INTRODUÇÃO

Os estudos apresentados aqui objetivaram analisar, a profissão docente e seus desafios diante de uma realidade que está composta pela problemática dos transtornos mentais, como o professor deve trabalhar diante de tal realidade, quais as implicações esse trabalho traz. As pesquisas pautam um cenário crítico, que se apresenta ao professor com um panorama complexo, no qual a realidade hoje passa problemas como ansiedade, depressão, famílias desconstruídas, pais com jornadas de trabalhos longas, e por consequência registra-se uma ausência dos pais na vida do seu filho, sendo eles criados e educados muitas vezes, por avós ou terceiros, que podem ser criado por uma mãe vivendo com outra mulher, ou seja, famílias nada tradicionais, o ponto aqui não é questionar essas famílias, a questão é a saúde mental da criança e do adolescente, com uma abordagem no que concerne o trabalho do professor e mostrar quão grande é a responsabilidade do ser docente, diante do contexto de um ambiente escolar cheio de alunos com sua singularidade advindas de um ambiente familiar que não é o convencional. 

As análises bibliográficas que foram realizadas mostram no quadro documental da OMS (Organização Mundial da Saúde) que apresenta um índice significativo de crianças e jovens com a saúde mental afetada, além da OMS, foram estudados alguns teóricos que fortaleceram a pesquisa e a partir disso foi possível fazer uma reflexão disso e de como essa problemática pode ser um dos agravantes do trabalho docente.

Para uma abordagem mais ampla do assunto, foram pontuadas as ideias de alguns teóricos como: Morrin (2001); Pimenta (2002); Vianna (1999); Villela (2007); Tardif (2008), entre outros e o Plano de Ação de Saúde Mental da Organização Mundial de Saúde, todos com considerações fundamentais para uma análise crítica reflexiva e construtiva do assunto proposto.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho foi a pesquisa bibliográfica e teve como objetivo orientar, coletar, analisar e interpretar a literatura existente sobre o tema. A pesquisa bibliográfica é essencialmente um levantamento das obras de outros autores que já discutiram o tema aqui proposto. Portanto, foi feito a princípio um levantamento de vários artigos já publicados na internet, considerando fundamentar teoricamente o estudo sobre a profissão docente e os efeitos dele na contemporaneidade. “A pesquisa bibliográfica objetiva o levantamento e a análise de obras e publicações de diferentes autores, visando a elaboração de um referencial teórico que embasará o estudo proposto” (Lakatos; Marconi, 2003, p. 41).

Diante dessa premissa, foi possível incluir buscas feitas em livros, artigos científicos, teses, dissertações, relatórios de pesquisa e outras fontes acadêmicas relevantes para o estudo. Todos esses materiais possibilitaram a formação de uma rede de ideias. O objetivo foi mostrar a evolução do conhecimento sobre o tema, identificar os principais autores e as abordagens foram sendo modificadas ao longo da pesquisa por meio de uma análise crítica construtiva, considerando alguns autores como Morrin, Selma Garrido, Pimenta, Vianna, Villela, entre outros. 

Com base nas leituras e na análise crítica das fontes, foi possível construir o referencial teórico, apresentando as principais pautas sobre a relevância do trabalho docente e os desafios que se apresentam com as transformações sociais, econômicas e tecnologias. Teorias e autores que sustentam afirmações sobre a saúde mental e o trabalho docente, a influência da família e o professor em parceria para fins do bom rendimento do ensino aprendizagem do discente e ainda como isso pode afetar o trabalho do professor no que concerne ao baixo rendimento do aluno. Para Lakatos e Marconi (2003, p.183): “[…] a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras”. E foi nessa perspectiva que se fez um trabalho de cunho bibliográfico, para respaldar todas as informações e todos os documentos pesquisados efetivaram a pesquisa.

A PROFISSÃO DOCENTE NA ATUALIDADE E OS SEUS EFEITOS

Para uma abordagem mais ampla dessa problemática aqui estudada, vale iniciar com um olhar reflexivo sobre as variações que ocorreram nessas últimas décadas, e como isso afetou o trabalho do professor e os impactos que esse profissional tem enfrentado nos dias contemporâneos. Havia um tempo em que o professor era apenas o transmissor do saber, nos dias atuais a profissão exige que esse profissional, além de transmitir o saber, ele também é um formador de cidadãos. Segundo Morrin (2001) isso implica na ambiguidade de um trabalho que considera a transmissão do conhecimento e as especificidades humanistas, tornando essa profissão complexa e cheia de incertezas.

A educação hoje vive uma realidade contextualizada na globalização e numa sociedade multiculturalista, isso implica à profissão docente: se adaptar à contemporaneidade e o rumo em que ela vai tomando, o que requer do professor, conhecimentos polivalentes, incluindo um conhecimento de mundo, para acompanhar além das metodologias técnicas-pedagógicas, também o processo no qual a sociedade está inserida e todas as problemáticas que ocorrem de acordo com esse contexto.  Partindo dessa perspectiva, Pimenta (2002, p. 07) define:

Que a identidade profissional do professor se constroi a partir da significação social da profissão […] constroi-se também, pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor, confere à atividade docente de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas representações, de seus saberes, de suas angústias e anseios, do sentido que tem em sua vida: o ser professor. Assim, como a partir de sua rede de relações com outros professores, nas escolas, nos sindicatos, e em outros agrupamentos.

Sob o ponto de vista da autora pode se dizer que, atualmente o professor está introduzido no contexto de construção e reconstrução, impostas pelo novo sistema educacional e social que o mundo contemporâneo está inserido. O século XXI revela que junto ao progresso científico, econômico e tecnológico, veio as mudanças ideológica; cultural, social e profissional, isso é para ser visto como um cenário favorável, já que os benefícios dessas mudanças são tantos, todavia o modelo social ainda persiste em ser uma sociedade interposta pela exclusão e desigualdade social. Diante dessa premissa, entra o trabalho da docência, de lhe dar em sala de aula com as consequências desse mundo globalizado e discriminatório. Esse é um panorama que tem levado o professor a reavaliar a sua prática, diante de tantas demandas que foram surgindo no mundo contemporâneo, afim de atender as obrigações do cenário atual.

Cenário esse que se apresenta com a problemática da saúde mental: TDAH, TEA, além desses que são aparentemente genéticos, tem também os transtornos do pânico; TOC (Transtorno Obsessivo-compulsivo); TAG (Transtorno da Ansiedade Generalizada), fobias, transtorno bipolar e da depressão e os não menos importantes transtornos de personalidade: Borderline, Anti Social, Narcisista. Diante de todas essas singularidades, percebe-se que o professor precisa promover um trabalho desafiador, que o insere num contexto bastante atípico e que exige dele a aquisição de uma identidade pessoal precedendo a profissional. Sobre essa perspectiva Vianna (1999, p.52) afirma que:

A identidade é um processo de construção histórica reajustada ao longo das diferentes etapas da vida e de acordo com o contexto no qual a pessoa atua, uma construção que exige constantes negociações entre tempos diversos do sujeito e ambientes ou sistemas nos quais ele está inserido.

Levando em consideração a assertiva da autora, depreende-se que, o sujeito pode reajustar a sua vida de acordo com um ambiente e com aquilo que está contextualizado a ele, é possível adaptar se, e de fato, sabe se que o ser humano tem essa habilidade de desenvolver outras habilidades de acordo com o meio ambiente que ele vive. E Diante disso, é possível acreditar que são muitos os desafios durante a trajetória profissional da docência e o que esperam dele no âmbito escolar. 

SAÚDE MENTAL NO CENÁRIO ESCOLAR: PROFESSOR E ALUNO PROTAGONISTA DESSE CENÁRIO

No que diz respeito ao ponto de vista social,  o profissional docente tem sido colocado numa posição de aprender sobre o pensamento do aluno e a fazer parte do cotidiano familiar, visto isso, considera-se que o número de demandas ao profissional docente é enorme e vai além das habilidades das competências pedagógicas. Atualmente a saúde mental tem sido um problema global, segundo relatórios da OMS (Organização Mundial da Saúde), essa é uma problemática que assola milhares de pessoas, quase um bilhão vive com algum transtorno mental. Dados da OMS c apontam que esse número aumentou depois de 2019, considerando as idades escolares, 7,6% das crianças entre 5 e 9 anos tinham problemas nesse sentido. Entre 10 e 13 anos, eram 13,5%. Já com os adolescentes entre 15 e 19 anos, 14,7% enfrentavam algum transtorno de saúde mental — um número maior do que a média mundial acima dos 20 anos, que é 14,5%. 

Diante desses dados consolida-se a questão da saúde mental ser um assunto relevante para a educação, visto que as crianças e adolescentes são acometidos por esse problema e geram problemas dentro da sala de aula e influência no baixo rendimento do aluno. Segundo O Plano de Ação de Saúde Mental da Organização Mundial de Saúde (2013- 2020, p.7) “[…]Boa saúde mental permite que as pessoas realizem seu potencial […]”, essa premissa mostra que o aprendizado está intrinsecamente ligado ao bem estar mental e ainda afirma que: 

A saúde mental é importante, mas o mundo tem um longo caminho a percorrer para alcançá-la. Muitas tendências infelizes devem ser revertidas – negligência dos serviços e cuidados de saúde mental e abusos dos direitos humanos e discriminação contra pessoas com transtornos mentais e deficiências psicossociais. (OMS 2013-2030)

O plano de saúde aborda a urgência de fortalecer a atenção à saúde mental, mudando os locais e as pessoas, incluindo lares, comunidades, escolas e locais de serviço, também enfatiza a importância de aprofundar o valor e o compromisso com a saúde mental e ainda ressalta que o ambiente em que a pessoa vive, trabalha e convive tem grande impacto na sua saúde mental, por isso a importância que os entornos sejam reformulados para prevenir os transtornos mentais. (OMS 2013-2030). N a perspectiva do Plano de Ação de Saúde Mental da OMS verifica-se o local escolar, a ligação que os profissionais da escola devem ter com o aluno e com a familiar, a fim de detectar os problemas de saúde mental do aluno, quais as causas desses problemas e tentar tratá-los e considerando que o profissional mais próximo do aluno é o professor, questiona-se sobre qual o jeito certo de se trabalhar com alunos com essa problemática?  

Sabendo se que o docente enfrenta muitos desafios, e um deles é o despreparo emocional e profissional no que concerne a esse fator, a sobrecarga de trabalho, salários baixos e todas as responsabilidades advindas dessa profissão. Segundo Paulo Freire (1996, p.19) “ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo”, quando ele cita isso, ele quer dizer que o professor deve ser um exemplo para o aluno, que  criança precisa que esse profissional esteja preparado para exercer a profissão com empatia e poder analisar as situações cotidianas com sabedoria e de forma crítica e ser capaz de identificar fatores negativos para a aprendizagem, preocupando-se com o aspecto cognitivo, físico e emocional promovendo um bom ensino aprendizado e a efetivação do trabalho de um verdadeiro educador. 

Galvão (2014, p.113), “Propõe uma escola engajada, inserida na sociedade e na cultura, e, ao mesmo tempo, uma escola comprometida com o desenvolvimento dos indivíduos, numa prática que integre a dimensão social e a individual”, a afirmativa da autora pode ser usada em prol de consolidar a assertiva de uma interação do professor com a família, promovendo um contato  mais próximo da vida pessoal, para identificar possíveis causas na saúde mental do aluno, visto que o cenário familiar é o ambiente que mais influencia na preparação do aluno-cidadão.

FAMÍLIA E ESCOLA E SUAS INFLUÊNCIAS NO ENSINO APRENDIZAGEM

As reflexões desencadeadas pelas revisões bibliográficas mostram que a educação se dar através da escola e da família no contexto de desenvolvimento do aluno, “num primeiro momento, defende-se uma participação ampla dos pais na escola, mas se verifica que é uma participação que tem a ver com o fato de conhecer o trabalho da escola” (Oliveira, 2002, p.105). Perante essa perspectiva, averigua-se que o contato da família com a escola é meramente restrito aos problemas eventuais ocorridos no ínterim do dia a dia escolar. A relevância desse tema se dá pelo cenário de estruturação familiar cada dia mais fragilizado. 

No contexto histórico a família sofreu mudanças e essas mudanças trouxeram uma complexidade dentro do âmbito familiar e interferem no cotidiano escolar. Atualmente se vive um momento das diversidades familiares, contribuindo para um cenário escolar complexo, vale ressaltar que diante desse contexto globalizado, a busca por uma educação que acompanhe essas transformações é evidente e exige um homem participativo dentro do panorama interpessoal. Segundo Aranha:

A educação deve instrumentalizar o homem como um ser capaz de agir sobre o mundo e, ao mesmo tempo, compreender a ação exercida. A escola não é a transmissora de um saber acabado e definitivo, não devendo separar teoria e prática, educação e vida. (Aranha, 1996, p. 52).

É possível afirmar que diante de tantas mudanças, a educação precisou acompanhar o progresso e compreender que a sociedade antiga foi substituída por um modelo novo e esse modelo contemporâneo é composto por famílias nada tradicionais, várias mudanças ocorreram no conceito da família e a cultura em geral. Nessa premissa, a autora diz que a educação deve instrumentalizar o homem, para tal agir conforme as mudanças e nessa contextualização verifica-se o papel do professor e como esse professor precisa estar preparado para desempenhar essa função de educador e a família por ser a outra parte responsável pela educação, as duas esferas precisam ter uma aproximação, pois é fundamental criarem uma força conjunta compromissadas com o aprendizado do aluno.

A atualidade apresenta se com um cenário em que as famílias possuem jornadas de trabalho longa, tendo pouco tempo para seus filhos, o que resulta em transferência de responsabilidade à terceiros e vale ressaltar que o ambiente pode ser de efetividade e segurança, mas também de medos, inseguranças, violência e preconceitos e considerando as singularidades de cada caso, é necessário que o professor conheça mais de perto a condição dos discentes  e as famílias com quem eles convivem e as suas particularidades. Para Fante (2005) os fatores externos e internos são decisivos para a formação da personalidade do aluno e estão relacionados ao contexto familiar e escolar. Nessa perspectiva fica claro que a escola e a família precisam andar lado a lado, contudo esse é um dos muitos desafios que se apresentam na vida do docente e que ele precisa enfrentar fazendo oferecendo um papel que vai além de ser o transmissor do saber.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando todas as assertivas feitas ao curso das pesquisas, conclui-se que é um assunto interessante e com muitas vertentes, que são complexas ao analisar, que precisa de um cuidado de análises, esse é um estudo amplo e que merece mais atenção, tem-se muita reflexão ainda a ser feita sobre o assunto. 

Pois esse é um cenário que se apresenta com uma diversidade de problemas que se relacione aos ambientes escolar e familiar. Como já foi falado o quadro é cheio de nuances com transtornos mentais, uns simples, outros mais graves e ainda existem as causas por trás dos problemas “a verdadeira face do problema”. E diante desse contexto é possível refletir sobre vários questionamentos como: Porque o aluno desenvolveu uma determinada doença mental? O que pode estar sendo ocultado pela própria família? E como o docente pode identificar isso, sem ser evasivo na vida pessoal do aluno? E depois de identificar, qual atitude tomar? Será que o professor estará pronto para lidar com isso? E a saúde mental do professor como fica? Tudo isso leva a crer que todas essas e outras implicações causam no professor, um despreparo e uma busca infinita por conhecimentos, que inclui desde se adaptar à realidade e se guiar pelo conhecimento de mundo, como também buscar formação continuada, ou no mais o sistema educacional poderia promover mais projetos que incluísse a família de maneira mais afetiva com os professores. 

São muitas as possibilidades de tentativas e metodologias que se pode usar como estratégias e intervenções, mas o fato é que, não é nada fácil para o professor conseguir 100% de um trabalho que exige tanto dele, e daí já surge outro assunto que não foi mencionado aqui e que podem ficar para um próximo estudo: Serão esses fatores que estão desencadeando uma busca cada vez menor por formação profissional docente? E se isso continuar acontecendo, se extinguirá essa profissão?  Observa-se uma sociedade contemporânea cheia de progresso, todavia com alto preço a pagar, pois assim como as mudanças apresentam fatores favoráveis para vida humana, ela também se apresenta cheia de fatores negativos e quando se fala em professor-aluno, os desafios são muitos, e é uma vertente cheia de incertezas que todo dia se insere à uma nova problemática e o docente e o discente sempre têm a maior probabilidade de serem afetados nesse cenário.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2. ed. Campinas. SP: Verus, 2005

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 23. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 23. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metologia cientifica. 5. Ed. São Paulo: atlas, 2003.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro, 3.ª ed., São Paulo, Cortez, 2001. 

OLIVEIRA, L. C. F. (2002). Escola e família numa rede de (des)encontros: um estudo das representações de pais e professores. São Paulo: Cabral Editora.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. (2013). Plano de Ação sobre Saúde Mental 2013-2030. Genebra, OMS. Versão Online (consultado em 17 de abril de 2025).

PIMENTA, S. G.; GHEDIN, E. (Org.) Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2002.

TARDIF, M. Saberes e Profissão Docente: A Construção de uma Reflexão sobre o Trabalho do Professor. Petrópolis. Vozes. 2008. 

VIANNA, C. Os nós do “nós”: crise e perspectiva da ação coletiva docente em São Paulo. São Paulo: Xamã, 1999.

VILLELA, Elisabeth Caldeira. As interferências da contemporaneidade no trabalho docente. In: Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília, v.88, nº 219. p. 229-241. Mai / Ago. 2007.