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Resumo
INTRODUÇÃO
Brasil confirmou, nesta quarta-feira (26/02/2020), o primeiro caso do novo coronavírus (Covid-19) no País (GOV.BR, 2020), dando início à tão famigerada pandemia no país. Desde então, os habitantes de todo o mundo, ficaram reclusos em suas residências e não puderam continuar com suas atividades presenciais normalmente, dando início assim, aos trabalhos remotos.
A implementação do ensino remoto na educação básica no Brasil foi um dos maiores desafios enfrentados pelo setor educacional durante a pandemia da COVID-19. Antes desse período, o ensino a distância era predominantemente adotado em cursos de graduação e especialização, sendo pouco explorado na educação básica (Moran, 2020). No entanto, com o fechamento das escolas e a necessidade de garantir a continuidade do ensino, tornou-se imperativo a adoção de novas estratégias pedagógicas.
A Educação Física, caracterizada por atividades práticas e dinâmicas, foi diretamente impactada por essa transição. Professores da área tiveram que se reinventar, utilizando ferramentas digitais e metodologias adaptadas para oferecer experiências significativas aos estudantes em um ambiente virtual (Silva; Oliveira, 2021).
A transição para o ensino remoto apresentou diversos desafios para os professores de Educação Física. Entre os principais desafios, destacam-se:
Apesar das dificuldades, a manutenção das aulas de Educação Física no ensino remoto foi essencial para o bem-estar físico e mental dos estudantes. Estudos indicam que a prática de atividades físicas contribui para a redução do estresse e melhora do desempenho acadêmico, mesmo em formato remoto (Carvalho; Souza, 2021).
Metodologias alternativas, como aulas gravadas, desafios semanais e a gamificação do aprendizado, foram fundamentais para manter os alunos engajados e motivados (Lima; Almeida, 2020).
Os professores também enfrentaram dificuldades significativas durante esse período, incluindo:
Apesar das dificuldades, a experiência do ensino remoto trouxe avanços significativos para a Educação Física. A incorporação de tecnologias, como aplicativos de monitoramento de atividades físicas e plataformas interativas, expandiu as possibilidades pedagógicas da área (Gomes; Costa, 2022). Além disso, a adaptação dos professores ao uso de ferramentas digitais pode contribuir para a modernização da disciplina no contexto presencial.
DESENVOLVIMENTO
IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA DURANTE A PANDEMIA
Em um mundo sitiado, atípico e doente, a prática de atividades físicas se torna essencial para uma vida, além de saudável fisicamente, saudável mentalmente. A prática regular de atividade física promove benefícios e melhorias de forma global.
“A atividade física é uma parte integral e complexa do comportamento humano, envolvendo componentes culturais, socio-econômicos, psicológicos e é dependente de vários fatores como o tipo de trabalho, tipo físico, personalidade, quantidade de tempo livre, possibilidades de acesso a locais e instalações esportivas etc. (Barbanti, 1990, p. 19)”.
A lei nº 14.597, em seu 3º Artigo, parágrafo 1°, estabelece que: a promoção, o fomento e o desenvolvimento de atividades físicas para todos, como direito social, notadamente às pessoas com deficiência e às pessoas em vulnerabilidade social, são deveres do Estado e possuem caráter de interesse público geral. Como podemos analisar, a atividade física tem papel primordial na sociedade, tanto que, sua prática se tornou oficialmente indispensável na promoção da saúde através da lei.
Mas como praticar atividades físicas durante a pandemia? Como as pessoas deveriam agir, desenvolver práticas saudáveis, estando confinadas em suas casas? Essas questões foram amplamente abordadas e discutidas por profissionais de Educação Física e pela sociedade de modo geral.
Levando em conta que, atividade física, sedimenta hábitos, costumes e condutas corporais regulares com repercussões benéficas na educação, na saúde e no lazer dos praticantes (lei nº 14.597, Art. 7º), compreende não só os benefícios para o corpo, mas também para a mente. A atividade física auxilia na melhora das valências físicas tanto quanto dos fatores sociais e emocionais, tão afetados durante o confinamento, que a pandemia trouxe, e o pouco acesso à socialização.
A sociedade precisou pensar em alternativas para que sua prática fosse continuada criando assim novas modalidades de prática de atividades físicas, muitas delas de forma remota, utilizando das novas tecnologias para expansão de seu domínio.
A atividade física contribui para a manutenção da saúde cardiovascular, fortalecimento do sistema imunológico e redução do estresse e ansiedade. De acordo com estudos, a prática regular de exercícios está associada à diminuição do risco de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, que são fatores de risco para a gravidade da COVID-19 (Jakobsson, Malm & Furberg, 2020).
Dentre os principais benefícios, destacam-se:
Durante a pandemia, academias e espaços públicos para prática esportiva foram fechados, dificultando a manutenção da rotina de exercícios. No entanto, a adesão a programas de treinamento em casa e a utilização de plataformas digitais facilitaram a continuidade das atividades físicas (Ding et al., 2020). Exercícios como ioga, alongamento, treino funcional e caminhadas ao ar livre foram alternativas viáveis para manter a saúde durante esse período.
A atividade física desempenhou um papel fundamental durante a pandemia, contribuindo para a saúde física e mental da população. Mesmo com as restrições impostas, alternativas como exercícios domiciliares e ao ar livre permitiram a manutenção de uma rotina ativa. O incentivo à prática regular de exercícios deve ser uma estratégia prioritária para futuras situações de emergência sanitária.
DESENVOLVIMENTO DE PRÁTICAS SAUDÁVEIS NO CONFINAMENTO
Uma reportagem realizada pela CNN Brasil, em 09 de maio de 2021, no ápice da pandemia,
“… o levantamento realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). De acordo com o estudo feito no ano passado com 44.062 brasileiros, 62% dos entrevistados deixaram de fazer qualquer tipo de exercício durante a pandemia”.
Isso mostra o perigo instaurado na sociedade, e uma preocupação futura com os maus hábitos de saúde.
Profissionais de todas as áreas da saúde se empenharam em criar soluções contra o sedentarismo durante o confinamento do COVID-19. E as ideias surgiram, foram disponibilizados à população diversos métodos, aplicativos, aulas online, com uso de imagens, vídeos e afins, alguns pagos, outros não. O importante é, soluções e opções foram criadas.
Segundo Avelar e Stella, Jornal da USP, um estudo realizado durante a pandemia pelo professor Átila Alexandre Trapé, com quase 5 mil pessoas entre Brasil, Chile e Espanha, demonstrou que: “pessoas que conseguiram continuar realizando uma atividade física de forma orientada ou supervisionada por um profissional de educação física tiveram um efeito protetor e apresentaram um menor risco para depressão, ansiedade e estresse.”
ENSINO REMOTO E A PANDEMIA.
Outro ponto importante foi o ensino, como ministrar aulas, que majoritariamente sempre foram presenciais, com a reclusão imposta pela pandemia?
O ensino remoto foi adotado de maneira emergencial, sem planejamento prévio adequado, o que gerou dificuldades para professores e alunos. Entre os principais desafios, destacam-se a desigualdade de acesso à tecnologia e à internet, a necessidade de capacitação docente para o uso de plataformas digitais e a adaptação das metodologias de ensino para o ambiente virtual (Hodges et al., 2020).
Porém, a experiência do ensino remoto durante a pandemia trouxe aprendizados importantes para a educação. A integração da tecnologia ao ensino mostrou-se fundamental e deve continuar sendo explorada no pós-pandemia. O modelo híbrido, que combina aulas presenciais e remotas, tem se destacado como uma alternativa promissora para o futuro da educação (Lima; Silva, 2022).
O MODELO HÍBRIDO NA EDUCAÇÃO: UMA ALTERNATIVA PROMISSORA
O modelo híbrido, que combina aulas presenciais e remotas, tem ganhado destaque como uma alternativa viável e inovadora para a educação contemporânea. Com a evolução das tecnologias digitais e a necessidade de flexibilização dos processos de ensino e aprendizagem, essa abordagem tem sido amplamente adotada em diversos contextos educacionais (Garrison & Kanuka, 2004).
Esse modelo integra metodologias presenciais e online, permitindo uma aprendizagem mais personalizada e adaptável às necessidades dos alunos. Segundo Graham (2006), essa abordagem melhora o engajamento discente, pois permite que os estudantes aprendam no seu próprio ritmo, ao mesmo tempo em que mantêm a interação com professores e colegas em momentos presenciais.
Entre os principais benefícios do modelo híbrido, destacam-se:
Apesar das vantagens, a implementação do modelo híbrido apresenta desafios, como a necessidade de infraestrutura adequada e capacitação docente. A falta de acesso a tecnologias por parte de alguns alunos também pode gerar desigualdades (Picciano, 2009). Além disso, há a necessidade de reestruturação curricular para garantir que as experiências online e presenciais sejam complementares e eficazes.
O modelo híbrido representa uma revolução na educação, proporcionando mais autonomia, flexibilidade e personalização do ensino. Entretanto, sua adoção requer investimento em infraestrutura e capacitação para que os desafios sejam superados. Pesquisas futuras podem explorar maneiras de otimizar essa abordagem para diferentes contextos educacionais e populacionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pandemia da COVID-19 trouxe desafios significativos para a saúde da população, acentuando a necessidade de práticas saudáveis, incluindo a atividade física como essencial para tal solução. Diante do isolamento social e das restrições impostas pelos governos, a prática regular de exercícios foi de suma importância para a manutenção da saúde física e mental da população. Os impactos positivos da atividade física foram evidenciados na melhoria da função imunológica, na redução do estresse e da ansiedade, no controle do peso corporal e na prevenção de doenças crônicas, fatores que se tornaram ainda mais relevantes diante do cenário pandêmico.
A impossibilidade de frequentar academias e espaços esportivos, públicos e privados, levou a sociedade a buscar alternativas inovadoras para manter a prática esportiva. O uso de plataformas digitais, aplicativos, aulas online e treinos domiciliares demonstrou a capacidade de adaptação dos profissionais da área, a serviço da população, e a importância das novas tecnologias no incentivo à atividade física. Estudos apontaram que indivíduos que mantiveram uma rotina ativa durante a pandemia apresentaram menores índices de transtornos psicológicos, como depressão e ansiedade, reforçando a importância do movimento para o bem-estar emocional.
Além disso, a legislação brasileira reconheceu a atividade física como um direito social fundamental, destacando seu papel na promoção da saúde e na qualidade de vida da população. A Lei nº 14.597 reforça a responsabilidade do Estado em fomentar práticas esportivas acessíveis para todos, especialmente para grupos em situação de vulnerabilidade.
Dessa forma, a pandemia evidenciou a necessidade de integrar a atividade física como parte essencial da vida cotidiana, independentemente das circunstâncias. O incentivo a hábitos saudáveis deve ser mantido e fortalecido, garantindo que mesmo em situações adversas, a população tenha acesso a meios eficazes para manter-se ativa. A experiência adquirida durante esse período pode servir como base para o desenvolvimento de políticas públicas e estratégias de promoção da saúde em eventuais emergências sanitárias futuras.
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