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Resumo
INTRODUÇÃO
O trabalho que se segue aborda, Ética e Educação como Processo de Construção da Cidadania. Neste estudo, pretende-se construir fundamentos teóricos acerca da pesquisa relacionando princípios e valores morais no âmbito escolar, percebendo os conceitos morais e éticos. Os vários autores e diferentes obras, além das reflexões, trouxeram sugestões preciosas e de fundamental importância para o acontecimento do presente estudo através de seus pensamentos, comentários e dissertações.
Meu ponto inicial foi a preocupação com uma questão que me parece extremamente relevante – A Ética na Educação, bem como a importância e as consequências da inserção desse tema na educação, sendo a ética, os princípios morais e os valores que norteiam os seres humanos nas suas ações com outros membros enquanto seres sociais. Diante do presente relato, destaquei a importante contribuição deste estudo enquanto pesquisa para a construção de pensamentos autônomos e reflexões baseadas em estudos de diversos autores de importantes obras que abordam a temática, sendo esta, uma tentativa de superar o senso comum que em geral não faz distinção entre os presentes termos.
Com efeito, poder refletir criticamente sobre as normas morais presentes na vida escolar e social, onde se baseiam na perspectiva filosófico-pedagógica, direcionada mais especificamente para a educação escolar de ensino fundamental. Tem em vista, a constituição de um material didático que servirá também como subsídio para futuras e eventuais pesquisas para esta e outras instituições de ensino e pesquisa.
No entanto, são abordadas as formas de ensino sobre ética constante nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs. A ética surge como um tema transversal pelas suas análises reflexivas, mas, sobretudo, por ser um conhecimento que obrigatoriamente deve ser discutido em todos os níveis de ensino. Em seguida, descrevi a ética na relação professor – aluno no processo ensino – aprendizagem dentro do espaço escolar por ser um ambiente propício ao processo de desenvolvimento das capacidades intelectuais. Com efeito, finalizei este tema indicando os principais desafios e perspectivas para a educação ética.
O presente trabalho possibilita a obtenção de análises e observações de dados sobre a ética na organização da cidadania, sobretudo, no ambiente e convívio escolar. A discussão que será empreendida no estudo proposto vincula sua análise à abordagem no campo da ética por considerar uma proposta de uma educação, onde os professores precisam despertar nos educandos o respeito por inúmeros valores humanos como objeto da educação ética.
No entanto, destaquei a ética e a ação moral dos educadores e educandos, sujeitos da práxis pedagógica pela mediação do ensino. E finalizando, abordei os desafios ético-educacionais para a educação atual. Contudo, o entendimento que atravessa este texto busca possibilitar aos leitores uma compreensão clara e efetiva da ética e sua importância para as relações humanas, um recurso eficiente na ação pedagógica.
Ao fazer uma reflexão ética nos tempos atuais, é importante, sobretudo para que o ser humano se socialize melhor e para que isso aconteça é necessário ter uma conduta baseada no respeito com a sociedade em que vive. E ética hoje, significa bem-estar social e para que mantenha sempre isso é preciso o ser humano assumir um compromisso visando sobretudo, a melhoria da vida social.
A Ética atravessa a proposta educacional da escola e o planejamento em execução do trabalho de cada um dos professores e da relação de todos os que compõem a comunidade escolar. Visto que, a vivência dos princípios e valores morais no processo de ensino e aprendizagem será de suma importância na formação ética dos alunos.
A dimensão ética está presente na competência do educador qualquer que seja o espaço de atuação do indivíduo. Contudo, o agir eficiente assume características de bem, independentemente de seus efeitos, na qual o homem deve ser constituído pelo exercício da subjetividade em que o coloca a participar da produção de conceitos e vivências de valores. Assim, conceitos e valores são, nesse sentido, as principais dimensões da intencionalização do agir humano.
Enfim, a ética questiona a todo momento a singularidade, a unicidade, levando o sujeito a adquirir a capacidade de ter discernimento e, assumindo uma condição de sujeito autônomo e consciente de seus atos, a fim de não se deixar iludir ou até mesmo ser submisso a determinados grupos dominantes, autoritários e massificadores que estão presentes nessa sociedade de desigualdade social.
Ao abordarmos a temática ética, temos a preocupação e o interesse de enfocá-la diretamente relacionada à educação, sendo uma relação imprescindível, principalmente se tratando da valorização do humano em todas as dimensões do processo pedagógico no contexto dos conturbados e difíceis tempos em que vivemos. Sobre o comentário acima mencionado, Goergen (2005, p. 01), comenta: É preciso rever e repensar os costumes e as normas, gerar um novo ethos, refundar a ética. Por instinto, o homem é individualista e egoísta; por educação, pode tornar-se social e solidário. Daí a relação entre ética e educação (Goergen, 2005, p. 01).
A educação ética na sociedade atual torna-se um processo de importância fundamental para a aquisição da aprendizagem e dos padrões de comportamentos permeados nos valores adquiridos pela ação humana ao longo da história, haja vista que, os costumes ou consensos morais dão sustentação à autonomia moral dos indivíduos em todo o processo educativo. A educação enquanto escola deve buscar atingir essa meta.
Deve-se buscar a educação básica em Parâmetros mais complexos. Devendo a escola assumir que precisa ensinar valores e explicitar princípios norteadores para a vida prática, dando aos alunos conhecimentos e procedimentos de pensar sobre valores e critérios de como se deve agir diante do mundo. Cabendo a escola ocupar seu espaço dentro das carências humanas mais fundamentais atualmente, tornando-se espaço público de comunicação, participação, criatividade, visão e atitudes críticas diante da vida (Ribeiro, 2000, pp. 79-82).
Ora, é claro que a escola deve antes de qualquer coisa, conhecer, para trabalhar a realidade de seus alunos e de suas vivências a fim de poder realizar um trabalho em parceria com família e comunidade. E assim, visar uma educação para formação moral.
A ética tem como objeto os fundamentos da moral em aspectos gerais e universais relativos a grupos, indivíduos, culturas e momentos históricos. Portanto, a ética busca explicar e justificar nossa sensibilidade moral objetivando desvendar seus fundamentos através do contínuo esforço teórico e reflexivo.
Não é possível ensinar os seres humanos longe, sequer, da ética, quanto mais fora dela. Estar longe, ou pior, fora da ética, entre nós, mulheres e homens, é uma transgressão. É por isso que transformar a experiência educativa em treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador. Se se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando. Educar é substantivamente formar (Freire, 2002, p. 33).
Em relação aos valores, no âmbito educacional, a eficiência proporciona a quem a adquire a característica de bem e do bom comportamento que é essencialmente exigido pela sociedade, sobretudo, pela educação ética. Com isso, a realização eficiente depende, além do esforço pessoal, de condições presentes no contexto e nas relações com os outros.
A educação pode ser definida como um processo de transmissão de cultura, e a principal instituição social responsável por isso é a escola, sendo esta, o espaço de circulação das informações, e, sobretudo, o de transmitir de forma sistemática o saber historicamente acumulado pela sociedade, a fim de formar e capacitar os indivíduos como agentes construtores da sociedade em que vive.
O processo ético educativo é uma tarefa que não deve ser entendida como restrita à instituição escolar, mas, como uma responsabilidade da sociedade como um todo. A educação formal é apenas uma das faces do processo educativo. Os problemas que a sociedade apresenta são muitos. Não podemos fugir ou tampouco fingir que essa realidade não existe. Contudo, “A educação é uma forma de intervenção no mundo. Intervenção que além do conhecimento dos conteúdos bem ou mal ensinados e/ ou aprendidos implica tanto o esforço de reprodução de ideologia dominante quanto o seu desmascaramento” (Freire, 2002, p. 98).
Na verdade, a educação deve preparar as pessoas para a vida em sociedade, isto é, para o convívio social, desenvolvendo uma diversidade de competências a fim de formar pessoas conscientes, que sejam capazes de conviver de forma harmoniosa, respeitosa e solidária, que percebam a diversidade que cada um leva consigo. Segundo afirma Paulo Freire, (2002) apud Ribeiro (2000, p. 121): “A ética se sente afrontada na manifestação discriminatória de raça, gênero e classe. É uma ética inseparável da prática educativa”.
Com os objetivos elaborados, o documento dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) visa, sobretudo, atingi-los, e diante disso, ao estabelecer o conteúdo do tema transversal ética, afirma que “correspondem a grandes eixos que estabelecem as bases de diversos conceitos, atitudes e valores complementares – respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade” (Idem, pp. 101-103).
Com a escolha do tema ética para constituir uma nova área de conhecimento, o documento oficial o defende e justifica que a moralidade humana deve ser enfocada no contexto histórico e social e que, por isso, busca-se antes de qualquer coisa, reflexão sobre as mudanças que ocorrem na sociedade contemporânea no qual está inserida a escola. A ética é sem dúvida, reflexão crítica, e por isso, é preciso possuir critérios e valores acerca das questões complexas da sociedade. E a partir de então, a reflexão ética é toda uma movimentação constante que se revigora e se transforma a fim de contribuir para a construção autônoma da moralidade do cidadão.
No que se refere à educação moral, os PCNs relatam: “[…] como instituição especificamente destinada à educação, a escola deve empenhar-se na formação moral de seus alunos, embora não seja a única instituição social que participa dessa formação” (Brasil, 1997, p. 62). Neste sentido, com as regras morais presentes no contexto educacional, e sendo elas seguidas, haverá sem dúvidas um sentimento de realização pessoal e coletiva, onde o respeito fará parte integrante da identidade pessoal, da imagem positiva de si, para que a pessoa siga conforme tais regras. Com a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº. 9.394, de 20/12/96), houve toda uma reforma entre suas normas, com conteúdo, objetivos e didática de ensino.
Ao se apresentar a ética na escola como um componente curricular transversal, há, sem dúvidas, uma intenção de se realizar uma educação moral, na perspectiva do desenvolvimento da capacidade de autonomia das crianças e jovens com quem se trabalha. A ética é um eterno pensar, refletir, construir. E, na escola, sua presença deve contribuir para que os alunos possam tomar parte nessa construção, serem livres e autônomos para pensar e julgar, para problematizar constantemente o viver pessoal e coletivo, fazendo o exercício da cidadania” (Brasil, 1997, pp. 53-54).
A tarefa da escola no ato educativo torna-se um desafio. Diante de diversas circunstâncias da vida social, a ideologia do individualismo é fato marcante e é uma das faces distintas do ser humano gerando o desafio do como educar e motivar os jovens da atualidade para um engajamento social, onde o indivíduo absorve a cultura a fim de ser autônomo e livre numa sociedade desigual e conflituosa.
Em relação à presença da ética como um tema transversal, Lombardi (2005, p. 38), diz que: “Apesar da apropriação da ética como um tema transversal, penso que a melhor forma de o abordar é recolocando-o no âmbito do campo do conhecimento em que historicamente tem sido tratado e analisado: a filosofia”. Com efeito, é importante frisar que a filosofia quando se volta para a educação a faz numa perspectiva ética. Portanto, a filosofia da educação é ética, pois se faz reflexão sobre educação como prática humana.
DESENVOLVIMENTO
O espaço escolar se caracteriza como um ambiente propício ao processo de desenvolvimento das capacidades intelectuais, criatividade, pensamento autônomo e crítico, em que os alunos sejam capazes de participar de forma efetiva das lutas pela transformação social. E essas mudanças ocorrem principalmente, devido à formação das qualidades humanas dentro de um processo que corresponde às modalidades de influências e inter-relações entre os agentes atuantes deste meio educativo, neste caso, o professor e o aluno.
Na relação escolar, a educação moral parte de um trabalho pedagógico do professor efetivamente voltado para a conscientização da presença dos valores com os educandos, onde juntos possam agir refletindo, discutindo, problematizando para um saber cada vez mais prático e visível no cotidiano escolar.
No que se refere à relação professor – aluno é fundamental que essa interação esteja ligada diretamente ao processo de ensino-aprendizagem, visto que, estão interligados num contexto, onde ambos desempenham funções diferenciadas, mas que visam objetivos a fim da busca do conhecimento para uma aprendizagem satisfatória.
Com efeito, certa vez li um texto de autoria desconhecida, que tinha escrito em uma das partes: “[…] Se o mestre for verdadeiramente sábio, não convidará o aluno na mansão de seu saber, e sim, estimulará o aluno a encontrar o limiar da própria mente”. No processo de ensino-aprendizagem, baseado numa perspectiva ética o aluno é o sujeito e construtor do processo.
Toda aprendizagem precisa ser embasada em um bom relacionamento entre os elementos que participam do processo, ou seja, aluno, professor, colegas de turma: diálogo, colaboração, participação, trabalhos em conjunto ou em grupos, respeito mútuo etc. A forma como se der essa interação, revelará, por exemplo, a concepção que o professor tem da aprendizagem do processo de ensino-aprendizagem e na aula é onde as ações e interação de professores-alunos programado no dia a dia, realiza-se a educação de nossos educandos e educadores.
Nesta concepção, a sala de aula é um espaço de convivência, onde professores e alunos estão em constante interação. E neste ambiente, é necessária à prática de valores éticos, sob a forma do diálogo, da disciplina, solidariedade, respeito mútuo, enfim, e com isso, é fundamental que a sala de aula seja o espaço que permita, favoreça e estimule a presença, a discussão, a pesquisa, o debate e o enfrentamento de tudo o que constitui o ser e a existência.
Daí, conclui-se que, o processo de ensino e aprendizagem necessita fundamentalmente dos blocos de conteúdos éticos (diálogo, justiça, solidariedade e respeito mútuo), pois, são critérios essenciais para a realização plena de uma educação moral, propiciando aos educandos condições para o seu autodesenvolvimento, e isso é uma capacidade ética eficiente, no que diz respeito à vivência numa sociedade democrática, onde as relações coletivas fluem e acontecem por meio de critérios e escolhas. A valorização do diálogo nas relações sociais e, sobretudo, na escola entre o duo professor e aluno é muito importante, em relação a isso.
É no encontro entre professor e aluno, que ambos obterão o verdadeiro significado de aprender para a vida social. O educando passa a ter como finalidade tornar-se um ser humano melhor e refletir questionando o que é ser melhor e o que é ser ético. O professor tem um potencial muito grande na educação dos alunos, para isso, deve sempre buscar o seu aperfeiçoamento profissional para as relações fluírem bem e o ensino se tornar prazeroso para ambas as partes. Com isso, o aluno tirará o modelo de ser humano realmente ético, buscando reflexões em torno de suas atitudes, visto que, como diz Sócrates: “Uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida”.
A ética na escola é entendida como valores determinados, que dão sustentação à aprendizagem. Através da convivência o aluno adquire a conscientização da existência dos valores morais em seu comportamento e em sua relação com os outros e o professor. Em vista disso, o aluno passa a ter uma formação para consciência moral atuante e reflexiva cada vez mais autônoma capaz de posicionar-se e atuar em situações.
O professor como principal responsável pela instrução, não deve impor moral, mas afirmá-la e torná-la cada vez mais visível para compreensão e conscientização na vida dos educandos. Os conflitos estão sempre surgindo no cotidiano escolar e social, traduzindo-se em problemas, o que tem se tornado cada vez mais frequentes e relevantes no espaço escolar, a indisciplina e consequentemente a violência. Portanto, há sem dúvidas a necessidade de problematizá-las na perspectiva de uma formação moral.
Na vida em sociedade e no cotidiano escolar existem situações delicadas. As relações externas são trazidas para a instituição escolar e por isso, muitas vezes a relação em sala de aula é conflitante, com indisciplinas, desacatos e até mesmo violências. Porém, definir regras com firmeza e estar sempre revendo os valores e aplicando-os, é uma tarefa necessária, sendo que seja um trabalho voltado para formação de atitudes.
Por exemplo: a colocação de limites, construção de acordo de convivências, compreensão e valorização das regras, enfim, são algumas alternativas para uma convivência efetivamente harmoniosa e democrática. Neste caso, professor e aluno que estão envolvidos nas diversas situações sugeridas em sala de aula, ambos devem sempre buscar compreender os princípios e valores éticos e se pautarem por eles, com isso, as regras de convivência ganharão um sentido para atuação educativa.
As regras de conduta na comunidade escolar têm a finalidade de garantir que o processo de ensino e aprendizagem ocorra com sucesso e de promover o bem-estar de todos. Elas não devem ser vistas pelos alunos como imposições arbitrárias, mas como tradução do respeito mútuo e justiça: estar atento à presença dos outros e cuidar do que é de todos. Fazer filas, esperar a sua vez de falar, jogar lixo no local apropriado, são atitudes que refletem esses princípios. Tal aprendizado ajudará o jovem a construir o conceito de pertinência à comunidade e de respeito ao patrimônio público, coletivo, tão importante para o exercício da cidadania (Brasil, 1997, p. 80).
O conjunto de regras e normas postas na sala de aula favorece o processo de ensino e aprendizagem, com efeito, estabelecem formas de convívio a fim de garantir princípios e atingir os objetivos a que se propõe. Então, a escola juntamente com seus profissionais da educação deve encontrar meios para atingir esses problemas que afetam a organização escolar bem como o ensino como um todo, visto que, o papel do educador está em criar condições para que o educando aprenda e se desenvolva de forma ativa e se torne um conhecedor e construtor de e regras morais que regem a instituição escolar.
Os desafios ético-educacionais residem principalmente no crescente desenvolvimento da sociedade como um todo. Com isso, a educação torna-se um processo cada vez mais inseparável da ética, haja vista que, em meio às questões problemáticas que a sociedade apresenta requer, sobretudo, ações pedagógicas educacionais como processo interativo e planejados, tendo em vista, a organização para um ambiente do ponto de vista ético.
Nestas circunstâncias, os conteúdos dos sistemas éticos podem variar dependendo de cada época e comunidade humana, porém, todas vivenciam, sob formas particularizadas, a sua sensibilidade ética. Assim, variam os sistemas morais, visto que estão inter-relacionados no valor da existência humana. Com efeito, segundo Severino (1994, p. 141): “Mas a ética que se está tentando construir no âmbito da filosofia contemporânea e que interessa de modo particular aos educadores poderiam ser designadas como uma ética praxista (A ética humana é praxista: ela se constroi na própria prática histórico-social dos homens)”.
A educação para uma formação ética já é um desafio, e falar então em perspectivas educacionais é falar em esperança no futuro, diante disso, é necessário haver o diálogo para discussão dos valores e das práticas educacionais, debatendo ideias a fim de caracterizar o presente e abrindo possibilidades para a prática desses valores no convívio social.
Entretanto, Serbino (1998, p. 351), descreve: “Educação é um processo essencialmente humano, pois a espécie humana é a única que dela carece”. Com efeito, a educação põe-na no compromisso de assumir uma postura ética diante dos problemas e desafios que surgem no cotidiano, uma vez que continuamos encontrando dificuldades para resolver os problemas de nosso agir.
Os desafios na educação partem na sua maioria dos profissionais do magistério, por terem um papel determinante na formação ética dos cidadãos e promoverem uma educação no processo de ensino que visa à qualidade. Como diz Severino (1994, p. 138): “O profissional da educação não pode perder de vista essa dimensão de sua prática, sob pena de comprometer a eficácia formativa de seu trabalho”. Assim, seriam necessárias políticas e ações de formação e valorização dos profissionais de ensino.
O homem é um sujeito histórico-social, criador dos valores morais em vista de facilitar a sua própria condição humana de atuar numa sociedade mais justa e organizada. Por não perder de vista as mediações concretas de tudo aquilo que o ser humano descobriu e construiu no decorrer da história, a ética atual se relaciona com a esfera do trabalho, da sociabilidade e da cultura educativa. Em vista disso, o fundamento de toda existência ética é a dignidade da pessoa humana, contudo, só se legitima como valor eticamente bom o princípio que estiver consolidado com a dignidade do homem. Portanto, podemos dizer que é uma das tarefas mais desafiadoras para a ética-educacional, atuar numa sociedade como a nossa.
Contudo, em vista do desenvolvimento ético-educacional, devem-se buscar aproximações entre escola e sociedade que precisa ser essencialmente impregnada de crítica, cooperação e estar profundamente contextualizada num projeto político-pedagógico de e para a mudança. Com isso, a educação moral visa à formação do homem e torná-lo capaz de fazer suas próprias escolhas dentro de um princípio ético, que possam ser fins e propósitos universais, elevando-o à sua própria dignidade à condição de justo e virtuoso para o convívio social. Como cita Serbino (1998, p. 357): “[…] formar o homem e elevá-lo à consciência da própria dignidade: eis a meta suprema da educação […]”.
A educação ética nos dias de hoje, deve assumir uma função como processo voltado para a instauração da cidadania como qualidade específica da existência concreta dos homens. E como resultado disso, o indivíduo vai construindo a sua própria condição humana pela sua prática real dentro de um contexto histórico e espaço social. Em vista disso, constroi a cidadania como sujeito pessoal e coletivo no que diz respeito à construção da democracia como uma qualidade da sociedade, sobretudo, de seus integrantes.
A educação atual e subsequente vem se tornando cada vez mais desafiadora, principalmente, quando se trata de critérios relacionados ao agir humano. Os parâmetros éticos atuam como alternativas eficientes para a construção de uma educação voltada para a edificação de uma sociedade com indivíduos mais humanos possuidores de posturas éticas, capazes de transformar o contexto em que vivem.
Com isso, a educação necessita debater, discutir e refletir acerca dos desafios e das perspectivas da questão ética, visualizando como objetivo principal a construção de uma nova sociedade formada por cidadãos capazes de conviver de forma respeitosa, harmoniosa e solidária com base em princípios e valores éticos.
Os desafios e os problemas que vêm sendo abordados ao longo da pesquisa no âmbito educacional propõem-nos a refletir sobre o compromisso que a educação deve assumir em torno das posturas éticas e diante dos problemas vigentes, visto que, ela assume como tarefa primordial a produção simbólica das pessoas e com a socialização do saber sistematizado, cria condições para desenvolver uma educação ética com base em um trabalho pedagógico consistente que auxiliem o educando a tomar consciência, e assim, incorporar os valores presentes em seu comportamento. Diante dos desafios existentes, a escola como agente formadora de relações e valores solidários, busca através de ações pedagógicas construir coletivamente os parâmetros éticos, com vistas em uma qualificação do processo ensino-aprendizagem.
Para uma ação eficiente no que se refere socializar o saber sistematicamente acumulado integrando-os aos valores e princípios éticos, é necessária uma formação eficiente do quadro docente e de todos que compõem os profissionais da escola. Quando nos referimos a qualidade do ensino devemos pensar na valorização do magistério, que também é um princípio ético, e isso, se resume em formação continuada de professores, além de condições de trabalho, salário e carreira.
As ações pedagógicas têm como contribuição eficiente a filosofia da educação, sendo esta uma área que investiga através de seu resgate histórico analítico-reconstrutivo conceitos e problematização de valores desde a moral antiga como norma, conduta, aos princípios éticos atuais. Contudo, pode haver uma reflexão em torno dos antigos ideais normativos e dos novos formulados e com isso, poder realizar críticas acerca das ações humanas, na qual ocorre o processo educacional-formativo.
Este contexto de transformação e mudanças em que estamos inseridos trata na verdade, de uma nova era da história, uma vez que tem reflexos evidentes sobre valores que orientam a vida individual e as normas que regem as convivências entre as pessoas. E a escola como instituição que trata da formação de cidadãos, necessita valorizar e se responsabilizar por uma educação com base num pensamento autônomo, visto que, recebe uma realidade em transformação que precisa ser assumida com responsabilidade e criticidade pelos profissionais da educação.
A ética e a moral refletida na perspectiva dos valores e normas devem permanentemente estar presentes na vida das pessoas em sociedade como princípios orientadores vinculantes da ação humana. Assim, o homem é acima de tudo tarefa de si próprio, ou seja, responsável pelos seus próprios atos de forma consciente a fim de construir-se enquanto ser social, tornando-se, portanto, um homem educado. E relacionado a isso, Goergen (2005, p. 85), resume: “[…] O homem educado não é aquele que reúne um grande cabedal de conhecimentos singulares ou de informações, mas aquele que tem uma visão de totalidade que lhe permite uma leitura coerente dos fatos e acontecimentos isolados […]”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No processo de transformação da sociedade atual a escola age como a instituição responsável pela transmissão sistemática do saber historicamente acumulado pela sociedade, com vistas em formar os indivíduos que nela estão inseridos. Com isso, é fundamental que ela trabalhe os conteúdos éticos, de forma que os educandos possam tomar parte nos princípios e valores presentes nesse meio. Dessa maneira, como reflete Rios (2008, pp.72-73): “É a partir do educador que temos que caminhar para o educador que queremos ter. E a passagem do que se propõe como ideal, aquilo que ainda não temos, para o que é necessário e desejado, se faz somente pelo possível”.
Assim, pensamos sobre o que é realmente necessário para a qualidade na educação das crianças e jovens com quem se trabalha, sendo estes, os futuros profissionais da nossa sociedade. Então, a busca de uma nova escola deve acontecer a partir das que já estão atuando com os atuais ou futuros educadores. Portanto, o desafio está justamente na necessidade de cada ambiente, seja ele carente de recursos humanos, materiais ou não.
Em suma, Lombardi (2005, p. 49), cita: “[…] os professores mais uma vez são colocados como os grandes responsáveis pelo processo formativo dos jovens e, em consequência, por propiciar as condições necessárias ao desenvolvimento da sociedade, favorecendo a coesão social num mundo marcado pela globalização”. A necessidade do novo enquanto superação do ultrapassado e insignificante para a organização escolar, pressupõe a obtenção de recursos, visando é claro a transformação desse meio. Diante disso, a inclusão de conteúdos éticos visa melhorar e garantir as boas relações entre todos os que compõem a sociedade escolar.
A finalidade do ensino da ética propiciará o conhecimento como algo necessário e essencial na vida dos alunos, para atuarem de forma autônoma e crítica nesta sociedade que se julga democrática. Dessa forma, busca-se qualidade na educação de forma que o educando possa adquirir a capacidade de orientar-se numa sociedade caótica como a nossa. Em vista disso, utiliza-se valores que orientam a vida individual e as normas que regem a convivência entre as pessoas pela necessidade do reconhecimento da própria organização das relações dos sujeitos sociais, com vistas em compreender a diversificação de situações intra e extraescolar.
Enfim, a educação ética tornou-se fundamental em nossas escolas, especialmente na instituição pública, onde as situações complexas são muitas. Contudo, as reflexões feitas até o final deste trabalho não terão um resultado de caráter conclusivo por existir o contínuo caminhar como traço característico dos tempos em que vivemos. Portanto, o futuro de cada um e de todos, dependerá em grande medida da nossa consciência ética.
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