Dislexia e Intervenção

DYSLEXIA AND INTERVENTION

DISLEXIA E INTERVENCIÓN

Autor

Andressa Alves Fernandes Gonçalves
ORIENTADOR
 Sonia Silva Marcon

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/44D5AD

DOI

Gonçalves, Andressa Alves Fernandes. Dislexia e Intervenção. International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

Esse artigo tem como objetivo geral analisar a importância do diagnóstico e intervenção precoce para o atendimento do disléxico. Esta pesquisa exploratória de cunho bibliográfico caracteriza a dislexia, discute o papel do psicopedagogo no diagnóstico e ainda a intervenção da dislexia e defende a necessidade do diagnóstico precoce para a eficácia da intervenção. Enfoca a temática da conscientização da importância da atuação do psicopedagogo na avaliação diagnóstica e na intervenção da dislexia. Conclui-se que o psicopedagogo deve conhecer bem a queixa trazida pelos pais e/ou profissionais para aprofundar e investigar sobre a mesma, norteando a intervenção e esse processo deve ser realizado o quanto antes possível.
Palavras-chave
Diagnóstico Psicopedagógico. Dislexia. Intervenção Psicopedagógica. Psicopedagogia.

Summary

This article aims to analyze the importance of early diagnosis and intervention for the care of dyslexic individuals. This exploratory bibliographical research characterizes dyslexia, discusses the role of the psychopedagogue in diagnosis, and the intervention in dyslexia, advocating for the need for early diagnosis to ensure the effectiveness of the intervention. It focuses on raising awareness of the importance of the psychopedagogue’s role in diagnostic evaluation and dyslexia intervention. It concludes that the psychopedagogue should thoroughly understand the complaint brought by parents and/or professionals in order to investigate and explore it further, guiding the intervention, and this process should be done as early as possible.
Keywords
Psycho Pedagogical Diagnosis. Dyslexia. Psycho Pedagogical Intervention. Psychopedagogy.

Resumen

Este artículo tiene como objetivo general analizar la importancia del diagnóstico e intervención precoz para la atención del disléxico. Esta investigación exploratoria de carácter bibliográfico caracteriza la dislexia, discute el papel del psicopedagogo en el diagnóstico y la intervención de la dislexia, y defiende la necesidad del diagnóstico precoz para la eficacia de la intervención. Se enfoca en la temática de la concienciación sobre la importancia de la actuación del psicopedagogo en la evaluación diagnóstica y en la intervención de la dislexia. Concluye que el psicopedagogo debe conocer bien la queja presentada por los padres y/o profesionales para profundizar e investigar sobre la misma, orientando la intervención, y que este proceso debe realizarse lo antes posible.
Palavras-clave
Diagnóstico Psicopedagógico. Dislexia. Intervención Psicopedagógica. Psicopedagogía.

INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos vem sendo estudado a perspectiva do diagnóstico e da intervenção sobre a dislexia. A dislexia é uma dificuldade de aprendizagem que afeta as habilidades de leitura e escrita, em que os aspectos de cognição, motivação, oportunidades de aprendizagem ou acuidades sensoriais não estão relacionados. É um distúrbio específico de aprendizagem de origem neurológica(Germano; Capellini, 2008).

  Para Valett (1990), dislexia é um atraso congênito de desenvolvimento ou diminuição na capacidade de traduzir sons em símbolos gráficos e compreender material escrito, o maior prejuízo está, não no reconhecimento ou na discriminação, mas antes, na interpretação dos símbolos. Entretanto, a problemática de pesquisa será responder a questão: Qual a importância do diagnóstico e da intervenção da dislexia?

Com o intuito de iniciar cada vez mais precocemente a identificação e a intervenção da dislexia, estudos devem ser realizados para que haja a conscientização e o conhecimento tanto de pais como de profissionais da área da educação e saúde, para auxiliar o disléxico.

O objetivo geral desta pesquisa é analisar a importância do diagnóstico e intervenção precoce para o atendimento do disléxico. E os objetivos específicos são: caracterizar a dislexia; discutir o papel do psicopedagogo no diagnóstico e intervenção da dislexia e defender a necessidade do diagnóstico precoce para a eficácia da intervenção.

Este estudo é uma pesquisa exploratória de revisão literária, que é uma pesquisa que tem como objetivo o aprofundamento de obras publicadas em relação ao problema em estudo. Será realizada pesquisa sistemática da literatura nas seguintes bases eletrônicas de dados: MEDLINE, SCIELO, PUBMED E LILACS. A busca priorizou artigos e livros que tratou do assunto da Dislexia e intervenção, e que os artigos e livros foram publicados no período de 1990 à 2012. Após foi realizado a leitura, análise crítica e fichamento do material (Gil, 2007). 

DISLEXIA

Existe uma distinção dos tipos de dislexia que são elas: dislexia de evolução, ou de desenvolvimento que essa que será descrita nesse trabalho, a dislexia congênita e a dislexia adquirida que é a afasia que envolve os aspectos da leitura e escrita, distúrbio apresentado como sequela de um acidente vascular cerebral, seja tumor, derrame, isquemia e outros. (Valett, 1990).

A dislexia do desenvolvimento é um dos transtornos mais comuns da leitura, que é definido como uma dificuldade que ocorre no processo de leitura, escrita, soletração e ortografia. Não é caracterizada sendo uma doença, mas sim um distúrbio com uma série de características que se torna evidente na época da alfabetização, embora alguns sintomas estejam presentes nas fases anteriores. Apesar de instrução convencional, a inteligência adequada, oportunidade sociocultural e ausência de distúrbios cognitivos fundamentais, o indivíduo portador de dislexia falha no processo de aquisição de linguagem(Jardini, 2010).

Segundo Jardini (2009), a dislexia independe de causas intelectuais, emocionais e culturais e existe certa discrepância entre o seu potencial para aprender e seu desempenho escolar, ela é de origem hereditária e a maior incidência é em meninos em uma proporção de três para um, e em geral há história de atraso na aquisição e uso da linguagem falada. Os indivíduos acometidos são, portanto, são indivíduos de diferenças de aprendizagens específicas, não de uma patologia e sim de um modo diferente de pensar, não de uma incapacidade.

Um dos distúrbios específicos da leitura e escrita é a dislexia, que é causado pela interrupção ou malformação nas conexões cerebrais que ligam zonas anteriores (lobo frontal) com zonas mais posteriores (lobo parietal e occipital) do córtex cerebral, sua origem é durante o desenvolvimento do cérebro antes mesmo do nascimento(Carvalhais; Silva, 2007).

Segundo Jardini (2010), descreve alguns fatores dos disléxicos: nível intelectual ótimo, bom humor, criatividade além do esperado, socializa-se com facilidade, quebra de paradigmas, genialidade, inventividade, alto grau de aptidões intuitivas e artísticas, habilidade em lidar com estímulos simultâneos, facilidade em desenvolver a inteligência emocional e maior facilidade com cálculos matemáticos. Além disso, existe a subdivisão da dislexia em três tipos: a predominantemente visual, a predominantemente fonológica, e a mista, em que cada uma apresenta suas características particulares.

Indivíduos que apresentam em situação de risco para a dislexia encontram-se com falhas no processamento auditivo e visual e em decorrência dessas falhas os mecanismos cognitivos para analisar, sintetizar, manipular, estocar e evocar informações linguísticas encontra-se alterado, prejudicando assim a aprendizagem do princípio alfabético de sistemas da escrita(Martins; Capellini, 2011).

Segundo Capellini (2004), na dislexia o indivíduo apresenta inteligência normal, distúrbio fonológico, falhas nas habilidades sintáticas, semânticas e pragmáticas, dificuldade em linguagem na modalidade escrita no período escolar, habilidade narrativa comprometida para recontagem de histórias, déficits na função expressiva e alteração no processamento de informações visual e auditivo. Além disso, de 3 a 5% da população de escolares é afetada. 

Segundo Pestun et al (2002), para uma avaliação diagnóstica da dislexia adequada temos que investigar se o indivíduo apresenta alterações no processamento visual e auditivo, no funcionamento do lobo temporal, se apresenta dificuldade na armazenagem das informações, distratibilidade, ausência de déficits sensoriais (auditivos e visuais) e presença de sinais neurológicos menores. Com isso fica claro que necessita de uma equipe multidisciplinar para chegar à conclusão do diagnóstico, composta de: neurologista, pediatra, psicóloga, fonoaudióloga, oftalmologista, psicopedagogo e pedagogo. A avaliação neurológica, sensorial e neuropsicológica formal é essencial no estabelecimento do diagnóstico e da conduta terapêutica. Além disso, a realização de exames de neuroimagem, sobretudo, de caráter funcional, contribui para melhor compreensão dos mecanismos fisiopatológicos dos distúrbios do desenvolvimento.

Para Deuschle e Cechella (2009), alguns aspectos importantes devem ser observados para realizar um adequado diagnóstico da dislexia, tais como: histórico familiar de dislexia; alterações precoces na linguagem, referentes à fala e não a linguagem; leitura e escrita incompreensíveis; fala ininteligível; imaturidade fonológica; redução do léxico; dificuldade em aprender o nome das letras ou os sons do alfabeto; vergonha em ler textos em voz alta; alta ansiedade em realizar qualquer tipo de teste; dificuldade em soletração; capacidade superior de aprendizagem aliada à escrita deficiente; dificuldade para lembrar números, letras em sequência, questões e direções; dificuldade para lembrar sentenças; atraso de fala; confusão direita – esquerda embaixo, em cima, frente – trás (palavras- conceitos) compreende a ideia principal, mas não recorda os detalhes do texto; confusões de letras com diferente orientação espacial (b/d); troca de fonemas surdo-sonoros; dificuldade com rimas; dificuldade para entender instruções, compreender a fala; transposição de fonemas dentro de palavras; substituições de palavras com estruturas semelhantes; segmentação e aglutinação das palavras dentro de frases e dificuldade na interpretação textual, além de leitura lenta e silabada. 

A pré-dislexia é denominada para aquelas crianças que estão apresentando alterações significativas em todo o processo de aprendizagem e apresentam os sintomas específicos da patologia, mas ainda está na fase em que antecede a alfabetização. Devido a esse comprometimento sugerem a necessidade de realização de programas de treinamento fonológico precocemente em escolares, em fase pré-escolares ou nos dois primeiros anos de alfabetização, que apresentam desempenho abaixo do esperado se comparado ao seu grupo- classe nos fatores preditivos para o bom desenvolvimento em leitura, como: conhecimento, nomeação automática rápida, repetição de não palavras e habilidades de consciência fonológica. (Jardini, 2009). 

O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NO DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO DA DISLEXIA

Segundo Jardini (2010), o psicopedagogo clínico habilitado no Brasil, através de pós-graduação tem o papel de corrigir erros de leitura e escrita e os problemas comportamentais trazidos pelo indivíduo no processo de alfabetização, realizando a orientação tanto para a escola quanto para os pais. Dependendo do curso de pós- graduação que o profissional está cursando ele terá a habilitação institucional e / ou clínica. Também com relação à escola, está preparado para realizar o encaminhamento para reabilitação e avaliação de processos neuropsicológicos, ou comportamentais de causas socioemocionais, além da visão social que englobaria gestões e políticas educacionais.

A avaliação psicopedagógica deve buscar uma interação ativa com o indivíduo avaliado, na qual o profissional psicopedagogo deve delimitar o seu papel, desta maneira faz-se necessário que o profissional observe em todo o processo diagnóstico as bases da queixa apresentada inicialmente visto que os pais e ou responsáveis solicitem o mesmo que o profissional o encaminhou. De acordo com a queixa que determina o número de sessões que será necessária para avaliação psicopedagógica, às entrevistas não devem passar de três sessões para que o processo de avaliação não se torne lento, prejudicando o início do processo de reabilitação. É nessa fase inicial que o profissional deve detectar os fatores que possam interferir na aprendizagem, tais como: fator sociocultural, de relacionamento no âmbito familiar, distúrbios psiquiátricos ou orgânicos envolvendo a visão, audição, síndromes neurológicas entre outras. Quando há presença de um ou mais desses aspectos deve-se fazer o encaminhamentos a outros profissionais para que as investigações sejam feitas para o norteamento de intervenções futuras. (Ciasca, 2003).

As características da dislexia devem ser consideradas no momento da avaliação e também como estando presente nos primeiros anos de vida da criança, permanecendo com certa persistência até o momento certo. Além disso, é de fundamental importância o profissional ficar atento a alguns testes padronizados, são eles: para avaliação das habilidades para alfabetização: cita-se o CONFIAS (consciência fonológica: instrumento de avaliação sequencial – verifica a consciência silábica e fonêmica, ou seja, a síntese, segmentação, identificação, produção e exclusão) ; para avaliação da leitura: Protocolo de decodificação de sílabas complexas (que avalia a automatização da conversão grafema/fonema bem como os tipos de alterações que são eles: substituições, omissões, retificações, acréscimos e transposições; avaliação da escrita: ditado de alfabéticos( avalia a frequência e tipo de erro na conversão grafema/fonema, erros contextuais e arbitrários); para avaliação da matemática: há dois instrumentos padronizados: o TDE : subteste de aritmética( avalia a habilidade de realização de cálculos aritméticos de complexidade crescente e o instrumento:  Solução de problemas ( que verifica o entendimento, identificação de operações básicas e estratégias de resolução). Também é válido mencionar as provas piagetianas que avaliam as estruturas de conservação, classificação e seriação, caracterizando um tipo de avaliação processual e qualitativa. Esses testes acima mencionados são para terem um ponto de partida e podem ter outros testes desenvolvidos na literatura e padronizados que também podem ser utilizados,além dos testes é importante analisar o caderno utilizado em sala de aula visando a escrita, assim realizará o diagnóstico e norteará a futura intervenção . (Pestun; Ciasca; Gonçalves; 2002).

Para Capellini (2004), a realização do diagnóstico deve-se utilizar procedimentos que possibilitem determinar o nível funcional da leitura, seu potencial e a capacidade, a extensão da deficiência, as deficiências específicas na capacidade de leitura, a disfunção neuropsicológica e os fatores associados. O psicopedagogo deve conhecer as habilidades e as dificuldades apresentadas pela criança, com o objetivo de orientar a si mesmo ou aos professores para o tratamento adequado, visando ao desenvolvimento de estratégias que possibilitem a melhora no uso de habilidades e funções da linguagem e no desempenho dessa criança nas tarefas escolares que exigem leitura e escrita, pois somente por meio do trabalho com abordagem multiprofissional, que envolva a família, a escola e a criança, as dificuldades cognitivo-linguísticas das crianças poderão ser superadas. A partir do reconhecimento do problema, o diagnóstico deve ser realizado basicamente pela análise da linguagem nos níveis fonológico, morfológico, sintático e semântico.

Segundo Moojen (2007), o psicopedagogo apresenta alguns papéis de intervenções com o disléxico; tais como: levar o disléxico a se reencontrar consigo mesmo, por meio de mudanças motivacionais, favorecendo um controle emocional durante a leitura e auxiliar para que tenha uma boa imagem de si mesmo e consiga conviver com as dificuldade. Oferecer a possibilidade ao disléxico o reencontro com a leitura, iniciando com textos curtos, que sejam de interesse do indivíduo, e criar redes com a escola e a família. Além disso, intervir nas dificuldades específicas auxiliando a melhora na capacidade para a realização com as regras relacionadas.

Deuschle (2009) relata que o clínico psicopedagogo, com relação à intervenção não há um enfoque único que tenha demonstrado a capacidade de proporcionar melhora em longo prazo, por isso o psicopedagogo deve conhecer as numerosas estratégias de intervenções e tratamentos existentes, devendo sempre se atualizar.  

A EFICÁCIA DO DIAGNÓSTICO E DA INTERVENÇÃO PRECOCE NA DISLEXIA

Para Martins e Capellini (2011), relataram que o diagnóstico e a intervenção precoce tem o objetivo de minimizar o impacto das falhas de processamento auditivo, visual e fonológico, ou seja, nas habilidades que estão com dificuldades. Segundo a conclusão do trabalho realizado por Deuschle (2009), a identificação e a intervenção precoce da dislexia são de extrema importância, pois o cérebro apresenta maior plasticidade em crianças pequenas e é potencialmente mais maleável para um redirecionamento dos circuitos neuronais.

Além dos fatores pedagógicos, os fatores psicológicos e socioafetivos também estão diretamente beneficiados com o diagnóstico e a intervenção precoce da dislexia, pois irá minimizar os sentimentos de fracasso e o desânimo das crianças, sendo muito importante, pois pode acarretar problemas no desenvolvimento linguístico, na escolarização e nas interações sociais. (Lopes; Oliveira 2007)

O diagnóstico e a intervenção precoce da dislexia ainda irão auxiliar nos prováveis impactos de longo prazo na trajetória da criança, pois as experiências repetidas de insucesso podem reduzir sua motivação. As principais contribuições do psicopedagogo estão relacionadas a recuperação das habilidades cognitivas, emocionais e sociais, com que poderá utilizar diferentes estratégias, porém sempre com o objetivo de desenvolver essas habilidades na criança, elevando consequentemente a sua autoestima e autoconfiança e valorizando suas potencialidades, ou seja, ao diagnóstico e a intervenção precoce na dislexia tem um caráter de urgência pois precisa reintegrar o mundo do indivíduo disléxico visando as suas dificuldades. (Jardini, 2009)

Ann e Anne-Marie (2004) realizaram um estudo em que demonstrou que o conteúdo ou o método de intervenção é um fator decisivo na eficácia do tratamento, a abordagem sensorial mais explícita, foi significativamente superior a todos os outros grupos ao final do período de intervenção. Nessa abordagem melhorou seus mapas de fonemas, combinada com ensino explícito de mapeamento de letra e som.

Para Cabussú 2009, o tratamento do disléxico na maioria das vezes envolve dois métodos de alfabetização: o método multissensorial e o método fônico. Sendo que o método multissensorial envolve várias e diferentes modalidades sensoriais, como por exemplo os aspectos visuais, aspectos auditivos e aspectos sinestésicos. Para Capovilla 2004, o método fônico tem objetivo de desenvolver as habilidades metafonológicas e ensinar as correspondências grafo-fonêmicas. Segundo Jardini 2009, a criança disléxica normalmente inicia o tratamento entre 7 a 10 anos, sendo a primeira etapa da intervenção a reconstituição do processo de leitura e escrita, isso corresponde aos anos iniciais do ensino fundamental (1° ao 5° ano do ciclo dos nove anos). A segunda fase da reabilitação se dá na pré-adolescência (entre o 6° ao 9° ano) e a reabilitação tem como objetivo estruturar a linguagem escrita em todos os seus aspectos morfo-sintáticos e semânticos, visando uma produção de texto de boa qualidade, com uso de todos os recursos disponíveis na língua portuguesa. A intervenção continua dando atenção a interpretação de textos, questões, linguagem figurativa, gráficos e outras formas de linguagem. Nos adultos a reabilitação visa ao restabelecimento da autoconfiança em suas potencialidades e inteligência, auto-aceitação de ser pensante, pois geralmente envolve história de fracasso escolar e frustrações quanto ao seu desempenho acadêmico. Os adultos disléxicos também relatam uma série de soluções desenvolvidas criativamente desenvolvidas por eles mesmos para vencer suas dificuldades de leitura e escrita.

Sebra e Dias (2011), evidenciaram que no método multissensorial, existe um maior e mais explícito engajamento de outras modalidades sensoriais como a tátil (em que o indivíduo sente uma letra desenhada com um material de textura específica), a cinestésica (o indivíduo movimenta-se sobre uma letra desenhada no chão), e a fonoarticulatória (em que o indivíduo de forma intencional, atenta aos movimentos e posições de lábios e língua necessários para a produção de determinado som). Com isso, o método multissensorial, aplicado e adotado no Brasil  é chamado de Fonovisuoarticulatório, conhecido mais popularmente como “Metódo das Boquinhas”, que utiliza estratégias fônicas(fonema/som), visuais(grafema /letra), e articulatória(articulema/Boquinhas), esse método é indicado tanto para a alfabetização de crianças e adultos como para a reabilitação dos mesmos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O número de escolares que apresentam dificuldade de aprendizagem é crescente. Há muitos fatores que contribuem para esse quadro, e pode-se afirmar que o aumento na quantidade de crianças com risco de dislexia, está diretamente atrelado a fatores sociais e ambientais, além dos de ordem emocional – afetiva, sem desconsiderar possíveis déficits cognitivos. Os principais fatores que representam crianças de risco para a dislexia são os déficits fonológicos, questões de memórias, dificuldades de nomeações rápidas entre tantas outras. 

A dislexia é um distúrbio específico da leitura e escrita, que atinge cerca de 3 a 5% dos escolares. Ela se caracteriza por o indivíduo apresentar inteligência normal, prejuízo no processamento auditivo e visual, distúrbio fonológico, algumas vezes atraso no desenvolvimento da linguagem e fala. Falhas nas habilidades sintáticas, semânticas e pragmáticas, dificuldade em linguagem na modalidade escrita no período escolar. Mas para ser realizada uma avaliação diagnóstica precisa, é necessária uma equipe multiprofissional composta por: neurologista, pediatra, psicólogo, fonoaudiólogo, oftalmologista, psicopedagogo e pedagogo. 

O psicopedagogo tem a responsabilidade de realizar o adequado diagnóstico como também a adequada intervenção, mas para isso, é essencial que a avaliação seja precisa e multidisciplinar (neurologista, pediatra, psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo, oftalmologista e pedagogo) para nortear o processo terapêutico. Para a realização da avaliação o psicopedagogo pode contar com alguns testes padronizados como também analisar o caderno do indivíduo observando a escrita e outros aspectos que forem necessários. Para a intervenção do disléxico ser bem sucedida depende de uma avaliação criteriosa, devendo sempre realizar um adequado planejamento para cada etapa da intervenção seguindo uma cronologia adequada.

Com isso conclui-se que a dislexia é um distúrbio de leitura e escrita, que para ter uma avaliação diagnóstica precisa é necessário uma equipe multiprofissional, o psicopedagogo precisa realizar uma adequada avaliação para nortear a intervenção e tanto a avaliação e a intervenção deve ser realizado o quanto antes possível, para que haja a plasticidade neural e que não tenham muitos prejuízos relacionados na parte emocional, cognitiva e pedagógica. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPOVILLA, F. C., Neuropsicologia e Aprendizagem: uma abordagem multidisciplinar. 2 ed. São Paulo: Memnon, 2004.

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JARDINI, R.S. , R. Alfabetização e Reabilitação pelo método das boquinhas fundamentação teórica. Bauru: R. Jardini, 2010.

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VALETT, R. E. Dislexia é uma abordagem neuropsicológica para a educação de crianças com graves desordens de leitura. São Paulo:Manole, 1990. 

 

Gonçalves, Andressa Alves Fernandes. Dislexia e Intervenção.International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

BAILEY, C. J.; LEE, J. H.
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v. 67
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Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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