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Resumo
INTRODUÇÃO
A inclusão educacional é um direito fundamental que visa garantir que todas as crianças, independentemente de suas condições ou necessidades, tenham acesso a uma educação de qualidade, que favoreça seu desenvolvimento integral.
No contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA), as práticas pedagógicas inclusivas desempenham um papel crucial na promoção da participação ativa e no atendimento das necessidades específicas dos alunos.
Crianças com TEA apresentam características comportamentais, cognitivas e sociais distintas, o que exige uma adaptação dos métodos e estratégias pedagógicas para garantir sua aprendizagem e bem-estar no ambiente escolar, deve ser levado em consideração também, que as dificuldades enfrentadas pelos autistas, são distintas umas das outras, o que demanda do profissional maior destreza para adaptar o ensino a cada aluno que possui TEA.
Este artigo se propõe a discutir as práticas pedagógicas inclusivas no ensino de crianças com TEA, analisando as práticas pedagógicas tais como uso de audiovisual, adaptação curricular, e suas nuances, os desafios enfrentados pelos educadores e que buscam promover uma educação inclusiva efetiva.
Ao longo deste estudo, será explorado cada prática pedagógica com desenvolvimento social dos alunos com TEA, com o objetivo de contribuir para a reflexão e aprimoramento das estratégias pedagógicas adotadas nas escolas.
A IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO ESCOLAR
A inclusão escolar deve proporcionar a criança um ambiente inclusivo, acessível a todo tipo de criança, um ambiente agradável, com pessoas preparadas para recepcionar as crianças especiais, com tratamento de forma igualitária, ou que veja a criança especial como qualquer outra criança, essa mudança social teve seu início ainda na década de 90, conforme explica Pinho:
Cabe considerar que as políticas de educação inclusiva ganharam maior amplitude com a Declaração de Jomtien (1990) e a Declaração de Salamanca (1997), que trouxeram esclarecimentos no que se refere às práticas, aos princípios e às políticas em educação especial, tendo como principal objetivo oportunizar, às pessoas com deficiência, condições de participação nos meios social e educacional com qualidade, independentemente de suas limitações, diferenças e dificuldades.( Pinho, p.17, 2018).
Nessa perspectiva a inclusão escolar é um direito garantido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) e pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (Brasil, 2008). Nesse sentido discorre Pinho, sobre o caminho da inclusão no ambiente escolar.
A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva ganha força, consolida-se e se respalda em uma lei anterior, nº 9.394/96 –Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – garantindo o direito das crianças com deficiência frequentarem a escola comum e, como suporte à sua escolarização, garante o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que é ofertado no contraturno. Esse atendimento é realizado na sala de recursos multifuncional e não substitui a escolarização, mas suplementa ou complementa o ensino regular, através de estratégias de trabalho e recursos de acessibilidade, amparando a inclusão dessas crianças. Cabe ressaltar que uma das maiores contribuições dessa Política foi o aumento de crianças com deficiência na escola comum. A resolução nº4, de 02.10.2009, reforça a obrigatoriedade de matrícula de todos os alunos com deficiência na escola comum e também no AEE. Posteriormente, a lei 12.764/2012 garante esse direito às pessoas com TEA, que passam a ser consideradas pessoas com deficiência.(Pinho, p.17, 2018)
Essa modificação na sociedade é necessária para que haja uma educação mais inclusiva, não somente na sociedade, mais em todo o contexto escolar, indo de professores até colaboradores, aprender a lhe dar com todas as limitações dessas crianças, assim narra Menezes:
Deste modo, a educação inclusiva se dá na rede pública, para estes alunos também, através Atendimento Educacional Especializado (AEE) nas salas de Recursos Multifuncionais já implementadas em 2007 através de um programa do governo. Contudo, a inclusão destes indivíduos ainda se mantem um desafio para os professores que não tem pouco ou nenhum conhecimento sobre o manejo com estes estudantes, o que os força a buscar por conhecimento acerca do tema para melhor os atender.(Menezes, p.23, 2021).
É necessário entender todo o cenário da inclusão, e preparar todas as pessoas que estão envolvidas na educação inclusivas, revisar e aprimorar práticas pedagógicas já utilizadas, preparar um ambiente inclusivo, são ações necessárias para o melhoramento da qualidade do ensino inclusivo, principalmente no momento em que estamos vivenciando um alto número de indivíduos com TEA aumentado gradativamente, assim coaduna Soares:
Essa demanda inquieta os professores, pois requer que suas práticas pedagógicas sejam ressignificadas à luz da inclusão escolar como uma questão de direito do aluno. Em periódicos e portais das universidades brasileiras encontram-se trabalhos acadêmicos que sinalizam a necessidade de maior conhecimento sobre como qualificar o ensino para as pessoas com o TEA, indicar suportes pedagógicos e apoiar práticas educativas escolares inclusivas.(Soares, p.21, 2016).
Tais práticas pedagógicas, são de suma importância para incluir o autista no ambiente escolar e fazer com que ele tenha um desenvolvimento escolar igual ou semelhante aos demais alunos, nesse sentido, é importante o constante aprendizado e preparação dos professores para melhor atender essas demandas, pois deve ser levado em consideração que o indivíduo que possuem TEA, ou qualquer outra deficiência, é capaz de alcançar o conhecimento, assim também pensa Acuña citando Vygotsky:
Nessa perspectiva, parte-se do pressuposto que todos são capazes de desenvolver habilidades e capacidades mesmo sob o efeito de uma formação orgânica, entretanto, para isso, é necessária a promoção de suportes adaptados a eles, isso é justificado recorrendo-se a Vygotski (1997). O autor discute que é possível compensar algum efeito deletério de uma formação biológica por vias alternativas, ou seja, o sujeito com deficiência poderá alcançar, de um modo diferente, uma mesma conquista (finalidade) que uma outra pessoa que não se enquadra nesta condição.( Acuña, p.22, 2022 apud Vygotsky, 2016).
Partindo desse pressuposto é cediço que a inclusão é um processo longo e dificultoso, logo, é importante compreender o básico, a necessidade de cada aluno, entender suas dificuldades e tentar, mediante a aplicação da prática pedagógica adequada ao limite enfrentado pelo autista, nesse diapasão é preciso conhecer as limitações enfrentadas pelo TEA, segundo explica Pinho:
É importante considerar o estilo cognitivo das crianças com autismo para propor uma metodologia adequada para ensiná-las. De acordo com Grandin e Scariano (2006), o pensamento das pessoas com autismo processa-se de forma diferente daquele das pessoas com desenvolvimento neurotípico, pois o processamento das informações recebidas do meio, por parte das pessoas com TEA, ocorre por meio de imagens, gerando dificuldades de percepção, comunicação e compreensão dos eventos educacionais vivenciados a partir de métodos de ensino tradicionais. (Pinho, p.19, 2018).
Para tanto é necessário compreender suas limitações, as quais são enfrentadas pelos autistas, diariamente, nesse aspecto não se pode perder de vista as limitações que possuem, para melhor adequar a forma de ensino, iniciando pelo diagnostico básico do TEA, assim, o autista é descrito por Omena:
O transtorno de espetro autista (TEA) é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro antes, durante ou logo após o nascimento. Esses distúrbios se caracterizam pela dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos. Embora todas as pessoas com TEA compartilhem essas dificuldades, o transtorno irá afetá-las com intensidades diferentes. Assim, essas diferenças podem existir desde o nascimento, mostrando-se óbvias para todos ou podem ser mais sutis, tornando-se visíveis ao longo do desenvolvimento.(Omena, p.35, 2021)
Tendo por princípio essas descrições, aprofundando-se o diagnóstico o DSM-V – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana, traz em seu manual o aprofundamento no comportamento do TEA, assim, observa no Manual:
A extensão do Diagnóstico do TEA, nos faz compreender o comportamento que cada autista pode apresentar, objetivando encontrar uma solução para sanar ou dirimir as complicações trazidas pelo tipo de comportamento, discorre Acuña:
Todavia, o processo de compensar é complexo, uma vez que para que seja operacionalizado é preciso uma série de ações. A começar pelo intenso estudo dos limites e possibilidades do sujeito, por exemplo, das funções corpóreas preservadas e as comprometidas por um transtorno neurológico; este momento deve proporcionar o levantamento de indicadores a serem trabalhados em intervenções que promoverão suporte ao sujeito. Acontecendo essa transformação do contexto sociocultural orientadas por suas particularidades, a pessoa terá a sua disposição o instrumental que poderá motivá-la e auxiliá-la a executar novas ações que anteriormente não eram possíveis. (Acuña, p.22, 2022).
Para que a inclusão seja efetiva, é necessário explorar mais o conhecimento, preparar mais os professores, modificando inclusive a grade curricular destes para uma educação mais inclusiva.
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS
O processo cognitivo é um processo complexo, que traz muitos desafios para a criança com TEA, bem como para os educadores, que se desdobram, diante das possibilidades para alcançar um resultado satisfatório, tendo em vista que em decorrência do autismo, algumas crianças não possuem condições necessárias para o aprendizado comum, assim explana Pinho:
O processo de aprendizagem de crianças que apresentam esse Transtorno traz uma discussão muito presente em nosso sistema educacional. Participar de forma plena das tarefas escolares, interagir com seus pares de forma significativa e utilizar a comunicação dentro de um contexto social pode ser desafiador para essas crianças, devido aos prejuízos que apresentam na interação, comunicação e no comportamento (DSM5, 2014). Estes geram algumas dificuldades na compreensão das informações que lhe são passadas na escola, sendo necessária a busca por alternativas que favoreçam sua inclusão de forma plena.(Pinho, p.18, 2018).
Na mesma Linha de raciocínio lembra Omena conforme narra adiante:
Quando, no espectro autista, falamos de crescimento cognitivo das crianças, sabemos que todas as habilidades – as motoras, as emocionais, as sociais, entre outras – são importantes e podem influenciar no desenvolvimento de seu repertório comportamental, necessário ao seu bom convívio em sociedade. Todavia, também sabemos que a linguagem, usada de forma funcional, é uma das principais habilidades que diferencia o homem dos demais seres vivos. Como seres sociais e culturais que somos, ainda podemos pensar no salto de desenvolvimento ocorrido com a aprendizagem da linguagem na modalidade escrita. No que tange, por exemplo, ao registro da historicidade da raça humana, é de nosso conhecimento que tal registro foi, está sendo e será feito mediante a linguagem escrita, mesmo que o sistema de comunicação atual tenha sido amplamente diversificado com o uso da tecnologia. Em razão disso, podemos afirmar categoricamente que, tanto a modalidade oral quanto a modalidade escrita da linguagem, têm um papel importante para quem .vive em sociedade.( Omena, p.40, 2021).
Importante compreender o entendimento e a forma que as crianças com TEA, aprende, para que assim, possa modificar a forma de ensinar, devendo levar em consideração, principalmente a dificuldade na linguagem verbal, sendo assim, é necessário um vasto conhecimento sobre o TEA e suas formas de comunicação, por conseguinte a mudança curricular segundo o que descreve Pinho:
Dessa forma, verificavam as possibilidades de aprendizagem cognitivas, linguísticas e comportamentais das crianças, visto que as duas não possuíam linguagem verbal. Foi, então, implementada uma adaptação curricular como forma de promover uma aprendizagem significativa e atraente. A adaptação realizada deteve-se, inicialmente, nas disciplinas de Ciências, História e Geografia, com adaptações através de imagens significativas. Já as disciplinas de Português e Matemática, devido a uma maior complexidade na sintetização das informações, foram adaptadas utilizando atividades referentes ao primeiro ano do ensino fundamental, tentando promover maior compreensão e interesse nos alunos. (Pinho, p.40, 2018).
ADAPTAÇÕES CURRICULARES
É interessante esclarecer antes de adentrar especificamente no assunto, do que se trata adaptação curricular, alguns autores, de modo geral, ensinam que a adaptação curricular, é uma forma do professor estruturar da melhor maneira o conteúdo, para melhor aprendizado para o aluno com necessidades especiais, assim demonstra Mariño:
Adaptação curricular: O professor na educação infantil inclusiva adapta o currículo e as atividades para atender às necessidades individuas de cada criança. Ele oferece diferentes formas de representação e exploração do conhecimento, usando estratégias e recursos variados para garantir que todos tenham acesso ao aprendizado.( Mariño, p.33, 2023)
A adaptação curricular, trata-se do primeiro passo que para uma educação inclusiva, partindo da preparação do professor para utilizar a forma pedagógica mais coerente e adequada.
Nessa esteira, conhecendo o aluno poderá ser feito a adequação necessária no currículo, identificando as facilidades e os pontos chaves de cada criança para ser explorado e por consequência acompanhar as demais crianças, assim, nas palavras de Oliveira, citado por Omena(2021):
A atenção à diversidade é um princípio comprometido com a igualdade, ou seja, o direito de todos os alunos de realizarem as aprendizagens fundamentais para seu desenvolvimento e socialização” (PCNs, p. 97.). Nesse contexto, a adaptação curricular será pelas mudanças feitas para atender às necessidades especiais das crianças, será o mecanismo para a escola inclusiva atender a todos, com critérios de qualidade. (Oliveira, 2016, apud Omena, p.50, 2021).
Conforme foi observado, a adaptação curricular exige uma experiência do educador como também exige uma qualificação necessária, ou seja, é necessária uma modificação a grade curricular dos professores também, com o fito de obter uma preparação maior dos professores, segundo explana Acuña:
Pesquisadores como Moriña e Carballo (2018) se preocupam com a formação do professorado, desenvolvendo ações que os prepare para atender as necessidades educacionais de aprendizagem de estudantes com deficiência na Universidade de Sevilla. Como exemplo, elaboraram e implementaram um curso de sensibilização à condição de deficiência, abordando os temas: modelo social de deficiência e inclusão educacional, barreiras e suportes identificados por estudantes com deficiência em sua trajetória, aspectos legais da inclusão, adaptação curricular e desenho universal.( Acuña, p.38, 2022).
Sendo assim, as adaptações nos currículos, devem acontecer na parte dos educadores, com o objetivo de melhorar o ensino inclusivo bem como na parte dos alunos, que terão seus currículos adequados a sua necessidade, segundo inclusive, legislação que já prevê essa modificação para incluir os autistas, dando uma certa liberdade para o educador utilizar materiais necessários para atingir o objetivo, conforme ensina Lobato:
Atualmente, os estudantes público-alvo da educação especial têm seus direitos garantidos através de leis específicas que respaldam sua inserção na escola. E este ambiente como espaço de educação formal tem a incumbência de contribuir significativamente para o desenvolvimento desses no ensino regular por meio de adaptações curriculares, disponibilidade de materiais adequados e adaptados e a oferta de profissionais que contribuam para complementar e suplementar o aprendizado, favorecendo no processo de ensino com a educação desses alunos de forma mais ampla e específica.(Lobato, p.22, 2021).
Nesta senda, ressalta que essas adaptações curriculares, são necessários meios para atingir tais fins, como o uso de recursos visuais, estrutura do ambiente, trabalho colaborativo, dentre outras práticas pedagógicas que irão auxiliar o TEA, no seu desenvolvimento e no seu aprendizado.
USO DE RECURSOS VISUAIS
Crianças com TEA frequentemente apresentam dificuldades de comunicação e compreensão verbal.
O uso de recursos visuais, tem possibilitado o estreitamento da comunicação do autista com as demais crianças, a utilização de figuras para indicação de atividades, de fotografias, dentre outros meios, essa prática tem auxiliado os educadores a trabalhar e incluir as crianças com TEA, assim discorre Silva et al.:
Estudos nesta área ainda destaca que em geral a pessoa com TEA apresenta uma boa memória visual. Diante disto o professor de Educação Infantil ao pensar na sua prática pedagógica, pode utilizar recursos visuais que facilitará não só a compreensão do estudante com TEA como a dos demais. Podendo fazer uso de fotografias da turma em diversos momentos como: roda de história, atividade de compreensão da escrita, hora de lavar as mãos, hora do lanche, ir ao banheiro, hora da brincadeira, hora de ir para casa, entre outras atividades. Essa prática aliada a uma organização de rotina visual poderá diminuir consideravelmente a ansiedade e favorecer a comunicação com a pessoa com TEA. O professor poderá também utilizar jogos com imagens, cartões com gravuras para estimular a compressão de sequência lógica, facilitando a comunicação e desenvolvimento tanto dos estudantes que apresentam dificuldade na fala quanto os que são oralizados.(Silva et. al, p.9, 2015)
Dessa forma, os recursos visuais oferece uma gama de possibilidades para os professores educar, tendo em vista que os autistas possuem uma linguagem visual mais aguçada, possibilitando aos professores uso de imagens, para formar o conhecimento dos alunos com TEA, segundo o que explica Almeida:
O contexto bastante estruturado e concreto utilizado no PECS facilita a compreensão da comunicação funcional pelos indivíduos com autismo. Segundo Oliveira e colaboradores (2015) os autores desse sistema asseguram que esta forma de comunicação funcional é mais eficiente, por conta dos estímulos visuais utilizados que são facilmente reconhecidos por todas as pessoas, pois além de apresentarem uma foto da situação ou do objeto em questão, também aparece o nome logo abaixo da figura. Assim, sua intervenção é mais simples que outros treinos de comunicação alternativa, como por exemplo, a língua de sinais não é tão eficiente com os autistas, pois, exigem do interlocutor um conhecimento prévio dos sinais utilizados. O PECS não necessita de equipamentos caros e pode ser utilizado em qualquer ambiente.(Almeida, p.42, 2023)
Outra forma de educação inclusiva, utilizando os recursos visuais é através dos interesses das crianças por determinados assuntos, tendo em vista que faz parte da personalidade do autista o apego a um determinado assunto que chame sua atenção, como por exemplo o desejo por dinossauro, dessa forma professores utilizam as figuras de dinossauro para educar, chamando a atenção e mostrado o mundo da forma que eles enxergam, ensina Pinho:
Foram utilizadas figuras voltadas ao interesse do aluno (dinossauro, cachorro) e assim ele deveria aprender a escrita dessas palavras que vinham abaixo da figura e assim deveria realizar lista de palavras mostradas pela professora, fazendo o uso do alfabeto móvel. Percebendo a efetividade dessa prática no aprendizado do aluno, foram confeccionados outros cartões com temas incluídos no livro didático, aproximando-o das tarefas escolares de forma prazerosa e interessante. O autor argumenta ser fundamental levar em conta as possibilidades de aprendizado da criança com TEA, bem como a utilização de estratégias motivadoras e adaptadas, que busquem a compreensão dessa criança, acerca do que está sendo trabalhado.(Pinho, p.42, 2018).
Essas ferramentas ajudam na organização do pensamento e na expressão de ideias, e sentimentos, a forma lúdica é utilizada também para ensino de crianças que não possuem TEA, é uma prática pedagógica eficiente para ambos.
AMBIENTE ESTRUTURADO
Outra estratégia utilizada pelos educadores, é o ambiente de aprendizagem, onde as crianças vão ter contato com um ambiente atrativo, acolhedor, que possa chamar a atenção da criança com TEA, de modo que possa se sentir confortável e incluído no meio das demais crianças, segundo narra Pinho:
Nesse sentido, Morais (2012) chama a atenção para a criação de ambientes lúdicos de aprendizagem que promovam a compreensão dos efeitos sonoros, culminando na escrita das palavras, ou seja, aconselha o brincar com as palavras de forma prazerosa e significativa através de jogos, brincadeiras e canções, deixando de bombardear as crianças com informações sobre as famílias silábicas, como mera memorização sem sentido e de maneira descontextualizada.(Pinho, p.37, 2018).
Essa formação do ambiente de aprendizagem consegue organizar as ideias na mente das crianças, bem como educar os autistas a terem uma rotina, e executarem tarefas básicas do dia-a-dia das crianças, dessa forma o indivíduo com autismo pode ter uma vida como as demais crianças, derrubando diversas barreiras, e tornando o ambiente escolar mais inclusivo, conforme demonstra Teixeira:
A criação de um ambiente escolar estruturado e previsível é fundamental para crianças com TEA. Isso inclui a organização do espaço físico da sala de aula, o uso de rotinas diárias e a sinalização clara das atividades. A previsibilidade ajuda a reduzir a ansiedade e a promover uma experiência de aprendizagem mais tranquila (Teixeira et al., 2016).
Outra possibilidade é mesclando o uso de tecnologias para tornar um ambiente mais atrativo para o TEA, como as salas de recursos multifuncionais, que podem despertar habilidades distintas nas crianças, assegurada pela legislação, como demonstra Polycarpo:
As salas de recursos multifuncionais propiciam aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, atendimento especializado e individualizado, garantindo, assim, a acessibilidade através de atividades pedagógicas e ambientes adaptados. O atendimento é assegurado pelo artigo 208 da Constituição Federal, todas as escolas deveriam ofertar o AEE. Segundo dados do Censo Escolar de 2020 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)/Ministério da Educação (MEC), há cerca de 37 mil salas de recursos multifuncionais, o que representa 20,4% do total de escolas em atividade.( Polycarpo, p.33, 2023).
De fato, os recursos visuais possibilitam as crianças um desenvolvimento e um ambiente mais agradável e inclusivo, visto que, falam a língua do autista, já que possuem dificuldade na linguagem verbal, facilitando a sua inclusão no meio dos demais.
TRABALHO COLABORATIVO
Uma forma inovadora também de educar o individuo com autismo, é o trabalho colaborativo, que possibilita a criança uma aproximação do seu próximo e por consequência a inclusão, essa prática pedagógica, faz com que estimule a criança a trabalhar em conjunto, facilitando a troca de experiência inclusive, além de possibilitar a validade de diversos sentimentos do autista, conforme observa em um estudo empírico elaborado por Pinho:
No processo de desenvolvimento e aprendizagem de Eduardo, torna-se importante reforçar que o trabalho colaborativo em sala de aula, mediado pela intervenção da professora, parece ter provocado algumas mudanças significativas no aluno, como o interesse por compartilhar vivências e experiências, a realização de ações de forma significativa e a forma funcional de manuseio dos materiais voltados à alfabetização disponibilizados. Outro fator de grande relevância nesse processo, foi a forma de atuação, paciência e dedicação dispensadas pela professora na maneira com que conduziu as atividades propostas, pois muitas vezes o entendimento das instruções e a maneira como as crianças autistas elaboram e apreendem as informações ocorre de forma mais lenta e gradativa, e essas questões precisam ser levadas em consideração no que se refere ao seu processo de aprendizagem.(Pinho, p.94, 2018).
Nesta seara, é importante perceber que o trabalho colaborativo, não se trata somente da relação do autista com os educadores e demais alunos, mas também , com uma equipe multidisciplinar que facilita a integração da educação com outras áreas de pesquisa, segundo descreve Almeida em seu estudo:
Cremos que essa articulação poderia atenuar as lacunas na formação docente, trazer maior segurança em relação as concepções e teorias adotadas tanto para o grupo, como individualmente. Os papeis de cada personagem desse processo ficaria mais claro. Dessa forma, o enfoque, especialmente, no trabalho colaborativo, interdisciplinar e multidisciplinar com outras áreas de conhecimento e, sobretudo destacando a importância das parcerias. .(Almeida, p.127, 2019).
Com essa possibilidade de integrar outros profissionais, é possível ter um avanço no desenvolvimento do TEA, possibilitando uma troca de experiências entre os profissionais, aumentando:
Esta proposição, de um trabalho colaborativo e articulado parte de diversos pesquisadores, e, em especial neste campo pesquisado ficou muito claro como, dessa forma a alfabetização de alunos com TEA pode ter um ganho significativo, pois a profissional da sala de recursos tem conhecimento sobre as peculiaridades do TEA e da alfabetização de crianças com esse transtorno e, além disso demonstrou desejo de partilhar e atuar de forma colaborativa, assim, existe uma possibilidade bem palpável para alavancar a alfabetização das crianças com TEA.(Almeida, p.127, 2019)
Um estudo tem demonstrado bastante progresso, no tocante o trabalho colaborativo, que possibilita um contato maior bem como uma troca de experiência .
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As práticas pedagógicas inclusivas são essenciais para garantir o sucesso educacional de crianças com TEA, tendo em vista que essas crianças necessitam de uma atenção maior além disso, é importante frisar que o processo cognitivo é um processo longo e complexo.
Nesse sentido, a presente pesquisa, demonstrou que em decorrência da complexidade do processo cognitivo da criança com TEA, tendo em vista as suas limitações, como também a importância do ensino inclusivo, é necessário utilizar práticas eficientes.
Sendo assim, foi explorado as principais práticas inclusivas, para proporcionar um ensino de qualidade e inclusivo ao indivíduo com autismo, mostrando a necessidade de uma modificação na estrutura curricular, tanto para o TEA, quanto para os docentes, como também a importância de criar um ambiente apto a receber essas crianças, e principalmente um trabalho colaborativo, que proporciona uma troca de experiência dos profissionais envolvidos no desenvolvimento da criança com TEA, tudo isso é fundamental para criar um ambiente escolar acolhedor e eficiente. A inclusão não deve ser vista apenas como uma obrigação legal, mas como uma oportunidade de aprendizagem e crescimento para todos os envolvidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Menezes, Regiane Silva de. Experiências de bullying escolar de estudantes com Transtorno do Espectro Autista. 2021. 162 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Educação, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2021.
Omena, Leise Cecília de. A Inclusão De Alunos Com Transtorno Do Espectro Autista (Tea) Nos Anos Iniciais Do Ensino Fundamental I: Possibilidades E Práticas Para Aprendizagem Da Linguagem Oral E Escrita. Universidade Estadual Paulista “Júlio De Mesquita Filho” Faculdade De Filosofia E Ciências Câmpus De Assis, 2021.
Pinho, Mariana Campos. Contribuições do uso de atividades lúdicas em sala de aula para o desenvolvimento e aprendizagem de uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA): uma intervenção no contexto escolar. 2018. 175 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018.
Polycarpo, Emanuelle Lopes Eugênio. Docentes e inclusão escolar: desafios em realizar práticas pedagógicas e intervenções com as crianças com TEA. 2023. Dissertação (Mestrado em Educação: Psicologia da Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2023.
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