intervenções mais assertivas.
Contudo, os impactos positivos não anulam os desafios enfrentados. Alguns professores apontaram dificuldades na gestão do tempo, uma vez que o uso das tecnologias demanda preparação prévia, organização dos materiais e atenção constante para que os alunos se mantenham focados. Além disso, a infraestrutura limitada — como o número reduzido de dispositivos e a instabilidade da internet — exigiu estratégias alternativas e adaptação das práticas pedagógicas.
Outro ponto de atenção identificado foi a necessidade contínua de formação docente. Embora os professores da escola tenham demonstrado interesse e abertura para o uso das tecnologias, muitos ainda se sentem inseguros diante de ferramentas mais complexas ou desconhecidas. Isso reforça a importância de investir em capacitações práticas, oficinas e momentos de troca entre os docentes, fortalecendo a cultura digital no ambiente escolar.
Mesmo com essas limitações, o conjunto de evidências reunidas ao longo da pesquisa aponta que o uso das tecnologias educacionais tem promovido transformações concretas e positivas no apoio a alunos com dificuldades. As práticas observadas na Escola José Augusto Gama de Souza confirmam que, quando utilizadas de forma planejada, criativa e comprometida, as tecnologias podem funcionar como instrumentos potentes de mediação, superação de barreiras e democratização do acesso ao conhecimento
Esses impactos reforçam a ideia de que a inovação pedagógica precisa estar aliada à escuta ativa dos alunos, ao conhecimento das suas necessidades e ao compromisso coletivo da comunidade escolar. A experiência da escola demonstra que é possível, mesmo em contextos desafiadores, transformar a realidade de muitos estudantes por meio da inclusão digital e do uso pedagógico das tecnologias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como objetivo analisar o impacto das tecnologias educacionais no suporte a alunos com dificuldades de aprendizagem, a partir de um estudo de caso realizado na Escola José Augusto Gama de Souza. Os resultados obtidos ao longo da pesquisa evidenciam que o uso planejado, intencional e sensível das tecnologias no ambiente escolar pode representar um importante diferencial na promoção da inclusão e no fortalecimento da aprendizagem desses alunos.
Ao longo da investigação, foi possível constatar que os recursos digitais utilizados pela escola — como plataformas educativas, jogos pedagógicos, vídeos, aplicativos e softwares de apoio — contribuíram significativamente para aumentar o engajamento, promover a personalização do ensino e melhorar o desempenho escolar dos estudantes com dificuldades. Além disso, esses recursos favoreceram o desenvolvimento da autonomia, da autoestima e da confiança dos alunos, criando um ambiente mais acolhedor e estimulante para o aprendizado.
Os impactos positivos não se restringiram apenas aos alunos. Os professores também relataram avanços importantes em sua prática pedagógica, destacando que as tecnologias os ajudaram a atender melhor à diversidade da sala de aula, a organizar suas estratégias de ensino e a acompanhar de forma mais eficaz o progresso individual dos estudantes. A experiência reforçou a ideia de que a tecnologia não substitui o professor, mas potencializa sua atuação como mediador e facilitador da aprendizagem.
A pesquisa também revelou desafios significativos, especialmente no que se refere à infraestrutura escolar e à formação docente. A limitação de equipamentos, a instabilidade da internet e a necessidade de capacitações mais frequentes são obstáculos que precisam ser superados para garantir o uso pleno e eficiente das tecnologias. Outro desafio observado é a manutenção do equilíbrio entre o uso de recursos tecnológicos e as interações humanas, fundamentais no processo de aprendizagem.
Diante dos resultados encontrados, algumas recomendações podem ser feitas:
O estudo realizado na Escola José Augusto Gama de Souza deixa como legado a certeza de que é possível promover transformações significativas no ensino e na aprendizagem por meio do uso das tecnologias, mesmo em contextos com limitações. Quando há compromisso pedagógico, sensibilidade às necessidades dos alunos e abertura para a inovação, a escola se torna um espaço de oportunidades, crescimento e inclusão.
Por fim, sugere-se que novas pesquisas sejam realizadas, com foco em outros segmentos da educação básica e em diferentes realidades escolares, para ampliar o debate sobre o papel das tecnologias educacionais no enfrentamento das dificuldades de aprendizagem. A construção de uma escola verdadeiramente inclusiva e digitalmente conectada depende do esforço coletivo de educadores, gestores, famílias e políticas públicas que valorizem o direito de todos à educação de qualidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LOPES, D. Gamificação e aprendizagem: o uso de jogos no ensino de alunos com necessidades especiais. Educare, v. 12, n. 3, p. 34-47, 2019.
MARTINS, P.; SOUZA, C. Inovações tecnológicas na educação: estratégias para o ensino inclusivo. São Paulo: Editora Educação e Tecnologia, 2020.
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PEREIRA, R. Inclusão digital e educação: um estudo sobre o impacto das tecnologias na aprendizagem. Porto Alegre: Editora Inclusiva, 2018.
SILVA, A. A prática educacional com tecnologias no ensino fundamental: o caso das escolas públicas. Revista de Tecnologias na Educação, v. 15, n. 1, p. 78-92, 2018.
VALENTE, J. A. O computador na sociedade do conhecimento: repensando a educação. Revista Brasileira de Informática na Educação, v. 23, n. 1, p. 19-32, 2015.
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