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Resumo
INTRODUÇÃO
O termo autismo deriva do grego autós, que significa “de si mesmo”. Inicialmente, foi associado à esquizofrenia, até que o psiquiatra Eugéne Bleuler utilizou a expressão em 1911 para descrever o isolamento característico dessa condição. Apenas na década de 1930, Leo Kanner iniciou estudos específicos sobre o autismo, analisando 11 crianças com comportamentos semelhantes. Em 1943, ele publicou a primeira pesquisa que reconhecia o autismo como uma condição distinta, intitulada Autistic Disturbance of Affective Contact. Desde então, diversas pesquisas vêm sendo realizadas para ampliar o conhecimento e melhorar a qualidade de vida das pessoas com autismo (Rosa, 2022).
O ingresso de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas escolas regulares exige adaptações no processo de ensino-aprendizagem, de modo que sejam respeitadas suas particularidades e necessidades específicas. A formulação de estratégias pedagógicas que promovam a inclusão efetiva depende do preparo adequado dos profissionais da educação e da disponibilização de materiais acessíveis que facilitem esse processo . Nesse contexto, a elaboração de cartilhas educacionais voltadas à inclusão emerge como uma alternativa para disseminar informações essenciais aos educadores e contribuir para a efetivação de práticas pedagógicas que favoreçam o desenvolvimento acadêmico e social desses estudantes (Moreira, 2023; Maia; Bataglion; Mazo, 2020).
Neste contexto, a inclusão escolar de alunos com TEA é um desafio central nas práticas educacionais contemporâneas, sendo fundamental para garantir o acesso à educação de qualidade e o respeito à diversidade. Para atender adequadamente às necessidades desses estudantes, é necessário adaptar o ambiente escolar, criando condições que favoreçam o seu aprendizado e socialização (Maia; Bataglione; Mazo, 2020). A legislação brasileira, como a Lei nº 13.146/2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, e a Política Nacional de Educação Especial, tem orientado as escolas no processo de promoção da equidade e acessibilidade, mas ainda existem muitas lacunas no campo educacional que precisam ser superadas para garantir a inclusão efetiva desses alunos (Santos et al., 2024).
O presente estudo tem como foco a criação de uma cartilha voltada para a promoção da inclusão de alunos com TEA nas escolas regulares. A problemática central que orienta a pesquisa é identificar quais estratégias pedagógicas e adaptações curriculares podem ser sistematizadas e divulgadas para apoiar a formação de professores e outros profissionais da educação, visando proporcionar um ambiente escolar inclusivo e acolhedor para esses alunos. A pesquisa se limita à análise de práticas pedagógicas e da criação de recursos materiais, como a cartilha, que visam facilitar a inclusão e o acompanhamento do progresso desses estudantes no contexto educacional.
Considera-se que a implementação de uma cartilha direcionada aos professores e à comunidade escolar pode ser uma solução efetiva para promover uma maior compreensão do TEA e fornecer estratégias práticas para a inclusão. Espera-se que, ao proporcionar um material informativo de fácil acesso e compreensão, a cartilha contribua para o desenvolvimento de um ambiente educacional inclusivo e sensível às necessidades desses alunos. A hipótese central é que a utilização da cartilha por professores e equipes pedagógicas pode melhorar a interação e a adaptação curricular para alunos com TEA.
A justificativa para a realização deste estudo está no crescente número de alunos com TEA em escolas regulares e na necessidade urgente de uma formação pedagógica efetiva para os profissionais de educação. Embora a legislação brasileira defina a inclusão como um direito, muitas vezes as escolas carecem de materiais adequados que orientem os professores de forma clara sobre como adaptar seu ensino e comportamento para atender a essas crianças. A criação de uma cartilha poderá contribuir de forma concreta para a formação contínua dos educadores, oferecendo um recurso prático e acessível que auxilie na superação de barreiras pedagógicas e sociais, além de melhorar a experiência de ensino-aprendizagem dos alunos com TEA (Lacerda et al., 2024; Kokkonen; de Castro Barbosa; Batista, 2022).
O objetivo geral deste trabalho é desenvolver e caracterizar uma cartilha que sirva como recurso pedagógico para a inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas escolas regulares. Os objetivos específicos incluem: (1) descrever as principais estratégias pedagógicas para a inclusão de alunos com TEA no ambiente escolar; (2) classificar as adaptações curriculares necessárias para garantir a participação efetiva desses alunos nas atividades educacionais; (3) exemplificar práticas de ensino que podem ser aplicadas no cotidiano escolar para promover um ambiente inclusivo.
A INCLUSÃO DE ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NO CONTEXTO ESCOLAR
A inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista nas escolas regulares representa um desafio crescente no cenário educacional. Essa inclusão exige a adaptação dos processos pedagógicos e o estabelecimento de uma interação entre o aluno e a comunidade escolar que respeite suas características e necessidades. O TEA é caracterizado por dificuldades na comunicação, na interação social e comportamentos repetitivos (Maia et al., 2020). A legislação brasileira, por meio da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), garante aos indivíduos com deficiência o direito à educação, mas sua aplicação prática demanda a reestruturação de metodologias educacionais e de atitudes por parte dos profissionais envolvidos (Lacerda et al., 2024).
Com o aumento do reconhecimento do TEA nas escolas regulares, cresce também a necessidade de estratégias educacionais específicas para atender esses alunos. A adaptação curricular e a adequação das metodologias de ensino são aspectos importantes para possibilitar a participação plena dos alunos com TEA em atividades escolares. O ambiente escolar deve ser estruturado de forma que facilite a organização, proporcionando previsibilidade e segurança, aspectos que são essenciais para o bem-estar dos alunos com TEA (Santos et al., 2024). Além disso, o uso de recursos pedagógicos adaptados, como histórias sociais e materiais visuais, tem sido apontado como uma prática efetiva para melhorar a comunicação e o aprendizado (Kokkonen; Barbosa; Batista, 2022).
Outro ponto importante na inclusão de alunos com TEA é a mediação escolar, que envolve a presença de profissionais especializados que possam facilitar a participação do aluno nas atividades educacionais. A atuação desses mediadores é fundamental para ajudar na adaptação ao ambiente escolar, além de apoiar o educador na implementação de estratégias que favoreçam a aprendizagem (Da Silva et al., 2022). A colaboração entre professores, mediadores e familiares é outro aspecto vital que contribui para o sucesso da inclusão escolar, pois facilita o alinhamento das intervenções pedagógicas e garante uma resposta eficiente às necessidades do aluno (Ferreira, 2023).
Além disso, a formação dos professores tem grande impacto na eficácia da inclusão escolar. A capacitação continuada permite que os educadores compreendam as particularidades do TEA e adotem práticas pedagógicas que favoreçam a inclusão. Estudos demonstram que professores que recebem formação sobre o transtorno apresentam maior confiança e habilidade para trabalhar com alunos com TEA, o que contribui para um ambiente educacional inclusivo (Moreira, 2023). A formação deve englobar não apenas aspectos pedagógicos, mas também questões emocionais e sociais, capacitando o educador para lidar com as diversidades dentro da sala de aula (Riegel; Marques; Wuo, 2020).
A interação social, por sua vez, é outro fator importante no contexto educacional dos alunos com TEA. As dificuldades nesta área exigem estratégias que incentivem a socialização e a construção de relações positivas com os colegas. Programas que envolvem atividades cooperativas podem ser particularmente úteis para fomentar essas interações, promovendo a inclusão de forma natural e respeitosa. A promoção de um ambiente escolar inclusivo depende da criação de condições que favoreçam a aprendizagem e o desenvolvimento social, respeitando as limitações e potencialidades dos alunos com TEA (Lacerda et al., 2024).
Neste contexto, a legislação e as políticas públicas de educação inclusiva, como a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, estabelecem diretrizes para garantir o direito à educação para todos, independentemente de suas condições. Essas políticas orientam a implementação de práticas e a criação de materiais pedagógicos adaptados, a fim de atender às necessidades dos alunos com TEA. No entanto, a aplicação efetiva dessas políticas na prática escolar ainda enfrenta desafios que precisam ser superados com investimentos contínuos em formação e recursos pedagógicos (Kistt; Gonçalves, 2021).
Portanto, o processo de inclusão de alunos com TEA nas escolas regulares deve envolver múltiplos fatores, como a adaptação curricular, o uso de recursos específicos, a mediação escolar e a formação dos educadores. A integração desses aspectos cria um ambiente adequado para que esses alunos desenvolvam seu potencial de aprendizagem e socialização, refletindo o compromisso da sociedade com a igualdade de oportunidades educacionais (Ferreira, 2023).
O PAPEL DA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS EDUCADORES NA INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM TEA
A formação continuada dos educadores é uma das estratégias eficientes para garantir a inclusão escolar dos alunos com TEA. A capacitação dos professores não se limita ao conhecimento sobre o transtorno, mas também envolve a adaptação de suas práticas pedagógicas para atender às necessidades específicas desses alunos. Ao receberem formação, os educadores se tornam preparados para lidar com as dificuldades apresentadas por esses alunos, além de conseguirem implementar abordagens pedagógicas que favoreçam a participação ativa deles nas atividades escolares. A formação contínua, portanto, é um dos pilares fundamentais para a construção de um ambiente inclusivo (FERREIRA, 2023).
Além de proporcionar maior preparo, a formação continuada possibilita que os educadores compreendam os diferentes aspectos do TEA, como as dificuldades na comunicação e nos comportamentos sociais, e como essas características podem impactar o processo de aprendizagem. A capacitação deve ser abordada de forma integral, abordando não apenas os aspectos técnicos da adaptação curricular, mas também as questões emocionais e comportamentais, de modo a proporcionar um atendimento adequado e sensível às necessidades dos alunos. Esse conhecimento é crucial para garantir que os educadores possam planejar e executar práticas pedagógicas que atendam de forma efetiva as especificidades de cada aluno (Riegel; Marques; Wuo, 2020).
A interação com outros profissionais da educação, como psicólogos, terapeutas ocupacionais e mediadores escolares, é um ponto fundamental da formação continuada. A troca de experiências e a colaboração interdisciplinar são estratégias que têm se mostrado eficientes na construção de um ambiente educacional inclusivo. O trabalho conjunto de diversos profissionais amplia as possibilidades de adaptação das atividades escolares e promove a construção de uma rede de apoio que facilita a inserção dos alunos com TEA no ambiente educacional (Kokkonen; Barbosa; Batista, 2022).
Estudos indicam que a formação continuada pode transformar a forma como os educadores percebem e lidam com os alunos com TEA. Professores que participam de cursos e treinamentos específicos sobre o transtorno, geralmente, demonstram maior confiança em suas abordagens pedagógicas e têm facilidade em identificar estratégias que funcionam com cada aluno. Dessa forma, o processo de inclusão escolar se torna efetiva, pois os educadores têm à disposição recursos que ajudam na adaptação do conteúdo e no estímulo da participação dos alunos em sala de aula. A capacitação contínua, portanto, é uma condição fundamental para o sucesso da inclusão (Santos et al., 2024).
Outro ponto importante é a adaptação das avaliações e da forma de medição do progresso dos alunos com TEA. A formação dos educadores deve orientá-los a flexibilizar os métodos avaliativos, levando em conta as características do aluno e respeitando seu ritmo de aprendizagem. A utilização de diferentes estratégias de avaliação, como a observação contínua e a avaliação qualitativa, é uma das maneiras de garantir que os alunos com TEA possam demonstrar seu aprendizado de forma justa e acessível (Maia et al., 2020).
Além disso, a formação continuada deve incluir a sensibilização dos professores para a importância da construção de um ambiente escolar acolhedor e respeitoso. A escola deve ser um local onde os alunos com TEA sintam-se seguros e à vontade para aprender e interagir com os colegas. Para isso, é necessário que os educadores saibam como lidar com as diferenças de forma positiva e como promover a aceitação e o respeito dentro da sala de aula. A construção de um ambiente inclusivo não se resume às estratégias pedagógicas, mas também envolve atitudes e comportamentos que incentivam a convivência harmoniosa entre os alunos (Kistt; Gonçalves, 2021).
A formação contínua também deve ser acompanhada de uma avaliação constante das práticas pedagógicas adotadas pelos educadores. Essa avaliação permite que os professores identifiquem o que está funcionando e o que precisa ser ajustado, além de possibilitar a implementação de melhorias contínuas na prática educativa. Esse processo de avaliação deve ser colaborativo, envolvendo tanto os educadores quanto os profissionais da educação e as famílias dos alunos com TEA, para garantir que todas as necessidades dos alunos sejam atendidas de forma integral (Santos et al., 2024).
Portanto, a formação continuada dos educadores é uma das condições importantes para garantir que a inclusão escolar dos alunos com TEA seja efetiva. A capacitação permite que os professores se tornem preparados para lidar com as especificidades do transtorno, promovendo um ambiente educacional que favoreça o aprendizado e a participação de todos os alunos. A inclusão escolar de alunos com TEA não depende apenas da adaptação das práticas pedagógicas, mas também da construção de uma cultura de respeito e aceitação nas escolas, o que exige comprometimento contínuo e ações colaborativas de todos os envolvidos (Kokkonen; Barbosa; Batista, 2022).
METODOLOGIA
Este estudo adota uma abordagem qualitativa e descritiva, focando na criação de uma cartilha educativa sobre o Transtorno do Espectro Autista. A cartilha foi desenvolvida utilizando a plataforma Canva e a construção do conteúdo baseou-se em uma revisão bibliográfica que envolveu a análise de artigos acadêmicos e livros sobre o TEA e as estratégias de inclusão escolar. O design da cartilha foi pensado para ser didático, incorporando elementos visuais que facilitam o entendimento das informações. Dessa forma, a cartilha não apenas compartilha conhecimento sobre o TEA, mas também sugere práticas pedagógicas para promover a inclusão de alunos com essa condição. O uso de uma ferramenta como o Canva garante que o produto final seja visualmente atrativo e de fácil uso para diferentes públicos. As figuras 1 e 2, apresentadas a seguir, ilustram o layout e os principais conteúdos abordados na cartilha, que tem o objetivo de apoiar a transformação do ambiente escolar em um espaço inclusivo e respeitoso com a diversidade.
A CARTILHA
A cartilha elaborada neste estudo foi desenvolvida com o objetivo de orientar e auxiliar na inclusão de alunos com autismo nas escolas regulares, abordando os principais aspectos pedagógicos e sociais que devem ser considerados para promover um ambiente de aprendizado acessível e inclusivo. Ela contém informações claras sobre as melhores práticas para promover a inclusão escolar desses alunos, com dicas sobre a adaptação curricular, estratégias de ensino e como organizar o ambiente de forma que favoreça o desenvolvimento dos estudantes com TEA. A cartilha, criada no Canva (figura 1 e 2), visa ser um recurso visualmente atraente, com informações práticas e objetivas, que facilitem a compreensão por parte dos professores, profissionais da educação e familiares envolvidos no processo de inclusão.
O uso de cartilhas educativas na promoção de temas pedagógicos tem se mostrado uma estratégia efetiva para divulgar e esclarecer informações importantes de forma acessível e compreensível. Segundo Kokkonen, Fracalossi e Batista (2022), cartilhas podem funcionar como um recurso complementar no ambiente escolar, facilitando a assimilação de conteúdos e tornando o processo de aprendizagem dinâmico e interativo.
Em trabalhos anteriores, como os de Santos et al. (2024) e Lacerda et al. (2024), observou-se que cartilhas têm se mostrado particularmente úteis quando se busca apresentar informações de forma objetiva e com uma linguagem adequada para o público-alvo. Essa abordagem contribui para aumentar a eficácia da comunicação, promovendo a adesão de estratégias inclusivas no cotidiano escolar. Além disso, como ressalta Maia et al. (2020), as cartilhas educacionais possuem um alto poder de disseminação, permitindo que a informação chegue a diferentes pessoas dentro da comunidade escolar e a elas seja transmitida de forma direta e didática.
A cartilha elaborada neste estudo está estruturada para cobrir as principais áreas relacionadas à inclusão de alunos com TEA, como adaptações no currículo, comunicação alternativa e a importância da colaboração entre professores, famílias e outros profissionais da educação. Ela também enfatiza a criação de um ambiente escolar acolhedor e estruturado, o que é de extrema importância para o desenvolvimento desses alunos, conforme apontado por Moreira (2023) e Riegel et al. (2020). Ao final, são fornecidas orientações práticas para os professores, para que eles possam implementar as sugestões apresentadas de forma prática em sua rotina pedagógica.
Figura 1 – Cartilha educacional (frente).
Fonte: Elaboração do autor(2025).
Como é discutido por Kistt e Gonçalves (2021), a elaboração de materiais como cartilhas educativas pode ser uma forma eficiente de apoiar os professores em sua atuação com alunos com TEA, proporcionando-lhes uma base para o planejamento de atividades adaptadas. O uso de recursos visuais e didáticos facilita a compreensão e torna o processo de ensino inclusivo e adaptado às necessidades de cada estudante. De acordo com Fernandes, Santos e Santos Pereira (2024), a utilização de cartilhas contribui para que os professores e profissionais da educação sintam-se preparados e confiantes para lidar com a diversidade presente nas salas de aula.
Figura 2 – Cartilha educacional (verso).
Fonte: Elaboração do autor(2025).
Além disso, o apoio visual e a linguagem acessível presentes na cartilha ajudam a minimizar as barreiras que muitas vezes existem no ambiente escolar, como a falta de conhecimento sobre o TEA por parte dos educadores e a escassez de materiais pedagógicos que abordem diretamente o tema. O uso da cartilha, portanto, não só facilita a disseminação de informações, como também incentiva a adoção de práticas pedagógicas inclusivas. A produção e utilização de materiais como este se mostram, assim, de grande importância para a promoção da inclusão de alunos com TEA, garantindo-lhes um espaço de aprendizado adequado e acolhedor.
A relevância do uso de cartilhas como estratégia educativa também é destacada por Da Silva et al. (2022), que afirmam que materiais educativos como este têm um impacto positivo na conscientização e formação de professores, permitindo-lhes adquirir um maior entendimento sobre as necessidades dos alunos com TEA e as melhores abordagens pedagógicas para atendê-los. O estudo de Monteiro (2024) também corrobora essa visão, destacando o papel importante de materiais educacionais visuais na construção de um ambiente escolar inclusivo e adaptado para diferentes tipos de alunos.
Por fim, a criação e utilização de cartilhas como produto de estudo têm a capacidade de transformar práticas educacionais, tornando-as inclusivas e acessíveis a todos. Como demonstrado nas figuras 1 e 2, que ilustram a cartilha elaborada neste estudo, o uso de recursos visuais e informações diretas não só facilita o processo de ensino, mas também cria um ambiente acolhedor para os alunos com TEA, contribuindo para um desenvolvimento harmonioso e integrado à vida escolar.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados da pesquisa revelam que a criação de cartilhas educativas se configura como uma estratégia de grande utilidade para a inclusão de alunos com TEA nas escolas regulares. Conforme os achados de Kokkonen et al. (2022), as cartilhas são eficientes na promoção de um entendimento amplo sobre as necessidades específicas dos alunos com TEA, proporcionando aos professores um suporte adicional na adaptação de suas práticas pedagógicas. O estudo de Maia et al. (2020) também corrobora esses resultados, apontando que a utilização de cartilhas facilita o processo de sensibilização dos educadores, especialmente nas áreas de atividades físicas, uma vez que fornecem informações diretas e práticas sobre as abordagens inclusivas necessárias.
Por outro lado, Lacerda et al. (2024) sugerem que as cartilhas não apenas auxiliam na compreensão das estratégias de ensino, mas também ajudam a desmistificar conceitos errôneos sobre o TEA, contribuindo para uma mudança na postura dos profissionais da educação. Em relação a essa perspectiva, os dados de Da Silva et al. (2022) reforçam que a utilização de cartilhas também favorece a integração de famílias no processo educacional, criando uma rede de apoio que envolve educadores, alunos e familiares. A adesão a essas práticas inclusivas, no entanto, depende da conscientização e da formação contínua dos educadores, conforme observa Riegel et al. (2020), que identificaram que o conhecimento sobre o TEA nas escolas ainda é limitado.
A pesquisa de Moreira (2023) traz uma reflexão crítica sobre o uso de cartilhas de forma isolada, destacando a necessidade de que essas ferramentas sejam acompanhadas de outras metodologias de ensino. Embora as cartilhas desempenhem uma função importante, elas não substituem a prática pedagógica diversificada e adaptada às realidades individuais de cada aluno. Nesse contexto, Fernandes et al. (2024) apontam que, ao serem aliadas a abordagens diversificadas, as cartilhas podem ampliar o impacto da inclusão escolar, mas precisam ser vistas como parte de um conjunto de estratégias, e não como uma solução isolada.
Da mesma forma, Kistt e Gonçalves (2021) enfatizam a importância do uso de materiais visuais, como as cartilhas, para a ampliação da compreensão dos alunos com TEA, principalmente no que diz respeito ao seu desenvolvimento motor e social. Esses materiais visuais são essenciais para tornar o conteúdo acessível de forma clara, aumentando a eficácia do processo de ensino e facilitando a interação entre alunos e professores. Em alinhamento com essa perspectiva, o estudo de Monteiro (2024) sugere que o uso dessas ferramentas contribui para a adaptação curricular, facilitando a inserção de alunos com TEA nas atividades escolares regulares.
Além disso, Santos et al. (2024) ressaltam que o impacto das cartilhas na inclusão escolar vai além da sala de aula, favorecendo a construção de um ambiente acolhedor e respeitoso para os alunos com TEA. Isso ocorre, pois as cartilhas proporcionam um meio eficiente de comunicar aos colegas e à comunidade escolar as particularidades do transtorno, promovendo uma maior compreensão e aceitação. No entanto, como aponta De Almeida (2022), a implementação de cartilhas exige um compromisso contínuo das escolas em capacitar seus profissionais e adaptar os materiais conforme as necessidades específicas dos alunos.
Os achados de Kistt e Gonçalves (2021) e Ferreira (2023) indicam que as cartilhas, quando utilizadas corretamente, não só informam, mas também estimulam a interação social e o desenvolvimento cognitivo dos alunos com TEA, tornando o ambiente escolar inclusivo e adaptável. Para que essa mudança se concretize, é fundamental que as cartilhas se integrem a um plano pedagógico que envolva toda a comunidade escolar, como sugerido por Santos et al. (2024). Nesse sentido, as cartilhas não se limitam a ser um recurso informativo, mas atuam como um elemento que facilita a criação de um ambiente de aprendizado inclusivo e colaborativo.
Em suma, os resultados obtidos demonstram que as cartilhas educativas têm um papel importante na promoção da inclusão de alunos com TEA, não só ao fornecerem informações práticas e teóricas sobre o transtorno, mas também ao ajudarem a sensibilizar os profissionais da educação e as famílias. Contudo, é importante lembrar que, como qualquer outro recurso pedagógico, as cartilhas devem ser utilizadas em conjunto com outras estratégias de ensino e aprendizagem. As contribuições de estudos como os de Lacerda et al. (2024) e Maia et al. (2020) reafirmam que, quando combinadas com a capacitação contínua dos educadores e com a integração de novas práticas pedagógicas, as cartilhas podem se tornar uma ferramenta essencial para garantir a verdadeira inclusão escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A conclusão deste estudo destaca a relevância da utilização de cartilhas educativas como ferramenta pedagógica no processo de inclusão de alunos com TEA nas escolas regulares. Através de sua utilização, as cartilhas tornam-se um recurso essencial para fornecer informações de forma clara e acessível aos professores, alunos e à comunidade escolar em geral. Este recurso tem o potencial de sensibilizar os educadores para as necessidades específicas desses alunos, além de fornecer orientações práticas sobre como adaptar as metodologias de ensino para garantir uma participação efetiva dos alunos com TEA.
A cartilha, ao se apresentar como um material de fácil leitura e compreensão, tem se mostrado uma aliada importante na promoção de um ambiente escolar inclusivo e acolhedor. Seu uso sistemático pode contribuir para a redução de barreiras que dificultam a integração dos alunos com TEA nas atividades cotidianas da escola. No entanto, é necessário que sua utilização seja acompanhada de outros esforços, como o treinamento contínuo dos profissionais da educação e o apoio das famílias. O estudo revelou que, embora as cartilhas sejam relevantes, elas devem ser parte de um esforço colaborativo entre a escola, a família e os especialistas para garantir que o aluno com TEA tenha a melhor experiência de inclusão possível.
Além disso, a pesquisa evidencia que a utilização de cartilhas é uma das várias estratégias pedagógicas que podem ser empregadas para promover a inclusão. A combinação de diferentes abordagens, como o uso de tecnologias assistivas e a adaptação dos métodos de ensino, potencializa os resultados da inclusão escolar. Contudo, é importante que as cartilhas sejam contextualizadas conforme as necessidades específicas dos alunos, e que sua criação e aplicação envolvam a participação de especialistas que possam garantir que o material seja adequado e efetivo.
Em suma, a implementação de cartilhas educativas nas escolas regulares, combinada a outras estratégias inclusivas, é um passo fundamental para a inclusão real de alunos com TEA. A pesquisa reforça a necessidade de uma abordagem holística que leve em conta não apenas as ferramentas pedagógicas, mas também o preparo dos educadores, a colaboração com as famílias e o apoio contínuo para garantir que a inclusão seja uma realidade para todos os alunos.
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