Breve histórico da educação inclusiva no Brasil

BRIEF HISTORY OF INCLUSIVE EDUCATION IN BRAZIL

BREVE HISTORIA DE LA EDUCACIÓN INCLUSIVA EN BRASIL

Autor

Simoni Santos Silva
ORIENTADOR
 Hélio Sales Rios

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/48CCFC

DOI

Silva, Simoni Santos . Breve histórico da educação inclusiva no Brasil. International Integralize Scientific. v 5, n 46, Abril/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

A história da educação inclusiva no Brasil é marcada por um processo gradual e complexo de reconhecimento dos direitos das pessoas com deficiência à educação e pela construção de políticas e práticas educacionais que visam garantir a sua inclusão plena no sistema educacional, que passou por diversas fases e mudanças ao longo do tempo. Antes da década de 1970, a educação das pessoas com deficiência no Brasil era predominantemente segregada e marcada pela exclusão. Muitos indivíduos com deficiência não tinham acesso à escola ou eram encaminhados para instituições especializadas segregadas do sistema educacional regular. Nas décadas de 1970 e 1980, começaram a surgir os primeiros movimentos em prol da inclusão educacional de pessoas com deficiência. As discussões sobre direitos civis e sociais contribuíram para a conscientização sobre a importância da inclusão. No entanto, é essencial ressaltar que para fomentar, de fato, a educação inclusiva no Brasil faz-se necessária não só a existência de leis que reforcem a importância deste tema, mas também movimentos sociais que fortaleçam ações inclusivas não só no âmbito educacional, assim como a capacitação adequada de profissionais que trabalham diretamente com o público em questão, tendo em vista que a inclusão vai além da inserção da pessoa atípica no meio social considerado “padrão” pela sociedade.
Palavras-chave
História da educação inclusiva no Brasil. Movimentos em prol da inclusão educacional de pessoas. Conscientização sobre a importância da inclusão. Capacitação do profissional da educação inclusiva.

Summary

The history of inclusive education in Brazil is marked by a gradual and complex process of recognition of the rights of persons with disabilities to education and by the construction of educational policies and practices that aim to ensure their full inclusion in the education system, which has undergone several phases and changes over time. Prior to the 1970s, the education of people with disabilities in Brazil was predominantly segregated and marked by exclusion. Many individuals with disabilities did not have access to school or were referred to specialized institutions segregated from the regular education system. In the 1970s and 1980s, the first movements for the educational inclusion of people with disabilities began to emerge. Discussions on civil and social rights have contributed to raising awareness of the importance of inclusion. However, it is essential to emphasize that in order to actually promote inclusive education in Brazil, it is necessary not only to have laws that reinforce the importance of this topic, but also social movements that strengthen inclusive actions not only in the educational field, but also to adequately train professionals who work directly with the public in question. Bearing in mind that inclusion goes beyond the insertion of the atypical person in the social environment considered “standard” by society.
Keywords
History of inclusive education in Brazil. Movements in favor of the educational inclusion of people. Awareness of the importance of inclusion. Training of inclusive education professionals.

Resumen

La historia de la educación inclusiva en Brasil está marcada por un proceso gradual y complejo de reconocimiento de los derechos de las personas con discapacidad a la educación y por la construcción de políticas y prácticas educativas que tienen como objetivo garantizar su plena inclusión en el sistema educativo, que ha pasado por varias fases y cambios a lo largo del tiempo. Antes de la década de 1970, la educación de las personas con discapacidad en Brasil era predominantemente segregada y marcada por la exclusión. Muchas personas con discapacidad no tenían acceso a la escuela o eran derivadas a instituciones especializadas segregadas del sistema educativo ordinario. En las décadas de 1970 y 1980 comenzaron a surgir los primeros movimientos a favor de la inclusión educativa de las personas con discapacidad. Los debates sobre los derechos civiles y sociales contribuyeron a crear conciencia sobre la importancia de la inclusión. Sin embargo, es esencial enfatizar que para promover realmente la educación inclusiva en Brasil, es necesaria no solo la existencia de leyes que refuercen la importancia de este tema, sino también movimientos sociales que fortalezcan las acciones inclusivas no solo en el ámbito educativo, así como la formación adecuada de los profesionales que trabajan directamente con el público en cuestión. Considerando que la inclusión va más allá de la inserción de la persona atípica en el entorno social considerado “estándar” por la sociedad.
Palavras-clave
Historia de la educación inclusiva en Brasil. Movimientos a favor de la inclusión educativa de las personas. Conciencia de la importancia de la inclusión. Formación de profesionales de la educación inclusiva.

INTRODUÇÃO

A história da educação inclusiva no Brasil é marcada por um processo gradual e complexo de reconhecimento dos direitos das pessoas com deficiência à educação e pela construção de políticas e práticas educacionais que visam garantir a sua inclusão plena no sistema educacional, que passou por diversas fases e mudanças ao longo do tempo.

A pauta da educação especial e da inclusão escolar remetem à reflexão sobre o papel social da escola e dos profissionais da educação na perspectiva da inclusão escolar, assim como a função essencial dos representantes políticos no incentivo a ações, programas e criações de leis que amparem portadores de atendimento especializado e suas famílias no dia-a-dia. Isto envolve transformações estruturais, legais, profissionais, sociais críticas dentro da sociedade.

Apesar de a Constituição Cidadão (1988) e de a LDB (Lei de Diretrizes e Bases), de 1996, estabelecerem princípios e fins da educação na perspectiva da educação inclusiva embasados na legislação, muito ainda há de ser feito e/ ou ajustado no âmbito da inclusão de modo a promover educação igualitária e justa para todos.

FREIRE (2011, p.7) afirma que: “Em sociedades cuja dinâmica estrutural conduz à dominação de consciências, […] a pedagogia dominante é a pedagogia de classes dominantes”. Esta fala é vivenciada, ainda hoje, por muitas famílias de pessoas atípicas à medida que parte da sociedade impõe, muitas vezes de maneira enrustida, o tratamento inadequado e/ ou a exclusão do ser atípico do ambiente escolar.

Muitas vezes, a dificuldade de adaptação e de desenvolvimento de aprendizagem do estudante portador de acompanhamento especial não está apenas em suas questões neurológicas. Por vezes, ela permeia pela aceitação do diagnóstico e acompanhamento familiar e médico adequados, acesso a escola e a profissionais da educação preparados ou, ao menos dispostos a assumir e desempenhar com seriedade o desafio da educação inclusiva, fácil acesso a materiais lúdicos e pedagógicos que simplificam o processo de ensino – aprendizagem respeitando as particularidades de cada membro que compõe este grupo discente.

REVISÃO DE LITERATURA

ASPECTOS ESSENCIAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVOS

MOVIMENTOS SOCIAIS

Na década de 1970, surgiram movimentos sociais e organizações de pessoas com deficiência que lutaram por seus direitos, incluindo o direito à educação. Esses movimentos foram fundamentais para fortalecer pessoas com necessidades especiais de aprendizagem e seus familiares, assim como sensibilizar a sociedade e pressionar por mudanças políticas.

Em sua obra Pedagogia do oprimido, FREIRE argumenta que: “a educação dialógica é o caminho para um modelo educacional libertador para as massas, sem excluí-las do processo de aprendizagem”.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

A Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã, é a lei fundamental e suprema do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988. Ela representa um marco na história do país, pois foi elaborada após um longo período de ditadura militar e tem como principal objetivo estabelecer os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos, além de organizar o Estado brasileiro. Estabeleceu também o princípio da igualdade de todos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, inclusive por motivo de deficiência. 

Tal documento foi compilado em 2023 e alguns pontos relevantes no âmbito da educação incluem Direitos e Garantias Fundamentais devido ao fato de a Constituição assegurar uma série de direitos individuais e coletivos, como a igualdade perante a lei, a liberdade de expressão, o direito à vida, à educação, à saúde, ao trabalho, entre outros; Educação, a partir do reconhecimento da mesma como um direito de todos e um dever do Estado e da família, determinando a garantia de acesso à educação básica obrigatória e gratuita, entre outros aspectos; Direitos das Minorias e Grupos Vulneráveis, que prevê a proteção dos direitos das minorias étnicas, culturais, religiosas e dos grupos socialmente vulneráveis, incluindo as pessoas com deficiência.

No contexto da educação inclusiva, a Constituição de 1988 é importante por reconhecer a educação como um direito de todos, sem discriminação, e por estabelecer as bases para a construção de um sistema educacional mais inclusivo e igualitário. Ela serviu de base para legislações posteriores que ampliaram os direitos das pessoas com deficiência, garantindo seu acesso à educação e outros serviços essenciais.

LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LDB)

A LDB, em sua versão de 1996, trouxe avanços significativos ao estabelecer a educação inclusiva como um princípio a ser seguido no sistema educacional brasileiro. Ela prevê que as escolas devem atender à diversidade dos alunos, incluindo aqueles com necessidades educacionais especiais.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/1996, é a principal legislação que regulamenta a educação no Brasil e estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, desde a educação básica até a educação superior, definindo os princípios, objetivos, organização, gestão e financiamento do sistema educacional brasileiro.

Alguns pontos importantes da LDB incluem Princípios e Fins da Educação – A LDB define os princípios que devem nortear a educação brasileira, como a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a pluralidade de ideias e concepções pedagógicas, entre outros; Estrutura da Educação Básica, estabelecendo a estrutura da educação básica, que compreende a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, definindo as respectivas finalidades, duração e organização curricular.

Ainda neste aspecto, são necessário ressaltar alguns itens como o Ensino Superior, que regula o ensino superior, definindo os princípios e objetivos das instituições de ensino superior, as modalidades de cursos e programas, os critérios de avaliação e os requisitos para a obtenção de graus e títulos acadêmicos; a Educação Especial, que garante o atendimento educacional especializado aos alunos com necessidades educacionais especiais, preferencialmente na rede regular de ensino, assegurando-lhes o acesso ao currículo, aos recursos didáticos e à formação dos professores para o atendimento à diversidade; o Financiamento da Educação, estabelecendo as diretrizes para o financiamento da educação, determinando os percentuais mínimos a serem aplicados na educação pelos governos federal, estaduais e municipais, bem como os critérios de distribuição dos recursos; e por fim, os Profissionais da Educação, o que d2efine os requisitos para a formação e atuação dos profissionais da educação, como os professores, gestores, supervisores e orientadores educacionais.

A LDB é uma legislação fundamental para o sistema educacional brasileiro, pois estabelece as bases legais para a organização e funcionamento da educação no país, garantindo princípios como a igualdade de acesso, a qualidade do ensino e a valorização dos profissionais da educação. Ao longo dos anos, ela passou por algumas alterações e atualizações para adequar-se às demandas e desafios contemporâneos da educação brasileira.

POLÍTICAS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS

Nas últimas décadas, o governo brasileiro tem implementado políticas e programas para promover a inclusão educacional, como a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) e o Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade (2010).

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI) (2008) reforça o compromisso do Estado brasileiro com a inclusão educacional, promovendo a oferta do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e a formação continuada de professores para o trabalho com a diversidade.

A PNEEPEI foi instituída pelo Ministério da Educação (MEC) em 2008, através da Resolução nº 4 do Conselho Nacional de Educação (CNE). Essa política representa um marco importante na educação inclusiva no Brasil, pois visa garantir o direito à educação de qualidade para todos, sem discriminação, especialmente para os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

Alguns dos princípios e diretrizes da PNEEPEI incluem o Direito à Educação através do reconhecimento do direito de todos os alunos à educação, independentemente de suas condições, respeitando-se as diferenças individuais e valorizando a diversidade; o Atendimento Educacional Especializado (AEE), oferecendo Atendimento Educacional Especializado de forma complementar ou suplementar ao ensino regular para garantir o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais; Escola Inclusiva, com a promoção da inclusão dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação na rede regular de ensino, por meio de adaptações curriculares, metodológicas, pedagógicas e de acessibilidade; Formação de Professores, a partir do investimento na formação inicial e continuada destes profissionais para o atendimento à diversidade, capacitando-os para trabalhar com alunos com necessidades educacionais especiais; Acessibilidade, garantindo o acesso aos espaços físicos, aos recursos pedagógicos e às tecnologias assistivas necessárias para a inclusão dos alunos com deficiência e por fim, Colaboração entre Instituições, estimulando a colaboração entre as instituições de ensino, famílias, comunidade e órgãos governamentais para promover a inclusão educacional.

A PNEEPEI reforça o compromisso do Estado brasileiro com a educação inclusiva, estabelecendo diretrizes e estratégias para assegurar o direito à educação de qualidade para todos os alunos, independentemente de suas características individuais. Sua implementação requer a articulação de diferentes atores sociais e a destinação de recursos adequados para garantir o acesso, a permanência e o sucesso dos alunos com necessidades educacionais especiais no sistema educacional brasileiro.

CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DE 2008

Com esta convenção internacional de 2008, o Brasil se comprometeu a promover a inclusão de pessoas com deficiência em todos os aspectos da sociedade, incluindo a educação.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência é um tratado internacional adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2006 e que entrou em vigor em 2008. Ela representa um marco significativo na promoção e proteção dos direitos humanos das pessoas com deficiência em todo o mundo.

Alguns dos principais aspectos da Convenção tratam de: Direitos Fundamentais reconhecendo que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, devendo ser respeitadas em igualdade de condições; Não Discriminação, o que proíbe todas as formas de discriminação com base na deficiência e exige que os Estados Partes adotem medidas para garantir a igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiência; Acessibilidade – estabelecendo a obrigação dos Estados de garantir a acessibilidade física, cognitiva e comunicacional em todos os aspectos da vida, incluindo edifícios, transporte, informação e comunicação; Inclusão Social, promovendo a participação plena e efetiva das pessoas com deficiência na sociedade, incluindo o direito à educação, ao trabalho, à saúde, à cultura e ao lazer, entre outros; Consulta e Participação, o que requer a consulta e a participação ativa das pessoas com deficiência e de suas organizações representativas na formulação e implementação de políticas que as afetem.

O Brasil ratificou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência em 2008, comprometendo-se a adotar medidas para garantir o pleno exercício dos direitos das pessoas com deficiência em seu território. A ratificação da Convenção tem implicações significativas para o sistema legal brasileiro, influenciando a elaboração de políticas públicas, legislação e práticas que visam promover a inclusão e garantir a igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiência.

DECRETO 7.611/2011

O Decreto nº 7.611/2011 foi promulgado pelo governo brasileiro em 17 de novembro de 2011 e regulamenta a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2006. Esse decreto tem como objetivo principal assegurar a implementação efetiva dos princípios e diretrizes estabelecidos na Convenção no contexto nacional.

O Decreto 7.611/2011 tem como alguns dos principais pontos a Igualdade de Oportunidades, que reforça o princípio da igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiência em todos os aspectos da vida, incluindo educação, emprego, saúde, transporte, entre outros; Acessibilidade, estabelecendo a obrigação dos órgãos e entidades públicas de promover a acessibilidade das pessoas com deficiência em seus serviços, instalações e comunicações, de acordo com padrões estabelecidos; Participação e Consulta, demandando a participação ativa das pessoas com deficiência e de suas organizações representativas na formulação e implementação de políticas públicas que as afetem, garantindo sua voz e contribuição; Promoção da Inclusão, estimulando a promoção da inclusão das pessoas com deficiência em todos os setores da sociedade, incluindo educação, trabalho, cultura, esporte e lazer; Monitoramento e Avaliação, determinando a criação de mecanismos de monitoramento e avaliação da implementação das políticas públicas voltadas para as pessoas com deficiência, visando garantir o cumprimento dos direitos estabelecidos na Convenção.

O Decreto 7.611/2011 é uma peça-chave na efetivação dos direitos das pessoas com deficiência no Brasil, pois estabelece as diretrizes e responsabilidades dos órgãos governamentais na promoção da inclusão e acessibilidade. Sua implementação requer o compromisso e a colaboração de todos os setores da sociedade para garantir a plena participação e igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiência.

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (PNE)

Em 9 De Janeiro De 2001, No Governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, foi sancionada a Lei nº 10172, responsável pela aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE). Criado a cada dez anos, este documento traça diretrizes e metas para a educação em nosso país, com o intuito de que estas sejam cumpridas até o fim desse prazo.

No que se refere ao novo PNE que contempla os anos de 2014 a 2024, seu projeto de lei foi enviado pelo governo federal ao Congresso em 15 de dezembro de 2010. Este documento é objetivo e baseado em estatísticas, facilitando assim sua execução e também fiscalização. Tal fato também permite que ele seja discutido nas escolas, aumentando as chances de seus objetivos serem, de fato, compreendidos e também alcançados.

Suas diretrizes permeiam entre a erradicação do analfabetismo; a universalização do atendimento escolar; a superação das desigualdades educacionais; a melhoria da qualidade do ensino; a formação para o trabalho; a promoção da sustentabilidade socioambiental; a promoção humanística, científica e tecnológica do País; o estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto; a valorização dos profissionais da educação; e por fim, a difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática da educação.

Dentre as principais metas do PNE (2014 – 2024), as de número 4 a 7 tratam de modo mais específico da educação inclusiva, com o objetivo de garantir o acesso, a permanência e o sucesso dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades / superdotação na escola regular – considerando a faixa etária do alunado de 04 a 17 anos. Algumas das metas mais relevantes nessa área incluem:

Meta 4: Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, preferencialmente na rede regular de ensino, garantindo-lhes o acesso ao ensino, ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, no turno e na escola mais próximos de sua residência.

Meta 5: Fomentar a inclusão, a permanência e a participação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, na educação básica e superior, por meio de ações pedagógicas, dos sistemas de ensino e das instituições de ensino.

Meta 6: Universalizar, para a população de 15 a 17 anos, o acesso à educação básica com oferta de ensino e atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, no turno e na modalidade de ensino mais próximo do domicílio, respeitando-se a demanda por educação bilíngue, intercultural e específica em função das peculiaridades linguísticas dos povos indígenas e das comunidades remanescentes de quilombos.

Meta 7: Fomentar a formação continuada de professores para o atendimento aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na educação básica e superior, por meio de cursos de extensão e pós-graduação, programas de formação continuada, cursos de aperfeiçoamento, dentre outros.

Essas metas do PNE visam promover a inclusão efetiva dos estudantes com necessidades educacionais especiais no sistema educacional brasileiro, garantindo-lhes o acesso à educação de qualidade e o desenvolvimento de seus potenciais. 

Para alcançar essas metas, é fundamental que sejam implementadas políticas públicas eficazes, investimentos adequados em infraestrutura e formação de professores, bem como ações voltadas para a conscientização e sensibilização da sociedade sobre a importância da inclusão educacional.

Já nas metas 07 e de 13 a 18, o Plano Nacional aborda a qualificação e a valorização dos profissionais da educação do Brasil, como é possível constatar abaixo:

Meta 7: Fomentar a formação continuada de professores para o atendimento aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na educação básica e superior, por meio de cursos de extensão e pós-graduação, programas de formação continuada, cursos de aperfeiçoamento, dentre outros.

Meta 13: Elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas instituições de educação superior para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, 35% doutores.

Meta 14: Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores.

Meta 15: Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que todos os professores da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.

Meta 16: Formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, garantir a todos uma formação continuada em sua área de atuação.

Meta 17: Valorizar o magistério público da educação básica a fim de aproximar o rendimento médio do profissional do magistério com mais de onze anos de escolaridade do rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente.

Meta 18: Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais do magistério em todos os sistemas de ensino.

Enquanto na meta 20 o documento sugere a ampliação progressiva do investimento público em educação até atingir, no mínimo, o patamar de 7% do produto interno bruto do país.

O PNE é um instrumento importante para orientar as políticas públicas educacionais no país, buscando promover uma educação de qualidade, inclusiva e equitativa para todos os brasileiros. Sua implementação efetiva requer o envolvimento e o comprometimento de diferentes campos sociais, além de recursos financeiros e investimentos adequados por parte do Estado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo aborda um breve histórico da educação inclusiva no Brasil com o objetivo de compreender e refletir a respeito do processo evolutivo de leis e das conscientizações sociais no tocante à importância do tema em questão.

Nota-se que apesar dos avanços, ainda existem desafios a serem superados para garantir uma educação realmente inclusiva no Brasil. Isto inclui a necessidade de infraestrutura adequada nas escolas, a formação continuada de professores, a adaptação de currículos e de materiais didáticos, as resistências cultural e social à inclusão, entre outros aspectos.

Em suma, este estudo destaca que a história da educação inclusiva no Brasil é caracterizada por uma trajetória de luta por direitos, avanços legislativos e políticos, bem como desafios persistentes na sua efetiva implementação e garantia dos direitos educacionais de todas as pessoas, independentemente de suas condições. Esta trajetória histórica é essencial para um melhor entendimento de práticas e leis atuais na educação inclusiva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Casa civil, Subchefia para assuntos jurídicos, 1988. Disponível em: < https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm >. Acesso em 20 de maio de 2024.

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Silva, Simoni Santos . Breve histórico da educação inclusiva no Brasil.International Integralize Scientific. v 5, n 46, Abril/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

BAILEY, C. J.; LEE, J. H.
Management of chlamydial infections: A comprehensive review.
Clinical infectious diseases.
v. 67
n. 7
p. 1208-1216,
2021.
Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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