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Resumo
INTRODUÇÃO
A adaptação curricular é uma estratégia fundamental para garantir a inclusão educacional e o acesso igualitário ao conhecimento, especialmente em contextos escolares onde a diversidade de estudantes é cada vez maior. Ao promover a flexibilização do currículo, é possível adequá-lo às necessidades de alunos com diferentes capacidades e características, como é o caso de estudantes com Transtorno do Espectro Autista, com Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, que enfrentam desafios específicos na aprendizagem(Barbosa, 2021).
A criação de materiais pedagógicos adaptados e a formação contínua de professores são essenciais para garantir que essas adaptações se tornem uma realidade prática no ambiente escolar, proporcionando oportunidades de aprendizado equitativas. No entanto, a implementação dessas adaptações ainda apresenta desafios, especialmente no Ensino Fundamental, onde muitos professores relatam a falta de recursos e estratégias adequadas para atender à diversidade de alunos(Santos et al., 2024; Oliveira et al., 2023).
A acessibilidade educacional é um princípio fundamental para garantir que todos os alunos tenham oportunidades equitativas de aprendizado, independentemente de suas necessidades individuais. A adaptação curricular, quando bem estruturada, possibilita que estudantes com diferentes demandas tenham acesso aos conteúdos de forma adequada, considerando não apenas alunos com deficiência, mas também aqueles com dificuldades de aprendizagem, transtornos do neurodesenvolvimento e outras especificidades que possam impactar seu desempenho acadêmico (Bereta, 2020; De Oliveira et al., 2022). De acordo com Souza e Mendes(2021), estratégias pedagógicas inclusivas promovem a participação ativa dos estudantes e favorecem um ambiente educacional democrático. Nesse contexto, o desenvolvimento de materiais pedagógicos acessíveis se torna um recurso essencial para viabilizar a inclusão, permitindo que a diversidade de perfis seja contemplada dentro da estrutura curricular.
Este estudo tem como objetivo investigar como a criação de uma cartilha pedagógica adaptada pode contribuir para a adaptação curricular no Ensino Fundamental, auxiliando professores na construção de práticas inclusivas. A questão central da pesquisa é: “Como a elaboração de uma cartilha pedagógica pode auxiliar no processo de adaptação curricular para diferentes públicos, considerando a diversidade de perfis dos estudantes?” O problema da pesquisa busca compreender a eficácia de um material pedagógico acessível como ferramenta para facilitar o ensino e proporcionar formas adaptadas de acesso ao conhecimento. Com base nessa questão, a pesquisa pretende identificar as possíveis contribuições dessa cartilha para a inclusão escolar e para o aprimoramento do ensino, fortalecendo a aprendizagem de diferentes grupos de estudantes(Bereta, 2020; Diogo; Geller, 2022).
A hipótese central deste trabalho é que a criação de uma cartilha pedagógica adaptada pode aprimorar o aprendizado ao tornar os conteúdos acessíveis e compreensíveis, respeitando as especificidades dos estudantes. Além disso, considera-se que o uso dessa ferramenta pode servir como suporte para os professores, orientando-os na adaptação curricular e auxiliando-os a desenvolver abordagens pedagógicas inclusivas. A proposta da cartilha não se restringe apenas à adaptação dos conteúdos, mas também busca fomentar práticas educacionais que valorizem a diversidade e incentivem a participação equitativa de todos os alunos no ambiente escolar(Farias; Glória; Fátima Silva, 2024; Tavares, 2021).
A relevância deste estudo reside na sua contribuição para o campo da educação inclusiva, principalmente no que se refere ao desenvolvimento de materiais didáticos que atendam a diferentes perfis de estudantes. Além disso, a pesquisa pode fornecer subsídios para a formação docente e para a formulação de políticas educacionais voltadas à acessibilidade, oferecendo um modelo prático de adaptação curricular aplicável às escolas. A produção da cartilha pedagógica, baseada nos achados deste estudo, poderá servir como um recurso útil para os educadores, facilitando a implementação de práticas pedagógicas equitativas e favorecendo a qualidade do ensino para todos os alunos(De Oliveira et al., 2022; Tavares, 2021).
O objetivo geral deste trabalho é analisar a criação de uma cartilha pedagógica como estratégia de adaptação curricular no Ensino Fundamental, considerando a diversidade de estudantes. Os objetivos específicos são: 1) Descrever as práticas de adaptação curricular adotadas nas escolas para diferentes perfis de alunos; 2) Caracterizar as necessidades específicas de adaptação curricular de acordo com diferentes desafios educacionais; 3) Apontar as contribuições de uma cartilha pedagógica acessível no processo de inclusão e na melhoria do ensino.
ACESSIBILIDADE EDUCACIONAL E ADAPTAÇÃO CURRICULAR PARA DIFERENTES NECESSIDADES
A acessibilidade educacional é um princípio fundamental para garantir a participação equitativa de todos os estudantes, independentemente de suas condições físicas, sensoriais, intelectuais ou emocionais. De acordo com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência(ONU, 2006) e a Lei Brasileira de Inclusão(Brasil 13.146/2015), a escola deve ser um ambiente acessível, promovendo estratégias pedagógicas que contemplem as necessidades individuais dos alunos. O conceito de adaptação curricular surge como um mecanismo essencial para que os estudantes com deficiência ou dificuldades de aprendizagem tenham acesso ao conhecimento sem barreiras. Segundo Bueno e Mendes(2022), essas adaptações podem envolver modificações no conteúdo, metodologias diferenciadas, flexibilização na avaliação e uso de tecnologias assistivas, sempre respeitando a singularidade de cada aluno.
Brasil(2000), p. 10-11, afirma que, quanto aos ajustes que competem ao professor na elaboração e implementação de estratégias para assegurar o acesso do aluno com necessidades especiais a todas as etapas do currículo escolar, destacam-se, de modo geral:
Criar condições físicas, ambientais e materiais para a participação do aluno com necessidades especiais na sala de aula;
Favorecer os melhores níveis de comunicação e de interação do aluno com as pessoas com os quais convive na comunidade escolar; favorecer a participação do aluno nas atividades escolares;
Atuar para a aquisição dos equipamentos e recursos materiais específicos necessários; adaptar materiais de uso comum em sala de aula;
Adotar sistemas alternativos de comunicação, para os alunos impedidos de comunicação oral, tanto no processo de ensino e aprendizagem como no processo de avaliação;
Favorecer a eliminação de sentimentos de inferioridade, de menos valia, ou de fracasso.
Conforme apontam Nunes e Oliveira(2021), a acessibilidade educacional exige uma abordagem ampla que vá além de ajustes pontuais no currículo, garantindo que todos os níveis de ensino contemplem as necessidades específicas dos estudantes. Assim como, a construção de um ambiente verdadeiramente inclusivo passa pelo planejamento de adaptações curriculares estruturais e metodológicas, considerando as particularidades do público-alvo. Para alunos com deficiência física, por exemplo, é imprescindível que os espaços escolares contem com mobiliário adequado e recursos tecnológicos que facilitem o acesso aos materiais didáticos. No caso de estudantes com deficiência visual ou auditiva, estratégias como audiolivros, legendagem e intérpretes de Libras são fundamentais para assegurar a efetiva participação no processo de aprendizagem.
Nesse contexto, conforme descrevem Silva e Gomes(2023), a tecnologia é essencial ao ampliar as possibilidades de interação e acesso ao conhecimento. Ferramentas como softwares de leitura de tela, sintetizadores de voz e aplicativos de comunicação alternativa favorecem a autonomia de alunos com deficiência visual, motora ou transtornos da comunicação, permitindo que acompanhem os conteúdos de modo compatível com suas necessidades. A personalização da aprendizagem por meio de recursos tecnológicos contribui para um ensino inclusivo, eliminando barreiras que poderiam comprometer o desenvolvimento acadêmico desses estudantes.
Além dos avanços tecnológicos, a efetivação da inclusão também depende de estratégias pedagógicas que respeitem a diversidade dos alunos. A capacitação docente contínua torna-se essencial para que os professores adquiram conhecimentos sobre metodologias adaptativas, permitindo a utilização de abordagens visuais, auditivas e táteis conforme as especificidades de cada estudante. Essa formação deve contemplar tanto aspectos técnicos quanto práticas de acolhimento e mediação, promovendo um ambiente escolar que valorize a pluralidade e favoreça a participação equitativa no processo educativo(Carvalho; Fernandes, 2022).
Mendes e Costa(2020) ressaltam que outro aspecto relevante na promoção da acessibilidade educacional refere-se à flexibilização dos métodos avaliativos, uma vez que instrumentos tradicionais podem não refletir com precisão o conhecimento adquirido por alunos com deficiência. A importância da diversificação das formas de verificação da aprendizagem, contemplando avaliações orais, experimentais e baseadas em portfólios, possibilitando que cada estudante demonstre seu conhecimento de modo compatível com suas condições individuais.
A construção de um ambiente escolar acessível exige a participação ativa de toda a comunidade acadêmica, indo além dos recursos tecnológicos e estratégias pedagógicas. A colaboração entre gestores, professores, familiares e alunos possibilita adaptações curriculares eficientes e um acompanhamento contínuo do processo de ensino-aprendizagem, promovendo a inclusão de modo integrado. Essa interação fortalece o vínculo entre escola e família, criando um espaço de diálogo que permite ajustes constantes para atender às demandas individuais dos estudantes ao longo do percurso acadêmico, tornando a experiência educacional equitativa e participativa(Santos; Almeida, 2023).
Dessa maneira, a acessibilidade educacional deve ser compreendida como um direito fundamental que requer um compromisso coletivo para sua concretização. A combinação de adaptações curriculares, inovações tecnológicas e práticas pedagógicas inclusivas possibilita um ensino equitativo, favorecendo o desenvolvimento integral dos alunos. Conforme apontam as diretrizes do Ministério da Educação, a eliminação de barreiras no ambiente escolar não apenas amplia as oportunidades de aprendizado, mas fortalece os princípios da educação democrática, garantindo a participação plena de todos os estudantes (Ferreira et al., 2024).
O PAPEL DOS RECURSOS DIDÁTICOS ACESSÍVEIS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Os recursos didáticos acessíveis possibilitam que todos os estudantes tenham igualdade de oportunidades no ensino, promovendo a inclusão por meio de materiais adaptados. Alunos com deficiência visual, auditiva, motora ou intelectual encontram maior autonomia quando dispõem de recursos que atendam suas necessidades específicas. A acessibilidade dos materiais não se limita à adaptação de textos e imagens, mas envolve o uso de diferentes suportes, como audiolivros, materiais em Braille, vídeos legendados e jogos educativos interativos, ampliando as formas de acesso ao conhecimento e fortalecendo a aprendizagem de modo equitativa(Ribeiro; Souza, 2022).
A implementação do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA) contribui para a acessibilidade ao propor a criação de materiais que atendam a todos os alunos sem necessidade de adaptações posteriores. A diversidade na apresentação das informações permite que cada estudante escolha a melhor forma de acessar os conteúdos, seja por meio da leitura, de vídeos explicativos ou de materiais interativos. Essa abordagem amplia as possibilidades de aprendizado e favorece um ensino dinâmico, permitindo maior engajamento dos alunos no processo educacional(Cardoso; Ferreira, 2023).
Os livros didáticos, no entanto, representam um dos principais desafios na construção de um ensino acessível, pois grande parte dos materiais tradicionais não contempla recursos adaptados para alunos com deficiência visual ou dificuldades de leitura. A criação de versões acessíveis, incluindo textos ampliados, formatos digitais compatíveis com leitores de tela e audiolivros, torna-se essencial para democratizar o acesso ao conhecimento. Essas adaptações favorecem não apenas estudantes com deficiência, mas também aqueles que apresentam dificuldades temporárias ou transtornos de aprendizagem, garantindo que possam interagir com os conteúdos de forma autônoma e efetiva(Gomes; Araújo, 2021).
Além da adaptação dos livros, as plataformas digitais de ensino têm um papel importante na promoção da acessibilidade, desde que sejam desenvolvidas de modo inclusiva. Ambientes virtuais bem estruturados permitem a personalização dos conteúdos e facilitam a aprendizagem de alunos com diferentes perfis. Recursos como comandos de navegação simplificados, compatibilidade com leitores de tela, legendas em vídeos e interfaces intuitivas são fundamentais para garantir que os estudantes possam utilizar as plataformas sem barreiras, ampliando sua participação no ensino digital e favorecendo um aprendizado interativo e acessível(Silva; Costa, 2023).
A produção de materiais táteis também é importante para alunos com deficiência visual, possibilitando a compreensão de conceitos abstratos por meio do tato. Mapas em relevo, gráficos táteis e modelos tridimensionais são ferramentas que contribuem para uma aprendizagem concreta e interativa, especialmente em disciplinas como matemática e ciências. A utilização desses recursos auxilia na construção do conhecimento e melhora a assimilação dos conteúdos, proporcionando aos alunos cegos ou com baixa visão um ensino inclusivo e adaptado às suas necessidades específicas(Nogueira; Santos, 2023).
A diversificação dos recursos didáticos acessíveis beneficia não apenas estudantes com deficiência, mas também aqueles que apresentam dificuldades temporárias ou transtornos de aprendizagem. Estratégias que incluem materiais visuais ampliados, recursos auditivos e conteúdos interativos favorecem o aprendizado de alunos com dislexia, TDAH ou dificuldades motoras. A possibilidade de escolher entre diferentes formatos de ensino contribui para um maior aproveitamento escolar, permitindo que cada estudante utilize a metodologia adequada ao seu perfil e necessidades específicas(Barreto; Lima, 2022).
A efetividade desses recursos, no entanto, depende da formação docente e da capacidade dos professores de incorporá-los em suas práticas pedagógicas. A capacitação voltada para a utilização de tecnologias assistivas, criação de materiais acessíveis e desenvolvimento de metodologias inclusivas é fundamental para garantir que todos os alunos tenham acesso ao ensino de qualidade. Quando os educadores estão preparados para lidar com a diversidade, o ambiente escolar torna-se acolhedor, promovendo um aprendizado equitativo e garantindo que nenhum estudante seja excluído por barreiras estruturais ou metodológicas(Oliveira; Mendes, 2023).
A acessibilidade dos recursos didáticos deve ser compreendida como um compromisso contínuo com a equidade educacional, exigindo esforços coordenados para garantir um ensino verdadeiramente inclusivo. A criação de materiais adaptados, associada à implementação de estratégias pedagógicas acessíveis, representa um avanço na democratização do ensino e na valorização da diversidade. Diretrizes educacionais reforçam a necessidade de consolidar a acessibilidade como um princípio norteador das políticas educacionais, assegurando que todos os estudantes, independentemente de suas condições, possam desenvolver seu aprendizado sem limitações impostas por barreiras físicas, sensoriais ou metodológicas (Brasil, 2000).
METODOLOGIA
A metodologia adotada fundamenta-se em uma abordagem qualitativa, com revisão bibliográfica e desenvolvimento de uma cartilha educativa. Inicialmente, realizou-se uma análise de publicações científicas e diretrizes educacionais para embasar a acessibilidade no ensino, selecionando materiais que abordam adaptações curriculares, tecnologias assistivas e estratégias pedagógicas inclusivas. A revisão incluiu artigos acadêmicos, normativas do Ministério da Educação e publicações de órgãos especializados, permitindo a construção de um referencial teórico.
Com base nesses dados, elaborou-se uma cartilha educativa destinada a educadores, contendo orientações práticas para a implementação de recursos acessíveis e estratégias didáticas que atendam às necessidades de estudantes com deficiência. A cartilha foi estruturada com linguagem objetiva, integrando ilustrações e exemplos práticos para facilitar a aplicação no ambiente escolar. Esse material tem o propósito de fornecer suporte aos professores, promovendo um ensino equitativo e acessível.
A CARTILHA
A cartilha “Adaptação Curricular: Como Tornar o Ensino Acessível para Todos?” É uma ferramenta fundamental no contexto educacional inclusivo, pois orienta professores e educadores sobre práticas que garantem a acessibilidade no ensino. Ela apresenta de forma clara e objetiva como a adaptação curricular pode ser implementada para atender às necessidades de todos os alunos, respeitando suas particularidades, sejam elas de ordem física, cognitiva ou sensorial. A adaptação curricular, como um processo de flexibilização dos conteúdos, metodologias e avaliações, visa promover a aprendizagem equitativa para todos, conforme destacado por Barbosa(2021) em sua obra sobre a relação interdisciplinar entre educação ambiental e educação inclusiva. O documento orienta que a base para essas adaptações vem de diretrizes nacionais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Política Nacional de Educação Especial, que reconhecem a importância da acessibilidade e da inclusão no processo de ensino-aprendizagem(Brasil, 2000).
Entre as principais estratégias de adaptação curricular, destacam-se a personalização do ensino, que ajusta a abordagem pedagógica conforme o ritmo e a necessidade de cada estudante; o uso de materiais didáticos diversificados, como audiolivros, vídeos e recursos táteis, que ampliam o acesso ao conteúdo; a aplicação de metodologias ativas, como aprendizagem baseada em projetos e ensino colaborativo, que favorecem o engajamento dos alunos; e a implementação de avaliações flexíveis, que oferecem diferentes formas de avaliação, como provas orais ou produção de vídeos, respeitando as potencialidades de cada aluno. Além disso, a tecnologia assistiva, como softwares de leitura de tela e teclados adaptados, torna o processo de aprendizado acessível para alunos com deficiências visuais ou motoras(De Oliveira et al., 2022; Ferreira et al., 2024). As Figuras 1 e 2 representam a cartilha completa, detalhando essas estratégias e orientações pedagógicas.
Figura 1. Cartilha de Adaptação Curricular: Como Tornar o Ensino Acessível para Todos? (frente).
Fonte: Elaboração da autora, 2025
O papel do professor na adaptação curricular é central, pois ele deve ser capaz de identificar as necessidades dos alunos e implementar estratégias inclusivas, criando um ambiente de aprendizagem que favoreça a participação de todos. A formação continuada dos docentes é, portanto, uma condição essencial para o sucesso dessas práticas, permitindo que os educadores se atualizem sobre novas metodologias e recursos tecnológicos que promovam a inclusão(Farias, Glória e Silva, 2024). A adaptação curricular, quando bem implementada, traz benefícios para o ambiente escolar, promovendo a equidade e garantindo que cada aluno tenha oportunidades de aprendizagem compatíveis com suas necessidades. Segundo Salgado(2020), isso contribui para a democratização do ensino, tornando-o justo e acessível para todos.
Figura 2. Cartilha de Adaptação Curricular: Como Tornar o Ensino Acessível para Todos? (verso).
Fonte: Elaboração da autora, 2025
Em síntese, a cartilha reforça a ideia de que a adaptação curricular é uma prática fundamental para tornar a educação inclusiva e acessível, respeitando as individualidades dos alunos e proporcionando um ambiente de aprendizado participativo. Ao integrar práticas pedagógicas adequadas e materiais diversificados, é possível construir um ensino que atenda a todos, sem exceção, conforme a visão de Oliveira e Delou(2023).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nos resultados observados, foi possível verificar que as adaptações curriculares, quando implementadas com base no Design Universal para Aprendizagem, apresentam resultados positivos na inclusão de alunos com necessidades especiais, como destacado por Mainardes e Casagrande(2022). Essa abordagem, que visa tornar o currículo acessível a todos, permitiu que os alunos se envolvessem de modo efetiva nas atividades escolares. Essa constatação está alinhada com a literatura, que também sugere que o DUA, combinado com estratégias diferenciadas de ensino, facilita o processo de inclusão e promove a equidade no aprendizado(Farias, Glória e Silva, 2024).
De acordo com o estudo de Barbosa(2021), a educação ambiental, quando integrada à educação inclusiva, tem o potencial de fortalecer o desenvolvimento acadêmico de alunos com necessidades educacionais especiais, proporcionando um ambiente de aprendizagem dinâmico e interativo. Esta integração curricular favorece o desenvolvimento da cidadania e da consciência ambiental de uma forma adaptada às necessidades dos estudantes. A abordagem interdisciplinar, que combina diferentes áreas do saber, tem se mostrado efetiva na promoção da inclusão educacional, conforme corroborado por estudos de Diogo e Geller(2022).
Entretanto, o estudo de Oliveira et al.(2022) alerta para as limitações das adaptações curriculares, especialmente quando estas são implementadas sem uma formação adequada dos docentes. A falta de capacitação para lidar com as diversidades presentes na sala de aula pode resultar em uma aplicação superficial das adaptações, o que prejudica o processo de ensino-aprendizagem. Embora o currículo adaptado seja um avanço, ele exige um investimento contínuo na formação dos professores, algo que ainda representa um obstáculo em muitas instituições de ensino.
O uso de metodologias ativas, como observado por Tavares(2021), também tem se mostrado promissor na adaptação curricular para alunos com transtornos do espectro autista(TEA). Essas metodologias favorecem o aprendizado por meio de atividades práticas e colaborativas, ajustadas às necessidades de cada aluno. A combinação de práticas pedagógicas com tecnologias assistivas pode ser um caminho para a criação de um ambiente escolar verdadeiramente inclusivo, onde todos os alunos, independentemente de suas condições, tenham acesso ao currículo.
Em consonância com o estudo de Salgado(2020), que aponta a importância da adaptação curricular no ensino fundamental, os dados revelam que a flexibilidade do currículo é um fator determinante para garantir o sucesso da inclusão escolar. A adaptação curricular não deve ser vista apenas como uma prática pedagógica, mas como uma mudança estrutural na forma de ensinar, que deve se ajustar às condições de cada aluno. Essa flexibilidade é vital para a construção de um currículo acessível, que possa atender a todos os estudantes sem exceção.
Por outro lado, a análise das práticas de adaptação curricular, como destacado por Silva et al. (2020), mostra que a colaboração entre professores de diferentes áreas do conhecimento é fundamental para o sucesso dessas adaptações. A prática colaborativa permite a construção de soluções pedagógicas criativas e eficientes, que atendem de forma efetiva às necessidades dos alunos com TEA. Esta colaboração também resulta em um melhor planejamento das estratégias de ensino, levando em consideração as características de cada estudante.
De acordo com o estudo de De Souza(2024), que aborda a interface entre acessibilidade e currículo inclusivo, as adaptações curriculares devem ser do que simples modificações no conteúdo. Elas precisam ser repensadas de forma a garantir que a aprendizagem seja efetiva para todos os alunos, respeitando suas individualidades e promovendo a equidade no ambiente escolar. O currículo flexível e as adaptações precisam estar alinhados às necessidades educacionais específicas dos alunos, como observado por De Oliveira et al.(2022), que destacam a importância de se repensar o currículo à luz das necessidades da educação especial.
A comparação com outras pesquisas, como a de Bereta(2020), revela que, embora a adaptação curricular seja um passo importante para a inclusão, ela precisa ser acompanhada de um processo contínuo de avaliação e ajustes. O feedback dos alunos e dos professores deve ser utilizado para aprimorar as práticas pedagógicas e garantir que os objetivos educacionais sejam alcançados por todos os alunos, sem exceção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A adaptação curricular é uma prática essencial para promover a inclusão de todos os estudantes, especialmente aqueles com necessidades educacionais especiais. Ao considerar as particularidades de cada aluno, o currículo adaptado proporciona oportunidades de aprendizado equitativas, garantindo que cada indivíduo possa desenvolver seu potencial ao máximo. A implementação de metodologias diferenciadas e flexíveis, bem como a colaboração entre professores de diversas áreas, fortalece o ambiente de aprendizagem e permite que a educação se torne acessível para todos.
Embora as adaptações curriculares representam um grande avanço, ainda existem desafios relacionados à formação contínua dos professores e à necessidade de um planejamento adequado para garantir sua efetividade. É fundamental que as escolas invistam em capacitação e infraestrutura para que os docentes possam aplicar as modificações necessárias de forma efetiva. O processo de inclusão é contínuo e exige ajustes constantes, mas os benefícios de um currículo adaptado, que respeite as necessidades individuais dos alunos, são fundamentais para a construção de uma educação verdadeiramente inclusiva e transformadora.
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