Transtorno opositivo desafiador e a dificuldade na promoção da inclusão escolar.

OPPOSITIONAL DEFIANT DISORDER AND THE DIFFICULTY IN PROMOTING SCHOOL INCLUSION

TRASTORNO OPOSICIONISTA DESAFIANTE Y LA DIFICULTAD EN LA PROMOCIÓN DE LA INCLUSIÓN ESCOLAR

Autor

Lizabete do Rocio Vanhoni Gonçalves
ORIENTADOR
Prof. Dr. Tobias do Rosário Serrão

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/8213DD

DOI

Gonçalves, Lizabete do Rocio Vanhoni . Transtorno opositivo desafiador e a dificuldade na promoção da inclusão escolar.. International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

O presente estudo discute as dificuldades enfrentadas no processo de inclusão escolar de alunos com Transtorno Opositivo Desafiante (TOD), analisando estratégias e ações que possam ser aplicadas para facilitar sua integração e aprendizagem. A pesquisa foi desenvolvida por meio de uma revisão qualitativa de literatura, com o objetivo de identificar os principais desafios na escolarização desses estudantes e propor estratégias pedagógicas eficazes. Os resultados apontam que a falta de capacitação dos professores, a dificuldade de adaptação das práticas pedagógicas e a ausência de suporte institucional são os principais obstáculos para a inclusão desses alunos. No entanto, a formação continuada dos educadores e a adoção de metodologias ativas, ensino estruturado, reforço positivo e atividades lúdicas demonstram ser estratégias eficazes para promover a participação dos estudantes com TOD no ambiente escolar. O estudo reforça a importância da qualificação docente e da implementação de práticas pedagógicas inclusivas para garantir que esses alunos tenham acesso a uma educação equitativa e de qualidade.
Palavras-chave
Transtorno Opositivo Desafiante. Docência. Inclusão. Agressividade.

Summary

This study discusses the difficulties encountered in the process of school inclusion of students with Oppositional Defiant Disorder (ODD), analyzing strategies and actions that can be applied to facilitate their integration and learning. The research was conducted through a qualitative literature review, aiming to identify the main challenges in the schooling of these students and propose effective pedagogical strategies. The results indicate that the lack of teacher training, the difficulty in adapting pedagogical practices, and the absence of institutional support are the main obstacles to the inclusion of these students. However, continuous teacher training and the adoption of active methodologies, structured teaching, positive reinforcement, and playful activities prove to be effective strategies to promote the participation of students with ODD in the school environment. The study reinforces the importance of teacher qualification and the implementation of inclusive pedagogical practices to ensure that these students have access to equitable and quality education.
Keywords
Oppositional Defiant Disorder. Teaching. Inclusion. Aggressiveness.

Resumen

El presente estudio analiza las dificultades enfrentadas en el proceso de inclusión escolar de alumnos con Trastorno Oposicionista Desafiante (TOD), examinando estrategias y acciones que puedan aplicarse para facilitar su integración y aprendizaje. La investigación se desarrolló a través de una revisión cualitativa de la literatura, con el objetivo de identificar los principales desafíos en la escolarización de estos estudiantes y proponer estrategias pedagógicas eficaces. Los resultados señalan que la falta de capacitación docente, la dificultad de adaptación de las prácticas pedagógicas y la ausencia de apoyo institucional son los principales obstáculos para la inclusión de estos alumnos. Sin embargo, la formación continua de los educadores y la adopción de metodologías activas, enseñanza estructurada, refuerzo positivo y actividades lúdicas se presentan como estrategias eficaces para fomentar la participación de los estudiantes con TOD en el entorno escolar. El estudio refuerza la importancia de la capacitación docente y la implementación de prácticas pedagógicas inclusivas para garantizar que estos alumnos tengan acceso a una educación equitativa y de calidad.
Palavras-clave
Trastorno Oposicionista Desafiante. Docencia. Inclusión. Agresividad.

INTRODUÇÃO

 

A escola representa um espaço essencial para o desenvolvimento cognitivo, social e emocional dos alunos, sendo responsável por proporcionar um ambiente de aprendizagem acessível a todos. No entanto, a inclusão escolar de estudantes que apresentam dificuldades comportamentais desafiadoras, como os diagnosticados com Transtorno Opositivo Desafiante (TOD), ainda se configura como um grande obstáculo dentro da realidade educacional. Diante disso, compreender os desafios e as estratégias para promover a inclusão desse público torna-se fundamental para garantir um ensino equitativo e eficaz (Martinelli et al., 2018).

O convívio escolar pressupõe regras, limites e interações interpessoais que possibilitam a construção do conhecimento e da socialização. Entretanto, alunos com TOD frequentemente apresentam dificuldades na adaptação a esses parâmetros, impactando diretamente sua trajetória acadêmica e suas relações com professores e colegas. Conforme apontam Moraes e Ribeiro (2022) e Silva (2018), o TOD afeta não apenas a criança, mas também o ambiente escolar como um todo, influenciando a dinâmica da sala de aula e exigindo uma abordagem pedagógica diferenciada.

A falta de conhecimento sobre o TOD por parte dos educadores pode gerar desafios significativos no manejo desses alunos, muitas vezes resultando em práticas excludentes ou disciplinadoras ineficazes. Estudos como os de Soares e Fonseca (2019) e Viana e Martins (2022) indicam que, na ausência de estratégias pedagógicas adequadas, a convivência escolar pode se tornar um fator agravante para o comportamento opositor, prejudicando tanto o aprendizado do aluno quanto a rotina da turma.

Assim, torna-se importante discutir na capacitação dos profissionais da educação e na implementação de estratégias eficazes para a inclusão desses estudantes. O presente estudo busca discutir as dificuldades enfrentadas no processo de inclusão escolar de alunos com TOD, analisando estratégias e ações que possam ser aplicadas no ambiente escolar para facilitar sua integração e aprendizagem. A partir dessa reflexão, pretende-se contribuir para o desenvolvimento de práticas pedagógicas que promovam uma inclusão mais efetiva, respeitando as necessidades individuais desses alunos e garantindo seu direito à educação de qualidade.

 

METODOLOGIA

 

Este estudo adota uma abordagem de revisão qualitativa de literatura, com o objetivo de analisar e sintetizar o conhecimento disponível sobre as dificuldades na inclusão escolar de alunos com TOD e as estratégias pedagógicas que podem favorecer esse processo. A revisão integrativa foi utilizada como metodologia, permitindo a reunião, avaliação e síntese de pesquisas existentes sobre o tema. Essa abordagem possibilita uma visão abrangente do estado atual do conhecimento, além de identificar lacunas na literatura e fornecer subsídios para práticas educacionais e futuras investigações (Soares e Fonseca, 2019). 

A questão central que orienta esta pesquisa é: Quais são os principais desafios enfrentados na inclusão de alunos com TOD no ambiente escolar e quais estratégias pedagógicas podem ser adotadas para melhorar esse processo? O estudo busca compreender como a atuação docente, a formação inicial e continuada dos professores e as metodologias educacionais impactam o aprendizado e a socialização desses estudantes.

Para a realização da revisão, foi conduzida uma busca sistemática nas seguintes bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), Google Acadêmico e CAPES Periódicos, além de documentos oficiais do Ministério da Educação (MEC) e da legislação educacional vigente. Os critérios de inclusão estabelecidos para a seleção dos estudos foram:

  • Publicações realizadas entre 2014 e 2024, com exceção de documentos normativos, que foram considerados independentemente do ano de publicação;
  • Artigos disponíveis na língua portuguesa ou com tradução acessível;
  • Trabalhos com pertinência temática ao tema da inclusão escolar de alunos com TOD;

Foram excluídas pesquisas publicadas antes de 2014, bem como aquelas que apresentavam impertinência temática, textos inacessíveis ou incompletos. Após a aplicação desses critérios, foram encontrados 321 trabalhos relevantes. No entanto, após uma triagem detalhada e considerando a adequação ao escopo da pesquisa, 29 estudos foram selecionados para compor este artigo.

A partir dessa análise, busca-se apresentar uma discussão fundamentada sobre os desafios enfrentados no processo de inclusão de alunos com TOD, além de destacar práticas e estratégias pedagógicas que possam contribuir para a efetividade desse processo no contexto escolar.

 

REFERENCIAL TEÓRICO 

TRANSTORNO OPOSITOR DESAFIADOR (TOD): DEFINIÇÃO

 

O Transtorno Opositivo Desafiante (TOD), conforme definido pela Classificação Internacional de Doenças (CID-10), manifesta-se por meio de padrões recorrentes de comportamento opositor, desafiador e, muitas vezes, antissocial e agressivo. Crianças e adolescentes diagnosticados com esse transtorno apresentam dificuldades significativas em aceitar regras, reconhecer erros e lidar com frustrações, resistindo ativamente a qualquer tipo de autoridade imposta. Mesmo diante de evidências lógicas que contradizem suas crenças e percepções, essas crianças frequentemente mantêm suas posturas, negando a possibilidade de falhas em suas ações e julgamentos (CID-10, 2012).

Esse padrão de comportamento pode gerar impactos profundos nas interações sociais, tanto no ambiente familiar quanto no escolar. No convívio diário, a inflexibilidade dessas crianças e a dificuldade em aceitar diferentes perspectivas podem desencadear conflitos constantes, tornando-as mais propensas a serem isoladas socialmente. Como consequência, muitas se tornam alvo de rejeição, exclusão e até mesmo bullying, o que agrava ainda mais suas dificuldades de adaptação e permanência na escola. A estigmatização associada ao transtorno frequentemente leva à rotulação dessas crianças como “difíceis” ou “problemáticas”, resultando, em casos mais extremos, em expulsões e afastamentos escolares quando seus comportamentos ultrapassam os limites considerados aceitáveis dentro das normas institucionais.

Embora o TOD possa emergir em qualquer fase da vida, geralmente se manifesta entre os 6 e 12 anos de idade, sendo uma condição comumente associada a outros transtornos, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Estudos indicam que há uma sobreposição significativa entre essas duas condições, com cerca de 50% dos casos de TOD ocorrendo em crianças que também apresentam sintomas de TDAH (Monteiro; Melo, 2018). Essa coexistência torna ainda mais complexa a identificação e a abordagem das dificuldades enfrentadas por essas crianças no ambiente escolar.

Diante desse cenário, torna-se essencial que educadores e profissionais da saúde mental estejam preparados para reconhecer os sinais do transtorno e compreender suas implicações. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2014, p. 462) classifica o TOD como um “padrão persistente de humor irritado/raivoso, comportamento questionador/desafiador ou vingativo por pelo menos seis meses”. A CID-10, por sua vez, enquadra o TOD na categoria F91.3, descrevendo-o como um transtorno de conduta que se manifesta principalmente em crianças, caracterizando-se por comportamentos provocadores, desobedientes e perturbadores, sem necessariamente envolver condutas agressivas ou delituosas.

 

Transtorno de conduta, manifestando-se habitualmente em crianças jovens, caracterizado essencialmente por um comportamento provocador, desobediente ou perturbador e não acompanhado de comportamentos delituosos ou de condutas agressivas ou dissociais graves (CID-10, 2012, p. 372).

 

Essa distinção é fundamental, pois reforça que, apesar de as crianças com TOD frequentemente apresentarem comportamentos desafiadores, sua condição não implica, necessariamente, em atitudes violentas ou criminosas. A ênfase no aspecto comportamental do transtorno sugere que a abordagem ideal para essas crianças deve ir além da mera repressão de seus comportamentos desafiadores, focando no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, resolução de conflitos e estratégias de regulação emocional.

Estudos recentes, como os de Baião, Herênio e Carvalho(2022), indicam que o TOD se caracteriza por um padrão contínuo de atitudes negativas, hostis e desafiadoras, sendo evidente principalmente na forma como a criança interage com adultos e figuras de autoridade. A presença desse comportamento na escola pode afetar diretamente a socialização da criança com seus colegas, gerando dificuldades no desenvolvimento de vínculos interpessoais saudáveis e no engajamento com atividades acadêmicas.

Nessa mesma linha, Silva (2018) classifica o TOD como um transtorno disruptivo, marcado por desobediência persistente e hostilidade, com comportamentos direcionados, em sua maioria, a figuras de autoridade, como professores, pais e outros responsáveis. A tendência à oposição sistemática pode se tornar um obstáculo significativo para a adaptação escolar, dificultando tanto o aprendizado quanto a inclusão efetiva dessas crianças em ambientes educativos tradicionais.

Diante dessa complexidade, é possível afirmar que o TOD não deve ser tratado apenas como um problema comportamental isolado, mas sim como um transtorno que requer intervenções especializadas e estratégias adaptadas ao contexto educacional e familiar de cada criança. A literatura acadêmica enfatiza a necessidade de abordagens pedagógicas que considerem as particularidades do transtorno, incorporando estratégias de ensino diferenciadas, apoio psicopedagógico e fortalecimento das relações interpessoais.

É essencial que as escolas adotem práticas inclusivas e invistam em formação docente para lidar com essas crianças de maneira empática e eficaz. Programas de mediação de conflitos, ensino socioemocional e estratégias de reforço positivo podem ajudar a minimizar os desafios impostos pelo transtorno e melhorar a convivência escolar. Além disso, o envolvimento da família e o acompanhamento psicológico adequado desempenham papéis cruciais no desenvolvimento dessas crianças, auxiliando-as na construção de comportamentos mais adaptativos e no fortalecimento de sua autoestima.

Portanto, compreender o Transtorno Opositivo Desafiante no contexto escolar é fundamental para promover a inclusão efetiva e o desenvolvimento saudável dessas crianças, reduzindo os impactos negativos da condição e criando um ambiente que favoreça a aprendizagem e o crescimento pessoal. A pesquisa nessa área continua sendo essencial para aprimorar estratégias educacionais, orientar políticas públicas e fornecer suporte adequado às crianças, suas famílias e aos profissionais envolvidos no processo educativo.

 

AGRESSIVIDADE DE O TOD 

 

A agressividade, enquanto resposta natural do ser humano, desempenha um papel fundamental na autopreservação e na afirmação da identidade. No entanto, quando não é devidamente modulada e integrada ao desenvolvimento emocional, pode se tornar um fator de risco, comprometendo as interações sociais e impactando negativamente a vida do indivíduo. Segundo Martinelli et al. (2018), a agressividade pode se manifestar de forma direta ou indireta, sendo crucial sua canalização adequada para que contribua positivamente para o amadurecimento psicológico.

A supressão excessiva da agressividade pode ser tão prejudicial quanto sua exacerbação. Moraes e Ribeiro (2022) apontam que reprimir essa energia pode gerar dificuldades na formação de laços afetivos e no estabelecimento de relações interpessoais saudáveis. Winnicott (2016), por sua vez, destaca que a agressividade, quando expressa de maneira equilibrada e inserida no contexto social, pode se transformar em uma força criativa, impulsionando a curiosidade, a autoconfiança e a motivação para explorar o mundo. No entanto, quando essa agressividade se descontrola e se torna uma ferramenta de oposição constante e destruição, seu impacto pode ser significativamente prejudicial ao indivíduo e àqueles ao seu redor.

Em conformidade com Winnicott, quando a agressividade não é saudavelmente integrada ao desenvolvimento emocional e psicológico da pessoa, resulta em uma personalidade fragmentada e desorganizada (Winnicott, 2016). Portanto, a agressividade normal pode ser vista como uma força criativa, manifestando-se de várias formas, como na brincadeira infantil, na competição saudável, no amor-próprio, no espírito crítico e na vontade de criar. Por outro lado, a agressividade patológica é caracterizada por uma falta de controle emocional, resultando em comportamentos violentos, destrutivos e autodestrutivos (Moraes; Ribeiro, 2022).

A agressividade pode ser conceituada como uma força intrínseca e vital que o organismo mobiliza em momentos de autodefesa e autopreservação. No entanto, quando essa energia é empregada de maneira excessiva e inadequada, pode transmutar-se em patologia, gerando condutas violentas e destrutivas. Desse modo, a agressividade patológica seria uma distorção da função natural da agressividade, provocando malefícios tanto para o indivíduo quanto para seu entorno social (Araujo; Holanda, 2018).

Araújo e Holanda (2018), em seu estudo a partir da perspectiva da Gestaltterapia, distinguem dois tipos de agressão: construtiva e destrutiva. A agressão construtiva, vista como saudável, almeja instigar mudanças e solucionar conflitos de maneira criativa e produtiva. Por outro lado, a agressão destrutiva, classificada como patológica, busca causar danos físicos ou psicológicos ao próximo. 

Nesse sentido, a consciência corporal torna-se uma aliada crucial na modulação da agressividade e na prevenção da agressão patológica, uma vez que permite ao indivíduo reconhecer seus impulsos agressivos e direcioná-los de maneira construtiva, evitando a expressão destrutiva da agressão.

Em paralelo, Vilhena e Maia (2002) discutem que a agressividade pode ser exteriorizada de maneira construtiva, através de comportamentos assertivos e defesa dos próprios direitos, ou de maneira destrutiva, através de condutas violentas e antissociais. A agressividade pode se apresentar de formas variadas, seja física ou verbalmente, direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente.

 Ademais, a agressividade pode se fazer presente em diversas relações sociais – família, escola, trabalho, sociedade em geral – e pode ser resultante de uma miríade de fatores, individuais ou sociais, como a ausência de habilidades sociais, o uso de drogas, a violência doméstica, a marginalização social, a desigualdade e a injustiça social. Logo, a distinção entre agressividade normal e patológica está associada à habilidade do indivíduo de lidar com sua agressividade de maneira saudável e integrada ao seu desenvolvimento emocional e social.

No contexto do TOD, a agressividade pode surgir como um sintoma primário e desafiador, sendo uma característica marcante desse transtorno. O TOD é caracterizado por um padrão persistente de comportamento irritado, argumentativo, desafiador e, muitas vezes, vingativo (American Psychiatric Association, 2013). Estes comportamentos podem se manifestar como agressividade, especialmente em situações de confronto com figuras de autoridade ou durante a interação com os pares.

A agressividade nas crianças com TOD tende a ser mais intensa e frequente do que o esperado para a idade da criança e ocorre fora do contexto de um episódio maníaco ou hipomaníaco. Além disso, a agressividade nestes indivíduos pode ser tanto direta, por meio de agressões físicas ou verbais, quanto indireta, na forma de comportamentos desafiadores, oposição a regras e normas, ou atitudes de sabotagem e vingança (Silva, 2018).

De acordo com a literatura recente, é crucial compreender e abordar a agressividade no TOD de maneira multidimensional, integrando fatores biológicos, psicológicos e sociais. Estratégias de intervenção eficazes geralmente incluem terapias cognitivo-comportamentais, treinamento parental, programas de habilidades sociais, e, em alguns casos, intervenção farmacológica (Duran, 2023). 

Assim, a agressividade no Transtorno Opositivo Desafiante não deve ser vista apenas como um problema disciplinar, mas sim como um sintoma que exige compreensão e manejo adequado. Entender a relação entre o TOD e a agressividade possibilita intervenções mais eficazes, garantindo melhores condições de desenvolvimento para a criança e reduzindo os impactos negativos desse transtorno em sua vida escolar e familiar.

 

RELEVÂNCIA DO PROFESSOR NA IDENTIFICAÇÃO DO TOD E ATUAÇÃO CONJUNTA COM A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL EM ALUNOS COM TOD 

 

A escola é um dos principais ambientes de socialização infantil e, nesse contexto, o professor desempenha um papel fundamental na identificação precoce de dificuldades comportamentais e emocionais, incluindo o TOD. Devido à sua convivência diária com os alunos, o professor pode perceber padrões persistentes de oposição, desobediência, irritabilidade e comportamentos desafiadores, que são características centrais do transtorno.

No entanto, a simples identificação não é suficiente. É essencial que os professores atuem de forma colaborativa com profissionais da saúde mental, integrando suas observações ao processo diagnóstico e às estratégias de intervenção. Nesse sentido, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem se destacado como uma das abordagens mais eficazes para o manejo do TOD, tanto no ambiente clínico quanto no escolar. A parceria entre educadores, terapeutas e familiares pode proporcionar intervenções mais assertivas, favorecendo o desenvolvimento social e acadêmico da criança.

A TCC é uma abordagem psicológica reconhecida por sua estrutura clara e voltada para a resolução de questões atuais e para a modificação de pensamentos e comportamentos prejudiciais (Beck, 2013; Wright et al., 2019). Tanto provas científicas quanto práticas clínicas confirmam a efetividade da TCC em atenuar sintomas e diminuir as chances de recorrências, seja com a administração simultânea de medicamentos ou sem, em uma ampla variedade de distúrbios psiquiátricos.

Beck (2013) defende que a TCC tem apresentado sucesso no tratamento de crianças com transtornos disruptivos. Nesse sentido, Chalfon (2019) indica que tal abordagem oferece o suporte para uma série de programas de intervenção que objetivam reduzir comportamentos inapropriados e fomentar habilidades nas crianças. Ademais, procura-se impulsionar a habilidade social, o controle emocional e a resolução de problemas através da reestruturação das contingências.

Conforme Teixeira (2014), a TCC auxilia crianças e adolescentes a controlarem a agressividade, aprimorarem suas habilidades sociais, desenvolverem estratégias para solucionar problemas, regular sua impulsividade e melhorar sua atenção. O autor ainda acrescenta que a intervenção da TCC no TOD se mostra eficiente, inclusive quando os pacientes apresentam comorbidades como depressão, transtorno de oposição desafiante, transtornos ansiosos, entre outros.

É crucial considerar que o acompanhamento deve ser realizado em um contexto integrado, englobando a criança, os pais e outros ambientes nos quais a criança se relaciona, como escola e ambiente social. Dentre as estratégias cognitivo-comportamentais para o tratamento do TOD, destacam-se a terapia familiar, a psicoeducação familiar, o treinamento de pais, a psicoeducação escolar e as intervenções escolares. 

A psicoeducação familiar, em particular, visa fornecer informações e orientações a respeito do diagnóstico e evolução do transtorno, abordando as características sintomatológicas e os métodos terapêuticos, e incentivando a discussão de estratégias a serem adotadas pela família para lidar com a criança com TOD (Teixeira, 2014; Caballo; Simón, 2015). 

O tratamento efetivo dos transtornos disruptivos, abrange uma abordagem multimoda e a aplicação desta abordagem engloba etapas como: inicialmente, a psicoeducação relativa ao modelo de tratamento é implementada; em seguida, habilidades comportamentais fundamentais são ensinadas para crianças, adolescentes e seus cuidadores; posteriormente, habilidades sociais são desenvolvidas através de técnicas autoinstrutivas e de empatia; finalmente, procedimentos cognitivos mais complexos, como reatribuição, exploração de alternativas e redução de atributos hostis nas crianças, são utilizados (Viana; Martins, 2022). 

A TCC demonstra ser uma ferramenta significativa na intervenção no ambiente familiar, facilitando a gestão do comportamento opositor da criança e auxiliando em seu desenvolvimento saudável. Em relação às diversas abordagens de tratamento para o TOD, várias estratégias são identificadas. Por exemplo, o tratamento primário para o TOD geralmente envolve uma psicoterapia individual para a criança, complementada por orientação e treinamento direto para os pais sobre técnicas de manejo da criança (Kaplan; Sadock; Grebb, 2017).

Técnicas como orientação e treinamento parental e psicoeducação familiar são elementos centrais na intervenção psicoterapêutica. Segundo Teixeira (2014), a implementação de certas atitudes e comportamentos pode auxiliar os pais a melhorar a convivência doméstica e mitigar a intensidade do TOD. 

Tais medidas incluem a promoção de um ambiente saudável, estabelecimento de regras e limites claros, manutenção de uma linguagem unificada entre os pais, prover um exemplo positivo e pacífico para a criança, e estar atento à saúde mental da criança e às mudanças da adolescência, entre outros.

Para a intervenção no TOD em crianças, vários autores recomendam o uso de técnicas cognitivas e comportamentais, incluindo a utilização de desenhos, filmes, histórias, contos de fadas, revistas em quadrinhos como recursos para modelação de comportamentos, além de tarefas de casa e planos de ação (Kaplan; Sadock; Grebb, 2017).

Eles sugerem também um modelo lúdico de automonitoramento, onde o registro pode ser realizado de forma personalizada, com a utilização de figurinhas, personagens de desenhos animados, e outras ferramentas visuais para descrever sentimentos e emoções.

Técnicas adicionais como encenação ou ensaio comportamental são mencionadas como um recurso valioso. Em sua implementação, recursos como fantoches, bonecos de massinha, música ou bonecos podem ser empregados (Kaplan; Sadock; Grebb, 2017). A adoção de um sistema de token economy, para reforçar comportamentos apropriados através do reforço positivo, e a utilização de um local de reflexão como time out também são sugeridos. 

A relevância das intervenções com a terapia de esquemas (TE) deve ser sublinhada, que, de acordo com Wainer e Rijo (2016), se originou como uma abordagem focada para facilitar o tratamento de problemas mais graves. É uma abordagem psicoterápica privilegiada, sendo um modelo conceitual completo e integrado para entender a origem e o desenvolvimento da personalidade humana, adaptado em critérios iniciais e específicos nas estratégias. Isto é particularmente relevante pois a maioria dos sintomas do TOD se referem a mudanças no humor irado/irritado e explosões de raiva (Wainer; Rijo, 2016).

A Terapia de Esquemas (TE) para jovens e adolescentes possibilita atuar em problemas emocionais e comportamentais, além disso, concentra-se também no papel orientador dos pais na formação de seus filhos (Bortolini; Wainer, 2019).

A evolução na intervenção do TOD oscila de caso a caso. Sintomas mais suaves tendem a mostrar melhores resultados e progressos positivos de forma mais ágil, enquanto sintomas mais severos podem estagnar o avanço, principalmente se não forem adequadamente gerenciados, podendo se tornar crônicos.

Para a realização das intervenções na TCC, é fundamental uma análise detalhada do caso, que inclui entrevistas, anamnese, uma postura empática e firme, além da prática de uma escuta respeitosa e atenta por parte do terapeuta. Também é crucial estabelecer uma conexão, um sistema participativo e de colaboração entre paciente e terapeuta.

A formulação ou concepção cognitiva do caso é imprescindível. Ela é desenvolvida desde o começo do processo psicoterapêutico, sendo alterada durante o curso da terapia à medida que novas informações do paciente são reveladas (Beck, 2013). A concepção cognitiva é um elemento crucial na abordagem cognitivo-comportamental, pois permite esboçar a terapia, fornecendo a estrutura para a compreensão do paciente e de seu distúrbio, e direcionando o plano de tratamento e suas intervenções.

Assim, a relevância da concepção cognitiva como uma maneira de flexibilizar as estratégias de tratamento é destacada, permitindo ao terapeuta identificar as técnicas e procedimentos mais propícios para a efetividade da terapia. Portanto, é a concepção cognitiva que fornecerá o entendimento das dificuldades individuais das crianças e adolescentes com TOD e a seleção das intervenções de acordo com as necessidades específicas.

Em conclusão, abordagens como encenação ou ensaio comportamental, sistema de economia de fichas e terapia do esquema têm demonstrado serem ferramentas eficazes no tratamento do Transtorno Opositor Desafiador. A flexibilidade e adaptabilidade desses métodos permitem a individualização do tratamento, levando em conta as características e necessidades específicas de cada criança ou adolescente.

A intervenção eficaz no Transtorno Opositor Desafiador é complexa e exige uma abordagem multifacetada que inclui uma avaliação cuidadosa, uma relação terapêutica forte, e o uso de estratégias de tratamento flexíveis. A conceituação cognitiva é um elemento central dessa abordagem, fornecendo uma estrutura para compreender a natureza do transtorno e orientar o plano de tratamento.

No entanto, é crucial lembrar que o progresso na intervenção do TOD varia caso a caso. Os sintomas leves tendem a ter melhores resultados e avanços positivos mais rápidos, enquanto os sintomas mais graves podem apresentar desafios maiores. Portanto, uma abordagem personalizada e adaptável, orientada por uma compreensão profunda das dificuldades individuais da criança ou adolescente, é fundamental para o sucesso do tratamento.

Diante do impacto significativo do TOD no ambiente escolar e social, torna-se essencial a atuação conjunta entre professores e profissionais da saúde mental para garantir uma abordagem mais eficaz no manejo do transtorno. A identificação precoce por parte do educador, aliada à implementação de estratégias baseadas na TCC, pode contribuir para a modulação dos comportamentos desafiadores e a promoção de um desenvolvimento mais equilibrado para a criança. Além disso, a colaboração entre escola, família e terapeutas fortalece a rede de apoio do aluno, favorecendo a construção de habilidades socioemocionais e reduzindo os impactos negativos do TOD em sua trajetória acadêmica e social. Dessa forma, a integração entre educação e saúde mental se apresenta como um caminho fundamental para garantir o bem-estar e a inclusão dessas crianças no contexto escolar e na sociedade.

 

ESTRATÉGIAS PARA A INCLUSÃO ESCOLAR DO TOD 

 

As estratégias pedagógicas voltadas para alunos com TOD devem considerar suas características individuais, promovendo um ambiente inclusivo e acolhedor. Costa et al. (2018) defendem a necessidade de uma abordagem inclusiva na escola, com a participação de psicólogos escolares e psicopedagogos, que podem auxiliar na construção de metodologias adequadas para o desenvolvimento sócio emocional desses alunos.

A atuação de equipes multidisciplinares é essencial para a implementação de práticas eficazes na escola. Segundo Cunha et al. (2020), a cooperação entre educadores, psicólogos e terapeutas favorece o desenvolvimento de um ambiente de colaboração e compreensão mútua. Isso inclui o uso de estratégias pedagógicas diferenciadas, como adaptações curriculares e metodologias ativas, que auxiliam na participação dos alunos com TOD no contexto escolar (Souza et al., 2019).

Entre as práticas eficazes, destacam-se, o uso de jogos e atividades lúdicas, pois através da utilização de jogos de raciocínio e atividades cooperativas tem se mostrado uma ferramenta valiosa para auxiliar no desenvolvimento das habilidades sociais e emocionais dos alunos com TOD. Cunha et al., (2020) apontam que tais atividades contribuem para a melhoria da convivência e para a redução de conflitos em sala de aula.

No que tange a formação continuada de professores, Gazzotti et al. (2020) evidenciam que, embora os professores tenham conhecimento teórico sobre o TOD, muitos relatam dificuldades em lidar com as demandas desses alunos. Isso reforça a necessidade de programas de capacitação docente voltados para a inclusão e o manejo de comportamentos desafiadores.

Ressalta-se ainda, a adaptação do ambiente escolar, pois a implementação de um espaço estruturado e previsível é essencial para alunos com TOD. Isso envolve a criação de rotinas claras, o reforço positivo e a redução de estímulos que possam desencadear comportamentos disruptivos.

Intervenções multidisciplinares: A colaboração entre escola e profissionais da saúde mental é um fator determinante para a inclusão escolar de estudantes com TOD. De acordo com Gomes et al. (2021), o envolvimento de especialistas permite uma melhor adaptação dos currículos e a formulação de estratégias mais eficazes para atender às necessidades desses alunos.

A inclusão escolar de alunos com TOD é um processo complexo que exige adaptações pedagógicas, capacitação dos profissionais da educação e uma abordagem interdisciplinar. Conforme apontado por Cunha et al., (2020), compreender as causas e os impactos do transtorno é fundamental para a construção de um ambiente educacional mais inclusivo e acolhedor.

As pesquisas reforçam a importância de práticas pedagógicas inovadoras, como o uso de jogos estruturados, a aplicação de estratégias de ensino personalizadas e o investimento na formação continuada dos professores. Além disso, a parceria entre educadores, psicólogos, terapeutas e familiares desempenha um papel crucial na adaptação escolar e na promoção do aprendizado desses estudantes (Martinelli et al., 2018). 

Diante dos desafios enfrentados por professores e orientadores na inclusão de alunos com TOD, torna-se essencial a adoção de estratégias pedagógicas que possibilitem um ambiente escolar mais equilibrado e favorável ao aprendizado. As dificuldades apontadas pelos profissionais de educação entrevistados revelam que, muitas vezes, a falta de informações e formação específica sobre o transtorno contribuem para a implementação de práticas excludentes. Assim, a busca por estratégias eficazes deve considerar tanto o impacto do aluno na sala de aula quanto os desafios que os educadores enfrentam ao lidar com comportamentos desafiadores (Monteiro e Melo, 2018). 

Uma abordagem eficaz para a inclusão de alunos com TOD é a adoção de metodologias ativas, que permitam maior participação e engajamento dos estudantes no processo de aprendizagem. Atividades que envolvem movimento, dinâmicas em grupo e desafios que estimulem a autonomia tendem a ser mais eficazes do que métodos tradicionais baseados exclusivamente em instruções diretas e exercícios repetitivos. O ensino estruturado, com rotinas bem definidas e combinados claros, também pode auxiliar na previsibilidade do ambiente escolar, minimizando episódios de desregulação emocional (Moraes e Ribeiro, 2022). 

Além disso, o uso do reforço positivo pode contribuir significativamente para o controle dos comportamentos desafiadores. Estabelecer um sistema de incentivos, valorizando pequenas conquistas diárias, ajuda a estimular comportamentos desejáveis e a reduzir a necessidade de medidas disciplinares punitivas, que muitas vezes intensificam as reações opositoras. Para que essa estratégia seja bem-sucedida, é fundamental que toda a equipe escolar esteja alinhada e que os combinados sejam aplicados de maneira consistente e justa (Silva, ,2018). 

Outro aspecto essencial é a adaptação curricular, garantindo que o aluno com TOD tenha acesso a um ensino significativo, levando em consideração suas particularidades. Estratégias como a flexibilização de prazos, a diversificação de atividades e a utilização de recursos visuais e tecnológicos podem contribuir para um melhor aproveitamento acadêmico. Os jogos educativos, por exemplo, podem ser ferramentas eficazes para desenvolver habilidades como controle da impulsividade, resolução de problemas e socialização, promovendo uma aprendizagem mais interativa e acessível (Soares e Fonseca, 2019). 

O envolvimento da família no processo educacional também se mostra um fator determinante para o sucesso da inclusão do aluno com TOD. Conforme apontado pelos profissionais entrevistados, a ausência de participação ativa da família pode dificultar significativamente os avanços no comportamento e na aprendizagem da criança. Dessa forma, a escola deve buscar estratégias para fortalecer essa parceria, promovendo reuniões regulares, oferecendo orientações sobre o manejo do comportamento em casa e estabelecendo um canal de comunicação eficiente entre pais e educadores (Viana e Martins, 2022).

Por fim, a formação continuada dos professores é um elemento essencial para garantir que os profissionais da educação estejam preparados para lidar com as demandas dos alunos com TOD. A capacitação deve abordar não apenas o conhecimento teórico sobre o transtorno, mas também estratégias práticas de manejo comportamental e adaptação pedagógica. A criação de espaços para trocas de experiências entre os docentes também pode ser uma alternativa enriquecedora para que enfrentem os desafios da inclusão de forma mais colaborativa (Martinelli et al., 2018).  

Ao adotar essas estratégias, a escola se torna um ambiente mais acolhedor e inclusivo, proporcionando condições para que o aluno com TOD desenvolva suas habilidades acadêmicas e sociais de maneira mais equilibrada. A inclusão não deve ser vista como um desafio isolado, mas sim como um compromisso coletivo que envolve educadores, equipe pedagógica, familiares e toda a comunidade escolar (Moraes e Ribeiro, 2022).

Dessa forma, a inclusão de alunos com TOD deve ser pautada no respeito às diferenças e na adoção de estratégias que favoreçam o desenvolvimento socioemocional e acadêmico. Com o comprometimento das escolas e das políticas públicas, é possível transformar a realidade desses alunos, garantindo uma educação mais equitativa e acessível.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo discutir as dificuldades enfrentadas no processo de inclusão escolar de alunos com TOD, analisando estratégias e ações que possam ser aplicadas no ambiente escolar para facilitar sua integração e aprendizagem. A partir da revisão da literatura, ficou evidente que a inclusão desses alunos ainda representa um desafio significativo para os profissionais da educação, sobretudo devido à falta de capacitação docente e à ausência de práticas pedagógicas eficazes para o manejo dos comportamentos desafiadores típicos do TOD.

Os resultados apontam que a capacitação dos professores é um fator determinante para o sucesso da inclusão escolar. Educadores que compreendem as características do TOD e possuem conhecimento sobre estratégias pedagógicas inclusivas conseguem estabelecer abordagens mais eficazes, reduzindo conflitos e promovendo um ambiente escolar mais acolhedor e propício ao aprendizado. Além disso, a formação continuada dos docentes permite que desenvolvam habilidades para lidar com comportamentos opositores, utilizando técnicas como o reforço positivo, a comunicação assertiva e a construção de rotinas estruturadas, que favorecem a participação do aluno no processo educativo.

Outro ponto fundamental abordado neste estudo foi a implementação de estratégias pedagógicas eficazes no ambiente escolar. A literatura analisada indica que o uso de metodologias ativas, adaptações curriculares, ensino estruturado e atividades lúdicas, como jogos educativos e dinâmicas em grupo, contribuem para o desenvolvimento socioemocional dos alunos com TOD. Além disso, a criação de espaços de diálogo entre professores, familiares e equipe pedagógica pode fortalecer a colaboração e favorecer a inclusão desses estudantes, promovendo um suporte mais amplo para suas necessidades específicas.

Assim, em resposta à questão norteadora do estudo – quais são os principais desafios enfrentados na inclusão de alunos com TOD no ambiente escolar e quais estratégias pedagógicas podem ser adotadas para melhorar esse processo? – pode-se afirmar que os principais desafios estão relacionados à falta de formação docente específica, à dificuldade de adaptação das práticas pedagógicas e à ausência de suporte institucional adequado para o acompanhamento desses alunos. No entanto, por meio da capacitação contínua dos profissionais da educação e da adoção de estratégias pedagógicas inclusivas, é possível minimizar os impactos desses desafios e criar um ambiente mais equitativo e acessível para os alunos com TOD.

Por fim, este estudo reforça a importância de um olhar mais atento para as necessidades desses estudantes no contexto educacional, destacando a necessidade de pesquisas futuras que aprofundem a compreensão sobre práticas pedagógicas eficazes, bem como sobre a influência da formação docente na melhoria dos processos de inclusão. Somente com o investimento na qualificação dos profissionais e na estruturação de abordagens pedagógicas baseadas na inclusão será possível garantir que alunos com TOD tenham acesso a uma educação de qualidade e possam desenvolver plenamente suas capacidades no ambiente escolar.

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