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Resumo
INTRODUÇÃO
A inclusão de estudantes com deficiência no ambiente escolar tem sido um tema recorrente nas discussões educacionais, fundamentado por legislações nacionais e internacionais que garantem o direito à educação acessível e equitativa. No contexto da Educação Física, essa questão assume particular relevância, pois a participação ativa nas atividades corporais pode representar desafios específicos para esses alunos. Para que a inclusão seja efetiva, torna-se necessário o uso de recursos pedagógicos adequados e de tecnologias assistivas que permitam a adaptação das práticas esportivas e motoras.
A implementação dessas ferramentas, no entanto, ainda enfrenta obstáculos. Muitos professores encontram dificuldades para integrar tecnologias assistivas à sua prática pedagógica, seja por falta de formação adequada, seja por limitações estruturais nas escolas. Além disso, a diversidade de necessidades dos estudantes exige um planejamento cuidadoso, que leve em consideração tanto as especificidades de cada deficiência quanto às possibilidades oferecidas pelos recursos disponíveis.
Diante desse cenário, surgem algumas questões fundamentais: de que forma as tecnologias assistivas podem favorecer a inclusão de estudantes com deficiência nas aulas de Educação Física? Quais recursos pedagógicos são mais eficazes para garantir a participação desses alunos? Quais desafios os professores enfrentam ao tentar incorporar essas ferramentas no ensino?
Para responder a essas questões, esta pesquisa tem como objetivo analisar a contribuição das tecnologias assistivas e dos recursos pedagógicos para a inclusão de estudantes com deficiência na Educação Física, a partir de uma revisão bibliográfica. A abordagem adotada será qualitativa, pois busca compreender como esses recursos vêm sendo utilizados no contexto educacional, quais impactos geram no aprendizado dos alunos e quais desafios estão envolvidos na sua aplicação.
A escolha pelo levantamento teórico se justifica pela necessidade de reunir e sistematizar conhecimentos já produzidos sobre a temática, permitindo uma análise crítica das estratégias existentes e a identificação de caminhos que possam aprimorar a atuação docente. Além disso, compreender como diferentes pesquisas abordam a Educação Física inclusiva contribui para a formulação de práticas mais eficazes e acessíveis.
O objetivo geral desta pesquisa é investigar como as tecnologias assistivas e os recursos pedagógicos podem favorecer a inclusão de estudantes com deficiência nas aulas de Educação Física. De forma mais específica, busca-se: (i) identificar as principais tecnologias assistivas utilizadas na disciplina; (ii) analisar estratégias pedagógicas que promovem a participação e o aprendizado dos alunos com deficiência; e (iii) compreender os desafios enfrentados pelos professores na implementação dessas tecnologias e recursos, considerando sua formação e experiência profissional.
Ao reunir estudos e reflexões sobre o tema, espera-se contribuir para a ampliação do debate sobre acessibilidade na Educação Física, fornecendo subsídios para que educadores possam aprimorar suas práticas pedagógicas. A pesquisa também busca reforçar a importância das tecnologias assistivas como ferramentas indispensáveis para um ensino verdadeiramente inclusivo, garantindo que todos os estudantes tenham acesso ao aprendizado em condições equitativas.
Além disso, ao considerar os desafios enfrentados pelos professores, esta investigação pretende destacar a necessidade de uma formação docente mais voltada para a inclusão, de modo que os profissionais da educação estejam preparados para aplicar metodologias e recursos que assegurem o direito à participação de todos nas atividades escolares.
REVISÃO DE LITERATURA
EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA: CONCEITOS, PRINCÍPIOS E LEGISLAÇÃO
A inclusão de estudantes com deficiência nas aulas de Educação Física é um tema de crescente relevância, fundamentado em princípios de equidade e respeito à diversidade. A Educação Física Inclusiva busca assegurar a participação ativa de todos os alunos, independentemente de suas condições físicas, sensoriais ou intelectuais, nas atividades corporais propostas no ambiente escolar. Essa abordagem está alinhada com a perspectiva de uma educação que valoriza as diferenças individuais e promove a igualdade de oportunidades.
De acordo com Aguiar e Duarte (2005), a inclusão de alunos com necessidades especiais nas aulas de Educação Física requer uma reflexão sobre as práticas pedagógicas adotadas, visando à criação de estratégias que atendam às especificidades desses estudantes. Os autores destacam a importância de uma formação docente que capacite os professores a lidar com a diversidade presente nas escolas, promovendo um ambiente educacional inclusivo e acolhedor.
No contexto brasileiro, a legislação educacional reforça o compromisso com a inclusão. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), nº 9.394/1996, estabelece, em seu artigo 58, que a educação especial deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, garantindo o atendimento às necessidades específicas dos alunos com deficiência. Além disso, documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) enfatizam a necessidade de adaptações curriculares que assegurem a participação de todos os estudantes nas atividades escolares, incluindo a Educação Física (Brasil, 2006).
A implementação de uma Educação Física inclusiva enfrenta desafios significativos, entre eles a necessidade de formação adequada dos professores. Estudos apontam que muitos profissionais de Educação Física não se sentem preparados para incluir alunos com necessidades especiais em suas aulas, evidenciando a urgência de investimentos em capacitação docente (Aguiar e Duarte, 2005). Nesse sentido, iniciativas como as promovidas pelo Instituto Rodrigo Mendes têm se mostrado fundamentais. O Instituto desenvolve programas de formação para educadores e gestores, visando à implementação de políticas públicas que garantam uma educação de qualidade para pessoas com deficiência.
A utilização de tecnologias assistivas emerge como uma estratégia eficaz para promover a inclusão nas aulas de Educação Física. Toloi (2015) destaca que a adoção de recursos tecnológicos adaptados pode auxiliar no processo de inclusão escolar de estudantes público-alvo da educação especial, facilitando sua participação nas atividades físicas. Essas tecnologias englobam desde equipamentos que auxiliam.
TECNOLOGIAS ASSISTIVAS APLICADAS À EDUCAÇÃO FÍSICA
A inclusão de estudantes com deficiência nas aulas de Educação Física tem sido um desafio constante para educadores, exigindo adaptações e estratégias específicas para garantir a participação plena de todos os alunos. Diferentemente de outras disciplinas, a Educação Física envolve práticas motoras, interação social e coordenação corporal, aspectos que podem representar barreiras para estudantes com deficiência. Para minimizar essas dificuldades, professores precisam adotar metodologias inclusivas e incorporar tecnologias assistivas e recursos pedagógicos adaptados.
Nos últimos anos, diversos estudos têm abordado o papel dessas ferramentas na promoção de uma Educação Física acessível. Segundo Toloi (2015), o uso de tecnologias assistivas pode ser uma estratégia eficaz para eliminar barreiras físicas e motoras, permitindo que alunos com deficiência participem ativamente das aulas e desenvolvam habilidades motoras e cognitivas em igualdade de condições com seus colegas.
As tecnologias assistivas englobam uma variedade de recursos e serviços que visam proporcionar autonomia e inclusão a pessoas com deficiência. No contexto da Educação Física, essas tecnologias incluem desde adaptações em equipamentos esportivos até o uso de dispositivos tecnológicos que auxiliam na comunicação e na mobilidade dos estudantes.
Peixoto (2018) destaca que a aplicação de tecnologias assistivas no ambiente educacional oferece múltiplas possibilidades para promover a inclusão. Entre os recursos mais utilizados estão andadores para locomoção, teclados virtuais para interação digital e programas computadorizados que facilitam a comunicação de estudantes com deficiência auditiva ou motora. Além disso, há equipamentos específicos para atividades esportivas, como cadeiras de rodas adaptadas para esportes e próteses que permitem uma maior independência dos alunos com deficiência física.
No campo da comunicação, tecnologias assistivas também têm desempenhado um papel fundamental. Estudantes com dificuldades de fala, por exemplo, podem utilizar softwares de comunicação alternativa para interagir com colegas e professores durante as aulas de Educação Física. O uso desses dispositivos não apenas facilita a participação ativa dos alunos, mas também contribui para a construção de um ambiente mais inclusivo e respeitoso.
Apesar dos avanços, Toloi (2015) aponta que um dos desafios no uso de tecnologias assistivas na Educação Física é a falta de acesso a esses recursos em muitas escolas públicas. Sem materiais adequados, alunos com deficiência podem encontrar dificuldades para participar das atividades propostas, tornando essencial que políticas públicas invistam na implementação dessas ferramentas de forma mais ampla e acessível.
Além das tecnologias assistivas, a efetividade da Educação Física inclusiva depende da adoção de estratégias pedagógicas que considerem as necessidades individuais dos alunos. Siqueira (2011) argumenta que, em vez de focar nas limitações dos estudantes, o ensino da disciplina deve priorizar suas potencialidades, criando oportunidades para que todos possam participar das atividades dentro de suas capacidades.
Entre as estratégias inclusivas mais eficientes está a adaptação dos jogos e brincadeiras tradicionais. Isso pode ser feito por meio de regras flexíveis, materiais diferenciados ou ajustes no espaço físico. Por exemplo, em atividades que envolvem arremesso de bola, alunos com mobilidade reduzida podem utilizar rampas ou suportes para realizar a ação, garantindo que todos tenham uma participação significativa.
A formação continuada dos professores também é um fator essencial para a implementação eficaz dessas estratégias. Fiorini e Manzini (2017) descrevem que o desenvolvimento profissional voltado para a Educação Física inclusiva deve englobar não apenas aspectos teóricos, mas também experiências práticas que permitam aos docentes compreender as reais necessidades dos alunos com deficiência. A capacitação dos professores nesse sentido tem demonstrado impactos positivos na melhoria da inclusão escolar, uma vez que educadores mais preparados conseguem adaptar suas metodologias de forma mais eficiente.
Outra abordagem pedagógica importante é o ensino colaborativo, no qual os professores trabalham em parceria com especialistas em Educação Especial para planejar atividades inclusivas. Esse modelo permite um suporte mais direcionado aos alunos com deficiência e contribui para um ambiente escolar mais acolhedor.
Apesar dos avanços nas políticas de inclusão e na adoção de recursos pedagógicos adaptados, a inclusão plena de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física ainda enfrenta desafios consideráveis. A falta de recursos adequados é uma das principais dificuldades, uma vez que muitas escolas não possuem equipamentos adaptados ou infraestrutura acessível. Além disso, a necessidade de formação específica para os professores ainda é uma questão latente, pois muitos educadores não recebem treinamento suficiente para lidar com a diversidade de necessidades dos estudantes.
Outro desafio relevante é a resistência a mudanças metodológicas. Ainda há professores que, por falta de conhecimento ou por questões estruturais, mantêm práticas tradicionais que não contemplam alunos com deficiência. Isso reforça a importância de investimentos em formação continuada e na disseminação de boas práticas inclusivas.
Entretanto, com investimentos contínuos em tecnologias assistivas, desenvolvimento de recursos pedagógicos inovadores e capacitação docente, é possível tornar a Educação Física uma disciplina mais acessível e inclusiva. Como aponta Peixoto (2018), a combinação entre recursos tecnológicos e estratégias pedagógicas adaptadas pode garantir que todos os estudantes, independentemente de suas condições físicas ou cognitivas, tenham acesso a um ensino de qualidade e a experiências significativas na prática esportiva.
A ampliação de pesquisas e o compartilhamento de boas práticas também são essenciais para o avanço da Educação Física inclusiva. Experiências bem-sucedidas devem ser divulgadas e adaptadas para diferentes realidades escolares, garantindo que as estratégias de inclusão sejam cada vez mais eficazes e acessíveis. Com o devido suporte e planejamento, é possível transformar a Educação Física em um espaço genuinamente inclusivo, no qual todos os estudantes possam desenvolver suas habilidades motoras, sociais e emocionais.
RECURSOS PEDAGÓGICOS E ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA
A inclusão de estudantes com deficiência na Educação Física escolar é um processo que exige adaptações pedagógicas, recursos acessíveis e estratégias metodológicas eficazes para garantir a participação ativa de todos. Estudos recentes têm demonstrado a importância de práticas inclusivas que respeitem a diversidade e assegurem que os alunos com deficiência possam desenvolver habilidades motoras, cognitivas e sociais por meio de atividades adaptadas. Pesquisadores como Vieira e Alves (2022) destacam que, apesar dos avanços na legislação educacional, ainda há barreiras significativas relacionadas à falta de suporte e materiais adequados, o que compromete a plena inclusão dos estudantes nas aulas de Educação Física.
A adoção de recursos pedagógicos adaptados tem se mostrado fundamental para a acessibilidade nas práticas esportivas e recreativas escolares. Segundo Nascimento, Florêncio e Meneses (2022), um dos principais desafios enfrentados pelos professores é a falta de formação específica para trabalhar com alunos com deficiência, o que muitas vezes resulta na exclusão indireta desses estudantes das atividades. Para minimizar essas dificuldades, é essencial o uso de materiais adaptados, como bolas sonoras para alunos com deficiência visual, sinalizações táteis e visuais para estudantes com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e equipamentos que possibilitem ajustes de acordo com a necessidade de cada aluno. Além disso, o planejamento das aulas deve ser flexível, garantindo que as atividades possam ser modificadas conforme a demanda dos estudantes, favorecendo a participação equitativa de todos.
Os jogos adaptados e o ensino colaborativo são estratégias que vêm sendo amplamente utilizadas para fomentar a inclusão na Educação Física. Miranda, Teixeira e Costa (2023) apontam que a implementação dessas metodologias permite que os alunos com deficiência se sintam parte integrante das atividades, promovendo um ambiente escolar mais acolhedor e inclusivo. O ensino colaborativo, por exemplo, tem se mostrado eficaz na construção de interações significativas entre estudantes com e sem deficiência, possibilitando que todos contribuam de acordo com suas habilidades. Nessa abordagem, os professores trabalham de maneira interdisciplinar, muitas vezes em parceria com profissionais da Educação Especial, para planejar atividades que atendam às necessidades específicas dos alunos.
Experiências inovadoras também têm sido desenvolvidas para tornar a Educação Física um espaço de aprendizado mais inclusivo. Um exemplo disso é o projeto “Nas súas zapatillas”, conduzido por Losada e Viñas (2024), que utilizou metodologias interativas para sensibilizar os alunos sobre as dificuldades enfrentadas por colegas com deficiência. A iniciativa, aplicada em escolas da Galícia, demonstrou que a Educação Física pode ser um instrumento poderoso para promover o respeito à diversidade e estimular a cooperação entre os estudantes. O projeto evidenciou que, ao vivenciarem desafios semelhantes aos enfrentados por colegas com deficiência, os alunos sem deficiência desenvolvem maior empatia e compreensão, contribuindo para um ambiente mais inclusivo.
A capacitação dos professores também se mostra essencial para que a inclusão na Educação Física seja efetiva. De acordo com Moreno, Aracil e Pineda (2024), a formação docente deve ir além da abordagem teórica e oferecer experiências práticas que auxiliem os professores a adaptar suas aulas de maneira eficiente. O projeto europeu liderado por esses pesquisadores investiu no desenvolvimento de programas de intervenção que aprimoram a prática pedagógica dos professores de Educação Física, focando na criação de um ambiente mais acessível para estudantes com deficiência. A pesquisa revelou que professores que passam por treinamentos específicos conseguem desenvolver estratégias mais inclusivas e promover uma maior participação dos alunos nas aulas.
Além da capacitação contínua dos professores, políticas públicas e programas institucionais também desempenham um papel crucial na consolidação de práticas inclusivas. O Instituto Rodrigo Mendes, sob a liderança de Mendes (2023), tem desenvolvido iniciativas voltadas à formação de educadores para a Educação Inclusiva, disponibilizando cursos e materiais pedagógicos que orientam a adaptação de atividades físicas para estudantes com deficiência. A atuação do instituto reforça a necessidade de um olhar mais atento para a formação dos docentes, garantindo que eles estejam preparados para lidar com a diversidade presente nas escolas.
Dessa forma, a inclusão na Educação Física depende da articulação entre diferentes fatores, como o uso de recursos pedagógicos acessíveis, o desenvolvimento de estratégias metodológicas adequadas e a formação contínua dos professores. Embora desafios ainda existam, estudos recentes mostram que é possível construir um ambiente mais equitativo e participativo por meio de iniciativas inovadoras e boas práticas educacionais. Como apontado por Vilanova (2025), é fundamental acelerar os esforços para promover a igualdade e a inclusão dentro do contexto esportivo e educacional, garantindo que todos os alunos tenham oportunidades iguais de participação e aprendizado. A Educação Física inclusiva não apenas favorece o desenvolvimento motor e social dos estudantes, mas também contribui para a construção de uma sociedade mais justa e respeitosa com as diferenças.
METODOLOGIA
Este estudo utiliza uma abordagem qualitativa com o objetivo de investigar como as tecnologias assistivas e os recursos pedagógicos contribuem para a inclusão de estudantes com deficiência nas aulas de Educação Física. A pesquisa será desenvolvida por meio de uma revisão bibliográfica, o que significa que será feita uma análise de livros, artigos científicos, documentos oficiais e outras publicações relevantes sobre o tema. Essa estratégia permite reunir diferentes perspectivas e experiências, possibilitando uma compreensão mais ampla sobre os desafios e as potencialidades da inclusão na Educação Física escolar.
A escolha pela revisão bibliográfica se justifica pela necessidade de conhecer o que já foi pesquisado e publicado sobre o assunto, identificando as principais estratégias utilizadas para tornar as aulas mais acessíveis, as dificuldades enfrentadas pelos professores e os impactos dessas práticas no aprendizado e na participação dos alunos. Além disso, esse levantamento teórico possibilita um olhar crítico sobre o tema, ajudando a apontar caminhos para melhorar a formação docente e a implementação de recursos inclusivos nas escolas.
Os materiais analisados serão selecionados com base em sua relevância para a discussão sobre inclusão e Educação Física, priorizando publicações recentes e reconhecidas na área. Com isso, pretende-se apresentar um panorama detalhado sobre como as tecnologias assistivas e os recursos pedagógicos vêm sendo utilizados, quais desafios ainda precisam ser superados e de que maneira essas ferramentas podem ser aprimoradas para garantir uma participação mais efetiva de todos os estudantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos estudos revisados demonstra que as tecnologias assistivas desempenham um papel fundamental na promoção da inclusão de estudantes com deficiência nas aulas de Educação Física. A adoção desses recursos pode eliminar barreiras que dificultam a participação ativa dos alunos, permitindo-lhes desenvolver habilidades motoras, sociais e cognitivas. Os dispositivos assistivos englobam desde cadeiras de rodas adaptadas e próteses esportivas até softwares de comunicação alternativa para estudantes com dificuldades de fala. No entanto, a implementação dessas tecnologias ainda enfrenta desafios, sobretudo no que diz respeito à infraestrutura das escolas e à formação docente. Em muitas instituições de ensino, os recursos assistivos são escassos ou inexistentes, comprometendo a qualidade da inclusão. Além disso, a falta de capacitação específica dos professores para o uso adequado dessas ferramentas limita sua efetividade. A integração dessas tecnologias com práticas pedagógicas adaptadas têm mostrado resultados positivos na participação e no engajamento dos alunos com deficiência. A utilização de recursos como bolas sonoras para estudantes com deficiência visual e rampas para facilitar a mobilidade de cadeirantes são exemplos de adaptações que promovem maior inclusão.
A eficácia da Educação Física inclusiva não depende apenas do uso de tecnologias assistivas, mas também da aplicação de estratégias pedagógicas adaptadas. A abordagem de ensino colaborativo tem sido amplamente recomendada como uma forma de promover a interação entre alunos com e sem deficiência, estimulando o respeito às diferenças e o desenvolvimento de competências socioemocionais. Outro fator relevante é a adaptação das atividades físicas para garantir a participação de todos. Jogos modificados, uso de espaços acessíveis e modificações nas regras das atividades esportivas são estratégias eficazes para promover a inclusão. Essas abordagens permitem que os alunos desenvolvam suas habilidades dentro de suas possibilidades, sem que se sintam excluídos ou limitados por suas condições físicas. Experiências bem-sucedidas de inclusão na Educação Física também são relatadas em estudos internacionais, demonstrando que a Educação Física pode ser um instrumento poderoso para promover a empatia e a cooperação.
Apesar dos avanços na legislação educacional e na disseminação de práticas inclusivas, a inclusão plena de estudantes com deficiência na Educação Física ainda enfrenta desafios significativos. Entre os principais entraves está a falta de investimento em infraestrutura e na aquisição de equipamentos adaptados. A ausência de materiais adequados compromete a qualidade das atividades inclusivas e limita o potencial de aprendizado dos alunos com deficiência. A formação docente também se destaca como um aspecto crítico para a inclusão efetiva. Muitos professores relatam dificuldades em adaptar suas práticas devido à falta de preparo específico. A capacitação continuada, que inclua tanto conhecimentos teóricos quanto experiências práticas, é essencial para que os docentes possam implementar estratégias inclusivas de maneira eficaz. As perspectivas para o futuro da Educação Física inclusiva envolvem a ampliação de pesquisas na área, a disseminação de boas práticas e o fortalecimento de políticas públicas que garantam condições adequadas para a inclusão. Acelerar o desenvolvimento de iniciativas que promovam a igualdade e a inclusão no esporte é essencial para garantir que todos os estudantes tenham acesso à Educação Física em condições equitativas.
Com base nos achados da pesquisa, fica evidente que a Educação Física inclusiva requer um esforço conjunto entre professores, gestores escolares e formuladores de políticas educacionais. A integração de tecnologias assistivas, o desenvolvimento de metodologias inclusivas e o investimento na formação docente são medidas essenciais para garantir um ambiente educacional acessível e igualitário para todos os estudantes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Física inclusiva é um desafio e, ao mesmo tempo, uma necessidade urgente para garantir o direito à participação de todos os estudantes, independentemente de suas condições. A pesquisa mostrou que o uso de tecnologias assistivas e estratégias pedagógicas adaptadas pode transformar a experiência dos alunos com deficiência, promovendo sua integração e desenvolvimento. No entanto, a falta de infraestrutura e a ausência de formação adequada para os professores ainda são entraves que dificultam a aplicação efetiva dessas práticas no contexto escolar.
Para que a inclusão aconteça de forma significativa, é essencial investir em políticas públicas que ampliem o acesso a recursos e capacitem os docentes para lidar com a diversidade em sala de aula. A formação continuada se apresenta como um elemento indispensável, pois permite que os professores compreendam as necessidades dos alunos e desenvolvam metodologias que favoreçam sua participação ativa nas atividades físicas. Além disso, experiências bem-sucedidas mostram que a adaptação de jogos, a flexibilização das regras e o ensino colaborativo são caminhos viáveis para uma prática mais inclusiva.
Diante disso, esta pesquisa reforça a importância de um compromisso coletivo entre escolas, gestores, professores e formuladores de políticas educacionais para que a Educação Física não exclua, mas acolha e fortaleça o potencial de cada estudante. Ainda há desafios a serem superados, mas a construção de um ambiente educacional mais acessível e equitativo passa, necessariamente, pelo aprimoramento de estratégias e pela disseminação de boas práticas. O avanço das discussões e a continuidade de pesquisas sobre o tema são fundamentais para que a inclusão na Educação Física deixe de ser uma exceção e se torne uma realidade consolidada nas escolas.
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