Autor
Resumo
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, os avanços da neurociência têm proporcionado uma compreensão mais aprofundada sobre o funcionamento do cérebro e seus impactos no processo de aprendizagem. No contexto educacional, esse conhecimento pode transformar a prática docente, oferecendo estratégias baseadas em evidências científicas que favorecem o desenvolvimento cognitivo e emocional dos alunos. No entanto, observa-se que grande parte dos professores não possui formação específica na área da neuroeducação, o que dificulta a aplicação desses conhecimentos em sala de aula. Essa lacuna reforça a necessidade de discutir como a neurociência pode ser integrada à formação docente, proporcionando uma educação mais eficiente e inclusiva.
A formação docente tradicional, muitas vezes, baseia-se em abordagens pedagógicas convencionais que desconsideram os avanços da neurociência. Isso resulta na manutenção de práticas que podem não atender às diversas formas de aprendizagem dos alunos, impactando diretamente a assimilação dos conteúdos e a construção do conhecimento. Dessa forma, a neuroeducação surge como um campo interdisciplinar que pode auxiliar os professores a entenderem melhor os processos neurais envolvidos no ensino e na aprendizagem, permitindo a implementação de metodologias mais eficazes.
Diante desse cenário, o problema desta pesquisa pode ser formulado da seguinte forma: de que maneira a neurociência pode contribuir para a formação docente e para a melhoria da prática pedagógica na educação básica? A hipótese central deste estudo é que, ao incorporar conhecimentos neurocientíficos à formação dos professores, é possível aprimorar o ensino e tornar a aprendizagem mais significativa, favorecendo o desenvolvimento integral dos alunos. Parte-se do pressuposto de que um professor capacitado em neuroeducação terá melhores condições de adaptar suas metodologias às necessidades dos estudantes, promovendo um ambiente mais propício à aprendizagem.
A aplicação da neurociência na educação básica pode ser um fator decisivo para a personalização do ensino, permitindo que os professores compreendam melhor aspectos como memória, atenção, motivação e desenvolvimento emocional dos alunos. Além disso, o conhecimento sobre a plasticidade cerebral pode ajudar a reformular práticas pedagógicas e oferecer suporte a estudantes com dificuldades de aprendizagem ou transtornos neurobiológicos, como dislexia e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Neste contexto, este artigo tem como objetivo analisar a importância da formação docente na perspectiva da neurociência e discutir como esse conhecimento pode ser aplicado para melhorar o processo de ensino-aprendizagem na educação básica. Para isso, serão abordados os principais conceitos da neurociência aplicados à educação, as estratégias neurocientíficas que podem ser incorporadas à prática pedagógica e os desafios enfrentados na formação docente.
A metodologia adotada baseia-se em uma revisão bibliográfica qualitativa, utilizando fontes acadêmicas, como artigos científicos, livros e documentos educacionais que discutem a relação entre neurociência e educação. Essa abordagem permite reunir evidências teóricas e empíricas sobre o tema, promovendo uma análise crítica dos desafios e das possibilidades da neuroeducação no contexto escolar.
Espera-se que os resultados deste estudo contribuam para ampliar a compreensão sobre a importância da neurociência na formação docente e incentivar mudanças nas políticas educacionais voltadas à capacitação de professores. Além disso, pretende-se destacar práticas pedagógicas que possam ser implementadas para tornar o ensino mais eficiente, engajador e adequado às necessidades dos alunos.
Dessa forma, ao discutir a aplicação da neurociência na educação básica e seu impacto na formação docente, este artigo busca evidenciar a necessidade de transformar o modelo tradicional de ensino. A incorporação de conhecimentos neurocientíficos à prática pedagógica não apenas pode melhorar os índices de aprendizagem, mas também contribuir para a construção de uma educação mais humanizada, inclusiva e alinhada às demandas contemporâneas da sociedade.
FUNDAMENTOS DA NEUROCIÊNCIA APLICADOS À EDUCAÇÃO
A neurociência é o campo da ciência que estuda o sistema nervoso, abrangendo sua estrutura, funcionamento, desenvolvimento e suas alterações em condições de saúde e doença, seu principal objetivo é compreender como o cérebro e as demais partes do sistema nervoso controlam as funções corporais, o comportamento, as emoções, os pensamentos e a consciência (Relvas, 2023).
Dentre os conceitos básicos da neurociência, destacam-se o Sistema Nervoso Central, formado pelo cérebro e pela medula espinhal, e Sistema Nervoso Periférico, composto pelos nervos que conectam o SNC ao restante do corpo, o Neurônio é a célula fundamental do sistema nervoso, responsável pela transmissão dos impulsos nervosos, se comunicam entre si através de sinapses, a Sinapse é a junção entre dois neurônios, onde ocorre a transmissão de sinais, elétrica ou química, por meio de neurotransmissores, os Neurotransmissores são substâncias químicas responsáveis pela comunicação entre os neurônios, como dopamina, serotonina e acetilcolina e a neuroplasticidade, que é a capacidade do sistema nervoso de se modificar e se adaptar em resposta a experiências, aprendizado ou lesões (Relvas, 2023).
Segundo Costa (2023), a neurociência é uma área multidisciplinar que integra conhecimentos da biologia, medicina, psicologia, química, física, computação e outras ciências, visando compreender de forma ampla o funcionamento do cérebro e seu impacto no comportamento humano.
A relação entre neurociência e aprendizagem está baseada na compreensão de como o cérebro processa, armazena e recupera informações, além de como se adapta a novas experiências, a neurociência demonstra que a aprendizagem ocorre por meio da formação e fortalecimento das conexões entre os neurônios, um processo chamado de plasticidade neural, quanto mais uma informação é praticada e revisada, mais fortes e eficientes essas conexões se tornam, facilitando a memorização e a aplicação do conhecimento (Costa, 2023).
Toledo et al., (2020) demonstram que estudos neurocientíficos comprovam que fatores como emoções, atenção, sono e alimentação influenciam diretamente a capacidade de aprender, a emoção, por exemplo, pode potencializar ou dificultar a aprendizagem, já que estados emocionais positivos tendem a facilitar a retenção de informações, enquanto o estresse ou a ansiedade podem prejudicá-la.
De acordo com Koide et al., (2023), a neurociência também contribui para o desenvolvimento de métodos pedagógicos mais eficazes, respeitando as necessidades individuais dos alunos, seus ritmos de aprendizagem e suas diferentes formas de processamento de informações, ao entender como o cérebro aprende, educadores e profissionais da educação podem criar estratégias que estimulem a curiosidade, a motivação e o engajamento, promovendo um aprendizado mais significativo e duradouro.
A atenção é o primeiro passo para a aprendizagem, pois é responsável por selecionar as informações que serão processadas pelo cérebro, sem atenção, a entrada de dados no sistema cognitivo é prejudicada, o que compromete o entendimento e a retenção do conteúdo, estímulos atrativos e ambientes favoráveis ajudam a manter a atenção e facilitam o processo de ensino-aprendizagem (Toledo et al., 2020).
A memória é outro componente essencial, pois é nela que as informações são armazenadas e recuperadas quando necessário, existem diferentes tipos de memória, como a memória de curto prazo, que retém informações temporárias, e a memória de longo prazo, que consolida o conhecimento adquirido ao longo do tempo, a repetição, a prática e a contextualização dos conteúdos ajudam a fortalecer essas memórias (Ramos et al., 2024).
As emoções exercem um papel decisivo no aprendizado, estados emocionais positivos, como alegria e motivação, favorecem a liberação de neurotransmissores que aumentam a capacidade de concentração e de retenção de informações, por outro lado, emoções negativas, como o estresse e a ansiedade, podem bloquear ou dificultar o processo de aprendizagem, prejudicando a atenção e a memória (Ramos et al., 2024).
A plasticidade cerebral é a capacidade do cérebro de se modificar e se adaptar de acordo com as experiências vividas, durante a aprendizagem, novas conexões neurais são criadas e fortalecidas, permitindo que o indivíduo possa desenvolver habilidades, conhecimentos e comportamentos ao longo da vida, essa característica torna o cérebro altamente flexível e capaz de se reorganizar, principalmente em situações de prática constante ou de reabilitação após lesões (Carvalho et al., 2021).
A interação entre os processos cognitivos e emocionais, mediados pela plasticidade cerebral, é fundamental para o desenvolvimento de uma aprendizagem eficaz e duradoura, compreender esses mecanismos permite criar estratégias educacionais mais adequadas, que respeitem o funcionamento do cérebro e promovam um ambiente propício ao aprendizado (Costa, 2023).
O PAPEL DO PROFESSOR NO CONTEXTO DA NEUROEDUCAÇÃO
O professor, no contexto da neuroeducação, assume um papel fundamental como mediador do conhecimento, atuando como facilitador no processo de aprendizagem, a neuroeducação integra conhecimentos da neurociência, psicologia e educação para compreender como o cérebro aprende e, com isso, propõe práticas pedagógicas mais eficazes e alinhadas ao funcionamento neural dos estudantes (Koide et al., 2023).
Como mediador, o professor deixa de ser apenas um transmissor de informações e passa a criar ambientes de aprendizagem que estimulam a curiosidade, a atenção, a motivação e a participação ativa do aluno, ele entende que cada estudante possui um ritmo e estilo de aprendizagem próprios, respeitando essas individualidades e adaptando suas estratégias de ensino para favorecer a plasticidade cerebral, ou seja, a capacidade do cérebro de formar novas conexões neurais a partir das experiências (Koide et al., 2023).
O professor que atua sob a perspectiva da neuroeducação valoriza o papel das emoções no aprendizado, promovendo um ambiente emocionalmente seguro e acolhedor, ele busca minimizar situações de estresse ou ansiedade, incentivando a autoestima, o bem-estar e o interesse pelo conhecimento, a afetividade e o vínculo positivo entre professor e aluno contribuem para a liberação de neurotransmissores, como dopamina e serotonina, que favorecem a atenção e a memória (Toledo et al., 2020).
Alvarenga et al., (2021) afirmam que o mediador do conhecimento também estimula o pensamento crítico, a autonomia e a resolução de problemas, encorajando o estudante a ser protagonista de sua própria aprendizagem, ele propõe atividades que desafiem o cérebro de forma criativa e significativa, reforçando a importância da repetição, do feedback e da aplicação prática dos conteúdos.
O professor no contexto da neuroeducação atua com base no entendimento de como o cérebro aprende melhor, promovendo metodologias que respeitam o desenvolvimento cognitivo e emocional dos alunos, potencializando o aprendizado de forma mais eficaz e humanizada (Alvarenga et al., 2021).
A adaptação de estratégias pedagógicas baseadas na neurociência é de grande importância para tornar o processo de ensino-aprendizagem mais eficaz, respeitando o funcionamento natural do cérebro e as necessidades individuais dos alunos, a neurociência oferece conhecimentos valiosos sobre como o cérebro aprende, processa, armazena e recupera informações, permitindo que os educadores desenvolvam métodos que favoreçam a atenção, a memória, a motivação e a emoção, elementos fundamentais para a aprendizagem significativa (Silva et al., 2024).
Promover um ambiente emocionalmente seguro é essencial, a neurociência comprova que as emoções influenciam diretamente a capacidade de aprender, professores que criam um clima de respeito, acolhimento e incentivo reduzem a ansiedade e o estresse, fatores que prejudicam a aprendizagem, e aumentam a motivação dos alunos, potencializando a liberação de neurotransmissores como a dopamina, que favorecem a atenção e a memória (Silva et al., 2024).
A repetição e a prática ativa são fundamentais para fortalecer as conexões neurais, o professor pode utilizar atividades que revisem e apliquem o conteúdo de formas variadas, o que facilita a consolidação da memória de longo prazo, ao relacionar os novos conhecimentos a experiências significativas para o aluno, o aprendizado se torna mais efetivo e duradouro (Ramires Lima et al., 2020).
FORMAÇÃO DOCENTE E NEUROCIÊNCIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
A formação docente aliada aos conhecimentos da neurociência é fundamental para transformar a prática pedagógica e promover um ensino mais eficaz, alinhado às necessidades do desenvolvimento cognitivo e emocional dos alunos, a neurociência tem revelado informações importantes sobre como o cérebro aprende, processa e retém informações, fornecendo aos educadores ferramentas valiosas para aprimorar suas estratégias de ensino (Camillo, 2021).
Para que esses conhecimentos sejam aplicados de maneira adequada, Camillo (2021) afirma de que é essencial que os professores tenham acesso à formação continuada, pois a ciência do cérebro está em constante evolução, a formação inicial, muitas vezes, não contempla de forma aprofundada os avanços neurocientíficos, tornando necessário que os educadores se atualizem ao longo de sua carreira para incorporar novas descobertas e metodologias baseadas em evidências.
Segundo Ramires Lima et al., (2020), a formação continuada permite que o professor compreenda melhor os processos de atenção, memória, emoção e plasticidade cerebral, além de aprender a identificar fatores que favorecem ou dificultam a aprendizagem dos alunos, com isso, pode desenvolver práticas pedagógicas mais inclusivas, respeitando as diferenças individuais e adaptando o ensino às diferentes formas de aprender.
A inclusão da neuroeducação nos cursos de licenciatura e pedagogia é fundamental para a formação de professores mais preparados para enfrentar os desafios da educação contemporânea, a neuroeducação, que integra conhecimentos da neurociência, psicologia e educação, oferece uma compreensão aprofundada sobre como o cérebro aprende, processa emoções, desenvolve habilidades cognitivas e se adapta a diferentes estímulos ao longo da vida (Albuquerque et al., 2023).
A capacitação de professores em neurociência é essencial para que possam integrar os conhecimentos científicos sobre o funcionamento do cérebro em suas práticas pedagógicas, potencializando o processo de ensino-aprendizagem, no entanto, para que essa capacitação seja eficaz, é necessário adotar estratégias que considerem a complexidade do tema e a diversidade dos profissionais da educação (Ramires Lima et al., 2020).
De acordo com Relvas (2023), a formação docente em neuroeducação é fundamental para que os professores possam aplicar os conhecimentos neurocientíficos na prática pedagógica, mas existem diversas barreiras e dificuldades que dificultam a implementação e a disseminação desses conhecimentos nas escolas, essas dificuldades podem ser relacionadas a fatores estruturais, culturais e até mesmo à falta de recursos adequados para garantir uma formação continuada de qualidade.
ESTRATÉGIAS NEUROCIENTÍFICAS APLICÁVEIS À PRÁTICA PEDAGÓGICA
Koide et al., (2023) explicam que os métodos de ensino baseados na neurociência são estratégias pedagógicas que integram os conhecimentos científicos sobre o funcionamento do cérebro para promover uma aprendizagem mais eficaz, engajante e personalizada, a neurociência tem revelado como diferentes áreas do cérebro estão envolvidas nos processos de atenção, memória, emoção e motivação, o que permite o desenvolvimento de métodos de ensino que favorecem o aprendizado de maneira mais natural e eficaz, alguns desses métodos incluem aprendizagem ativa, ensino multisensorial, gamificação e metodologias híbridas.
A gamificação é uma abordagem pedagógica que utiliza elementos de jogos (como pontuação, desafios, recompensas e feedback) no processo de aprendizagem, a neurociência mostra que o cérebro é altamente motivado por recompensas e desafios, a gamificação estimula a liberação de dopamina, um neurotransmissor relacionado ao prazer e à motivação, criando um ambiente de aprendizado mais engajador e divertido (Vergara et al., 2024).
As metodologias híbridas combinam o ensino presencial com o ensino online, aproveitando o melhor de ambos os mundos, o cérebro é estimulado de formas diferentes, dependendo do ambiente de aprendizagem, as metodologias híbridas permitem que o aluno tenha mais autonomia, pois pode aprender em seu próprio ritmo fora da sala de aula, enquanto também interage com o professor e colegas em momentos presenciais (Vergara et al., 2024).
A aprendizagem ativa envolve o aluno como participante ativo no processo de aprendizagem, em contraste com a abordagem passiva, onde ele é apenas receptor de informações, o cérebro aprende melhor quando está envolvido ativamente na construção do conhecimento. Métodos de aprendizagem ativa incluem atividades como discussões em grupo, projetos, resolução de problemas e estudos de caso (Louzada et al., 2023).
O ensino multisensorial é um método que utiliza múltiplos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar) para reforçar a aprendizagem, a neurociência sugere que o cérebro retém informações de forma mais eficaz quando vários sentidos são envolvidos, já que isso ativa diferentes áreas do cérebro e melhora a memória e o aprendizado motor, o uso de recursos visuais, sonoros e táteis pode ajudar a consolidar o aprendizado, especialmente em alunos com dificuldades de aprendizagem, como os com dislexia ou TDAH (Louzada et al., 2023).
De acordo com Oliveira et al., (2025), o uso da neurociência a fim de promover a atenção, motivação e engajamento dos alunos é uma abordagem poderosa e transformadora, ao aplicar estratégias baseadas no funcionamento do cérebro, os educadores podem criar ambientes de aprendizagem mais eficazes, estimulantes e inclusivos, a chave está em entender que o cérebro aprende melhor quando se está envolvido, motivado e emocionalmente equilibrado, e, por isso, as práticas que favoreçam esses aspectos devem ser priorizadas nas estratégias pedagógicas.
As estratégias baseadas na neurociência para fortalecer a memória e melhorar a retenção do conhecimento estão diretamente relacionadas à compreensão de como o cérebro processa e armazena informações, ao utilizar técnicas como a revisão espaçada, associação contextualizada, estímulos multissensoriais, aprendizado colaborativo e feedback contínuo, os educadores podem promover um aprendizado mais eficaz e duradouro, essas práticas, quando implementadas de maneira consistente, ajudam os alunos a consolidar o conhecimento de forma significativa, facilitando a retenção a longo prazo (Oliveira et al., 2025).
A neurociência e a educação têm mostrado uma interconexão crescente, particularmente no que diz respeito ao impacto do ambiente escolar no desenvolvimento cognitivo dos alunos, o ambiente em que as crianças e jovens estão inseridos desempenha um papel crucial na formação e aprimoramento de suas funções cognitivas, como memória, atenção, resolução de problemas e habilidades sociais, a neurociência, ao estudar como o cérebro reage a diferentes estímulos e experiências, tem fornecido evidências de como a estrutura e a dinâmica do ambiente escolar podem influenciar diretamente o desenvolvimento cerebral e, consequentemente, a aprendizagem (Camillo, 2021).
O impacto do ambiente escolar no desenvolvimento cognitivo é inegável, a neurociência demonstra que fatores como o clima emocional, a qualidade das relações interpessoais, os estímulos sensoriais e a estrutura física da escola podem influenciar diretamente as capacidades cognitivas dos alunos, quando o ambiente escolar é positivo, seguro e estimulante, ele favorece a neuroplasticidade, a atenção, a memória e o engajamento, proporcionando uma base sólida para o desenvolvimento acadêmico e pessoal dos estudantes (Oliveira et al., 2025).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A revisão realizada revelou aspectos fundamentais sobre a relação entre o conhecimento neurocientífico e a prática pedagógica. Os estudos analisados destacam que a neurociência tem contribuído significativamente para a compreensão dos processos de aprendizagem, memória e desenvolvimento cognitivo. Conceitos como neuroplasticidade, funcionamento dos neurotransmissores e impacto das emoções na aprendizagem são fundamentais para orientar práticas pedagógicas mais eficazes. A literatura aponta que uma abordagem neurocientífica na educação possibilita intervenções mais precisas, respeitando os diferentes ritmos e estilos de aprendizagem dos alunos.
Foi evidenciado também que o professor desempenha um papel essencial na mediação dos processos de ensino-aprendizagem, sendo necessário que ele compreenda os princípios neurocientíficos para melhor adaptar suas metodologias. Estratégias baseadas na neurociência, como o uso de estímulos sensoriais variados, reforço positivo e ambientes de aprendizagem emocionalmente seguros, são eficazes para potencializar a retenção de conhecimento e o engajamento dos estudantes.
A formação inicial e continuada dos professores ainda apresenta lacunas quanto à integração dos conhecimentos da neurociência na prática pedagógica. Muitos cursos de licenciatura não contemplam disciplinas que abordem a neuroeducação de forma aprofundada, o que dificulta a aplicação de estratégias baseadas em evidências científicas. No entanto, iniciativas de formação continuada vêm sendo apontadas como um caminho promissor para capacitar os docentes, permitindo-lhes aplicar conceitos neurocientíficos de forma prática e eficaz.
Foram identificadas diversas estratégias neurocientíficas que podem ser aplicadas à sala de aula, tais como:
Tabela 1 – Estratégias Neurocientíficas Aplicáveis à Educação
Fonte: Elaboração do autor (2025)
A neurociência tem fornecido importantes contribuições para a compreensão dos processos de ensino-aprendizagem, permitindo que professores adotem práticas pedagógicas mais eficazes e personalizadas. Entretanto, a incorporação desses conhecimentos na formação docente ainda enfrenta desafios significativos.
Um dos aspectos mais discutidos na literatura é a necessidade de um maior diálogo entre neurociência e educação. Embora os avanços científicos tenham demonstrado o impacto da neuroplasticidade e da regulação emocional no aprendizado, observa-se que esses conhecimentos ainda são pouco explorados na formação inicial dos professores. A falta de uma base neurocientífica na formação docente pode resultar em práticas pedagógicas que não exploram plenamente o potencial cognitivo dos alunos.
A importância do professor como mediador do conhecimento na neuroeducação é outro aspecto importante. Os estudos analisados indicam que o docente precisa estar preparado para reconhecer diferentes estilos de aprendizagem e utilizar metodologias ativas que favoreçam a retenção e o engajamento dos alunos. Estratégias como o ensino multissensorial e o aprendizado baseado em experiências concretas foram destacadas na literatura como práticas eficazes, uma vez que ativam múltiplas áreas do cérebro e favorecem a consolidação do conhecimento.
Os desafios na formação continuada dos docentes foram amplamente discutidos. Observou-se que, apesar da crescente valorização da neuroeducação, muitos professores ainda enfrentam dificuldades para traduzir conceitos neurocientíficos em estratégias aplicáveis à sala de aula. Isso se deve, em parte, à ausência de programas estruturados de formação contínua e à necessidade de materiais didáticos que façam a ponte entre teoria e prática.
Foi possível constatar que a neurociência oferece um arcabouço teórico importante para aprimorar a prática docente e melhorar o processo de ensino-aprendizagem. No entanto, a efetiva incorporação desses conhecimentos na educação depende de uma formação docente mais alinhada com os avanços neurocientíficos. Além disso, as estratégias pedagógicas fundamentadas na neurociência devem ser constantemente atualizadas e adaptadas às necessidades individuais dos estudantes.
Diante dos achados, fica evidente que a neurociência tem potencial para transformar a educação, proporcionando aos professores ferramentas mais precisas para atender às necessidades individuais dos alunos. No entanto, para que essa transformação ocorra de maneira efetiva, é imprescindível que políticas educacionais incentivem a formação docente voltada para a neuroeducação. Somente assim será possível construir um ensino mais inclusivo, dinâmico e adaptado aos avanços científicos da área.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, Márcia Cristina Palheta et al. Neurociência e Educação: Percepções dos professores monitores de um Clube de Ciências. XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, p. 1-12, 2023.
ALVARENGA, Karly Barbosa; Domingos, António Manuel. Conexões entre neuroeducação e formação de professores. Revista Internacional de Formação de Professores, p. e021018-e021018, 2021.
CAMILLO, Cíntia Moralles. Neurociência e a aprendizagem no ensino Ciências. Research, Society and Development, v. 10, n. 6, p. e20510615721-e20510615721, 2021.
CARVALHO, Aline Dos Santos Moreira et al. Plasticidade Neural, um caminho para a aprendizagem: breve análise. Research, Society and Development, v. 10, n. 16, p. e553101624103-e553101624103, 2021.
COSTA, Raquel Lima Silva. Neurociência e aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, v. 28, p. e280010, 2023.
KOIDE, Adriana Batista de Souza; Tortella, Jussara Cristina Barboza. Segura sua mão na minha: uma conexão entre neurociência e Educação. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 31, n. 119, p. e0233805, 2023.
LOUZADA, Fernando; Moreno-Louzada, Luca. Qual o lugar das neurociências na educação?. Revista Estudos Culturais, n. 8, p. 49-60, 2023.
OLIVEIRA, Karine Carvalho; Da Silva, Thaiany Guedes. A relação entre Neurociência Cognitiva e Educação no contexto do Ensino Fundamental I: Uma revisão sistemática. [RMd] RevistaMultidisciplinar, v. 7, n. 1, p. 1-21, 2025.
RAMIRES LIMA, Karine et al. Formação continuada em neurociência: percepções de professores da educação básica. Revista Brasileira de Extensão Universitária, v. 11, n. 3, 2020.
RAMOS, Victor; Da Conceição, Maria Eduarda Fraga. Neurociência das cores no processo de ensino e aprendizagem: Color neuroscience in the teaching and learning process. Ciência Atual–Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário São José, v. 20, n. 1, 2024.
RELVAS, M. P. Neurociência na prática pedagógica. Digitaliza Conteúdo, 2023.
SILVA, Tarcísio Fulgêncio Alves; Azevêdo, Barbara Kelly Gonçalves. Conhecimentos sobre Neuroeducação: Importância e desafios enfrentados por professores da Educação Infantil. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 10, n. 4, p. 2466-2480, 2024.
TOLEDO, Rogéria Viol Ferreira; Lopes, Celi Espasandin. Neurociência cognitiva e a aprendizagem de matemática: diálogos possíveis. Revista de Estudos Aplicados em Educação, v. 5, n. 9, 2020.
VERGARA, Mariela Viviana Montecinos et al. Gamificação e neuroeducação: estratégias inovadoras para potencializar a aprendizagem cerebral. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 10, n. 8, p. 605-617, 2024.
Área do Conhecimento
Submeta seu artigo e amplie o impacto de suas pesquisas com visibilidade internacional e reconhecimento acadêmico garantidos.