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Resumo
INTRODUÇÃO
O processo de enfermagem (PE) é um instrumento metodológico de gestão de cuidados utilizado pelos enfermeiros com objetivo de identificar as necessidades envolvendo a saúde-doença do cliente, tendo como base, métodos de assistência na prevenção, recuperação e reabilitação de sua saúde. É um instrumento de trabalho essencial na prática da assistência, além de ser regulamentada pela Lei do Exercício profissional da enfermagem.
O Processo de Enfermagem é uma ferramenta que possibilita o cuidado individualizado que consiste em cinco etapas: a avaliação, o diagnóstico, o planejamento, a implementação e a evolução. Visto que, é utilizada pelos enfermeiros para aplicar seus conhecimentos técnico-científicos, além de impulsionar sua adoção nas UTINs, vem sendo cada vez mais implementada na prática assistencial, conferindo maior segurança aos pacientes e sua família.
Em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal o Processo de Enfermagem possibilita direcionar uma ação organizada, humanizada com qualidade e eficiência, planejando e implementando sempre de acordo com as necessidades do cuidado do prematuro, com isso, alcança resultados satisfatório além de promover uma assistência de qualidade com base nos princípios éticos e legais.
Sabe-se que, apesar de ser uma ferramenta que direciona as ações da equipe de enfermagem e proporciona uma assistência adequada ao prematuro e sua família a sobrecarga de trabalho dentro da equipe de enfermagem muitas vezes interfere na implantação completa deste Processo, e para esse público a execução da mesma é essencial, pois, garante a qualidade e a organização da assistência promovendo assim, uma maior sobrevida do recém-nascido.
REVISÃO DA LITERATURA
Para Castilho; Ribeiro e Chirelli (2009), o processo de enfermagem (PE) são várias ações sistematizadas que se relacionam e viabilizam a organização de enfermagem. Concebe uma abordagem de enfermagem ética e humanizada, dirigida para resolução de problemas, atendendo assim às necessidades de cuidados de saúde e de enfermagem, sendo uma atividade regulamentada pela Lei do Exercício Profissional da Enfermagem, estabelecendo uma ferramenta de trabalho do enfermeiro, é composta por fases que cooperam na pontuação dos diagnósticos e plano de cuidado restritos a cada paciente.
HISTÓRIA
O Processo de Enfermagem (PE) é uma metodologia científica utilizada e praticada com maior segurança aos clientes, promovendo a qualidade da assistência e confiança no desenvolvimento do trabalho da equipe de enfermagem (Tannure & Pinheiro, 2010).
Segundo Timby (2007) o processo é um conjunto de ações que levam a um determinado resultado. Com isso, o processo de enfermagem (PE), organiza várias etapas que são utilizadas pelos enfermeiros para identificar e controlar os problemas de saúde de seus usuários, sendo um modelo de cuidado de enfermagem em sua prática diária. Foi na década de 60, por meio dos estudos de Horta (1979), que a atenção dos enfermeiros brasileiros começou a direcionar o planejamento da assistência de enfermagem, implementando assim o Processo de Enfermagem (PE) (Cruz, 2008).
Chaves (2009) afirma que durante a história da enfermagem é possível observar esta profissão como submissa da medicina e centralizada apenas ao desenvolvimento de tarefas. Porém, com o advento das teorias de enfermagem por meio de Florence Nightingale, foi onde o papel da enfermagem passou a ter amplo espaço. Florence descreveu o papel do enfermeiro como a pessoa capaz de alocar o cliente na melhor condição possível para a natureza 5 operar, facilitando assim processo, alterando, respectivamente, o ambiente externo e interno, satisfazendo as necessidades do corpo, mente e espírito do cliente. O processo de enfermagem não é um conceito novo, ele vem desde o século XIX, quando Florence Nightingale ressaltou a necessidade de ensinar as enfermeiras da época a realizar julgamento clínico sobre as alterações no estado de saúde (Garcia & Nobrega, 2000).
Barros e Lopes (2010) afirmam que o processo de enfermagem ocorreu desde a participação de Florence na guerra de Crimeia, em 1854, quando ela e mais 38 mulheres obtiveram a redução da mortalidade de 40% para 2%. De acordo com Garcia & Nobrega (2000), o processo de enfermagem ou processo de cuidar é uma ferramenta metodológica que ajuda a identificar, compreender, descrever, explicar como o paciente responde aos problemas de saúde e definir quais aspectos dessas respostas demanda interferência dos profissionais de enfermagem. Essa prática de enfermagem exige habilidades e capacidades cognitivas, psicomotoras e afetivas, além dos conhecimentos e capacidade de resolver problemas com intuito de ajudar a determinar o que, porquê, por quem, como, e com que dever ser feito e que resultados são esperados.
Ainda na década de 60, com base em sua teoria, Wanda Horta mostrou um modelo de processo de enfermagem, que consiste nas seguintes etapas: histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, plano de cuidados ou prescrição de enfermagem, evolução e prognóstico de enfermagem. (Tannure, Gonçalves, Carvalho, 2009).
Bittar, Pereira e Lemos (2006) afirmam que, o processo de enfermagem constitui etapas que envolvem a identificação dos problemas de saúde do cliente, o delineamento do diagnóstico de enfermagem, a instituição de planos de cuidados, a implementação das ações planejadas, e a avaliação.
FASES DO PROCESSO DE ENFERMAGEM – PE
Segundo Tannure, Gonçalves e Carvalho (2009), o Processo de Enfermagem é uma ferramenta para se inserir, na prática profissional, uma teoria de enfermagem. Tannure e Pinheiro, (2010) afirmam que o histórico de enfermagem determina o estado de saúde do paciente sendo a primeira fase do processo de enfermagem, levantar as informações referentes ao estado de saúde do paciente, da família e da comunidade, além de, identificando necessidades, os problemas, as preocupações e as reações humanas, tornando fidedignas as informações coletadas.
Consoante Carpenito-Moyet (2008), o formato da investigação executado pelos enfermeiros deve direcionar a coleta de dados para as respostas humanas, que variam da condição da pele e da função urinária até a saúde espiritual e a capacidade de autocuidado.
Para Alfaro-Lefevre (2005), para que se possa realizar uma investigação sistemática e organizada, a análise consiste em cinco passos que serão descritos a seguir, estes ajudam o enfermeiro a realizar o primeiro processo.
A coleta de dados serve para identificação de sinais e sintomas de diagnósticos de enfermagem reais e de seus fatores. A verificação de problemas colaborativos trata da determinação fisiológica do estado do problema ou do risco da instabilidade. O enfermeiro aponta um problema colaborativo quando certas condições aumentam a vulnerabilidade do indivíduo, expondo ele a complicações ou quando o cliente já apresenta a complicação (Carpenito-Moyet, 2008).
Na validação dos dados, o enfermeiro deverá verificar se os dados estão corretos, comparando com valores normais ou padrões, verificando se os dados coletados são atuais e completos, evitando assim erros na identificação dos problemas ou coletar dados importantes. (Tannure & Pinheiro, 2010).
Segundo Tannure & Pinheiro (2010), os agrupamentos dos dados devem ser de acordo com a situação de saúde do cliente, mantendo-se o enfoque de enfermagem aproximando os padrões de resposta e funcionamento humano. Esses instrumentos devem ser utilizados para coletar informações relevantes e específicas do paciente, assegurando assim as esferas psicológicas, biológicas, espirituais e sociais desse indivíduo. Após isso, o enfermeiro deve realizar a identificação dos padrões de funcionamento humano identificando o que é relevante e direcionando a investigação para obter mais informações procurando assim os fatores que ajudam para a criação do padrão.
Os dados importantes devem ser registrados e comunicados, certificando assim que os outros membros da equipe multidisciplinar saibam da situação do paciente e com isso consigam detectar precocemente os problemas (Tanure & Pinheiro, 2010). A organização dos dados é essencial para a sua interpretação e processamento, dessa forma, a estrutura dos dados determinará o diagnóstico de enfermagem, que constitui a segunda etapa do processo.
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
Nessa etapa, os dados coletados são para diagnosticar os riscos, os sinais e sintomas da doença, assim também as necessidades do cliente, aproximando a resposta humana aos problemas de saúde, porém, para que isso ocorra, o enfermeiro terá que interpretar dados clínicos e ter a capacidade de julgamento, análise, síntese e percepção.
Para Carpenito-Moyert (2009) os diagnósticos de enfermagem consistem tanto nos problemas reais, do presente, quanto nos problemas potenciais aqueles que possam surgir futuramente, são sintomas que podem ser de disfunções fisiológicas, comportamentais, psicossociais ou espirituais. Cabe ressaltar que os diagnósticos devem ser identificados por ordem de prioridade, com base no grau de ameaça do bem-estar do paciente, proporcionando um foco central para as estas subsequentes.
Para Paul; Reever, (2000), os diagnósticos de enfermagem são julgamentos dos enfermeiros com base nos dados coletados e analisados em conjunto com conceitos e as teorias científicas e humanísticas de enfermagem. Os diagnósticos correspondem à decisão sobre quais são as necessidades de atendimento da pessoa sob cuidados de enfermagem. (Gaidzinski, 2008).
Para Hudak & Gallo (1997), os diagnósticos de enfermagem são definidos pela Associação Norte-Americana de Diagnóstico de Enfermagem (NANDA) como julgamentos clínicos que refletem respostas do indivíduo, da família ou da comunidade, em relação aos problemas de saúde/processos da vida. Eles pleiteiam alterações fisiológicas, psicológicas e sociológicas na saúde e rodeiam intervenções que o enfermeiro pode iniciar, para evitar, minimizar ou resolver o problema. O diagnóstico de enfermagem é um sistema de classificação que organiza o plano de cuidados de enfermagem. Estes são identificados pelo uso do processo de enfermagem.
PLANEJAMENTO
O planejamento é a terceira fase do processo de enfermagem. É um plano para prover o cuidado de enfermagem, é a determinação do que pode ser feito para ajudar o cliente, envolve o estabelecimento de metas e objetivos, o julgamento de prioridades e o desenvolvimento de métodos para a solução de problemas reais ou potenciais (Paul & Reeves, 2000). O planejamento determina a assistência de enfermagem que o ser humano deve receber diante do diagnóstico estabelecido. É executado pelo enfermeiro, através dos resultados esperados, além de coordenar todos os cuidados que são prescritos no prontuário do cliente de uma forma sistematizada e padronização (Doenges, Moorhouse, Geissler, 2003).
Para Tannure & Pinheiro (2010), o planejamento inicia-se pela priorização dos diagnósticos de enfermagem que foram escolhidos, ou seja, o enfermeiro e sua equipe avaliam e estabelecem quais problemas ou necessidades do paciente são urgentes e necessitam de atendimento imediato e quais atendimento poderá se dar a médio ou a longo prazo.
Os resultados esperados estabelecem componente essencial nesta fase, em vez que, ao avaliar o alcance dos resultados o enfermeiro poderá determinar posteriormente se o diagnóstico de enfermagem foi minimizado ou resolvido e se as prescrições de enfermagem foram eficazes. Portanto, os resultados esperados são de extrema importância na fase de avaliação do processo de enfermagem, tornando-se indicadores de sucesso do plano instituído.
O planejamento da assistência consiste nos seguintes processos: estabelecimento das prioridades para os problemas diagnosticados; fixação de resultados se possível com o paciente, a fim de corrigir, reduzir ou evitar problemas (Alfaro-Lefever, 2005; Iyer; Taptich; Bernocchi-Losey, 1993). É um plano de ações para alcançarem resultados em relação a um diagnóstico de enfermagem.
A fase de planejamento da assistência ou a elaboração de um plano de cuidados por escrito é importante criar um registro que possa ser utilizado em avaliações, em pesquisas e em situações legais, direcionar o cuidado e a documentação, estabelecer a documentação das necessidades de atendimento de saúde com a finalidade de reembolso do seguro e promover a comunicação entre os cuidadores (Alfaro-Lefevre, 2005).
IMPLEMENTAÇÃO OU PLANO DE AÇÃO
Nesta quarta etapa do processo de enfermagem, o paciente, a família e outros membros da equipe de enfermagem e de saúde desempenham as atividades delineadas no plano de ensino. A flexibilidade durante a fase de implementação do processo de ensino-aprendizado e a avaliação contínua das respostas dos pacientes. As estratégias de ensino alimentam a modificação do plano de ensino, isso é, quando necessário. A criatividade é fundamental para promover e sustentar a motivação do paciente para aprender (Brunner, Suddarth, 2011).
Doenges; Moorhouse; Murr, (2009) afirmam que esta fase ocorre quando o enfermeiro implementa as intervenções e veem como uma ações prescritas e necessárias para a obtenção dos resultados esperados. Sendo assim, Souza et al. (2008) afirmam a necessidade do profissional enfermeiro e sua equipe contenham habilidades técnicas e psicomotoras específicas, para que a interação com os pacientes, estabeleçam uma relação de confiança.
Dochterman; Bulecchek, (2008) dizem que ao prescrever os cuidados de enfermagem, o enfermeiro deve ser cauteloso aos fatores relacionados e a as características definidoras identificados na elaboração dos diagnósticos de 10 enfermagem, isto porque, ao fazer as prescrições, seu foco deve estar voltado aos fatores etiológicos associados aos diagnósticos e solucionar os sinais e sintomas.
Desse modo, compreende-se que as atividades prescritas pelos enfermeiros devem ser cuidados indispensáveis para eliminar fatores que ajudaram para o aparecimento da reação humana e as evidências estabelecidas ao decorrer da anamnese e do exame físico diário. O enfermeiro deve prescrever cuidados que além de completos e bem escritos, causem impacto na assistência prestada e despertam curiosidade na equipe de enfermagem por lê-los e executá-los. (Tannure & Pinheiro, 2010).
A implementação são ações executadas para a obtenção das metas e objetivos definidos (Geroge, 2000). É considerada como a real prestação de cuidados de enfermagem; é a implantação do plano em ação. Outros termos usados para descrever esta parte do processo são ação ou intervenção. A intervenção fala do envolvimento nos assuntos por terceiros, um advento entre o outro e a situação problemática. Portanto, o termo implementação parece mais adequado para expor esta fase do processo, isto é, se as ações de enfermagem obedecerem às metas e aos objetivos mutuamente esclarecidos. A fase de implementação envolve todas as ações de enfermagem dirigidas à resolução do problema e ao preenchimento das necessidades de atendimento de saúde do cliente. É um processo constante, através do qual o enfermeiro reinveste, revisa e modifica o plano de cuidados, e se necessário, solicita ao cliente encontrar suas necessidades de saúde.
AVALIAÇÃO
Consiste numa ação de acompanhar as respostas do paciente aos cuidados prescritos e implementados, através de anotações no prontuário ou nos locais próprios, da observação
direta da resposta do paciente à terapia proposta, bem como do relato do paciente. Nessa quinta etapa também é possível observar o progresso do paciente, estabelecer medidas corretivas e, se necessário, revisar a prescrição de enfermagem. É realizada durante a execução do exame físico diário pelo enfermeiro e a cada novo contato com o paciente. Os dados são registrados no prontuário e quando necessários atualizados (Tannure & Pinheiro, 2010).
Ainda segundo Tannure & Pinheiro (2010), ao avaliar a assistência prestada, o enfermeiro deve se perguntar se foram alcançados os resultados esperados para o paciente. Em caso de melhora, o enfermeiro deve analisar o que foi feito, a fim de que possa compreender e obter cada vez mais as melhores estratégias a serem tomadas para ajudar na recuperação do paciente, além disso, o enfermeiro deve sempre avaliar as consequências das ações de enfermagem previstas. Aprendendo sempre com os resultados positivos e negativos, ampliando sempre seus conhecimentos em prol de um atendimento de enfermagem de qualidade.
A avaliação envolve três diferentes considerações: as avaliações do progresso do cliente, o estado do cliente e o estado do plano de cuidados, sendo de responsabilidade do enfermeiro a avaliação regular do estado do cliente (Carpenito-Moyet 2008).
ASPECTOS CONCEITUAIS A ÉTICA DA SAE
O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), por meio da resolução 736 de 17 de Janeiro de 2024, recomenda que a assistência de enfermagem deva ser baseada no processo de enfermagem PE (COFEN,2024). A enfermagem é uma ciência, que está pautada em uma ampla estrutura teórica, aplicando a prática por meio do PE, vem sendo cada vez mais divulgados por educadores, enfermeiros e estudantes, é necessário que o processo seja guiado por uma teoria de enfermagem a fim de tornar mais operacionalizáveis os resultados da assistência prestada aos clientes. (Almeida, 2004; Farias; Nobrega, 2000; Tannure; Chianca, 2006).
O Decreto – lei 7498/86, que regulamenta o exercício da enfermagem, estabeleceu como atividade privativa do enfermeiro, a elaboração da prescrição de enfermagem, sendo obrigatória a implantação do Processo de Enfermagem pelo enfermeiro. Segundo a resolução 159/93 e 272/02 revogada pela resolução 736/24 COFEN, regulamenta que o Processo de Enfermagem é uma atividade privativa do enfermeiro identificando assim situações de saúde/doença e mediante a isso prescrever e implementar as medidas de enfermagem.
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL – UTIN
A unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) constitui um ambiente terapêutico, pois o recém-nascido (RN) em estado grave necessita de um ambiente propício. Devido à fragilidade desses RN, o setor trabalha na implementação de procedimentos de alto risco diminuindo assim, a probabilidade de erros em seus procedimentos.
O ENFERMEIRO E A UTIN
A enfermagem como arte e a ciência do cuidar, além de ser indispensável a todas as pessoas, preserva a saúde e a vida dos cidadãos em todas as classes, níveis ou condições sociais (Silva, et al. 2006). O enfermeiro precisa ter conhecimento científico e habilidades nos procedimentos realizados para desempenhar assim suas atividades de forma ordenada e sistematizada (Barbosa, et al. 2009).
Para Vila & Rossi (2002), a enfermagem deve estar preocupada com a humanização do cuidado prestado aos pacientes críticos, sendo que seu papel na assistência desses pacientes consiste não só nos procedimentos ou manuseio de materiais especiais, mas também na tomada de decisão, incluindo assim os aspectos fisiológicos e psicológicos de seus pacientes.
Conforme Vargas & Braga (2006) o enfermeiro de uma unidade de terapia intensiva deve sempre estar preparado para atender clientes com alterações importantes sejam elas repentinas ou não, isso requer do profissional conhecimento específico e habilidades na tomada de decisão além de executá-la de forma ágil e correta. Portanto, esse profissional deve ser treinado e capacitado para executar atividades de maior complexidade e com segurança.
No Brasil, o art. 11 da Lei nº7.498/86, regulamenta o exercício profissional da enfermagem, e dispõe privativamente ao enfermeiro o cuidado direto de enfermagem a pacientes graves com risco de vida, cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e exigindo base científica e capacidade de tomar decisões imediatas.
Laselva, Moura Júnior e Guastelli (2008) afirmam que para que seja criada uma equipe de enfermagem altamente capacitada, a interação entre o setor de recursos humanos deve ser estreita com o departamento de enfermagem da instituição, além de envolver parcerias no recrutamento e seleção de pessoal qualificado, onde serão definidas as características dos futuros profissionais do hospital, o que inclui a avaliação de currículos, testes e entrevista.
Segundo Perroca, Jericó e Calil (2011), o enfermeiro de uma unidade de terapia intensiva, seja ele, adulto ou pediátrico, deve obter a consciência da importância da gestão de pessoas conforme a necessidade de uma equipe qualificada para prestar assistência aos clientes que demandam de cuidados intensivos e específicos além da tomada de decisões rápidas, por isso é necessário que a qualidade de profissionais neste setor seja compatível com a demanda de serviços, proporcionando assim a humanização, a segurança e a qualidade ao cuidado executado.
Ainda segundo Perroca, Jericó e Calil (2011) e com a nova atualização o Ministério da Saúde estabelece o número de profissionais de enfermagem nas UTIs, por turno, por meio de relação numérica, ou seja, um enfermeiro assistencial para cada cinco leitos e um técnico para cada dois leitos.
Para Bezerra, et al. (1998) o enfermeiro é a ponte da comunicação que deve ser formada com a família do cliente, estabelecendo assim a segurança e confiança ao familiar e com isso contribuindo para um relacionamento harmonioso entre enfermeiro-paciente e enfermeiro-família.
QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E A APLICABILIDADE DA SAE NA UTIN
Sabe-se que, a qualidade está ligada na obtenção de benefícios e diminuição de riscos para o cliente, esse serviço baseia-se em alguns componentes que são: estrutura, processos e resultados dos serviços e da assistência prestada à população (Nepomuceno & Kurcgant, 2008).
Bottosso & Ormond (2006) explicam que a política de qualidade são os princípios e as práticas adotadas pela equipe de enfermagem que visam a qualidade da assistência prestada ao paciente e a família, mantendo assim um alto padrão de 14 qualidade na assistência oferecida. Além do recém-nascido e sua família ser o foco principal da equipe realizando a promoção, manutenção, recuperação e reabilitação da saúde ao decorrer da hospitalização eles visam a segurança e a qualidade da assistência livre de riscos.
Ainda segundo Bottosso E Ormond (2006) para alcançar a qualidade é essencial desenvolver o trabalho assistencial articulado, pensado e planejado com as demais áreas de apoio, além de padronizar normas, rotinas e procedimentos de enfermagem, assegurando assim a segurança na prestação da assistência.
Cianciarullo (1997) afirma que os conhecimentos, as habilidades, as crenças e valores estão vinculados na qualidade de assistência de enfermagem. Os conhecimentos compõem um conjunto teórico da ciência da enfermagem e são expressados pelo processo de enfermagem, buscando por meio das ações, um nível de qualidade compatível com as necessidades do cliente, família e da comunidade. Entretanto as habilidades abrangem a capacidade para realizar algo, aborda capacidade de cuidar.
Para Tannure e Pinheiro (2014), a necessidade de se capacitar os enfermeiros de modo que o contato seja mais efetivo e sistematizado. Sendo assim, os enfermeiros necessitam, cada vez mais, de conhecimentos acerca das teorias de enfermagem, do PE, de semiologia, de fisiologia, de patologia, além das habilidades necessárias para gerenciarem as unidades. Dessa forma, os enfermeiros poderão assistir diretamente o paciente/a família/ a comunidade e obterem indicadores de saúde a partir dos registros realizados nos prontuários pela equipe, com os quais poderão avaliar a qualidade de assistência prestada e mensurar o quanto esses profissionais contribuíram para a melhora do quadro dos pacientes. É importante também ressaltar que, para que o PE seja congregado à prática é necessária uma educação permanente de todos os profissionais envolvidos no processo.
Além disso, os enfermeiros precisam de instrumentos que ajudem na implantação das etapas do PE na prática, tais como impressos para auxiliar na coleta e no registro dos dados do indivíduo, da família ou da comunidade e / ou softwares que os auxiliem no desempenho das etapas do método científico.
METODOLOGIA
Para a captação dos dados deste trabalho foi realizada uma pesquisa teórica, através da revisão das publicações existentes sobre o Processo de Enfermagem, antigamente chamada de Sistematização de Assistência de Enfermagem e unidade de terapia intensiva neonatal, contribuindo assim, para o enriquecimento do trabalho frente a importância da implantação deste Processo dentro de uma unidade de terapia intensiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O primeiro passo a ser dado na implantação do processo de enfermagem (PE) é selecionar uma teoria da enfermagem que irá direcionar as demais etapas deste processo. Isso precisa ser feito de maneira bem refletida e cuidadosa, com isso, o enfermeiro precisa compreender quais são os conceitos das teorias de enfermagem e relacioná-los com os conceitos no qual o PE será implementado, é um esquema subjacente que propicia ordem e direção ao cuidado de enfermagem. Além disso, para conseguir implantar corretamente o PE, é preciso que os enfermeiros compreendam cada uma das suas etapas e saibam utilizá-las.
Cabe ressaltar que a PE é uma atividade intelectual deliberada, na qual a prática é abordada de maneira ordenada e sistemática, envolvendo mudança de comportamento que, favorecem estratégias para utilização de métodos na prática, onde precisam ser pensadas e discutidas, ajudando assim no amadurecimento gradual da criança, do lactente e do recém nascido que se encontra na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
Conclui-se que, a PE é um instrumento privativa do enfermeiro e quando aplicada rotineiramente produz resultados que possam ser mensurados, além disso, diminui o grau de ansiedade e estresse do recém-nascido e sua família e oferece aconchego para a mãe – bebe o que promove maior sobrevida e menor tempo de permanência da criança na UTIN. Esse método utilizado oferece respaldo científico para a equipe de enfermagem, além de, direcionar e assegurar as atividades desenvolvidas.
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