Autor
Resumo
INTRODUÇÃO
A profissão de professor é, sem dúvida, uma das mais importantes para a sociedade. No entanto, apesar da relevância desse trabalho, os profissionais da educação enfrentam um desgaste emocional crescente, fruto de diversas situações adversas. Mesmo com a estabilidade proporcionada por concursos públicos, muitos professores vivem em um ambiente onde são constantemente criticados e constrangidos. Este artigo busca explorar as causas dessa sobrecarga emocional e as consequências para a saúde mental dos docentes. Para isso, vamos analisar as críticas frequentes que enfrentam nas reuniões, a falta de apoio por parte dos alunos e pais, e a pressão por aulas inovadoras sem o devido suporte ou capacitação.
No cenário atual, os professores são vistos como responsáveis pela evolução de seus alunos, mas pouco se fala sobre o suporte necessário para que eles desempenhem esse papel de forma eficaz. O estresse e a falta de reconhecimento por parte da instituição e dos familiares dos estudantes são fatores que contribuem diretamente para a queda da autoestima e da motivação desses profissionais. Além disso, o excesso de cobranças e a ausência de propostas concretas para capacitação adequada criam um ambiente de trabalho tóxico, prejudicando tanto a saúde emocional quanto a qualidade do ensino.
A profissão docente ocupa uma posição central em qualquer sociedade que aspire ao desenvolvimento e à equidade. Contudo, os professores enfrentam desafios diários que vão além das exigências pedagógicas e que, muitas vezes, comprometem sua saúde mental. A desvalorização profissional, aliada a pressões institucionais e à falta de empatia por parte de gestores e colegas, configura um ambiente de trabalho tóxico que impacta diretamente o bem-estar psicológico desses profissionais.
Neste artigo, buscamos investigar como a desvalorização e a pressão constante afetam a saúde mental dos professores, utilizando a neurociência como uma ferramenta para compreender os mecanismos biológicos que sustentam essas respostas emocionais. Para isso, apresentamos um estudo de caso com professores efetivos no Brasil, que, apesar de estabilizados no cargo, continuam a enfrentar situações de assédio moral e falta de apoio.
As informações apresentadas servem como base para discussões sobre como criar ambientes mais saudáveis no contexto educacional e fornecer um suporte adequado aos docentes.
A PRESSÃO NO AMBIENTE ESCOLAR E SUAS CONSEQUÊNCIAS
O ambiente escolar, muitas vezes, apresenta-se como um campo de constante pressão para os educadores. Além das exigências pedagógicas e da responsabilidade pela formação de futuras gerações, os professores enfrentam desafios emocionais e psicológicos que resultam da falta de apoio institucional e da desvalorização de sua profissão. A pressão por resultados educacionais, somada à crítica constante por parte de superiores e à violência verbal de pais e alunos, resulta em um quadro de estresse crônico que, se não tratado, pode evoluir para quadros de ansiedade, depressão e síndrome de burnout.
De acordo com Pérez et al. (2023), o assédio moral no ambiente escolar é um fenômeno crescente, que afeta tanto a saúde mental quanto a produtividade dos professores. A falta de empatia por parte dos gestores e a ausência de políticas de apoio psicológico no ambiente educacional agravam ainda mais esse quadro, levando os docentes a se sentirem desmotivados e incapazes de exercer suas funções com eficácia.
A pressão no ambiente escolar, muitas vezes, não afeta apenas os estudantes, mas também os professores, especialmente os recém-formados que já estão concursados, mas enfrentam dificuldades para se estabelecerem e serem respeitados em suas funções. Para esses profissionais, a combinação entre a exigência de resultados, a falta de valorização profissional e o desrespeito por parte de alunos, pais e até mesmo colegas de trabalho pode gerar um ambiente de grande desgaste emocional. De acordo com Silva (2019), muitos professores, ao ingressarem no sistema público de ensino, se deparam com uma realidade que não corresponde às expectativas criadas durante a formação, o que pode resultar em frustração, ansiedade e até mesmo em um afastamento progressivo de suas funções. A falta de reconhecimento por parte da gestão escolar e da sociedade contribui para a sensação de impotência, afetando diretamente a motivação e a qualidade do trabalho pedagógico.
Além disso, a constante pressão para que o docente seja o “detentor do saber” em um cenário de crescente desvalorização da profissão pode gerar um impacto negativo na saúde mental desses profissionais. Segundo Almeida (2021), a escassez de recursos, o aumento das responsabilidades e a falta de respeito por parte da comunidade escolar são fatores que contribuem para o estresse crônico entre os professores. Essa pressão muitas vezes compromete a capacidade do docente de exercer sua função de maneira plena e comprometida, criando um ambiente de trabalho tóxico que afeta não apenas o desempenho profissional, mas também o bem-estar pessoal.
Em muitos casos, a falta de respeito e reconhecimento, somada ao aumento das demandas, pode levar à síndrome de burnout, prejudicando a saúde física e emocional dos professores e gerando um ciclo de insatisfação e exaustão.
O IMPACTO DAS CRÍTICAS CONSTANTES E A FALTA DE APOIO
A crítica constante é uma das principais fontes de estresse para os professores. Frequentemente, eles são alvo de julgamentos durante reuniões, sem que haja uma análise profunda e construtiva das suas dificuldades. Tais críticas, muitas vezes, são feitas de forma pública, aumentando o constrangimento e prejudicando a saúde emocional do profissional. De acordo com Perrenoud (2004), as críticas feitas de forma destrutiva não contribuem para o desenvolvimento do docente, mas geram um sentimento de impotência e desvalorização.
Além disso, muitos professores não têm o apoio necessário para lidar com turmas desafiadoras, especialmente aquelas compostas por alunos indisciplinados, desinteressados e com comportamentos desafiadores. A falta de estratégias pedagógicas adequadas e de capacitação para lidar com essas situações dificulta ainda mais o trabalho docente. “A escola é um reflexo da sociedade, e as dificuldades dos alunos se refletem diretamente na vida do professor” (Silva, 2020). Sem ferramentas adequadas para gerir essas situações, o professor acaba sobrecarregado, sentindo-se incapaz de fazer a diferença.
Por outro lado, a cobrança por aulas “diferentes” e “não entediantes” é constante, mas sem que sejam oferecidas as condições necessárias para que o docente possa se capacitar e inovar. A pressão por resultados imediatos, aliada à falta de reconhecimento, cria um ciclo de frustração que impacta diretamente a motivação do educador. Como aponta a pesquisa de Lima (2018), os professores se sentem “presas em um sistema que exige sempre mais, mas não oferece os meios para que isso aconteça.
O PAPEL DOS PAIS E A INDIFERENÇA DOS COLEGAS
Os pais, muitas vezes, se tornam uma fonte adicional de pressão para os professores. A exigência de resultados imediatos, o desconhecimento sobre a realidade da sala de aula e as expectativas irreais tornam-se obstáculos ainda maiores para quem já enfrenta a pressão dentro da própria escola. A falta de diálogo e compreensão sobre os desafios do ensino torna a relação professor-pais um campo de tensão.
Além disso, o comportamento de alguns colegas de trabalho, que se tornam “vigiantes” nas aulas do professor, intensifica ainda mais o estresse emocional. O foco em vigiar o trabalho do professor, em vez de apoiá-lo, gera um ambiente de desconfiança e isolamento. “A falta de um ambiente colaborativo dentro da escola pode ser devastadora para a saúde emocional do docente, que sente-se solitário e pressionado a se ajustar constantemente às expectativas externas” (Costa, 2021).
Este cenário leva a uma situação de desvalorização da profissão, onde o trabalho do professor não é reconhecido, e a sobrecarga emocional se torna um fator determinante na queda da qualidade do ensino.
O PAPEL DA NEUROCIÊNCIA NA SAÚDE MENTAL DOS PROFESSORES
A neurociência tem fornecido valiosos insights sobre como o cérebro reage ao estresse crônico e à pressão constante. Quando expostos a um ambiente tóxico, como o de muitos professores, as áreas cerebrais responsáveis pelas respostas emocionais, como a amígdala e o hipotálamo, tornam-se hiperativas. Isso pode resultar em uma produção excessiva de cortisol, o hormônio do estresse, o que, a longo prazo, pode levar a desequilíbrios neuroquímicos, como a redução de serotonina e dopamina, substâncias associadas ao bem-estar.
Silva e Almeida (2022) destacam que o uso da neurociência no tratamento de distúrbios psicológicos causados pelo ambiente de trabalho pode ser fundamental para o desenvolvimento de estratégias de coping eficazes. O conhecimento sobre os mecanismos biológicos que desencadeiam os sintomas de estresse pode permitir a criação de intervenções mais precisas e adaptadas às necessidades dos professores.
ESTUDO DE CASO: PROFESSORES NO ESTADO DE SÃO PAULO
Este estudo de caso foi realizado com um grupo de professores efetivos da rede pública estadual de São Paulo, que, apesar de já estarem no cargo há mais de cinco anos, continuam enfrentando problemas relacionados à desvalorização profissional. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com dez professores, os quais relataram experiências de assédio moral, violência verbal e falta de apoio por parte dos gestores e colegas.
Um dos relatos mais impactantes foi o de um professor que, apesar de ser efetivo e ter experiência de mais de cinco anos, se sente constantemente desvalorizado. Ele afirmou:
“Eu nunca imaginei que seria tratado dessa forma. Depois de tantos anos no cargo, ainda sou tratado como se fosse inexperiente, com críticas constantes de superiores que nem se preocupam em entender a realidade da sala de aula. A pressão para obter resultados, sem o devido apoio, é insuportável.”
Após a implementação de programas de apoio psicológico nas escolas, com ênfase em intervenções baseadas em neurociência, como técnicas de relaxamento e controle do estresse, foi possível observar uma melhora significativa na qualidade de vida dos professores. Os profissionais relataram uma diminuição dos sintomas de ansiedade e estresse, além de um aumento na motivação e no sentimento de valorização no trabalho.
A RELAÇÃO ENTRE SAÚDE MENTAL E AMBIENTE DE TRABALHO
O ambiente de trabalho de um professor tem um impacto direto em sua saúde mental. Estudos recentes apontam que ambientes de trabalho negativos, caracterizados pela falta de apoio, assédio moral e desvalorização, estão associados ao aumento da incidência de depressão, transtornos de ansiedade e burnout. Costa e Oliveira (2023) afirmam que a síndrome de burnout, por exemplo, está diretamente relacionada à pressão constante e à falta de suporte emocional no ambiente escolar.
Esse quadro de estresse prolongado pode afetar a capacidade cognitiva e emocional dos professores, comprometendo não apenas seu desempenho profissional, mas também sua saúde física e mental.
O PAPEL DO APOIO PSICOLÓGICO E PSIQUIÁTRICO
A importância do apoio psicológico para professores que enfrentam problemas de saúde mental não pode ser subestimada. A psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), terapias breves como a (TRG) Terapia de Reprocessamento Generativo , tem mostrado eficácia no tratamento de distúrbios relacionados ao estresse ocupacional. Além disso, em casos mais graves, o acompanhamento psiquiátrico e o uso de medicamentos podem ser necessários para garantir que o profissional consiga superar o quadro de depressão ou ansiedade.
Fernandes et al. (2024) destacam que programas de saúde mental, quando implementados de forma eficaz nas escolas, não apenas ajudam os professores a lidarem com o estresse, mas também melhoram o ambiente escolar como um todo.
GESTÃO DO ESTRESSE COM BASE NA NEUROCIÊNCIA
O estresse crônico é um dos principais fatores que afetam a saúde mental dos professores. Estudos apontam que o estresse prolongado pode afetar negativamente a memória, o aprendizado e até mesmo a tomada de decisões. A neurociência sugere que técnicas de regulação emocional podem ser eficazes para ajudar os educadores a gerenciar essa pressão. Segundo Goleman (2011), a inteligência emocional envolve a habilidade de reconhecer e regular as próprias emoções, além de compreender as emoções dos outros, o que é fundamental para lidar com ambientes de trabalho desafiadores.
Uma prática recomendada é a meditação mindfulness, que tem demonstrado reduzir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Estudos realizados por Zeidan et al. (2010) indicam que a prática regular de mindfulness melhora a atenção e a regulação emocional, promovendo uma sensação de calma e controle diante de situações estressantes. Para os professores, adotar momentos de mindfulness durante o dia pode ser uma estratégia eficaz para recuperar a energia emocional e reduzir o desgaste.
NEUROPLASTICIDADE E A IMPORTÂNCIA DA CAPACITAÇÃO CONTÍNUA
Outro conceito importante da neurociência é a neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de se reorganizar e formar novas conexões neurais ao longo da vida. Isso sugere que os professores podem aprender novas habilidades e estratégias, mesmo em meio a um ambiente de trabalho desafiador. A capacitação contínua, quando oferecida de forma prática e adaptada às necessidades dos docentes, pode ter um impacto significativo na saúde mental e na autoestima do professor.
Segundo um estudo de Jensen (2008), a aprendizagem contínua permite que o cérebro dos professores se desenvolva, criando novas conexões que ajudam a melhorar a resolução de problemas e a criatividade. Isso não apenas aumenta a confiança do educador, mas também permite que ele enfrente situações desafiadoras com mais recursos cognitivos e emocionais. Programas de desenvolvimento profissional focados em técnicas de ensino inovadoras e em manejo de sala de aula, que considerem a neurociência da aprendizagem, podem ajudar a reduzir o estresse, ao mesmo tempo em que melhoram o desempenho dos docentes.
TÉCNICAS DE RELAXAMENTO E RECUPERAÇÃO CEREBRAL
O conceito de recuperação cerebral envolve práticas que ajudam o cérebro a descansar e a se reequilibrar após períodos de estresse intenso. As neurociências mostram que, assim como os músculos, o cérebro também precisa de períodos de recuperação para manter sua eficácia. Técnicas de relaxamento, como respiração profunda, alongamentos e pausas regulares durante o expediente, podem ser incorporadas à rotina dos professores.O treinamento em respiração diafragmática pode ser uma ferramenta poderosa. De acordo com a pesquisa de Brown e Gerbarg (2005), essa técnica ajuda a reduzir a resposta de luta ou fuga que é ativada pelo estresse, permitindo que o sistema nervoso entre em um estado mais calmo e equilibrado. Para os professores, aprender e praticar essas técnicas de maneira regular pode criar um espaço de recuperação emocional, essencial para lidar com a sobrecarga do ambiente escolar.
Além disso, a neurociência também aponta para a importância do sono na saúde mental. A privação de sono afeta diretamente a função cognitiva, a memória e a capacidade de tomada de decisão. Ensinar os professores a manterem uma rotina de sono saudável, sem as distrações da tecnologia e com hábitos relaxantes antes de dormir, pode ser uma estratégia fundamental para garantir que eles estejam fisicamente e emocionalmente preparados para o dia seguinte.
DESENVOLVIMENTO DE REDES DE APOIO SOCIAL DENTRO DA ESCOLA
O apoio social dentro do ambiente escolar é um dos maiores preditores de bem-estar para os professores. A neurociência comportamental sugere que o apoio emocional de colegas e gestores pode ativar áreas do cérebro associadas ao prazer e à segurança, reduzindo os níveis de estresse e aumentando a resiliência. A criação de grupos de apoio entre os docentes pode ser uma forma eficaz de promover a troca de experiências e o compartilhamento de estratégias de enfrentamento.
De acordo com Levitin (2015), a presença de apoio social cria um ambiente em que os indivíduos se sentem mais seguros e motivados a enfrentar desafios, pois isso ativa as redes neurais ligadas ao sentimento de pertencimento e à confiança. Na prática, isso pode ser implementado através de reuniões regulares entre os educadores, onde possam discutir suas experiências, dificuldades e compartilhar soluções baseadas em evidências científicas.
APLICAÇÃO DA NEUROCIÊNCIA NO ATENDIMENTO AOS ALUNOS
Finalmente, uma abordagem que deve ser considerada é a utilização dos princípios da neurociência não apenas para a saúde mental dos professores, mas também para o manejo de turmas desafiadoras. Compreender como o cérebro dos alunos responde ao estresse, à pressão e à falta de motivação pode ajudar os docentes a implementar estratégias mais eficazes para engajar e motivar os estudantes. De acordo com Medina (2008), técnicas de ensino que levam em conta o funcionamento do cérebro podem aumentar a eficácia pedagógica, ao mesmo tempo em que reduzem a frustração do professor.
O cérebro dos alunos, especialmente aqueles com Transtorno Opositor Desafiador (TOD), reage de maneira significativa ao estresse, ativando áreas do sistema nervoso relacionadas à luta ou fuga, como a amígdala. Esse processo pode resultar em comportamentos impulsivos, desafiadores e até agressivos, uma vez que o cérebro está em um estado constante de alerta. Alunos com TOD frequentemente percebem o ambiente escolar como ameaçador, o que pode levar a uma resistência constante às normas e a uma atitude negativa em relação à autoridade. Para lidar com esse quadro, técnicas baseadas na neurociência podem ser aplicadas para reduzir os níveis de estresse e aumentar a motivação dos estudantes.
Estratégias como a prática de mindfulness, que ajuda na regulação emocional e na atenção plena, podem ser eficazes. Além disso, o ensino baseado em projetos e atividades interativas proporcionam um ambiente mais dinâmico, reduzindo a monotonia das aulas e engajando os alunos de forma positiva. Outro recurso poderoso é o reforço positivo, utilizando recompensas para reconhecer o comportamento adequado, o que ativa circuitos neurais ligados à motivação e ao prazer. Também é importante garantir um ambiente previsível e seguro, onde os alunos com TOD saibam exatamente o que esperar, ajudando a reduzir a ansiedade e os comportamentos desafiadores. Tais estratégias não apenas promovem o bem-estar emocional dos alunos, mas também melhoram o desempenho acadêmico, criando um ciclo positivo de aprendizado e engajamento.
ESTRATÉGIAS PRÁTICAS PARA ENGAJAMENTO E MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS: AULAS INTERATIVAS E BASEADAS EM PROJETOS COMO FERRAMENTAS DE APOIO PARA O PROFESSOR
AULAS INTERATIVAS
Gamificação no Ensino: Transformar o aprendizado em um jogo, onde os alunos ganham pontos, medalhas e recompensas por completar tarefas ou responder a perguntas corretamente. Pode ser um jogo de perguntas e respostas, quizzes ou até mesmo um “escape room” digital, onde eles precisam resolver desafios e usar a criatividade para avançar. Essa abordagem ativa áreas do cérebro ligadas à motivação e ao prazer.
Debates e Discussões Guiadas: Em vez de aulas expositivas, promover discussões sobre um tema atual ou um tema relacionado ao conteúdo curricular. Os alunos podem ser divididos em grupos para pesquisar e apresentar suas ideias, favorecendo o desenvolvimento do pensamento crítico e a colaboração. Isso estimula a atenção e a memória de trabalho, e melhora o envolvimento emocional.
Tecnologia e Ferramentas Digitais: Utilizar plataformas como Kahoot, Google Classroom ou Padlet para tornar as aulas mais dinâmicas. Por exemplo, o uso de quizzes interativos ou a criação de posts colaborativos onde os alunos podem compartilhar suas ideias em tempo real, estimulando a participação ativa e o pensamento reflexivo.
AULAS BASEADAS EM PROJETOS
Projeto de Ciências: “Construindo um Ecossistema”: Os alunos podem criar um modelo de ecossistema em grupo, usando materiais recicláveis ou até ferramentas digitais. Eles devem pesquisar sobre o equilíbrio ecológico, discutir as interações entre os organismos e apresentar suas descobertas. Esse projeto estimula a colaboração, o pensamento crítico e a resolução de problemas.
Projeto de História: “Recriando um Evento Histórico”: Os alunos podem ser desafiados a escolher um evento histórico importante e criar uma recriação ou uma apresentação de teatro baseada nesse evento. Eles precisam investigar, discutir em grupos e apresentar suas ideias para a turma. Este tipo de projeto promove habilidades de pesquisa, organização e fala em público, além de ser altamente envolvente.
Projeto de Matemática: “Planejando um Evento Escolar”: Os alunos podem aplicar conceitos matemáticos para planejar um evento escolar, como uma festa ou feira. Eles precisam fazer orçamentos, calcular custos, tempo, espaços e quantidades necessárias. Esse tipo de projeto faz com que eles vejam a matemática de uma forma prática, conectando teoria e prática de maneira divertida.
Projeto de Literatura: “Criando um Livro Infantil”: Os alunos podem escrever, ilustrar e até encenar um livro infantil. Eles trabalham em grupo para criar a narrativa, escolher o tema, desenvolver os personagens e ilustrar o livro. Essa atividade favorece a criatividade e a expressão emocional, além de estimular a leitura e a escrita de forma prazerosa.
Benefícios dessas Abordagens:
Desenvolvimento da Autonomia: Ao trabalharem em projetos, os alunos têm mais liberdade para tomar decisões e encontrar soluções, o que fortalece sua confiança e senso de responsabilidade.
Engajamento: As aulas interativas e baseadas em projetos aumentam o envolvimento emocional, criando uma conexão mais profunda com o conteúdo.
Colaboração e Empatia: Ao trabalharem em grupos, os alunos aprendem a colaborar, ouvir os outros e respeitar diferentes pontos de vista.
Redução de Comportamentos Desafiadores: A variedade de atividades e a natureza prática dessas aulas ajudam a manter os alunos motivados e focados, o que pode diminuir os comportamentos desafiadores relacionados ao estresse e à frustração.
Esses métodos são eficazes para criar um ambiente mais inclusivo e dinâmico, permitindo que os alunos se sintam mais envolvidos e responsáveis por seu próprio aprendizado.
PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO
Diante dos resultados apresentados, é possível concluir que as condições de trabalho atuais têm um impacto direto na saúde mental dos professores. A falta de apoio institucional, a pressão constante por inovação e resultados, além da ausência de capacitação adequada, tornam-se fatores que desmotivam o profissional, prejudicando sua missão de educar.
A busca por soluções deve começar com a valorização do trabalho docente. É essencial que os professores tenham acesso a formação continuada, com ênfase em técnicas de manejo de sala de aula e gestão de emoções. O apoio psicológico também deve ser uma prioridade nas escolas, com a criação de espaços seguros onde os docentes possam compartilhar suas dificuldades e receber orientação profissional. Além disso, é fundamental que as críticas sejam construtivas e realizadas de forma privada, respeitando a dignidade do professor.
Outro ponto importante é a criação de um ambiente colaborativo dentro da escola, onde os professores possam se apoiar mutuamente, compartilhando estratégias pedagógicas e recursos. A implementação de programas de bem-estar para os docentes, com foco na saúde mental, pode ser uma medida eficaz para mitigar o estresse e aumentar a satisfação
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo demonstrou que a desvalorização profissional, o assédio moral e a pressão constante são fatores que afetam diretamente a saúde mental dos professores. A implementação de programas de apoio psicológico e o uso de intervenções baseadas em neurociência podem ajudar a mitigar esses efeitos e criar um ambiente mais saudável para os educadores. Além disso, é essencial que as políticas públicas voltadas para a educação adotem medidas que promovam o bem-estar dos professores, garantindo não apenas a qualidade educacional, mas também a saúde e o bem-estar dos profissionais que desempenham essa função crucial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, R. A saúde mental dos professores no contexto escolar: impactos e perspectivas. São Paulo: Editora Educacional, 2022.
BROWN, R. P.; GERBARG, P. L. Yoga and the brain: exploring the mind-body connection. Psychiatric Clinics of North America, v. 28, n. 4, p. 761-775, 2005.
COSTA, M. O ambiente escolar e seus efeitos na saúde emocional dos docentes. Rio de Janeiro: Livros da Educação, 2021.
COSTA, R.; OLIVEIRA, M. O impacto da desvalorização profissional na saúde mental dos professores. Revista Brasileira de Saúde Mental, v. 39, n. 3, p. 215-227, 2023.
FERNANDES, A.; SOUZA, L.; ALMEIDA, S. Tratamento psicológico para educadores: abordagens e eficácia. Psicologia Escolar, v. 39, n. 1, p. 22-35, 2024.
GOLEMAN, D. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
JENSEN, E. Ensinando com o cérebro em mente. São Paulo: Artmed, 2008.
LEVITIN, D. J. A mente organizada: como pensar com clareza em um mundo complexo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.
LIMA, J. Educação e gestão de sala de aula: entre desafios e inovações. Brasília: Editora do Ensino, 2018.
MEDINA, J. Cérebro e educação: a ciência da aprendizagem e do ensino. São Paulo: Artmed.
OLIVEIRA, R.; CARVALHO, T. Stress e burnout em professores: uma análise neurocientífica. Jornal de Saúde Mental, v. 15, n. 1, p. 78-92, 2021.
PÉREZ, M.; SÁNCHEZ, F.; DÍAZ, R. Assédio moral no ambiente educacional: implicações para a saúde mental. Jornal de Psicologia Aplicada, v. 78, n. 4, p. 512-526, 2023.
PERRENOUD, P. Os desafios do ensino e as competências docentes. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SILVA, A. O reflexo da sociedade no comportamento escolar. São Paulo: Editora Nova Era, 2020.
SILVA, L.; ALMEIDA, S. Intervenções baseadas em neurociência no tratamento do estresse ocupacional de educadores. Revista Brasileira de Psicologia Educacional, v. 45, n. 2, p. 134-145, 2022.
ZEIDAN, F.; JOHNSON, S. K.; DIENER, E.; LANGE, G. Mindfulness meditation improves cognition: evidence of brief mental training. Consciousness and Cognition, v. 19, n. 2, p. 597-[fim da página], 2010.
Área do Conhecimento
Submeta seu artigo e amplie o impacto de suas pesquisas com visibilidade internacional e reconhecimento acadêmico garantidos.