INTRODUÇÃO

A crescente inserção das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no contexto educacional tem promovido mudanças significativas nas práticas pedagógicas, exigindo novas competências e habilidades por parte dos docentes. No ensino de Matemática, o uso das TICs potencializa a construção do conhecimento, permitindo abordagens mais dinâmicas e interativas, as quais favorecem a compreensão de conceitos abstratos. No entanto, observa-se que a adoção dessas tecnologias enfrenta desafios, principalmente relacionados à formação docente, uma vez que muitos professores ainda não possuem capacitação adequada para integrá-las efetivamente ao ensino. Esse cenário evidencia a necessidade de investigação sobre os desafios enfrentados na formação de professores para o uso das TICs no ensino de Matemática.

Diante desse contexto, surge o seguinte problema de pesquisa: quais são os principais desafios enfrentados pelos docentes na formação para a utilização das TICs no ensino de Matemática? A partir dessa problematização, este estudo busca compreender os entraves na capacitação docente e as dificuldades na incorporação dessas ferramentas tecnológicas ao ensino da Matemática.

Diante do questionamento proposto, algumas hipóteses são levantadas: i) a deficiência na formação inicial dos professores pode comprometer a adoção das TICs em sala de aula; ii) a falta de formação continuada voltada para o uso de tecnologias pode limitar a confiança dos docentes na implementação das ferramentas digitais; iii) dificuldades estruturais, como a falta de acesso a equipamentos e recursos digitais, podem representar um obstáculo à adoção efetiva das TICs; e iv) a resistência a metodologias inovadoras pode impedir a integração das TICs de forma significativa no ensino de Matemática.

Com base nessas considerações, este estudo tem como objetivo geral analisar os desafios encontrados na formação docente para a utilização das TICs no ensino de Matemática. Para isso, foram definidos os seguintes objetivos específicos: 

1. identificar os principais entraves na formação inicial dos professores de Matemática em relação às TICs; b
2. ) verificar a oferta e a qualidade da formação continuada voltada para o uso das tecnologias educacionais; 
3. c) analisar os impactos da infraestrutura escolar na implementação das TICs no ensino de Matemática; e 
4. d) investigar as percepções dos docentes sobre a inserção das TICs e sua aplicação na prática pedagógica.

A relevância deste estudo está ancorada na crescente necessidade de aprimoramento da formação docente frente às demandas da educação contemporânea. O aprofundamento sobre os desafios enfrentados pelos professores pode subsidiar a elaboração de políticas públicas e programas de capacitação que favoreçam a integração eficiente das TICs no ensino de Matemática. Além disso, a discussão contribui para o avanço acadêmico na área de formação docente, promovendo reflexões sobre a inovação pedagógica mediada pela tecnologia.

Para atender aos objetivos propostos, a metodologia utilizada nesta pesquisa é de natureza qualitativa, com abordagem bibliográfica. O estudo baseia-se na análise de publicações acadêmicas, artigos científicos, livros e documentos oficiais que discutem a formação docente e o uso das TICs no ensino de Matemática. A investigação pretende proporcionar uma compreensão aprofundada sobre o tema, fundamentando-se em referencial teórico consolidado na área.

Dessa forma, este estudo se propõe a contribuir para a compreensão dos desafios enfrentados pelos docentes na incorporação das TICs ao ensino de Matemática, oferecendo subsídios teóricos e práticos que possam auxiliar na qualificação da formação docente e na melhoria das práticas pedagógicas mediadas por tecnologia.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A inserção das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no ensino tem promovido transformações significativas nas práticas pedagógicas, especialmente no ensino da Matemática. O avanço tecnológico oferece ferramentas que possibilitam uma aprendizagem mais dinâmica e interativa, contudo, a formação docente ainda representa um desafio fundamental para a efetiva implementação dessas tecnologias em sala de aula. 

A preparação dos professores para o uso das TICs não se limita à capacitação técnica, mas exige um entendimento pedagógico que permita integrar essas ferramentas de maneira eficaz no processo de ensino-aprendizagem (ATANAZIO; LEITE, 2018).  

A formação docente para o uso das TICs requer uma abordagem que contemple tanto a dimensão tecnológica quanto a didático-pedagógica. Segundo Da Ponte (2000), a resistência à adoção de novas tecnologias no ensino da Matemática está relacionada, em grande parte, à ausência de formação específica voltada para o desenvolvimento de competências digitais. 

O autor enfatiza que, para que as TICs sejam utilizadas de maneira significativa, é necessário que os professores sejam capacitados não apenas no uso técnico das ferramentas, mas também na sua aplicação pedagógica, promovendo um ensino mais interativo e contextualizado.  

Além da necessidade de formação adequada, a infraestrutura das escolas também se apresenta como um fator determinante na adoção das TICs no ensino da Matemática. Caetano (2015) destaca que muitos docentes enfrentam dificuldades na implementação dessas tecnologias devido à falta de equipamentos adequados, acesso limitado à internet e ausência de suporte técnico. 

Esses desafios estruturais impactam diretamente a prática pedagógica, dificultando a realização de atividades que poderiam contribuir para um ensino mais dinâmico e alinhado às demandas da sociedade contemporânea.  

Outro aspecto relevante no debate sobre a formação docente para o uso das TICs é a necessidade de atualização constante dos professores. Marin (2012) aponta que a evolução tecnológica ocorre de forma acelerada, tornando imprescindível que os docentes participem de programas de formação continuada que permitam a atualização de seus conhecimentos e práticas pedagógicas. 

No entanto, segundo Pacheco e De Miranda (2018), muitos professores relatam dificuldades em encontrar cursos de formação continuada acessíveis e alinhados às suas necessidades pedagógicas. Essa lacuna na formação contribui para a resistência à adoção das TICs, uma vez que os docentes não se sentem preparados para utilizar essas ferramentas de maneira eficaz no ensino da Matemática.  

A falta de integração entre as disciplinas de formação docente e as TICs também é um desafio a ser superado. Nascimento, Sousa e Trompieri Filho (2017) argumentam que os cursos de licenciatura em Matemática, em sua maioria, ainda não incorporam de forma significativa a utilização das TICs em sua grade curricular. Isso faz com que os futuros professores concluam sua formação sem a devida preparação para o uso das tecnologias no ensino, o que impacta diretamente a qualidade das práticas pedagógicas desenvolvidas na educação básica.  

Por outro lado, há experiências exitosas que demonstram o potencial das TICs no ensino da Matemática quando utilizadas de forma adequada. Martins et al. (2020) ressaltam que o uso de softwares educativos, simuladores matemáticos e plataformas interativas pode contribuir significativamente para a aprendizagem dos alunos, tornando os conceitos matemáticos mais acessíveis e compreensíveis. 

No entanto, para que essas ferramentas sejam eficazes, é fundamental que os professores possuam domínio sobre sua utilização e consigam integrá-las de maneira coerente ao currículo escolar.  

A pesquisa realizada por Ribeiro, Sant’Ana e Sant’Ana (2021) reforça essa perspectiva, indicando que a utilização das TICs no ensino da Matemática nos anos iniciais pode favorecer o desenvolvimento do raciocínio lógico e a construção de conhecimentos de forma lúdica e interativa. 

Contudo, os autores alertam que a falta de formação dos professores para o uso adequado dessas tecnologias pode resultar em um ensino fragmentado, onde as ferramentas tecnológicas são utilizadas de maneira superficial e sem um propósito pedagógico claro.  

Outro ponto essencial a ser considerado é a percepção dos próprios professores em relação ao uso das TICs. Shaw e Da Silva Junior (2019) investigaram a visão de docentes e estudantes de cursos de licenciatura em Matemática sobre a formação para o uso das TICs e identificaram que muitos professores ainda se sentem inseguros quanto à utilização dessas ferramentas em sala de aula. Essa insegurança está diretamente relacionada à falta de suporte institucional e à ausência de uma cultura escolar que valorize e incentive o uso das tecnologias no ensino.  

A interdisciplinaridade também se apresenta como um fator relevante no processo de formação docente. Santos e Colombo Junior (2018) destacam que a integração das TICs no ensino da Matemática não deve ocorrer de forma isolada, mas sim dentro de uma abordagem interdisciplinar que permita conexões com outras áreas do conhecimento. Essa perspectiva amplia as possibilidades de uso das tecnologias e favorece uma aprendizagem mais significativa para os alunos.  

Diante desse cenário, Pereira e Chagas (2016) ressaltam que os desafios enfrentados pelos professores no uso das TICs vão além da formação inicial, envolvendo também aspectos institucionais, como políticas educacionais que incentivem o uso dessas ferramentas e ofereçam suporte para sua implementação. 

Os autores argumentam que é essencial que haja um compromisso por parte das instituições de ensino na promoção de uma formação continuada eficaz, garantindo que os docentes tenham acesso a recursos tecnológicos adequados e a metodologias inovadoras para o ensino da Matemática.  

Portanto, a formação docente para a utilização das TICs no ensino da Matemática representa um desafio multifacetado, que envolve desde a capacitação dos professores até questões estruturais e institucionais. 

A literatura aponta que a superação desses desafios exige um esforço conjunto entre universidades, escolas e gestores educacionais, visando a construção de um ensino mais alinhado às demandas tecnológicas e às necessidades dos estudantes na contemporaneidade.

A necessidade de uma formação docente mais efetiva para a utilização das TICs no ensino da Matemática também está relacionada à maneira como os professores percebem o papel dessas tecnologias em sua prática pedagógica. 

Segundo Atanazio e Leite (2018), muitos docentes ainda enxergam as TICs como ferramentas complementares ou secundárias, ao invés de recursos integrados ao processo de ensino-aprendizagem. 

Essa visão limita o potencial das tecnologias, pois, quando utilizadas estrategicamente, podem contribuir significativamente para a construção do conhecimento matemático, permitindo abordagens mais dinâmicas e interativas.  

Além disso, a resistência ao uso das TICs muitas vezes decorre do receio de que essas ferramentas substituam o papel do professor. No entanto, Da Ponte (2000) argumenta que a função docente não é eliminada, mas transformada, exigindo um novo posicionamento do professor como mediador do conhecimento, capaz de explorar as tecnologias para potencializar a aprendizagem dos alunos. Isso demanda não apenas habilidades técnicas, mas também uma reformulação das concepções pedagógicas que norteiam o ensino da Matemática.  

Outro fator que contribui para a dificuldade na implementação das TICs é a ausência de um planejamento pedagógico estruturado que contemple a utilização dessas ferramentas de maneira coerente com os objetivos educacionais. 

Caetano (2015) ressalta que, em muitos casos, a introdução da tecnologia ocorre de forma desorganizada e sem um alinhamento com as necessidades dos alunos, tornando-se apenas um elemento decorativo no processo de ensino. 

Para que o uso das TICs seja realmente eficaz, é necessário que haja um planejamento didático que integre as tecnologias de maneira significativa, promovendo a construção do conhecimento de forma contextualizada.  

Dessa forma, torna-se evidente que a superação dos desafios na formação docente para a utilização das TICs no ensino da Matemática requer um conjunto de ações articuladas, envolvendo a reformulação dos currículos de licenciatura, a oferta de formação continuada, o investimento em infraestrutura e o desenvolvimento de políticas educacionais que incentivem o uso pedagógico das tecnologias. 

Como apontam Shaw e Da Silva Junior (2019), apenas por meio de uma abordagem sistêmica será possível garantir que os docentes estejam preparados para enfrentar os desafios impostos pela era digital e oferecer um ensino de Matemática mais inovador e eficaz.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa caracteriza-se como um estudo de natureza qualitativa, com enfoque bibliográfico, fundamentando-se na análise de produções científicas que abordam os desafios na formação docente para a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no ensino de Matemática. 

Conforme Mattar e Ramos (2021), a pesquisa qualitativa busca compreender fenômenos a partir da interpretação de dados textuais, permitindo uma reflexão crítica sobre o tema investigado. 

Dessa forma, este estudo recorre à revisão de literatura para identificar as principais dificuldades enfrentadas pelos professores e as possíveis soluções apontadas na literatura acadêmica.

O cenário da pesquisa corresponde ao acervo de produções científicas publicadas em livros, artigos e periódicos indexados que tratam do uso das TICs na formação de professores de Matemática. 

Para garantir a qualidade e a relevância das informações analisadas, foram adotados critérios de inclusão e exclusão na seleção das referências. Foram incluídos trabalhos publicados nos últimos vinte e cinco anos, com ênfase em pesquisas nacionais e internacionais que abordam metodologias educacionais, formação docente e uso das TICs no ensino da Matemática. 

Obras e artigos com pouca relação com o tema ou que não apresentavam embasamento teórico consistente foram excluídos do estudo, seguindo as recomendações metodológicas de Marconi e Lakatos (2003).

Em relação aos procedimentos éticos, a pesquisa respeita os princípios da integridade acadêmica e da ética na produção científica, garantindo a devida citação e referência de todas as fontes utilizadas, conforme estabelece Michel (2008). 

Além disso, por se tratar de um estudo bibliográfico, não houve a necessidade de submissão a comitês de ética, uma vez que não envolve participantes humanos nem coleta de dados primários.

A coleta de dados foi realizada por meio da busca sistemática em bases científicas e bibliográficas reconhecidas, como livros acadêmicos e periódicos especializados. Para a análise dos dados, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, conforme Machado (2023), que possibilita a organização das informações obtidas a partir da revisão da literatura, identificando padrões, categorias temáticas e discussões relevantes para a compreensão do problema estudado. 

Dessa maneira, a pesquisa contribui para o aprofundamento teórico sobre a formação docente e o uso das TICs no ensino da Matemática, alinhando-se às diretrizes metodológicas recomendadas por Oliveira (2023) para estudos na área educacional.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos resultados obtidos na pesquisa revela que a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no ensino de Matemática apresenta tanto avanços significativos quanto desafios substanciais. 

De maneira geral, constatou-se que as TICs contribuem para a dinamização do ensino, permitindo abordagens mais interativas e promovendo maior engajamento dos alunos. No entanto, a efetividade dessas tecnologias está diretamente relacionada à formação docente, infraestrutura escolar e suporte pedagógico oferecido.

Os resultados apontam que um dos principais entraves na adoção das TICs é a deficiência na formação inicial dos professores. Conforme indicado por Nascimento, Sousa e Trompieri Filho (2017), os cursos de licenciatura em Matemática frequentemente negligenciam a integração das TICs em suas grades curriculares, resultando em profissionais que se sentem inseguros ao utilizar ferramentas tecnológicas em sala de aula. 

Essa lacuna na formação reflete-se na prática pedagógica, na qual muitos docentes utilizam as TICs de maneira superficial ou não as utilizam devido à falta de capacitação adequada.

A formação continuada também se apresenta como um fator crítico na integração das TICs ao ensino de Matemática. Marin (2012) destaca que muitos professores enfrentam dificuldades para acessar programas de capacitação que abordem as TICs de forma aplicada ao contexto educacional. 

A falta de cursos acessíveis e alinhados às necessidades da prática docente limita o desenvolvimento de competências para o uso pedagógico das tecnologias, reforçando a resistência à sua adoção.

No que tange à infraestrutura escolar, Caetano (2015) ressalta que a ausência de equipamentos adequados e de conexão à internet de qualidade compromete o uso eficaz das TICs em sala de aula. 

Durante a análise, verificou-se que escolas com melhores condições tecnológicas apresentam maior índice de utilização das TICs pelos professores, enquanto aquelas com limitações estruturais tendem a restringir o acesso dos alunos a ferramentas digitais. Dessa forma, a infraestrutura deficiente se configura como uma barreira significativa, exigindo investimentos para garantir que todos os estudantes tenham acesso igualitário aos benefícios das TICs no aprendizado da Matemática.

Outro aspecto relevante identificado na pesquisa refere-se à percepção dos docentes sobre o uso das TICs. Shaw e Da Silva Junior (2019) apontam que muitos professores ainda enxergam essas tecnologias como complementares, ao invés de integradas ao processo de ensino-aprendizagem. Essa perspectiva limita a exploração do potencial das TICs para tornar o ensino mais significativo, reforçando a necessidade de uma mudança na concepção pedagógica.

Apesar dos desafios, evidenciaram-se experiências exitosas na implementação das TICs no ensino de Matemática. Martins et al. (2020) demonstraram que o uso de softwares educativos, simuladores matemáticos e plataformas interativas pode ampliar a compreensão dos alunos, tornando conceitos abstratos mais acessíveis. 

Além disso, a pesquisa de Ribeiro, Sant’Ana e Sant’Ana (2021) reforça que as TICs favorecem o desenvolvimento do raciocínio lógico e a aprendizagem lúdica, desde que utilizadas com planejamento pedagógico adequado.

Diante desses achados, torna-se evidente a necessidade de iniciativas que promovam a capacitação docente e melhorem a infraestrutura escolar para potencializar os benefícios das TICs no ensino da Matemática. 

A formação de professores deve ser repensada, incluindo disciplinas que abordem as TICs de forma prática e contextualizada. Além disso, é essencial que as instituições educacionais invistam na modernização dos espaços escolares, garantindo que as tecnologias estejam acessíveis a todos os estudantes. 

Dessa forma, a integração das TICs pode ser realizada de maneira eficiente, contribuindo para a melhoria do ensino de Matemática e a formação de alunos mais preparados para os desafios da era digital.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa analisou os desafios enfrentados na formação docente para a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no ensino de Matemática. Os resultados evidenciaram que, apesar do potencial dessas ferramentas para promover uma aprendizagem mais interativa e significativa, sua adoção ainda esbarra em diversas limitações, como a insuficiência na formação inicial, a escassez de programas de formação continuada, as dificuldades estruturais das escolas e a resistência de alguns professores à incorporação das TICs em suas práticas pedagógicas.  

O estudo demonstrou que a deficiência na formação inicial dos docentes compromete a utilização eficaz das TICs, visto que muitos cursos de licenciatura não contemplam, de forma significativa, disciplinas que capacitem os futuros professores para integrar tecnologias ao ensino da Matemática. Essa lacuna evidencia a necessidade de reformulação curricular nas licenciaturas, de modo a incluir conteúdos que desenvolvam competências digitais alinhadas às demandas educacionais contemporâneas.  

Além disso, a pesquisa destacou que a formação continuada é um fator determinante para a efetiva aplicação das TICs. No entanto, a oferta de cursos voltados para essa temática ainda é limitada, o que impede que muitos docentes se sintam seguros e preparados para utilizar tecnologias digitais em sala de aula. Dessa forma, torna-se essencial o investimento em programas de capacitação contínua, que proporcionem suporte pedagógico e técnico para os professores.  

Outro ponto relevante diz respeito às dificuldades estruturais, como a falta de equipamentos adequados, acesso restrito à internet e ausência de suporte técnico. Tais fatores impactam diretamente na implementação das TICs e demonstram a necessidade de políticas públicas voltadas para a melhoria da infraestrutura das escolas. Somente com investimentos adequados será possível garantir que as TICs sejam efetivamente incorporadas ao ensino da Matemática de maneira equitativa.  

Por fim, observou-se que a resistência dos docentes ao uso das TICs também representa um entrave. Essa resistência muitas vezes decorre da falta de formação e do receio de que a tecnologia substitua o papel do professor. No entanto, conforme apontado na literatura, as TICs não têm a função de substituir o docente, mas sim de potencializar sua atuação, tornando o ensino mais dinâmico e interativo.  

Diante desse panorama, conclui-se que a superação dos desafios identificados requer um esforço conjunto entre universidades, escolas e gestores educacionais. Reformular a formação docente, ampliar a infraestrutura escolar e fomentar a capacitação continuada são medidas essenciais para que as TICs possam ser plenamente aproveitadas no ensino da Matemática. Somente por meio dessas ações será possível promover uma educação mais inovadora, inclusiva e alinhada às necessidades da sociedade contemporânea.  

Além das medidas mencionadas, é necessário incentivar pesquisas acadêmicas que investiguem estratégias pedagógicas eficazes para a integração das TICs no ensino da Matemática. Estudos futuros podem explorar metodologias que auxiliem os docentes na adoção dessas tecnologias, considerando diferentes contextos educacionais e perfis de alunos.  

Outro aspecto fundamental é a conscientização da comunidade escolar sobre a importância das TICs na educação. A colaboração entre professores, gestores e famílias pode contribuir para a construção de um ambiente escolar mais aberto às inovações tecnológicas, promovendo uma cultura educacional que valorize o uso das TICs de forma crítica e reflexiva.  

Dessa maneira, a consolidação das TICs no ensino de Matemática depende de um conjunto de ações articuladas, que envolvem não apenas o aprimoramento da formação docente, mas também o desenvolvimento de políticas educacionais que favoreçam a adoção dessas ferramentas. Ao investir na qualificação dos professores e na modernização das escolas, será possível proporcionar uma aprendizagem mais significativa e alinhada às exigências do século XXI.  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATANAZIO, Alessandra Maria Cavichia; LEITE, Álvaro Emílio. Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e a Formação de Professores: tendências de pesquisa. Investigações em Ensino de Ciências, v. 23, n. 2, p. 88-103, 2018.

CAETANO, Luís Miguel Dias. Tecnologia e Educação: quais os desafios?. Educação UFSM, v. 40, n. 2, p. 295-309, 2015.

DA PONTE, João Pedro. Tecnologias de informação e comunicação na formação de professores: que desafios?. Revista Iberoamericana de educación, v. 24, p. 63-90, 2000.

MACHADO, José Ronaldo de Freitas. Metodologias de pesquisa: um diálogo quantitativo, qualitativo e quali-quantitativo. Devir Educação, v. 7, n. 1, 2023.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. Atlas, 2003.

MARIN, Douglas. O DESAFIO DA IMPLEMENTAÇÃO DE TECNOLOGIA INFORMÁTICA EM DISCIPLINAS DE MATEMÁTICA NO ENSINO SUPERIOR. Revista Profissão Docente, [S. l.], v. 12, n. 25, p. 28–40, 2012. DOI: 10.31496/rpd.v12i25.522. Disponível em: https://revistas.uniube.br/index.php/rpd/article/view/522. Acesso em: 6 mar. 2025.

MARTINS, Andressa Nunes et al. O ensino da matemática para alunos inclusos: possibilidades e desafios no trabalho docente. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 7, p. 47971-47981, 2020.

MATTAR, João; RAMOS, Daniela Karine. Metodologia da pesquisa em educação: abordagens  qualitativas,  quantitativas  e  mistas.  Almedina  Brasil,  2021.

MICHEL, Maria Helena. Metodologia e Pesquisa Científica em Ciências Sociais: Um guia prático para acompanhamento da disciplina e elaboração de trabalhos monográficos. São Paulo: Atlas, 2008.

NASCIMENTO, Eimard Gomes Antunes do; SOUSA, Cristiane de; TROMPIERI FILHO, Nicolino. O desafio da formação de professores de Matemática numa sociedade na era da tecnologia. Revista Teias, v. 18, n. 50, p. 265-275, 2017.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologias, praticas. Atlas; 35ª edição. São Paulo, 2023.

PACHECO, Thais Aparecida; DE MIRANDA, Paula Reis. Os desafios e as possibilidades de trabalho com as TIC no ensino da Matemática em escolas públicas da Zona da Mata Mineira. REMAT: Revista Eletrônica da Matemática, Bento Gonçalves, RS, Brasil, v. 4, n. 1, p. 14–26, 2018. DOI: 10.35819/remat2018v4i1id2662. Disponível em: https://periodicos.ifrs.edu.br/index.php/REMAT/article/view/2662. Acesso em: 6 mar. 2025.

PEREIRA, Stelamara Souza; CHAGAS, Flomar Ambrosina Oliveira. tecnologias na educação matemática: desafios da prática docente. Itinerarius Reflectionis, v. 12, n. 1, 2016.

RIBEIRO, Elisângela Soares; SANT’ANA, Irani Parolin; SANT’ANA, Claudinei de Camargo. Desafios do ensino de matemática com tecnologias digitais nos anos iniciais. Roteiro, v. 46, 2021.

SANTOS, C. M.; COLOMBO JUNIOR, P. D. Interdisciplinaridade e educação: desafios e possibilidades frente à produção do conhecimento. Revista Triângulo, Uberaba – MG, v. 11, n. 2, p. 26–44, 2018. DOI: 10.18554/rt.v0i0.2672. Disponível em: https://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/revistatriangulo/article/view/2672. Acesso em: 6 mar. 2025.

SHAW, Gisele Soares Lemos; DA SILVA JUNIOR, Geraldo Soares. Formação docente para uso das TIC no ensino de Matemática: percepções de professores e estudantes de um curso de Licenciatura em Matemática. Revista de Ensino de Ciências e Matemática, v. 10, n. 6, p. 163-184, 2019.