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Resumo
INTRODUÇÃO
Em função da crescente conscientização sobre a importância da preservação ambiental e do avanço das leis que disciplinam a ação humana sobre a vegetação de proteção, nos últimos anos tem aumentado o incentivo para o plantio de espécies vegetais nativas para a recomposição de áreas degradadas. Como prevê o Código Municipal de Meio Ambiente. O Código Ambiental do município de Uibaí, um documento de 20 páginas e 114 artigos, prevê a criação de uma política municipal de meio ambiente voltada para “preservação, conservação, defesa, melhoria, recuperação e controle do meio ambiente ecologicamente equilibrado” (art. 1º). Tendo por objetivos além do “desenvolvimento integral do ser humano”, a Política prevê “articular e integrar” as ações ambientais da prefeitura, Estado e Federação, “identificar e caracterizar os ecossistemas do Município” e “estimular o desenvolvimento de pesquisas” (art. 3º). Também prevê a criação do Conselho Municipal do Meio Ambiente e da Secretaria de Meio Ambiente e Turismo (art. 6º).
Uibaí, município localizado no sertão semiárido da Bahia, nas coordenadas geográficas 11º 20’ 13’’S e 42º 07’ 58’’N, e com uma população de 13.732 habitantes, segundo o censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui uma área de 519 quilômetros quadrados, é uma região privilegiada com várias nascentes e um rico lençol freático e algumas microbacias hidrográficas com áreas de vegetação nativa nas quais alguns trechos precisam ser recompostos e conservados. Para a manutenção dos recursos hídricos, da paisagem, da estabilidade geológica, da biodiversidade, do fluxo gênico e da fauna, protegendo o solo e assegurando o bem-estar das populações. Beltrame (1994) confirma essa ideia ao afirmar que a ênfase que vem sendo dada nos últimos anos aos aspectos ambientais, na elaboração de planejamentos, em geral nos estudos de preservação dos ecossistemas, parece vir reforçar a tese da bacia hidrográfica como unidade para o desenvolvimento, sem perder de vista as interações existentes com áreas vizinhas.
Percebe-se, portanto, que não há possibilidade de dissociar a questão ambiental, da política e da economia. Sem uma mudança de modelo de desenvolvimento, não é possível pensar sem uma sustentabilidade ambiental, que seja social e politicamente sustentável. Por isso a conservação dos recursos e recuperação do meio degradado é fundamental para a sobrevivência na Terra.
No entanto, a recuperação ou a regeneração natural de uma área que deve ser conservada é um processo dinâmico, onde envolve diversos fatores, que se processam a médio e longo prazo. Seguindo as concepções de Riccomini, Giannini e Mancini (2003, p.196), “os rios e as drenagens podem ser classificados de diferentes formas. As classificações mais comuns têm como base o padrão de drenagem e o comportamento destas em relação ao substrato e a morfologia dos canais”.
Com base nessa classificação o tipo de drenagem do Riacho do Meio é a “dendrítica”, pois os arranjos dos canais se assemelham à distribuição do galho de uma planta, e ocorre quando a rocha dos substratos é homogênea, como um granito, por exemplo, ou ainda no caso de rochas sedimentares com estratos horizontais. Por correr em rochas sedimentares também é classificado como consequente, ou seja, corre segundo a declividade do terreno, em concordância com o mergulho das camadas. O canal do Riacho do Meio pode ser caracterizado como semi-retilíneo, isto é, que quase não possui meandros.
O levantamento dos custos e a análise de viabilidade do reflorestamento das formações vegetais fundamentais para manter a cobertura adequada no leito e na área próxima à nascente do Riacho do Meio foram realizados com base na adaptação de espécies vegetais às condições da fitogeografia da região, já implantados em outros reflorestamentos realizados no município.
Ao término da manutenção do plantio, a área deve encontrar-se em um processo autônomo de sucessão ecológica, quando a intervenção humana não se faz mais necessária. A floresta plantada, do ponto de vista ecológico, constitui-se numa sucessão secundária racional, ou seja, orientada segundo determinadas finalidades humanas. Para uma recuperação mais rápida e segura, em áreas perturbadas, totalmente ou parcialmente degradadas, com a interferência do homem a recomposição da mata se faz por etapas. Essa situação exige o desenvolvimento de novas técnicas silviculturais, envolvendo a identificação botânica das espécies, métodos de colheita, beneficiamento de sementes, substrato e manejo de mudas. Um fator importante para o desenvolvimento dos métodos de recuperação ambiental é a escolha das espécies. Selecionar espécies nativas da região é mais adequado, pois auxilia na preservação da diversidade genética regional e contribui para a manutenção da composição da flora e fauna locais (Montagnini, 2001).
IMPLANTAÇÃO DO REFLORESTAMENTO:
INSTALAÇÃO DO VIVEIRO:
O viveiro aramado foi o modelo escolhido para a avaliação por apresentar algumas vantagens em relação aos demais tipos: a cobertura pode ser feita com diversos materiais como palhas, madeiras e materiais sintéticos como a lona ou sombrite. Contudo, a utilização de madeiras, palhas e lona acarretam a desuniformidades na iluminação no interior do viveiro, sendo difícil o controle da percentagem de entrada de luz, podendo trazer prejuízos para o desenvolvimento de determinadas espécies. Ao contrário, o uso do sombrite regula a intensidade de luz homogeneamente através de toda a área do viveiro; seu custo de instalação pode ser inicialmente um pouco maior, porém compensa por sua utilização em longo prazo, pela sua durabilidade e pela facilidade de instalação. A estrutura com pilares em madeira oferece a sustentação necessária, são de fácil aquisição no mercado local, além de boa durabilidade. A cobertura é assentada sobre arame liso galvanizado, que substitui muito bem a madeira, pois esta, além de ser irregular, com o tempo empena, apodrece e deforma a cobertura. Sendo a instalação mais prática e rápida, pois o arame é apenas esticado sobre os pilares, não sendo necessários maiores conhecimentos.
O local mais adequado para a instalação do viveiro é próximo da fonte de água, para reduzir os custos de implantação, manutenção e funcionamento. As fontes poderão ser rios, lagos, poços, etc. Segundo Arco-Verde & Moreira (1998), deve-se evitar a instalação do viveiro em locais irregulares, o que dificulta a execução dos tratos culturais e o acesso e trânsito de equipamentos, veículos e pessoas. Dando preferência a solos de textura solta, com boa drenagem, evitando-se o acúmulo de água, o que pode acarretar o excesso de umidade e, por consequência, o aparecimento de pragas ou doenças no viveiro. Quanto à proteção da ação direta dos ventos sobre as plantas o modelo de viveiro a ser construído já oferece essa barreira.
A proposta apresentada neste trabalho detalha a instalação de um módulo com capacidade aproximada de 3.000 mudas, que poderá ser ampliado com outros módulos, de acordo com a necessidade de produção. O módulo apresentará uma dimensão de 8 x 8 m, perfazendo uma área de 64 m². As estacas estarão dispostas a uma distância regular de 2 x 2 m, exceto nas duas faces que podem servir para ampliação, em que a distância cai para 1,5 m na linha, com 2 m de pé-direito e comprimento total de 2,50 m. O viveiro deverá está dividido em quatro submódulos, com áreas de circulação, para facilitar o acesso de equipamentos, materiais e pessoas, para permitir uma melhor drenagem das águas; limitadas com meio-fio, que pode ser de qualquer material disponível no local (pedras, tijolos, blocos de cimento, etc.). Esses submódulos deverão ser nivelados com areia, que além de oferecer uma melhor condição para a sustentação dos sacos e outros recipientes, funcionará como controladora de plantas invasoras. A cobertura será feita utilizando-se sombrite a 50% de interceptação da luz solar, que atende à maioria das espécies cultivadas na região, entre as quais se pode citar: aroeira, jatobá, angico, umburana, baraúna, catingueira, etc. Para maior proteção das mudas deverá ser assentado na entrada principal do viveiro, um pedilúvio (banho dos pés) de modo a permitir o controle fitossanitário na circulação de equipamentos e pessoas. A sustentação do sombrite deverá ser feita com arame liso galvanizado apoiado sobre as estacas e até aos esticadores que ficam dispostos em todas as laterais do viveiro, dispostos a cada 2,00 m. O arame deverá estar configurado de forma longitudinal, perpendicular e transversal, oferecendo ótimo apoio para o sombrite e para o sistema de irrigação.
Esse modo de sustentação oferece, além da durabilidade, praticidade da instalação, um menor custo em relação à madeira. Com a utilização do arame, esses custos caem bastante, pois além da vantagem adicional da facilidade de manuseio, não requerer maiores conhecimentos. Têm-se os detalhes do assentamento do sombrite, em que apresenta um tensionador em madeira em todas as laterais do viveiro, para permitir mais segurança e apoio no esticamento da cobertura.
RELAÇÃO E CUSTOS DOS MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS:
Os materiais utilizados na construção do viveiro desta proposta encontram-se listados a seguir, com os custos estimados no mercado local, de acordo com levantamento efetuado em 05/012/2025. Os serviços foram citados como forma de composição dos custos do viveiro, porém estes poderão ser abatidos com o uso da mão-de-obra existente na propriedade.
Tabela 01 – Materiais para a estrutura do viveiro.
DISCRIMINAÇÃO DE MATERIAIS | UND. | QUANT. | VALOR R$ |
Estacas c/3m | Und. | 40 | 1.440,00 |
Ripas c/4m | Und. | 16 | 78,00 |
Arame Galvanizado Rolo c/150m | Kg | 01 | 90,00 |
Grampo para Arame | Kg | 01 | 9.00 |
Lona c/3m largura e 50% Luminosidade | Metro | 50 | 750,00 |
Prego 3×9 | Kg | 01 | 8,00 |
Prego11/2 | Kg | 01 | 8,00 |
Prego11/2 | Kg | 01 | 8,00 |
Martelo | Und | 01 | 16,00 |
Serrote | Und | 01 | 19,00 |
Esquadro | Und | 01 | 12,00 |
Cavador | Und | 01 | 28,00 |
Carro-de-mão | Und | 01 | 190,00 |
Linha de nylon | Und | 01 | 5,00 |
Tela para proteção lateral c/2m de altura | Metro | 35 | 157,50 |
Subtotal | 2.818,50 |
Tabela 02 – Materiais para sistema de irrigação.
DISCRIMINAÇÃO DE MATERIAIS | UND. | QUANT. | VALOR R$ |
Nebulizador | Und | 16 | 135,00 |
Fita veda rosca | Rolo | 02 | 3,00 |
Tubo pvc 25 mm x 10m | Und | 02 | 32,00 |
Tubo pvc 20mm x 16m | Und | 06 | 72,00 |
Tê redução pvc 25x20mm | Und | 08 | 12,00 |
Registro pvc 25mm | Und | 01 | 8,00 |
Registro pvc 20mm | Und | 08 | 52,00 |
Adesivo plástico tubo com 75g | Tubo | 02 | 9,00 |
Joelho PVC 25mm | Und | 01 | 2,00 |
Tê pvc roscável 20mm | Und | 16 | 32,00 |
Adaptador pvc final 25mm | Und | 01 | 7,50 |
Adaptador pvc final 20mm | Und | 08 | 48,00 |
Subtotal | 412,00 | ||
Tabela 13. + Tabela 14. Total | 3.231,00 |
Tabela 03 – Mão de obra.
PROFISSIONAL | DIAS | UNIDADE | VALOR TOTAL R$ |
Pedreiro | 10 dias | 80,00 | 800,00 |
Ajudante | 10 dias | 40,00 | 400,00 |
Subtotal | 1.200,00 | ||
Tabela 1. Tabela 2. Tabela 3. Total | 4.431,00 |
Fonte: Elaboração do autor, 2025
Custo total aproximado da proposta de construção do viveiro: R$ 4.431,00
DA SELEÇÃO DAS ESPÉCIES:
Para a escolha das espécies devem-se levar em consideração dois aspectos principais: o ecológico e o socioeconômico. O primeiro com base em um levantamento botânico realizado na área de implantação do projeto. O outro realizado entre as comunidades locais, descrevendo a importância socioeconômica de algumas espécies para região. A seguir, são apresentadas algumas utilidades das espécies a serem implantadas, outras observadas entre a comunidade local já existente.
DO PLANTIO:
A implantação do projeto de reflorestamento teve o seu início marcado primeiramente com o isolamento parcial da área de forma a impedir que animais entrem na mesma, evitando-se o pisoteio e compactação do solo e o maltrato e ingestão das plantas pequenas quando em formação. Para cercar as áreas recomenda-se utilizar arame farpado e mourões retirados da própria vegetação arbórea do entorno. Os mourões deverão ser colocados distanciados de 4 em 4 metros, com esticadores dispostos a cada 20 metros. Evitando-se assim a retirada de uma quantidade maior de madeira da vegetação existente.
O sistema de plantio envolvendo o enriquecimento da vegetação ou o reflorestamento de áreas sem vegetação pode ser feito através do semeio direto de sementes ou pelo plantio de mudas preparadas em viveiro ou transplante de mudas de outras áreas com farta regeneração. No caso de enriquecimento, o plantio poderá ser feito através de adensamento de clareiras com plantio de grupos de mudas contendo diversas espécies (módulos), ou pelo plantio de mudas isoladas por espécie, em faixas ao longo da vegetação (linhas). O êxito do sistema utilizado dependerá do grau de degradação da vegetação, bem como das condições físicas do solo, espaçamento utilizado, tratos silviculturais e época de realização das operações. No caso de reflorestamento em áreas sem vegetação, nas condições de semiárido é aconselhável que o plantio seja realizado no período chuvoso, tendo o solo sido preparado para o plantio das mudas com sistema de captação de água de chuva “in situ”. O sistema permitirá o acúmulo de água junto a planta, favorecendo seu estabelecimento.
O sistema de plantio obedecerá ao estabelecimento de módulos, com área de variadas, que consiste na sucessão de unidades de pequenas áreas e que conteriam espécies dos três estádios (pioneiras, secundárias e climáticas), em proporções adequadas, de forma a ter-se o rápido recobrimento da área (pioneiras) e garantindo a perpetuação da vegetação na área (secundárias e climáticas). A associação de 06 módulos comporá o que chamaremos de um bloco, que terá uma área de 4.200 m2.
A correção do solo será dispensada em função de que quase todas as espécies recomendadas apresentam relativa adaptabilidade às condições de aridez, normalmente predominantes na região. As fertilizações e adubações sugeridas correspondem à incorporação de 500 gramas de esterco (resíduos dos dejetos bovinos ou caprinos) curtido com muita umidade por um tempo mínimo de 30 dias, misturado com o substrato natural da abertura da cova, de forma a garantir o suprimento de nutrientes por um tempo maior. Para a área que se encontra em condições de semiárido mesmo sendo uma reposição de vegetação em sua maioria, de mata ciliar são indicados o Aroeira do Sertão, Angico Branco, Baraúna, Catingueira, Imburana de Espinho, Jatobá, Juazeiro, Maniçoba, Mulungu, Pau D’Arco Roxo e Umbuzeiro são exemplos de espécies que apresentam boa distribuição na vegetação da caatinga, sendo indicadas por ocorrer na maioria dos trabalhos já realizados. Além disso, os estudos florísticos e fitossociológicos mostram que algumas das espécies ocorrentes na caatinga também têm registro de ocorrência em outras formações vegetacionais, como Brejo de altitude, Mata Atlântica e no Cerrado.
Na avaliação do processo de reflorestamento do Riacho do Meio deverão ser adotados espaçamentos diferentes devido a uma variação de espécies vegetais a serem inseridas na área como: arbóreas, arbustivas e herbáceas, vegetais com estruturas diferentes e por isso necessitam de espaçamentos diferenciados entre os mesmos. Para a vegetação arbórea deverá ser utilizado um espaçamento de 5m x 5m que permitirá a essas plantas um melhor desenvolvimento do caule e das copas que propiciarão um melhor sombreamento e havendo espaço suficiente para o desenvolvimento da vegetação arbustiva. No entanto na inserção da vegetação arbustiva deverá ser adotado o espaçamento de 3m x3m que também será suficiente para que as plantas se desenvolvam sem sufocamento, além de permitir circulação das pessoas no início da implantação para avaliação do desenvolvimento das mesmas, esses espaços servirão para uma maior penetração e circulação do ar entre os vegetais inseridos. Já a vegetação herbácea deverá ser implantada obedecendo a um espaçamento mínimo de 1m x 1m entre as mudas.
Para Piña-Rodrigues (1997) o sistema de plantio adensado com o espaçamento adequado de acordo com as condições das áreas degradadas a serem recuperadas, verificaram que o sistema promove mais rápida cobertura do solo, proteção contra erosão, em relação ao plantio tradicional, pois promove a manutenção do solo com maior umidade, restabelecendo a deposição de matéria orgânica, protegendo a área contra fogo e proporcionando um rápido crescimento das plantas em altura devido a alta competição que se estabelece. Onde os custos de implantação são compensados pelo menor número de manutenções e pelo resultado final de cobertura do solo obtido em menor tempo.
A abertura das covas deverá ser realizada manualmente, com o auxílio de cavadores no centro de cada coroamento. A dimensão mínima das covas é de 40 cm de largura, 40cm de comprimento e 40cm de profundidade. Obedecendo à técnica de conservação da bacia de entorno da muda com uma dimensão correspondente a 40 cm de largura, 40cm de comprimento e 10cm de profundidade. Quanto à adubação, é aconselhável usar apenas o adubo orgânico na cova, cerca de 5 litros de esterco de gado curtido por cova. Para a escolha das espécies devem-se levar em consideração dois aspectos principais: o ecológico e o socioeconômico. O primeiro com base em um levantamento botânico realizado na área de implantação do projeto. O outro realizado entre as comunidades locais, descrevendo a importância socioeconômica de algumas espécies para região. A seguir, são apresentadas algumas utilidades das espécies a serem implantadas outras observadas entre a comunidade local já existente.
ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO:
Em regiões semiáridas, onde há irregularidade na distribuição das chuvas, a irrigação suplementar pode reduzir a mortalidade acentuada das plantas, especialmente quando a falta de água coincide com os períodos críticos do seu desenvolvimento. A partir desse pressuposto, o experimento deve ter início no período chuvoso, assim evita-se ou pelo menos se retarda o processo de irrigação suplementar. Este procedimento deve ter por finalidade a avaliação do desenvolvimento das espécies em ambos os períodos.
Com o objetivo de facilitar o controle do mato-competição, deverão ser realizados, periodicamente, o rebaixamento do mato e o coroamento das plantas em um raio de no mínimo 50 cm. A sobrevivência das espécies implantadas deve ser avaliada periodicamente, enquanto as características de crescimento (altura e diâmetro do colo) devem ser mensuradas mensalmente, desde o plantio até o período de no mínimo um ano. Para a medição da altura, utilizando-se uma régua graduada e para a medição do diâmetro do colo, um paquímetro. Em observação ao reflorestamento já realizado em área vizinha localizada na mesma serra com as mesmas condições climáticas, a taxa de sobrevivência com as mesmas espécies foi de 96% para as espécies: Catingueira (Caesalpinia piramidalis Tu), Imburana de Espinho (Brucera leptopholeos Mart), Jatobá (Hymenea s p), Joazeiro (Ziziphus joazeiro), Maniçoba (Manihot Glaziovii Muel), Pau D’Arco Roxo (Tabebuia avelanede Lorentz ex Grizeb) e Umbuzeiro (Spondias tuberosa) e de 92% para Aroeira do Sertão (Myracrodruon urundeuva Allemão), Angico Branco (Piptadenia columbrina Benth), Baraúna (Schinopsisbrasiliensis Eng), Mulungu (Erythrina velutina Willd).
Na avaliação do crescimento relativo em altura das espécies implantadas pode se observar uma semelhança significativa, fazendo-se a comparação por espécie. Todas apresentaram um crescimento superior a 70%, considerando a altura inicial. Para o crescimento relativo em diâmetro do colo houve uma pequena diferença estatística entre as espécies notificamos que as espécies Aroeira do Sertão (Myracrodruon urundeuva Allemão), Angico Branco (Piptadenia columbrina Benth), Imburana de Espinho (Brucera leptopholeos Mart), Jatobá (Hymenea s p), Joazeiro (Ziziphus joazeiro), Maniçoba (Manihot Glaziovii Muel), apresentaram um crescimento de 5%, enquanto a Baraúna (Schinopsisbrasiliensis Eng), Catingueira (Caesalpinia piramidalis Tu), Mulungu (Erythrina velutina Willd), Pau D’Arco Roxo (Tabebuia avelanede Lorentz ex Grizeb) e Umbuzeiro (Spondias tuberosa) atingiram 40%, considerando também o diâmetro inicial. Segundo Figueirôa (2004), ao se avaliar o crescimento de plantas inseridas em áreas de caatinga deve-se considerar as diferentes necessidades de suprimento hídrico de cada espécie.
CUSTOS INICIAIS PARA A IMPLANTAÇÃO DO REFLORESTAMENTO:
A avaliação das necessidades ambientais, econômicas e dos aspectos culturais das comunidades humanas locais é imprescindível para garantir o êxito na recuperação de áreas degradadas. Isto porque a degradação e a perda de solo no bioma Caatinga contribuem significativamente para o agravamento da pobreza no meio rural. Quando as áreas a serem restauradas estão situadas dentro de pequenas propriedades, as questões de ordem econômica passam a ter maior relevância, pois tratam de espaços já ocupados por alguma atividade econômica que provê o sustento dessas famílias.
Realizando-se uma análise econômica do projeto de recuperação proposto, verificou-se que os custos de implantação de vegetação ciliar em uma área correspondente a 1 hectare, envolvendo as atividades de plantio e manutenção, totalizaram-se em 2.300,00 reais.
Tabela 04. Custos iniciais para implantação e manutenção da área.
Item | Unidade | Quantidade | Valor
Uni. R$ |
Valor
Total |
||||
2 Trabalhadores – Preparo da área (roçada/capina do mato-competição) | Diária | 04 | 30,00 | 120,00 | ||||
2 Trabalhadores – Abertura de covas. | Diária | 04 | 30,00 | 120,00 | ||||
5 Trabalhadores – Plantio das mudas | Diária | 05 | 30,00 | 150,00 | ||||
Mudas de Espécies Nativas | Und. | 800 | 8,00 | 6.400,00 | ||||
Adubo Orgânico, Esterco (saco 50 kg) | Und. | 10 | 10,00 | 100,00 | ||||
Frete transporte do adubo das mudas. | Frete | 02 | 40,00 | 80,00 | ||||
Estacas de Algaroba (isolamento da área) | Und. | 100 | 4,00 | 400,00 | ||||
Arame farpado (isolamento da área) | Und. | 03 | 170,00 | 510,00 | ||||
Grampo | Kg | 03 | 8,00 | 24,00 | ||||
2 Trabalhadores – Cercamento da área | Diária | 04 | 30,00 | 120,00 | ||||
Subtotal | 5.944,00 | |||||||
Manutenção: | ||||||||
Roçada do mato-competição a cada 06 meses (01 trabalhador). | Diária | 06 | 30,00 | 180,00 | ||||
Subtotal | 180,00 | |||||||
Total Geral |
6.124,00 |
Fonte: Elaboração do autor, 2025
Custo total aproximado da proposta de implantação do reflorestamento com a construção do viveiro: R$6.425,00. Custo total aproximado da proposta de implantação do reflorestamento com a aquisição das mudas: R$8.394,00.
Conforme foi observado, a recuperação de áreas degradadas da Caatinga não é uma tarefa barata. As despesas com mão de obra, produção ou aquisição de mudas, implantação, manutenção e materiais para isolamento são os itens mais onerosos dessa atividade e dificultam o interesse dos proprietários rurais em reabilitar suas áreas antropizadas. Desta forma, fica evidente que há uma necessidade na identificação de metodologias que sejam efetivas para a restauração florestal nessa região e que também incluam a redução de custos e a ampliação do êxito destes processos. Por isso é importante que as próprias prefeituras assumam esse papel, criando hortos florestais em diversas comunidades, espalhadas pelo município, fornecendo mudas para que a própria população faça o replantio das áreas desmatadas. Para alcançar a implantação deste projeto com custos menores, além de buscar fortes parcerias com empresas e órgãos governamentais, das diversas esferas do poder, deve-se contar também com o apoio de organizações da sociedade civil como ONGs, grupos de pesquisa, entidades financiadoras de projetos, etc. Na busca por parcerias é importante observar que os investidores privados, em geral, não conseguem internalizar os benefícios da atividade de proteção ambiental, pois os Projetos de reflorestamento geram externalidades que transbordam por toda a população adjacente ao empreendimento, e não podem ser capturados facilmente por um investidor privado, pois, não há estímulos para que esse setor leve adiante um projeto como o avaliado nesta pesquisa. Cabe, portanto, à esfera pública, tanto a de âmbito municipal quanto a estadual, fornecer incentivos, do tipo transferências compensatórias, aos agentes privados, ou, então, implantar o projeto com os próprios recursos, visto que o empreendimento ambiental avaliado por esta pesquisa traz benefícios líquidos à população local.
EFEITOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS:
A expectativa dos efeitos da reintrodução da mata ciliar é a proteção da mata contra o assoreamento dos rios, riachos e açudes, evitando as enchentes e abrindo espaço para a recuperação da biodiversidade, com o reaparecimento da meso e microfauna e da revitalização da flora. Além dessa função, evita-se a perda do solo durante os períodos de cheia. A área reflorestada ajuda a proteger a mata ciliar, evitando a erosão das margens, funcionando como filtro aos agentes poluidores, servindo de refúgio às aves e animais, favorecendo a criação de corredores de biodiversidade, preservando a biodiversidade da flora e fauna, dentre outras funções. A vegetação tem um papel crucial na regulação dos ciclos biológicos e biogeoquímicos nas bacias hidrográficas.
Não existe um retorno econômico explícito na recuperação da mata ciliar e no reflorestamento. O retorno é evitar-se a perda do solo aluvional, que representa um ganho significativo, pois caso fosse calcular o valor da perda de solo, quando ocorrem cheias, teria-se dispêndios de milhares de reais. Como no semiárido grande parte das lavouras é cultivada em solo de aluvião, pode-se deduzir o efeito econômico dessa ação. Do ponto de vista ambiental, a recuperação das matas ciliares e de áreas devastadas, por meio do reflorestamento, possibilita que as espécies, tanto da flora quanto da fauna, possam reproduzir-se, garantindo o restabelecimento da biodiversidade da região, gerando melhores condições de vida para a população local.
POSSÍVEIS DIFICULDADES
O alto custo de replantio para a recuperação da mata ciliar e o reflorestamento, em áreas devastadas, requerem investimentos em mudas, mão de obra, para plantio e construção de cercas para evitar que os animais destruam as mudas plantadas.
A necessidade de formação do horto florestal para a produção de mudas deve estar dentro das normas, inclusive com a cobertura com “sombrite” ou ripado, para diminuir a insolação. Normalmente, não é difícil conseguir que os próprios produtores produzam as mudas no local, o que dificulta são os altos custos. É também imprescindível que a área onde será feita a reposição da mata seja cercada, para evitar que os animais se alimentem das mudas plantadas, pelo menos até atingirem um tamanho ideal.
Outros entraves a serem enfrentados no desenvolvimento do projeto serão a resistência de um dos proprietários, a cooperação e conscientização da comunidade para uma ação socioambiental, como também uma parceria com o poder público no acompanhamento e fiscalização da área em recuperação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARCO-VERDE, M. F.; MOREIRA, M. A. B. Viveiros Florestais: construção, custos, cuidados e atividades desenvolvidas para a produção de mudas. Boa Vista: Embrapa-CPAF-Roraima, 1998. 32 p. (Embrapa-CPAF-Roraima. Documentos, 3).
BELTRAME. A.da V. Diagnóstico do meio físico de bacias hidrográficas. Florianópolis: editora da UFSC, 1994, 112p.
FIGUEIRÔA JM et al. 2004. Crescimento de plantas jovens de Myracrodruon urundeuva Allemão (Anacardiaceae) sob diferentes regimes hídricos. Acta Botanica Brasilica 18: 573-580.
MONTAGNINI, F. Strategies for the recovery of degraded ecosystems: experiences from Latin America. Interciência. Caracas, v. 26, n. 10,p.498-503,2001
PIÑA-RODRIGUES, F.C.M.; LOPES, L.R.; MARQUES, S. Sistema de plantio adensado para revegetação de áreas degradadas da Mata Atlântica: bases ecológicas e comparações de estudo / benefício com o sistema tradicional. Floresta e Ambiente. Ano 4, p.30-41, 1997a.
RICCOMINI, C., Giannini, P. C. F., Mancini, F. 2003. Rios e processos aluviais.
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