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Resumo
INTRODUÇÃO
O termo autismo deriva do grego autós, que significa “de si mesmo”. Inicialmente, foi associado à esquizofrenia, até que o psiquiatra Eugéne Bleuler utilizou a expressão em 1911 para descrever o isolamento característico dessa condição. Apenas na década de 1930, Leo Kanner iniciou estudos específicos sobre o autismo, analisando 11 crianças com comportamentos semelhantes. Em 1943, ele publicou a primeira pesquisa que reconhecia o autismo como uma condição distinta, intitulada Autistic Disturbance of Affective Contact. Desde então, diversas pesquisas vêm sendo realizadas para ampliar o conhecimento e melhorar a qualidade de vida das pessoas com autismo (Rosa, 2022).
O ingresso de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas escolas regulares exige adaptações no processo de ensino-aprendizagem, de modo que sejam respeitadas suas particularidades e necessidades específicas. A formulação de estratégias pedagógicas que promovam a inclusão efetiva depende do preparo adequado dos profissionais da educação e da disponibilização de materiais acessíveis que facilitem esse processo . Nesse contexto, a elaboração de cartilhas educacionais voltadas à inclusão emerge como uma alternativa para disseminar informações essenciais aos educadores e contribuir para a efetivação de práticas pedagógicas que favoreçam o desenvolvimento acadêmico e social desses estudantes (Moreira, 2023; Maia; Bataglion; Mazo, 2020).
A produção de materiais didáticos específicos para a educação inclusiva busca fornecer subsídios teóricos e práticos para que os docentes compreendam os desafios do ensino de alunos com TEA. A cartilha educacional se torna importante ao reunir informações sistematizadas sobre estratégias de ensino adaptadas, possibilitando que professores adotem metodologias eficientes na sala de aula. Além disso, esse recurso auxilia na conscientização da comunidade escolar, promovendo o respeito à diversidade e incentivando a adoção de práticas pedagógicas que favoreçam a aprendizagem de todos os estudantes. Dessa forma, torna-se fundamental compreender a aplicabilidade da cartilha educacional na promoção da inclusão, considerando sua relevância no contexto escolar e a forma como pode contribuir para o desenvolvimento acadêmico de crianças com TEA (Souza; Souza, 2018; Ribeiro; Cristóvão, 2018).
Apesar dos avanços na legislação e das diretrizes voltadas à inclusão, ainda há desafios a serem enfrentados na adaptação das escolas para atender às demandas dos alunos com TEA. Muitos professores relatam dificuldades na implementação de estratégias eficientes para garantir o aprendizado desses estudantes, devido à falta de formação específica e de materiais didáticos adequados. Diante desse cenário, este estudo investiga a cartilha educacional como um recurso didático para facilitar a inclusão de alunos com TEA na escola regular, buscando compreender seu impacto na capacitação docente e na adaptação do ambiente escolar (Rodrigues; Cruz, 2019; Riegel; Marques; Wuo, 2020).
Uma hipótese central deste estudo é que a utilização da cartilha educacional pode contribuir para a formação continuada dos professores, fornecendo diretrizes claras sobre práticas pedagógicas inclusivas. Além disso, acredita-se que esse material pode auxiliar na organização do planejamento escolar, permitindo que os docentes utilizem abordagens diferenciadas para promover a aprendizagem de alunos com TEA. Outra possibilidade a ser considerada é que a cartilha favoreçam o engajamento da equipe escolar e das famílias no processo inclusivo, ampliando a compreensão sobre a importância da adaptação curricular e do suporte pedagógico individualizado (Da Silva Ramos; Da Silva Ferreira, 2019; De Oliveira; Santana, 2025).
A relevância deste estudo reside na necessidade de oferecer suporte aos professores no processo de inclusão de estudantes com TEA, considerando as dificuldades enfrentadas na prática educacional. A cartilha educacional pode ser um recurso valioso para auxiliar os docentes na adaptação das estratégias de ensino e na criação de um ambiente acessível, contribuindo para a efetividade das políticas de inclusão escolar. Além disso, o estudo busca ampliar a compreensão sobre os desafios enfrentados pelos profissionais da educação, possibilitando reflexões sobre a importância da formação continuada e do desenvolvimento de materiais pedagógicos adequados para atender à diversidade presente no contexto escolar (Moreira, 2023; Rosa, 2022).
A metodologia adotada consiste em uma revisão de literatura, na qual foram analisados estudos acadêmicos e documentos oficiais que abordam a educação inclusiva e a utilização de cartilhas pedagógicas como recurso didático. Foram selecionadas publicações de autores renomados na área, considerando pesquisas entre os anos de 2018 e 2025. As fontes foram escolhidas com base na relevância para a compreensão das práticas inclusivas na escola e na contribuição para a elaboração de materiais didáticos. A partir dessa análise, foi elaborada uma cartilha educacional voltada para a inclusão de estudantes com TEA, apresentando estratégias pedagógicas fundamentadas teoricamente e adaptadas à realidade escolar.
Diante desse contexto, este estudo tem como objetivo geral descrever a cartilha educacional como um recurso pedagógico na inclusão de alunos com TEA. Especificamente, busca-se caracterizar os desafios enfrentados pelos professores na inclusão desses estudantes, apontar as principais estratégias apresentadas nas cartilhas educacionais voltadas para esse público e exemplificar formas de aplicação desse material no ambiente escolar. A pesquisa será desenvolvida por meio de uma revisão de literatura, considerando estudos que abordam a utilização de recursos didáticos na educação inclusiva e suas implicações no ensino de alunos com TEA (Schneider, 2024; Kistt; Gonçalves, 2021).
REFERENCIAL TEÓRICO
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A educação inclusiva tem sido muito discutida nas políticas educacionais contemporâneas, buscando garantir que todos os estudantes tenham acesso ao ensino, independentemente de suas características individuais. Esse conceito está alinhado com diretrizes internacionais, como a Declaração de Salamanca, que defende a necessidade de adaptação das instituições de ensino para atender à diversidade dos alunos (UNESCO, 1994). No Brasil, a legislação educacional reforça essa perspectiva, destacando a importância da reorganização das escolas para acolher estudantes com diferentes necessidades, conforme previsto na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (Brasil, 2008).
A implementação desse modelo requer que as instituições desenvolvam estratégias pedagógicas que permitam a participação de todos os alunos, considerando suas particularidades no processo de aprendizagem. Entre as medidas adotadas, estão a adequação dos materiais didáticos, a adaptação curricular e a formação continuada dos professores. No entanto, muitas escolas ainda encontram obstáculos, especialmente no que se refere à capacitação docente para atender às demandas de uma sala de aula heterogênea. A presença de profissionais especializados, como intérpretes de Libras e mediadores educacionais, pode contribuir para a construção de ambientes preparados para receber estudantes com diferentes perfis (Mantoan, 2015; Sonza; Vilaronga; Mendes, 2020).
Além das mudanças estruturais e pedagógicas, a transformação das práticas escolares depende da conscientização da comunidade acadêmica sobre a importância da inclusão. Barreiras atitudinais, como preconceito e desconhecimento, ainda são desafios a serem superados para garantir que todos os estudantes se sintam parte do ambiente escolar. Vygotsky (1991) destaca que o aprendizado ocorre por meio da interação social, evidenciando a necessidade de estratégias que incentivem a cooperação entre os alunos.
A adoção de metodologias que estimulem a participação ativa de todos os estudantes pode contribuir para a construção de um ambiente escolar acolhedor e compatível com diferentes formas de aprendizagem.
Nesse contexto, a criação de materiais pedagógicos adaptados pode servir como um suporte adicional para auxiliar professores na organização e aplicação de práticas alinhadas às necessidades dos alunos.
A cartilha educacional desenvolvida neste estudo foi estruturada para apresentar orientações fundamentadas em documentos oficiais e pesquisas acadêmicas sobre inclusão escolar.
Ao reunir informações organizadas sobre estratégias pedagógicas, esse material busca facilitar a aplicação de práticas que atendam às diferentes realidades dos estudantes, promovendo um ensino acessível a todos (Mazzardo; Nobre, 2020).
DESAFIOS E ESTRATÉGIAS PARA A INCLUSÃO ESCOLAR
A inclusão escolar, embora seja um direito garantido por diversas legislações, enfrenta desafios consideráveis no processo de implementação efetiva. A falta de recursos pedagógicos adequados é uma das principais barreiras encontradas nas escolas, limitando as opções de adaptação curricular e dificultando a implementação de práticas que atendam à diversidade dos alunos. A carência de materiais didáticos adaptados a diferentes necessidades de aprendizagem compromete a plena participação de todos no ambiente escolar. Esse cenário exige que os sistemas educacionais invistam em infraestrutura e em recursos didáticos que contemplem as necessidades dos estudantes com deficiências e outras condições que exigem apoio específico (Custódio, 2023).
Além dos recursos materiais, a preparação dos educadores se mostra um ponto central para a implementação da educação inclusiva. A formação docente é frequentemente apontada como uma condição indispensável para que os profissionais da educação possam adaptar suas práticas pedagógicas, criando um ambiente de aprendizagem acessível a todos. A capacitação deve abordar não só os aspectos teóricos sobre inclusão, mas também oferecer ferramentas práticas que auxiliem os professores no dia a dia da sala de aula. Essa formação contínua deve ser vista como uma prioridade nas políticas educacionais, pois sem ela, as práticas inclusivas correm o risco de se manterem superficiais ou inadequadas às realidades dos alunos (Giroto; Poker; Omote, 2012).
Outro ponto relevante para a inclusão escolar é a adaptação de materiais didáticos. A utilização de recursos visuais, tecnológicos e táteis pode facilitar a aprendizagem dos alunos com deficiência visual, auditiva ou motora. No entanto, a adaptação de materiais não se limita ao uso de recursos específicos, mas envolve também a alteração de métodos de ensino para que se tornem acessíveis. A flexibilidade no planejamento das atividades e a adequação do conteúdo são fundamentais para garantir que todos os alunos possam acompanhar o desenvolvimento das aulas, independentemente de suas limitações. Essas adaptações contribuem para a criação de um ambiente que valoriza a diversidade, promovendo a equidade no acesso ao conhecimento (Santos et al., 2023).
A utilização de metodologias diversificadas é uma estratégia que vem sendo cada vez adotada para a inclusão. A personalização do ensino, que considera as diferentes formas de aprender de cada aluno, é um recurso importante no processo de ensino-aprendizagem inclusivo. O ensino colaborativo, por exemplo, permite que os alunos trabalhem juntos, trocando experiências e colaborando uns com os outros, criando um ambiente democrático e participativo. Essa metodologia, além de favorecer o aprendizado, contribui para a formação de atitudes inclusivas, tanto entre os alunos quanto entre os educadores (Ribeiro; Cristóvão, 2018).
Além das metodologias ativas, a utilização de tecnologias assistivas tem se mostrado um avanço no processo de inclusão escolar. Ferramentas como softwares de leitura, teclados adaptados e sistemas de comunicação aumentativa são importantes para promover a autonomia dos alunos com deficiência. A implementação dessas tecnologias exige investimento tanto na infraestrutura das escolas quanto na formação dos educadores, para que possam integrar essas ferramentas de forma efetiva no processo de ensino. O uso dessas tecnologias pode ser um grande facilitador, permitindo que o aluno com deficiência participe de forma ativa e autônoma nas atividades escolares (Cavalcante; Almeida, 2020).
O apoio especializado também é uma estratégia fundamental para a inclusão efetiva, pois a presença de profissionais como psicopedagogos, intérpretes de Libras e auxiliares educacionais, por exemplo, pode ser decisiva para que os alunos com necessidades específicas recebam o suporte necessário para seu desenvolvimento. Esses profissionais atuam de maneira complementar ao trabalho do professor, garantindo que as atividades e o ambiente escolar sejam adequados às necessidades dos alunos. Contudo, a falta de profissionais capacitados e a escassez de recursos para contratá-los ainda são desafios presentes em muitas instituições de ensino (Silva; Lima, 2021).
Outro obstáculo importante é a resistência de alguns educadores e da comunidade escolar em adotar práticas inclusivas. Muitas vezes, essa resistência se origina de preconceitos ou de uma visão limitada sobre o que a educação inclusiva representa. Para superar essa barreira, é necessário promover campanhas de conscientização e fomentar uma cultura escolar que valorize a diversidade. O apoio da gestão escolar e a implementação de políticas públicas eficientes são fundamentais para sensibilizar todos os envolvidos no processo educacional e para garantir que as práticas inclusivas sejam, de fato, adotadas de forma consistente (Mendes; Ferreira, 2020).
Assim, a construção de um ambiente escolar verdadeiramente inclusivo exige o comprometimento de todos os atores envolvidos: gestores, educadores, alunos e suas famílias. O sucesso da inclusão escolar depende de uma ação colaborativa que envolva todas as partes na criação de estratégias que atendam às necessidades dos alunos. Isso inclui a elaboração de planos educacionais individuais, a implementação de atividades de sensibilização e a avaliação constante das práticas adotadas. A constante reflexão sobre as práticas educacionais e a adaptação às novas demandas da sociedade são fundamentais para a evolução da educação inclusiva no Brasil (Santos, 2019).
A CARTILHA
A construção de uma cartilha sobre educação inclusiva é uma ação estratégica que visa proporcionar aos educadores um guia prático e acessível sobre como implementar práticas inclusivas na escola. Esse tipo de material, com uma linguagem clara e objetiva, facilita o entendimento das diretrizes legais e pedagógicas que devem nortear a inclusão de alunos com diferentes necessidades no ambiente escolar. A cartilha, portanto, assume um papel importante na democratização do conhecimento sobre a inclusão e na capacitação dos professores, oferecendo diretrizes claras sobre como adaptar suas práticas pedagógicas para atender a todos os estudantes (Ferreira, 2024).
A importância da cartilha de educação inclusiva está em sua capacidade de reunir informações essenciais sobre o que é a inclusão escolar e como ela pode ser aplicada no contexto educacional. Ela serve como um guia tanto para os educadores quanto para os gestores escolares, fornecendo orientações práticas e explicações sobre as leis que regem a educação inclusiva. Além disso, a cartilha apresenta sugestões de atividades pedagógicas, adaptação de materiais e estratégias de ensino que favorecem a participação ativa de todos os alunos no processo de aprendizagem (Ribeiro; Cristóvão, 2018).
Assim, esse material contribui para a construção de uma escola acessível e equitativa. A cartilha criada, apresentada nas Figuras 1 e 2, é um produto direto deste estudo, desenvolvido com o objetivo de fornecer aos educadores um material prático e de fácil compreensão sobre a aplicação da educação inclusiva nas escolas. As figuras ilustram a estrutura do conteúdo, que abrange tanto as diretrizes legais quanto às estratégias pedagógicas necessárias para a implementação de práticas inclusivas. A cartilha foi organizada de maneira a facilitar a consulta rápida e proporcionar exemplos claros de adaptação de materiais, uso de metodologias diversificadas e propostas de atividades que favoreçam a participação de todos os alunos.
Figura 1. Folder Educação Inclusiva
Fonte: Elaboração do autor (2025).
A construção da cartilha deve envolver uma abordagem colaborativa, levando em consideração as necessidades e realidades das escolas. A participação de educadores, psicopedagogos, e especialistas em educação inclusiva é crucial para garantir que o conteúdo seja preciso, relevante e aplicável. Além disso, é importante que o material seja desenvolvido com base nas experiências de professores que já atuam com alunos com necessidades educacionais específicas, de modo a refletir a prática real em sala de aula. Essa colaboração entre profissionais da educação permite a criação de um documento que seja efetiva na implementação das práticas inclusivas e que contemple a diversidade de contextos e desafios encontrados nas escolas (Onohara, 2024).
A cartilha de educação inclusiva também tem como objetivo desmistificar a ideia de que a inclusão escolar é um processo complexo e inacessível. Ao apresentar de forma simplificada as estratégias e as adaptações necessárias, a cartilha permite que os educadores se sintam confiantes e capacitados para aplicar métodos que atendam às necessidades de todos os alunos. Além disso, o material pode ser uma ferramenta para sensibilizar a comunidade escolar, incluindo pais e alunos, sobre a importância de promover um ambiente inclusivo e acolhedor para todos (Pereira, 2022).
Figura 2. Como aplicar a Educação Inclusiva na escola?
Fonte: Elaboração do autor (2025).
A divulgação e aplicação da cartilha nas escolas também são aspectos que devem ser considerados em sua construção. Para que o material tenha impacto real na prática educacional, ele deve ser amplamente distribuído e disponibilizado para os educadores, tanto nas escolas públicas quanto privadas. Além disso, é importante que a aplicação das orientações contidas na cartilha seja acompanhada de forma contínua, com a realização de capacitações e discussões sobre os desafios enfrentados pelos educadores na implementação da inclusão escolar. A cartilha, nesse sentido, deve ser vista como um ponto de partida para a construção de um processo contínuo de aprendizado e adaptação nas práticas pedagógicas (Mendes, 2021).
Uma das grandes vantagens de se criar uma cartilha sobre educação inclusiva é a sua acessibilidade. Com um formato simples e direto, o material pode ser utilizado de forma prática no cotidiano da escola, sendo facilmente consultado pelos educadores sempre que necessário. Além disso, a cartilha pode ser distribuída em diversos formatos, como impressa ou digital, permitindo que seja acessada por diferentes públicos, incluindo os educadores com pouca familiaridade com as tecnologias. Dessa forma, a cartilha assegura que a informação sobre a inclusão escolar chegue a todos os profissionais da educação, independentemente da sua experiência prévia no tema (Oliveira; Santos, 2022).
Outra contribuição importante da cartilha de educação inclusiva é a promoção de uma visão ampla sobre o que envolve a inclusão escolar. Ela não se limita à adaptação de materiais ou à aplicação de estratégias pedagógicas, mas também engloba aspectos relacionados à construção de um ambiente escolar que respeite e valorize a diversidade. A cartilha pode apresentar exemplos de como as escolas podem promover a participação de alunos com deficiência nas atividades extracurriculares, no ambiente físico e social, além das salas de aula. Assim, ela reforça a ideia de que a inclusão é um processo que vai além das práticas pedagógicas, envolvendo toda a estrutura escolar (Munaretti et al., 2023).
A elaboração de uma cartilha também é um importante passo para a criação de uma política educacional consistente e integrada no que diz respeito à educação inclusiva. Ao reunir as diretrizes legais e pedagógicas em um único documento, a cartilha serve como uma referência central para os educadores e gestores escolares, garantindo que todos estejam alinhados com as mesmas normas e práticas. Isso favorece a criação de um ambiente educacional coeso, no qual todos os profissionais têm acesso à mesma informação e estão cientes das suas responsabilidades no processo de inclusão (Pereira, 2022).
Além disso, a cartilha de educação inclusiva pode ser vista como uma forma de empoderamento para os educadores. Muitas vezes, a falta de conhecimento e preparação adequados é um dos fatores que dificulta a implementação de práticas inclusivas. A cartilha, ao fornecer informações claras e exemplos práticos, permite que os professores se sintam preparados para enfrentar os desafios da inclusão escolar. Com isso, a cartilha contribui não só para a melhoria das práticas pedagógicas, mas também para a valorização do trabalho dos educadores, que passam a se sentir capacitados e seguros ao aplicar os princípios da educação inclusiva em suas aulas (Souza; Souza, 2018).
Por fim, a cartilha pode servir como um instrumento de avaliação e reflexão sobre as práticas inclusivas na escola. Ao ser utilizada regularmente, ela permite que os educadores e gestores possam acompanhar os avanços nas estratégias de inclusão, identificar aspectos que precisam ser melhorados e ajustar as abordagens conforme as necessidades dos alunos. Esse processo contínuo de avaliação é essencial para garantir que a inclusão escolar se torne uma realidade efetiva, em que todos os alunos, independentemente das suas diferenças, possam se desenvolver de maneira plena e igualitária.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A análise dos resultados obtidos a partir da revisão bibliográfica evidencia a importância da adoção de práticas pedagógicas inclusivas nas escolas. A literatura revisada, incluindo os trabalhos de Souza e Souza (2018) e Kistt e Gonçalves (2021), aponta que a formação dos educadores é um dos fatores que influenciam a efetividade das estratégias de inclusão. Muitos professores, apesar de estarem dispostos a adotar práticas inclusivas, enfrentam dificuldades relacionadas à falta de capacitação específica e à escassez de materiais adequados para atender à diversidade dos alunos.
A construção de materiais pedagógicos acessíveis e adaptáveis, como as cartilhas, surge como uma solução importante para essas dificuldades. A cartilha de educação inclusiva criada neste estudo, conforme ilustrado nas Figuras 1 e 2, propõe-se a ser uma ferramenta prática e didática para guiar os professores na implementação de metodologias que atendam às necessidades de todos os estudantes, incluindo aqueles com deficiências. A utilização de exemplos concretos e linguagem acessível facilita a aplicação das estratégias pedagógicas no cotidiano escolar.
Outro aspecto relevante abordado na literatura é a adaptação dos materiais didáticos. Como enfatizado por Maia, Bataglion e Mazo (2020), a adaptação de conteúdos e a personalização do ensino são fundamentais para que os alunos com diferentes necessidades possam participar ativamente das atividades escolares. Nesse contexto, a cartilha criada oferece sugestões para adaptação de diversos tipos de materiais, desde livros didáticos até recursos multimídia, permitindo que os professores possam adaptar o conteúdo conforme as demandas da turma.
Segundo Oliveira e Santana (2025), a aplicação de metodologias que envolvam o uso de diferentes canais de aprendizagem, como atividades práticas, jogos educativos e tecnologias assistivas, contribui para o engajamento de todos os alunos, especialmente daqueles que apresentam necessidades educacionais especiais. A cartilha aborda essas metodologias, propondo formas de adaptá-las e implementá-las no ambiente escolar de maneira efetiva.
Ainda sobre a implementação de práticas inclusivas, a revisão das diretrizes legais e educacionais relacionadas à inclusão, como a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), é fundamental. A cartilha inclui um resumo dessas diretrizes, orientando os educadores sobre as obrigações legais e as melhores práticas para atender aos alunos com deficiência. A formação docente, a atualização constante sobre as políticas públicas e a sensibilização para a diversidade são aspectos destacados como indispensáveis para o sucesso da inclusão.
Em suma, os resultados deste estudo reforçam a relevância da cartilha como uma ferramenta para a inclusão escolar. A criação de materiais didáticos como este, que sintetizam informações teóricas e práticas, contribui para a capacitação dos professores e para a melhoria do ambiente escolar, favorecendo a participação ativa de todos os alunos. A cartilha de educação inclusiva, ao integrar os conhecimentos adquiridos na revisão bibliográfica e oferecer orientações claras e objetivas, se estabelece como um recurso valioso para a construção de uma educação acessível e igualitária
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação inclusiva tem se consolidado como um direito fundamental para todos os estudantes, independentemente de suas condições ou necessidades. A criação de materiais pedagógicos, como as cartilhas, surge como uma estratégia relevante para apoiar a implementação de práticas inclusivas nas escolas. Este estudo, ao desenvolver uma cartilha sobre educação inclusiva, objetiva fornecer um recurso prático que facilita a compreensão e aplicação de estratégias que favoreçam a participação ativa de todos os alunos no processo de ensino-aprendizagem.
A construção da cartilha, com base nas abordagens metodológicas diversificadas e na adaptação de materiais, se mostra uma importante contribuição para a capacitação dos educadores e para a promoção de um ambiente escolar acessível. As estratégias e orientações apresentadas na cartilha podem ser aplicadas de maneira prática, atendendo às necessidades de alunos com diferentes perfis de aprendizagem. Além disso, o conteúdo da cartilha pode ser utilizado como referência em escolas que buscam ampliar suas práticas de inclusão.
Embora o estudo tenha se concentrado em um aspecto específico da educação inclusiva, é possível observar que a construção e a implementação de materiais pedagógicos, como as cartilhas, são passos fundamentais para promover a inclusão real no contexto escolar. A aplicação dessa cartilha poderá auxiliar os educadores a reconhecerem e atenderem melhor as demandas de seus alunos, além de gerar uma reflexão contínua sobre as práticas pedagógicas adotadas.
Ademais, a educação inclusiva exige uma constante atualização e adaptação de práticas educacionais. A cartilha, ao ser revisada e atualizada conforme as novas demandas educacionais, pode continuar a ser uma ferramenta valiosa no processo de capacitação dos professores e na construção de ambientes inclusivos. Com isso, a educação inclusiva se torna um objetivo possível e tangível, não apenas no âmbito teórico, mas também nas práticas cotidianas das escolas.
Por fim, é importante ressaltar que a implementação de estratégias inclusivas na escola é um esforço contínuo e coletivo. A cartilha criada neste estudo representa um passo importante nesse processo, mas também serve como um ponto de partida para novas investigações e para a construção de recursos pedagógicos que atendam às necessidades de todos os estudantes. A inclusão escolar, portanto, é um processo contínuo de aprendizado e adaptação que envolve educadores, gestores, alunos e suas famílias.
A continuidade desse processo exige a participação ativa de toda a comunidade escolar, com a colaboração de todos os envolvidos na educação. A cartilha proposta não é uma solução definitiva, mas sim um recurso que contribui para a construção de um ambiente escolar inclusivo e igualitário. Portanto, a educação inclusiva, quando praticada de forma efetiva, pode transformar a experiência escolar de todos os alunos, promovendo uma aprendizagem rica e diversificada.
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