A inclusão de crianças com necessidades especiais na educação infantil.

THE INCLUSION OF CHILDREN WITH SPECIAL NEEDS IN EARLY CHILDHOOD EDUCATION

LA INCLUSIÓN DE NIÑOS CON NECESIDADES ESPECIALES EN LA EDUCACIÓN INFANTIL

Autor

Margareth Pires Módica Alves de Sousa
ORIENTADOR
Prof. José Ricardo Martins Machado

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/5E5452

DOI

Sousa, Margareth Pires Módica Alves de . A inclusão de crianças com necessidades especiais na educação infantil.. International Integralize Scientific. v 5, n 46, Abril/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

A inclusão de crianças com necessidades especiais na educação infantil é um tema de crescente relevância nas discussões sobre equidade e diversidade no ambiente escolar. Este artigo aborda a importância da inclusão, destacando os benefícios sociais, emocionais e acadêmicos para crianças com e sem deficiência. A pesquisa explora as práticas pedagógicas inclusivas, a formação de educadores e o papel das políticas públicas na promoção de um ambiente escolar acessível e acolhedor. Por meio de uma revisão da literatura e análise de casos, buscamos evidenciar como a inclusão contribui para a construção de uma sociedade mais justa e solidária, além de promover o desenvolvimento integral das crianças. Concluímos que a inclusão é um direito fundamental que deve ser garantido a todas as crianças, e que sua efetivação requer um compromisso coletivo de educadores, famílias e gestores.
Palavras-chave
Inclusão escolar. Educação Infantil. Necessidades Educacionais Especiais. Educação Baseada em Evidências. Formação de educadores.

Summary

The inclusion of children with special needs in early childhood education is a topic of growing relevance in discussions about equity and diversity in the school environment. This article addresses the importance of inclusion, highlighting the social, emotional, and academic benefits for children with and without disabilities. The research explores inclusive pedagogical practices, teacher training, and the role of public policies in promoting an accessible and welcoming school environment. Through a literature review and case analysis, we seek to demonstrate how inclusion contributes to building a more just and supportive society, while promoting children’s integral development. We conclude that inclusion is a fundamental right that must be guaranteed to all children, and its implementation requires a collective commitment from educators, families, and administrators.
Keywords
School Inclusion. Early Childhood Education. Special Educational Needs. Evidence-Based Education. Teacher Training.

Resumen

La inclusión de niños con necesidades especiales en la educación infantil es un tema de creciente relevancia en las discusiones sobre equidad y diversidad en el ambiente escolar. Este artículo aborda la importancia de la inclusión, destacando los beneficios sociales, emocionales y académicos para niños con y sin discapacidad. La investigación explora las prácticas pedagógicas inclusivas, la formación de educadores y el papel de las políticas públicas en la promoción de un ambiente escolar accesible y acogedor. A través de una revisión de la literatura y análisis de casos, buscamos evidenciar cómo la inclusión contribuye a la construcción de una sociedad más justa y solidaria, además de promover el desarrollo integral de los niños. Concluimos que la inclusión es un derecho fundamental que debe ser garantizado a todos los niños, y que su efectividad requiere un compromiso colectivo de educadores, familias y gestores.
Palavras-clave
Inclusión escolar. Educación Infantil. Necesidades Educativas Especiales. Educación Basada en Evidencias. Formación de educadores.

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E LEGAIS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL

A trajetória da educação inclusiva no Brasil é marcada por significativas transformações sociais, políticas e pedagógicas que refletem a evolução da própria sociedade em relação à compreensão e ao tratamento das diferenças. Inicialmente, no período imperial, as iniciativas educacionais voltadas para pessoas com deficiência eram praticamente inexistentes, com exceção de algumas ações isoladas, como a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos em 1854 (atual Instituto Benjamin Constant) e do Instituto dos Surdos-Mudos em 1857 (hoje Instituto Nacional de Educação de Surdos). Estas instituições, embora pioneiras, representavam uma perspectiva segregadora, característica do período histórico em questão (Jannuzzi, 2004).

O paradigma da institucionalização predominou até meados do século XX, período em que as pessoas com deficiência eram mantidas em instituições especializadas, completamente separadas do sistema regular de ensino. Este modelo começou a ser questionado a partir da década de 1970, quando emergiu o movimento pela integração escolar, influenciado por transformações internacionais e pela crescente discussão sobre direitos humanos. Neste contexto, surgiram as primeiras classes especiais em escolas regulares, ainda que mantendo uma lógica segregadora, pois os alunos com deficiência permaneciam separados dos demais (Mazzotta, 2011).

A promulgação da Constituição Federal de 1988 representou um marco fundamental para a educação inclusiva no Brasil, ao estabelecer a educação como direito de todos e dever do Estado e da família. O texto constitucional, em seu artigo 208, inciso III, explicita a garantia de “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. Este dispositivo legal inaugurou uma nova fase na educação especial brasileira, estabelecendo bases para a construção de uma política educacional mais inclusiva (Brasil, 1988).

A década de 1990 foi particularmente significativa para o avanço da educação inclusiva, influenciada por documentos internacionais como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994). Estes documentos contribuíram decisivamente para a formulação das políticas públicas de educação inclusiva no Brasil. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) consolidou estas transformações ao dedicar um capítulo específico à educação especial, definindo-a como modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educandos com necessidades especiais (Brasil, 1996).

Um momento crucial para a consolidação da perspectiva inclusiva foi a publicação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva em 2008. Este documento estabelece diretrizes que fundamentam uma profunda transformação nas escolas, visando garantir o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares. A política também orientou os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais especiais, garantindo a transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior (Brasil, 2008).

A conceituação de Necessidades Educacionais Especiais (NEE) e a definição do Público-Alvo da Educação Especial (PAEE) também evoluíram significativamente. O conceito de NEE, mais abrangente, engloba não apenas as deficiências, mas também dificuldades de aprendizagem não vinculadas a uma causa orgânica específica. Já o PAEE, conforme definido pela legislação brasileira, compreende especificamente os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Esta distinção é fundamental para o planejamento e a implementação das políticas públicas educacionais (Carvalho, 2014).

As políticas públicas educacionais voltadas para a inclusão têm se materializado através de diversos programas e ações governamentais, como o Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade e o Programa Escola Acessível. O financiamento da educação especial foi fortalecido com a implementação do FUNDEB, que prevê recursos específicos para esta modalidade de ensino. Além disso, a articulação intersetorial entre as áreas da saúde, assistência social e direitos humanos tem sido fundamental para a efetivação da política de inclusão escolar (Kassar, 2011).

Apesar dos significativos avanços legais e conceituais, a implementação efetiva da educação inclusiva ainda enfrenta diversos desafios. A formação adequada dos profissionais da educação, a adaptação das estruturas escolares, a disponibilização de recursos pedagógicos apropriados e a construção de uma cultura verdadeiramente inclusiva são aspectos que demandam atenção contínua e investimentos consistentes. O caminho percorrido demonstra que a educação inclusiva é um processo em construção, que requer o compromisso permanente de todos os atores envolvidos no processo educacional (Mantoan, 2015).

Este percurso histórico e legal da educação inclusiva no Brasil revela um processo gradual de transformação, que parte de uma perspectiva excludente em direção a um modelo baseado nos direitos humanos e na valorização da diversidade. A compreensão deste processo é fundamental para a continuidade dos avanços e para o enfrentamento dos desafios que ainda persistem na construção de uma educação verdadeiramente inclusiva.

BASES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA PRIMEIRA INFÂNCIA

A compreensão das bases teóricas que fundamentam a educação inclusiva na primeira infância requer uma análise minuciosa e integrativa dos diversos campos do conhecimento que convergem para esta área. Este complexo panorama teórico tem se desenvolvido significativamente nas últimas décadas, incorporando contribuições da psicologia do desenvolvimento, das neurociências, da pedagogia e de outras áreas correlatas, formando um corpo de conhecimento robusto e multifacetado que sustenta as práticas inclusivas contemporâneas.

No centro desta fundamentação teórica, encontramos as contribuições seminais de Vygotsky, cuja teoria sociocultural revolucionou a compreensão do desenvolvimento infantil. Sua perspectiva sobre a mediação social e cultural no processo de aprendizagem oferece um arcabouço teórico particularmente relevante para a educação inclusiva. O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) tornou-se especialmente significativo neste contexto, pois evidencia como as interações sociais adequadamente mediadas podem potencializar o desenvolvimento das crianças, independentemente de suas condições específicas. Esta compreensão fundamenta-se na premissa de que o desenvolvimento humano ocorre através da interação dialética entre os aspectos biológicos e socioculturais, perspectiva que permanece extraordinariamente atual e relevante para as práticas inclusivas.

Em complementaridade à abordagem vygotskiana, a teoria piagetiana do desenvolvimento cognitivo oferece insights valiosos sobre os processos de construção do conhecimento na primeira infância. A perspectiva construtivista de Piaget, ao enfatizar a importância das experiências concretas e da ação da criança sobre o ambiente, fornece bases teóricas essenciais para a estruturação de ambientes de aprendizagem inclusivos. Esta fundamentação teórica se fortalece ainda mais quando articulada com as descobertas contemporâneas das neurociências, particularmente no que se refere à plasticidade cerebral e aos períodos sensíveis do desenvolvimento.

A intersecção entre as teorias clássicas do desenvolvimento e as contribuições mais recentes da neurociência educacional tem proporcionado uma compreensão mais profunda dos processos de aprendizagem na primeira infância. Os estudos sobre plasticidade cerebral, por exemplo, têm fornecido evidências científicas robustas que corroboram a importância da intervenção precoce e da estimulação adequada durante os primeiros anos de vida. Este conhecimento tem sido fundamental para o desenvolvimento de práticas pedagógicas mais efetivas e cientificamente fundamentadas no contexto da educação inclusiva.

Nesta perspectiva, a Educação Baseada em Evidências (EBE) emerge como um paradigma crucial que integra o conhecimento científico à prática pedagógica. Esta abordagem sistemática para a avaliação e implementação de práticas educacionais têm contribuído significativamente para o desenvolvimento de intervenções mais eficazes na educação inclusiva. A EBE proporciona um framework metodológico que permite identificar, avaliar e implementar estratégias pedagógicas comprovadamente eficientes, considerando sempre as especificidades do contexto educacional e as necessidades individuais das crianças.

Os modelos pedagógicos contemporâneos, como Reggio Emilia e High/Scope, têm incorporado estes diferentes aportes teóricos em propostas educacionais mais holísticas e integradas. Estas abordagens valorizam a competência da criança, reconhecem múltiplas formas de expressão e aprendizagem, e propõem estruturas organizacionais que favorecem o desenvolvimento da autonomia e da criatividade. Quando aplicados ao contexto da educação inclusiva, estes modelos oferecem diretrizes valiosas para a criação de ambientes educacionais que respeitam e celebram a diversidade.

O Universal Design for Learning (UDL) representa uma evolução significativa neste campo, ao propor um framework teórico-prático que integra os conhecimentos sobre desenvolvimento infantil, neurociências e pedagogia. Esta abordagem enfatiza a importância de criar ambientes de aprendizagem flexíveis e acessíveis desde sua concepção inicial, reconhecendo e valorizando a diversidade natural no desenvolvimento humano. O UDL tem se mostrado particularmente eficaz na promoção de práticas inclusivas, pois oferece múltiplas formas de engajamento, representação e expressão, permitindo que todas as crianças participem ativamente do processo educacional.

A integração destas diferentes perspectivas teóricas têm resultado em uma compreensão mais sofisticada e nuançada dos processos de desenvolvimento e aprendizagem na primeira infância. Este corpo de conhecimento, em constante evolução, fornece bases sólidas para o desenvolvimento de práticas pedagógicas inclusivas mais efetivas e significativas. No entanto, é fundamental reconhecer que a aplicação destes conhecimentos deve sempre considerar as especificidades de cada contexto educacional e as características individuais das crianças.

A formação continuada dos educadores, fundamentada nestas bases teóricas integradas, torna-se um elemento crucial para o sucesso das práticas inclusivas. O desenvolvimento profissional docente deve contemplar não apenas o conhecimento teórico, mas também sua articulação com a prática pedagógica cotidiana, promovendo uma reflexão crítica e constante sobre as experiências educacionais. Este processo dinâmico de construção do conhecimento e aprimoramento das práticas pedagógicas é essencial para a evolução contínua da educação inclusiva na primeira infância.

Desta forma, as bases teóricas da educação inclusiva na primeira infância constituem um campo de conhecimento rico e multifacetado, que continua a se expandir e se aprofundar. A interlocução constante entre teoria e prática, mediada pela pesquisa científica e pela reflexão crítica, permanece como um elemento fundamental para o desenvolvimento de práticas inclusivas cada vez mais efetivas e significativas, capazes de promover o desenvolvimento integral de todas as crianças, respeitando suas singularidades e potencialidades.

DESAFIOS E OBSTÁCULOS NA IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A implementação da educação inclusiva enfrenta uma complexa rede de desafios que demandam atenção sistemática e ações coordenadas. Como destaca Carvalho (2020, p. 45), “a construção de uma escola verdadeiramente inclusiva não se faz apenas com propostas teóricas, mas com o real enfrentamento dos obstáculos que se apresentam no cotidiano escolar”. Estes desafios se manifestam em diferentes dimensões e níveis do sistema educacional, exigindo um olhar atento e uma abordagem integrada para sua superação. A complexidade desta implementação revela-se ainda mais profunda quando consideramos a diversidade de necessidades educacionais especiais e as múltiplas adaptações necessárias para atendê-las adequadamente.

As barreiras estruturais constituem um dos principais obstáculos à efetivação da educação inclusiva. Segundo Sassaki (2018, p. 67), “a acessibilidade arquitetônica é apenas a ponta do iceberg de um conjunto complexo de adequações necessárias para garantir o acesso e permanência de todos os estudantes”. Esta realidade é agravada pela desigualdade de recursos entre as instituições educacionais, onde Mantoan (2019, p. 23) observa que “a precariedade das instalações físicas de muitas escolas brasileiras compromete não apenas a inclusão, mas a própria qualidade do ensino oferecido”. A questão estrutural transcende os aspectos físicos e engloba também a necessidade de materiais pedagógicos adequados e tecnologias assistivas. Nas escolas brasileiras, é comum encontrarmos situações onde a ausência de rampas, elevadores, sinalizações apropriadas e mobiliário adaptado cria barreiras significativas para a inclusão efetiva. Além disso, a carência de recursos tecnológicos e materiais didáticos especializados dificulta ainda mais o processo de ensino-aprendizagem inclusivo.

Os aspectos culturais representam barreiras igualmente desafiadoras, manifestando-se através de preconceitos e resistências às práticas inclusivas. Glat e Pletsch (2021, p. 89) argumentam que “a transformação das práticas excludentes historicamente construídas requer uma mudança profunda na cultura escolar e nas concepções dos educadores sobre diferença e diversidade”. Esta mudança cultural precisa alcançar todos os atores do processo educacional, incluindo gestores, professores, funcionários e estudantes. Como ressalta Booth (2018, p. 34), “a inclusão não é um estado a ser alcançado, mas um processo contínuo de transformação cultural e pedagógica”. O enraizamento de preconceitos e a resistência à mudança frequentemente se manifestam de forma sutil, através de práticas pedagógicas excludentes, baixas expectativas em relação aos alunos com deficiência e dificuldades na aceitação da diversidade como valor fundamental no ambiente escolar.

O suporte especializado emerge como outro ponto crítico na implementação da educação inclusiva. De acordo com Mendes (2019, p. 156), “a ausência ou insuficiência de profissionais especializados compromete significativamente o desenvolvimento de práticas inclusivas efetivas”. Este desafio se relaciona diretamente com a necessidade de formação continuada dos professores e a disponibilidade de equipes multidisciplinares. Pletsch (2020, p. 78) enfatiza que “o trabalho colaborativo entre professores regulares e especialistas é fundamental para o sucesso das práticas inclusivas”. A carência de profissionais especializados, como psicólogos educacionais, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e professores com formação específica em educação especial, compromete a qualidade do atendimento oferecido aos estudantes com necessidades especiais.

A relação família-escola constitui outro eixo fundamental que frequentemente apresenta desafios significativos. Conforme destaca Parolin (2021, p. 112), “a parceria entre família e escola é condição sine qua non para o sucesso da inclusão, mas sua construção enfrenta obstáculos comunicacionais e expectativas divergentes”. Esta relação precisa ser cultivada com cuidado e atenção, pois como aponta Silva (2019, p. 45), “o envolvimento familiar no processo educacional inclusivo potencializa os resultados e favorece o desenvolvimento integral do estudante”. O estabelecimento de uma comunicação efetiva entre família e escola, o alinhamento de expectativas e a construção de uma parceria verdadeira são elementos cruciais para o sucesso da inclusão. No entanto, frequentemente observam-se dificuldades na compreensão dos papéis de cada ator neste processo, bem como resistências e inseguranças tanto por parte das famílias quanto da escola.

A superação desses desafios requer um compromisso coletivo e uma abordagem sistêmica que considere a complexidade do processo inclusivo. É fundamental que as políticas públicas educacionais sejam fortalecidas, que os investimentos em infraestrutura e formação profissional sejam ampliados e que a conscientização sobre a importância da inclusão seja constantemente promovida. Somente através de um esforço conjunto e coordenado será possível construir uma educação verdadeiramente inclusiva, que respeite e valorize a diversidade em todas as suas manifestações.

TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A educação inclusiva tem se consolidado como um paradigma educacional fundamental no século XXI, representando não apenas uma mudança estrutural no sistema educativo, mas uma transformação profunda na maneira como concebemos o processo de ensino-aprendizagem. Como afirma Mantoan (2015, p. 28), “a inclusão é produto de uma educação plural, democrática e transgressora”. Este cenário em constante evolução apresenta tendências e perspectivas que merecem uma análise aprofundada, considerando seus diversos aspectos e implicações para o futuro da educação. Neste contexto, as inovações pedagógicas na educação inclusiva têm se mostrado essenciais para a construção de um ambiente educacional verdadeiramente acolhedor e efetivo, onde o Desenho Universal para Aprendizagem (DUA), segundo Rose e Meyer (2002, p. 5), representa “um conjunto de princípios baseados na pesquisa e constitui um modelo prático para maximizar as oportunidades de aprendizagem para todos os estudantes”.

A personalização do ensino emerge como uma tendência fundamental, apoiada por estudos sobre diferenciação pedagógica. Tomlinson (2008, p. 20) enfatiza que “a diferenciação pedagógica é uma resposta proativa do professor face às necessidades de cada aluno”. Esta abordagem personalizada tem sido potencializada pelos avanços tecnológicos, especialmente no campo da tecnologia assistiva. Rodrigues (2017, p. 12) destaca que “as tecnologias digitais são ferramentas essenciais para a construção de uma escola verdadeiramente inclusiva, capaz de responder à diversidade de todos os alunos”.

A integração entre tecnologia e educação inclusiva tem sido fortalecida pela incorporação da realidade virtual, aumentada e inteligência artificial ao contexto educacional. Segundo Valente (2018, p. 45), “as tecnologias digitais têm revolucionado as possibilidades de personalização da aprendizagem e acesso ao conhecimento”. Este cenário tecnológico em evolução demanda uma formação continuada robusta dos profissionais da educação, que conforme Nóvoa (2019, p. 11) destaca, “deve ser um processo permanente, integrado no dia a dia dos professores e das escolas”.

No entanto, os desafios que se apresentam para o futuro da educação inclusiva são complexos e demandam atenção constante. Ainscow (2020, p. 15) argumenta que “a educação inclusiva requer uma reforma sistêmica que envolve mudanças nas políticas, práticas e culturas educacionais”. A pandemia de COVID-19 evidenciou ainda mais a importância da equidade no acesso à educação, e como ressalta a UNESCO (2021, p. 8), “a crise sanitária global ampliou as desigualdades educacionais existentes e criou novos desafios para a inclusão”.

O cenário atual da educação inclusiva, portanto, apresenta avanços significativos que se entrelaçam com desafios importantes a serem superados. Carvalho (2019, p. 33) sintetiza que “a educação inclusiva é um processo em construção, que demanda compromisso contínuo e colaboração entre todos os atores educacionais”. O compromisso com uma educação verdadeiramente inclusiva requer um esforço contínuo e integrado de todos os envolvidos no processo educacional. Como conclui Glat (2018, p. 89), “o sucesso da educação inclusiva depende da articulação entre políticas públicas, práticas pedagógicas inovadoras e o engajamento de toda a comunidade escolar”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O tema central da inclusão escolar de crianças com necessidades educacionais especiais no Ensino Fundamental I é essencial para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, equitativa e solidária. Adquiri, durante a análise deste documento, que a inclusão não deve ser encarada apenas em termos de normas legais. Trata-se de um dever ético e pedagógico em um sentido em que é bom para as crianças com deficiência, mas até mesmo para toda a comunidade da escola. Os vários benefícios sociais, emocionais e educacionais da inclusão já foram amplamente reconhecidos, documentando o respeito à diversidade, a expansão da autoestima e o desenvolvimento de todos por igual. No entanto, a fazer uso desses benefícios requer supérfluos para superar desafios estruturais e pedagógicos. 

A formação inicial e continuada dos educadores é um ponto central para isso, pois certifica os professores a desenvolver práticas pedagógicas inclusivas e ainda comprovadas. Além disso, a política de fomento necessita reposição de um orçamento quadro como o AEE e/ou materiais adaptados, profissionalismo de suporte educacional qualitativo no atendimento às demandas da diversidade da sala de aula. Conclui-se que a inclusão escolar é mais de um direito que é ser capaz de transformar o ambiente de ensino em um lugar democrático, acolhedor e enriquecedor. A sua instituição requer um compromisso combinado de educadores, diretores, responsáveis e sociedade, sob pena da diversidade como um recurso vital para o aprendizado e o enriquecimento humano. Portanto, quando promovemos a inclusão discutimos não somente a satisfação educacional escolar das crianças com necessidades educacionais especiais, mas também a formação de cidadãos mais trabalhadores, mais empáticos, a fim de contribuir em um mundo plural.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referencias

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Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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