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Resumo
INTRODUÇÃO
A educação ambiental tem ganhado destaque nos últimos anos, sendo reconhecida como um elemento fundamental para a formação de cidadãos críticos e conscientes quanto às questões ambientais. Esse enfoque busca integrar práticas sustentáveis no currículo escolar, promovendo o desenvolvimento de habilidades e atitudes que incentivem a preservação do meio ambiente (Abreu; Castro, 2018; Barbosa, 2018). Diversos estudos indicam que a implementação de práticas pedagógicas sustentáveis, seja por meio de metodologias ativas ou da utilização de espaços naturais, pode ser um caminho eficaz para sensibilizar e educar as novas gerações sobre a importância de um consumo consciente e da preservação dos recursos naturais (Camargo; Lima, 2023; De Aguiar Lima; Pacheco; Ribeiro, 2020).
A educação ambiental no contexto escolar tem se expandido, mas sua implementação ainda enfrenta desafios, principalmente no que tange à formação de professores e à inclusão de práticas ambientais no currículo. Diante disso, o presente estudo busca compreender como as práticas pedagógicas sustentáveis podem ser melhor incorporadas ao currículo escolar, explorando as metodologias ativas e os desafios enfrentados por educadores no processo de ensino-aprendizagem (De Melo; Do Nascimento Chagas; Giesta, 2023; Mota; Cousin; Kitzmann, 2018). O problema de pesquisa deste trabalho se configura em: “Quais são os principais desafios e metodologias adotadas para a efetiva implementação da educação ambiental nas escolas de educação básica?”
A partir desse questionamento, surgem as seguintes hipóteses: 1) A utilização de metodologias ativas pode contribuir para uma abordagem mais eficaz da educação ambiental nas escolas; 2) A capacitação dos professores é um fator decisivo para a implementação bem-sucedida de práticas pedagógicas sustentáveis; 3) O envolvimento de toda a comunidade escolar pode potencializar as ações de educação ambiental no contexto escolar.
A relevância deste estudo está na contribuição para a melhoria das práticas educacionais relacionadas à sustentabilidade. Ao compreender os desafios e metodologias adotadas, é possível propor soluções mais eficazes que atendam às necessidades do currículo escolar, colaborando para a formação de indivíduos conscientes e preparados para lidar com os problemas ambientais contemporâneos (Petrovich; Araújo, 2015). Além disso, este trabalho oferece um panorama das iniciativas que podem ser escaladas ou adaptadas em diferentes contextos educacionais, impactando diretamente a formação de jovens cidadãos críticos e engajados.
O objetivo geral deste estudo é descrever as práticas pedagógicas sustentáveis no currículo escolar, focando nas metodologias ativas e nos desafios de sua implementação. Para atingir esse objetivo, os objetivos específicos são: 1) Descrever as principais metodologias ativas utilizadas no ensino da educação ambiental; 2) Caracterizar os desafios enfrentados pelos educadores na implementação da educação ambiental; 3) Elencar as possíveis soluções para a integração eficaz da sustentabilidade no currículo escolar.
METODOLOGIA
A metodologia adotada para este estudo segue uma abordagem qualitativa, de caráter exploratório e descritivo, fundamentada na revisão bibliográfica. Esse método permite a sistematização do conhecimento existente sobre o impacto da integração da educação ambiental no currículo da educação básica, com ênfase em práticas pedagógicas sustentáveis. Conforme Gil (2019), a pesquisa exploratória busca proporcionar maior familiaridade com o problema, enquanto a pesquisa descritiva visa detalhar e organizar informações relevantes sobre o tema.
Para garantir a qualidade e a relevância das fontes selecionadas, foram estabelecidos critérios rigorosos de inclusão e exclusão. Inicialmente, definiu-se um conjunto de palavras-chave, como “educação ambiental”, “currículo escolar”, “práticas pedagógicas sustentáveis” e “sustentabilidade na educação básica”, utilizadas para nortear as buscas. Os critérios de inclusão priorizaram artigos científicos publicados nos últimos cinco anos em periódicos acadêmicos reconhecidos, bem como livros e dissertações de programas de pós-graduação renomados. Foram excluídas revisões narrativas, estudos duplicados e fontes que não apresentassem relação direta com a questão de pesquisa, garantindo a consistência e a pertinência dos dados analisados.
As buscas foram realizadas em bases acadêmicas consolidadas, como os periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Google Scholar, além de outras fontes relevantes para a área de educação e sustentabilidade. O processo de seleção das referências seguiu os princípios metodológicos recomendados por Marconi e Lakatos (2017), assegurando que a revisão bibliográfica fosse fundamentada em estudos confiáveis e atualizados. Essa abordagem possibilitou uma análise sobre as práticas pedagógicas voltadas à educação ambiental, oferecendo subsídios para a compreensão dos desafios e das potencialidades dessa temática no contexto educacional.
INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
A crescente degradação ambiental, impulsionada por questões como o aquecimento global, a perda da biodiversidade e a escassez de recursos naturais, torna urgente a necessidade de conscientização desde as primeiras etapas da escolarização. A Educação Básica, como etapa formativa, possui um papel primordial na construção de valores e atitudes que favoreçam o respeito ao meio ambiente, contribuindo para a formação de cidadãos mais críticos e responsáveis (Santos; Rodrigues, 2020).
Segundo Petrovich e Araújo (2015) A Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795/1999) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU são marcos importantes que orientam a inclusão da educação ambiental nas escolas. Além disso, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enfatiza a educação ambiental de forma transversal, integrando-a a diversas disciplinas, como Ciências, Geografia e História. Essa abordagem permite que os alunos compreendam as questões ambientais de maneira interdisciplinar, conectando teoria e prática em diferentes contextos.
Entretanto, a implementação da educação ambiental nas escolas enfrenta diversos desafios. A falta de formação específica dos professores, a escassez de recursos pedagógicos e a fragmentação do currículo são obstáculos que dificultam uma integração mais eficaz. Para superar essas dificuldades, é necessário adotar estratégias como a formação continuada dos educadores, o uso de metodologias ativas, como hortas escolares e reciclagem, e o envolvimento das comunidades escolares em projetos sustentáveis. O uso de tecnologias digitais também pode ser uma ferramenta para encorajar os alunos e ampliar o alcance das práticas educacionais ambientais (Mota et al., 2018).
Exemplos de sucesso em escolas que integraram a educação ambiental ao currículo mostram que a prática sustentável pode gerar impactos positivos na conscientização dos alunos e na melhoria do ambiente escolar. Projetos como hortas escolares, compostagem e campanhas de reciclagem não só aproximam os estudantes das questões ambientais, mas também contribuem para a formação de uma cultura de sustentabilidade dentro da comunidade escolar (Lopes; Abílio, 2021).
Assim, a integração da educação ambiental no currículo da educação básica representa uma das principais abordagens para promover a conscientização ambiental desde as primeiras etapas da formação escolar. De acordo com Abreu e Castro (2018), o ensino de práticas sustentáveis, quando incorporado de maneira transversal aos conteúdos curriculares, potencializa o entendimento dos estudantes sobre as questões ambientais, incentivando a mudança de atitudes e comportamentos em relação ao meio ambiente. Nesse sentido, a educação ambiental não deve ser vista como uma disciplina isolada, mas sim como um componente transversal que permeia diversas áreas do conhecimento, como ciências, geografia e história, promovendo uma visão holística e integrada sobre as relações entre ser humano e natureza.
A implementação efetiva da educação ambiental no currículo escolar, no entanto, enfrenta desafios relacionados à capacitação dos educadores e à resistência a mudanças nos currículos tradicionais. Estudos indicam que muitos professores ainda carecem de formação específica para trabalhar com as questões ambientais de maneira significativa e eficaz. Além disso, a falta de recursos e a escassez de materiais pedagógicos adequados dificultam a aplicação de práticas pedagógicas sustentáveis. Esses obstáculos podem ser superados por meio de programas de formação continuada para educadores e pela criação de materiais didáticos que integrem a educação ambiental de forma prática e aplicável ao contexto da escola (De Aguiar Lima; Pacheco; Ribeiro, 2020).
E para que a educação ambiental seja de fato integrada ao currículo escolar, é necessário que haja um comprometimento das esferas de gestão educacional, desde o planejamento pedagógico até a execução das atividades em sala de aula (De Aguiar Lima; Pacheco; Ribeiro, 2020). Camargo e Lima (2023) destacam que a colaboração entre educadores, gestores escolares e a comunidade local é fundamental para que as práticas sustentáveis se tornem uma realidade no cotidiano das escolas. A criação de espaços de aprendizagem, como hortas escolares e projetos de reciclagem, e o uso de metodologias ativas são estratégias eficazes para fomentar o engajamento dos alunos e promover a aplicação dos conhecimentos adquiridos em situações práticas. Dessa forma, a educação ambiental no currículo escolar não apenas promove a reflexão sobre questões globais, mas também incentiva a ação local, contribuindo para a formação de cidadãos mais conscientes e responsáveis.
PROJETOS INTERDISCIPLINARES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Ao conectar disciplinas como Ciências, Geografia, História, Matemática e Artes, os projetos interdisciplinares oferecem uma abordagem perspectiva que propicia aos alunos uma visão integrada do meio ambiente e de sua relação com as atividades humanas. Essa interdisciplinaridade estimula o entendimento das interconexões entre os sistemas naturais e sociais, permitindo que os estudantes analisem problemas complexos e desenvolvam soluções colaborativas e integradas (Barbosa, 2018).
De acordo com Abreu (2018), os projetos interdisciplinares conectam a teoria à prática por meio de atividades como hortas escolares, campanhas de reciclagem e análises de problemas locais de poluição, nas quais os alunos aplicam os conceitos aprendidos em sala de aula em situações reais. Essa prática reforça o aprendizado teórico e incentiva o protagonismo dos estudantes, que se tornam agentes ativos na transformação de sua realidade e no desenvolvimento de soluções sustentáveis. Esses projetos também promovem a colaboração entre os alunos, estimulando o trabalho em equipe e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como empatia, liderança e comunicação, criando um ambiente de aprendizado dinâmico e enriquecedor, essencial para abordar questões ambientais de forma cooperativa e global.
Santos e Rodrigues (2020) destacam que outro ponto é o envolvimento da comunidade escolar nos projetos, ampliando o impacto das ações para além da sala de aula. Ao incluir pais, professores e gestores, os projetos criam uma cultura de sustentabilidade dentro da escola e estimulam mudanças de comportamento também no ambiente familiar. Por exemplo, campanhas de conscientização sobre o desperdício de alimentos ou práticas de economia de água podem engajar tanto os alunos quanto suas famílias, promovendo ações coletivas que reforçam a importância de práticas sustentáveis na rotina diária. Esse envolvimento comunitário fortalece os laços entre escola e sociedade, ampliando os benefícios educativos e sociais dos projetos interdisciplinares.
A implementação de projetos interdisciplinares de educação ambiental nas escolas, vai além do cumprimento de diretrizes curriculares e legais, como a Política Nacional de Educação Ambiental e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Ela desempenha um papel transformador ao preparar os alunos para atuar de forma responsável diante dos desafios ambientais globais, como a mudança climática, a conservação dos recursos naturais e a preservação da biodiversidade (Lopes; Abílio, 2021).
Dessas formas, os projetos interdisciplinares de educação ambiental representam uma abordagem pedagógica, permitindo a integração de diferentes áreas do conhecimento, o que contribui para a compreensão das questões ambientais de forma mais complexa e contextualizada. Através da colaboração entre disciplinas como ciências, geografia, matemática e linguagens, esses projetos possibilitam que os alunos explorem a inter-relação entre os temas ambientais e outros conteúdos curriculares, promovendo uma aprendizagem mais completa e integrada (Barbosa, 2018).
Tais projetos incentivam a participação ativa dos alunos, estimulando-os a resolver problemas práticos e a aplicar conhecimentos em ações concretas, como o desenvolvimento de hortas escolares ou campanhas de sensibilização sobre sustentabilidade. Esse tipo de metodologia facilita a vivência dos conteúdos, proporcionando uma experiência educacional significativa e de impacto no comportamento dos estudantes em relação ao meio ambiente (Lopes; Abílio, 2021).
IMPACTO DOS PROJETOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Os projetos de educação ambiental promovem a conscientização sobre problemas ambientais globais e locais, como mudanças climáticas, poluição e degradação de recursos naturais, incentivando os alunos a adotarem comportamentos responsáveis e transformadores em suas comunidades. Dessa forma, a escola se estabelece como um espaço estratégico para formar cidadãos críticos e participativos com a preservação ambiental. Por meio da integração da educação ambiental ao currículo escolar, atividades práticas tornam-se ferramentas pedagógicas que conectam teoria e prática, fortalecendo o entendimento dos conteúdos curriculares e estimulando habilidades como trabalho em equipe, pensamento crítico e colaboração (Petrovich; Araújo, 2015).
Estes projetos também fortalecem os vínculos entre a escola e a comunidade, uma vez que frequentemente envolvem professores, famílias e gestores em ações conjuntas. Essa interação amplia o impacto das iniciativas, criando uma cultura de sustentabilidade que ultrapassa os limites da escola e influencia positivamente os hábitos da comunidade local. Campanhas de conscientização sobre consumo consciente, economia de recursos e práticas de preservação ambiental são exemplos de ações que engajam os diferentes atores escolares e comunitários, gerando mudanças comportamentais duradouras. Além disso, esses projetos estão alinhados a marcos legais e educacionais importantes, como a Política Nacional de Educação Ambiental e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, além de atenderem às competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que destacam a necessidade de formar cidadãos conscientes, críticos e socialmente responsáveis (Petrovich; Araújo, 2015).
Barbosa (2018) reforça que a implementação destes projetos favorece a formação de uma consciência coletiva sobre a interdependência entre os sistemas naturais e sociais, ajudando os alunos a compreenderem a complexidade dos problemas ambientais e sua relação com o cotidiano. Ao integrar conteúdos curriculares a práticas sustentáveis, esses projetos proporcionam uma experiência educativa mais dinâmica, ao mesmo tempo em que fomentam o engajamento dos estudantes com ações que beneficiem o meio ambiente e a sociedade. Tais iniciativas reforçam o compromisso da escola com a formação de indivíduos capazes de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, ética e sustentável.
Em suma, os projetos de educação ambiental na Educação Básica geram impactos positivos duradouros, tanto na formação acadêmica quanto no desenvolvimento pessoal dos estudantes. Eles promovem uma educação transformadora, que prepara os jovens para enfrentarem os desafios ambientais com responsabilidade, criatividade e senso crítico, ao mesmo tempo em que fortalecem os laços entre escola e comunidade e contribuem para a construção de um futuro mais sustentável (Abreu, 2018).
A INFLUÊNCIA DE PROJETOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ÂMBITO ESCOLAR
A implementação de projetos de educação ambiental no ambiente escolar integra práticas sustentáveis ao cotidiano escolar, abordando temas como reciclagem, consumo consciente, preservação ambiental e mudanças climáticas. Por meio de atividades interdisciplinares e participativas, os estudantes são estimulados a refletir sobre os impactos de suas ações no meio ambiente, desenvolvendo uma postura crítica. Além disso, os projetos de educação ambiental fortalecem competências previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como responsabilidade, cidadania e pensamento crítico, ao conectar teoria e prática, permitindo que os alunos compreendam os desafios ambientais de forma concreta e assumam um papel ativo na busca por soluções tanto no âmbito escolar quanto na comunidade (Mota et al., 2018).
Lopes e Abílio (2021) elencam que outra influência está na sensibilização da comunidade escolar, incluindo famílias e gestores. Campanhas, eventos e ações conjuntas promovidas no contexto desses projetos extrapolam o espaço da sala de aula, fomentando uma cultura de sustentabilidade que influencia hábitos e atitudes, reforçando a responsabilidade compartilhada pela preservação ambiental. Estes projetos de educação ambiental mostram um elevado potencial transformador, contribuindo para a formação de indivíduos mais comprometidos com as questões ambientais e aptos a adotar práticas sustentáveis. Essas ações representam uma estratégia essencial para enfrentar os desafios ambientais contemporâneos, promovendo mudanças de comportamento que impactam positivamente a sociedade e o meio ambiente.
A implementação de projetos de educação ambiental no contexto escolar não só contribui para o aprendizado dos estudantes, mas também para a formação de uma consciência ambiental crítica e engajada. Ao incorporar práticas sustentáveis no currículo, os alunos têm a oportunidade de participar de atividades que abordam questões como a reciclagem, o uso consciente dos recursos naturais e a preservação da biodiversidade. Essas ações incentivam os estudantes a adotar comportamentos mais responsáveis e a refletir sobre os impactos de suas escolhas no meio ambiente. Além disso, a integração de temas ambientais nas atividades cotidianas da escola reforça a importância de ações locais para a resolução de problemas globais, como o aquecimento global e a poluição (Abreu & Castro, 2018).
Os projetos de educação ambiental também têm o poder de fortalecer a identidade ambiental dos alunos, conectando-os com o território onde vivem e despertando neles o senso de pertencimento. Ao vivenciar ações sustentáveis no ambiente escolar e nas comunidades locais, os estudantes tornam-se agentes de transformação social, contribuindo para a implementação de políticas ambientais em seus bairros e cidades. Essa vivência proporciona uma compreensão mais profunda da complexidade dos problemas ambientais, permitindo que os alunos se tornem mais preparados para adotar soluções práticas e eficazes. Dessa forma, os projetos de educação ambiental podem ser vistos como um catalisador para mudanças comportamentais que se estendem além das paredes da escola (Pezzí & Lima, 2023).
Além disso, os projetos de educação ambiental proporcionam um espaço para a construção de habilidades socioemocionais nos alunos. Ao serem desafiados a trabalhar em equipe, discutir soluções para problemas ambientais e se envolver em ações coletivas, os estudantes desenvolvem competências como empatia, colaboração, liderança e tomada de decisão. Essas habilidades são essenciais não apenas para enfrentar os desafios ambientais, mas também para a formação de cidadãos conscientes e participativos, capazes de contribuir ativamente para a construção de um futuro mais sustentável. A escola, portanto, deixa de ser um local apenas de transmissão de conhecimento, tornando-se um espaço dinâmico de troca de experiências, de aprendizado prático e de empoderamento dos alunos (Santos & Rodrigues, 2020).
Por meio da implementação de projetos interdisciplinares, que envolvem múltiplas áreas do conhecimento, como ciências, geografia, história e até mesmo a educação artística, os alunos têm a oportunidade de explorar diferentes aspectos das questões ambientais. Essas atividades não apenas enriquecem o aprendizado, mas também proporcionam uma compreensão mais holística dos problemas ambientais. A interdisciplinaridade permite que os estudantes percebam as conexões entre os aspectos ecológicos, sociais, culturais e econômicos das questões ambientais, o que favorece a construção de uma visão crítica e integrada sobre as soluções para esses problemas (Mota et al., 2018).
Além de promover uma educação voltada para a sustentabilidade, esses projetos oferecem uma forma eficaz de envolver a comunidade escolar, incluindo professores, alunos, funcionários e familiares. As ações e campanhas realizadas no âmbito da escola, como mutirões de limpeza, hortas comunitárias e programas de coleta seletiva, extrapolam o espaço escolar e têm o potencial de gerar um impacto significativo na conscientização ambiental das famílias. Dessa maneira, os projetos de educação ambiental contribuem para a formação de uma cultura de sustentabilidade que se espalha para além da escola, incentivando práticas mais responsáveis e ambientalmente corretas dentro e fora do ambiente escolar (Lopes & Abílio, 2021).
A adoção de metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em projetos (ABP), também é um fator que potencializa os resultados dos projetos de educação ambiental. Ao trabalhar com problemas reais e concretos, os alunos não apenas adquirem conhecimento, mas também se engajam em processos de investigação, análise e solução de problemas. Essas metodologias estimulam o protagonismo estudantil e permitem que os alunos desenvolvam suas próprias ideias e soluções para os desafios ambientais. O uso dessas abordagens contribui para a formação de um pensamento crítico e para o desenvolvimento de habilidades práticas, que são aplicáveis tanto no contexto escolar quanto na vida cotidiana dos estudantes (De Aguiar Lima et al., 2020).
Outro ponto relevante é o impacto positivo desses projetos na formação de valores fundamentais para o exercício da cidadania. Ao participar de ações que promovem a sustentabilidade, os alunos internalizam valores como respeito ao meio ambiente, solidariedade, ética e compromisso com as futuras gerações. Esses projetos, portanto, não só contribuem para a educação ambiental, mas também ajudam a formar cidadãos mais conscientes de sua responsabilidade em relação ao planeta. Isso é especialmente importante em um momento em que as questões ambientais estão cada vez mais presentes nas agendas políticas e sociais, exigindo a participação ativa da sociedade na busca por soluções (De Melo et al., 2023).
Por fim, os projetos de educação ambiental ajudam a fortalecer a conexão dos alunos com o meio ambiente local, despertando neles um senso de responsabilidade sobre o lugar onde vivem. Ao se engajarem em ações que buscam melhorar o entorno da escola, como o plantio de árvores, a preservação de espaços verdes e o cuidado com a fauna local, os estudantes se tornam mais conscientes da importância da preservação dos recursos naturais. Além disso, essas atividades possibilitam uma experiência de aprendizado mais significativa, pois conectam os alunos ao seu contexto, tornando os temas abordados mais tangíveis e relevantes para a sua realidade (Camargo & Lima, 2023).
A contínua implementação desses projetos nas escolas tem o potencial de gerar uma transformação profunda na forma como as futuras gerações percebem e interagem com o meio ambiente. Ao serem educados em uma cultura de sustentabilidade desde a infância, os alunos estarão mais preparados para enfrentar os desafios ambientais e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada. Nesse sentido, a educação ambiental nas escolas se apresenta como uma estratégia fundamental para promover mudanças sustentáveis em todos os níveis da sociedade, desde a escola até as comunidades e além delas (De Oliveira Brito et al., 2022).
IMPACTOS E DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI N° 9.795/99 NO CONTEXTO ESCOLAR
A implementação da Lei nº 9.795/99, que estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental, teve um grande impacto nas escolas brasileiras, buscando integrar a educação ambiental ao currículo escolar. No entanto, a concretização dessa política enfrenta diversos desafios. A necessidade de uma mudança paradigmática nas práticas pedagógicas exige a inclusão da sustentabilidade em diferentes áreas do conhecimento, além da adaptação de atividades práticas e interdisciplinares, conforme preconizado pela lei (Petrovich; Araújo, 2015). Entretanto, a falta de formação contínua e especializada para os professores e a escassez de materiais didáticos específicos ainda representam barreiras importantes para a plena implementação da educação ambiental (Lopes; Abílio, 2021).
Muitos educadores ainda encontram dificuldades em aplicar os conceitos de educação ambiental de forma eficaz, especialmente devido à falta de uma formação específica e ao enfoque limitado no currículo. Lopes e Abílio (2021) destacam que a formação de professores no Brasil, muitas vezes, não prepara adequadamente os educadores para abordar a complexidade dos temas ambientais. Como resultado, projetos de educação ambiental podem se tornar esporádicos e pontuais, sem o desenvolvimento de uma abordagem estruturada e contínua, o que prejudica a formação ambiental dos alunos. Além disso, a resistência a práticas pedagógicas inovadoras, muitas vezes presente no ambiente escolar, impede que as atividades ambientais sejam integradas de forma mais profunda no ensino cotidiano (Petrovich; Araújo, 2015).
A falta de infraestrutura nas escolas também é um fator que limita a implementação da Lei nº 9.795/99. Para que a educação ambiental tenha impacto significativo, é necessário que as escolas disponham de recursos adequados, como espaços para atividades práticas e materiais didáticos que favoreçam o aprendizado ambiental (De Melo; Chagas; Giesta, 2023). No entanto, muitos estabelecimentos de ensino enfrentam dificuldades em prover esses recursos, o que acaba comprometendo a realização de projetos de educação ambiental com eficácia. A infraestrutura inadequada dificulta a vivência do conteúdo, o que pode afetar o engajamento dos alunos e a efetividade das ações propostas (Lopes; Abílio, 2021).
Além disso, o financiamento dos projetos de educação ambiental é um fator crucial para a continuidade dessas iniciativas nas escolas. A escassez de apoio financeiro por parte dos gestores públicos compromete a manutenção de programas ambientais no longo prazo, tornando-os insustentáveis (Lopes; Abílio, 2021). Isso é especialmente evidente em contextos de escolas públicas, onde a falta de verba para a implementação de atividades práticas e a promoção de projetos ambientais é um desafio recorrente. Sem recursos adequados, muitos projetos de educação ambiental ficam restritos a atividades pontuais, sem conseguir alcançar o impacto desejado na comunidade escolar (De Melo; Chagas; Giesta, 2023).
Mesmo com esses desafios, a Lei nº 9.795/99 tem gerado resultados positivos, especialmente quando as escolas conseguem implementar projetos com apoio institucional e a colaboração das comunidades. De acordo com Melo, Chagas e Giesta (2023), os projetos de educação ambiental, quando realizados de forma consistente, têm potencial para sensibilizar os alunos e a comunidade escolar para as questões ambientais, promovendo práticas sustentáveis. Em muitos casos, esses projetos têm conseguido envolver não só os alunos, mas também suas famílias e a comunidade local, o que amplia a esfera de influência da educação ambiental (Petrovich; Araújo, 2015).
Esses projetos têm se mostrado fundamentais na formação de uma nova geração mais consciente sobre os problemas ambientais. Segundo Petrovich e Araújo (2015), ao participar de atividades como reciclagem, hortas escolares e campanhas de conscientização, os alunos desenvolvem uma postura crítica e ativa frente aos desafios ambientais. Essa abordagem prática e participativa estimula o desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais, além de preparar os estudantes para se tornarem agentes de transformação em suas comunidades. A conscientização ambiental vai além da teoria, tornando-se uma prática cotidiana que pode influenciar positivamente as atitudes dos alunos (Lopes; Abílio, 2021).
Entretanto, é necessário reconhecer que a implementação da Lei nº 9.795/99 não pode ser vista como uma solução única. A educação ambiental precisa ser tratada de forma transversal, como parte integrante de diversas disciplinas e não apenas um tema isolado. O estudo de Camargo e Lima (2023) aponta que a integração da educação ambiental nas escolas exige uma abordagem contínua, que deve ultrapassar os limites da sala de aula e envolver toda a comunidade escolar, incluindo gestores, professores, alunos e suas famílias. Para isso, é essencial que os projetos sejam planejados e executados de maneira sistemática, com o objetivo de criar um impacto duradouro na formação dos alunos e na transformação das suas práticas cotidianas (De Melo; Chagas; Giesta, 2023).
Em conclusão, a Lei nº 9.795/99 representa um marco importante na promoção da educação ambiental no Brasil, mas sua implementação enfrenta desafios estruturais e pedagógicos. A capacitação contínua de educadores, a melhoria da infraestrutura escolar e o apoio institucional e financeiro são questões fundamentais para garantir a efetividade desses projetos. Apesar das dificuldades, os projetos de educação ambiental têm mostrado um grande potencial para transformar a cultura escolar, promovendo práticas mais sustentáveis e contribuindo para a formação de cidadãos críticos e engajados com a preservação do meio ambiente. Como ressalta Lopes e Abílio (2021), a educação ambiental precisa ser encarada como uma prática constante, com uma abordagem interdisciplinar, que envolva não apenas os alunos, mas também as comunidades em que as escolas estão inseridas (Petrovich; Araújo, 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa demonstrou que a integração de práticas sustentáveis no currículo escolar, por meio de abordagens interdisciplinares, contribui para o desenvolvimento de competências como responsabilidade socioambiental e pensamento crítico. Além disso, atividades práticas ajudam a conectar a teoria à prática, proporcionando aos alunos uma compreensão mais profunda do impacto de suas ações no meio ambiente.
Contudo, desafios como a falta de formação específica para os docentes, a escassez de recursos materiais e financeiros e o envolvimento limitado da comunidade escolar em algumas regiões ainda representam barreiras à implementação dessas iniciativas. Para enfrentar essas dificuldades, políticas públicas como a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795/1999) e o Plano Nacional de Educação (PNE) preveem diretrizes para a inserção da temática ambiental nos currículos escolares.
Além disso, programas como o Educação Conectada, que busca integrar tecnologias ao ensino, podem contribuir para a disseminação de conteúdos voltados à sustentabilidade. Dessa forma, é necessário que essas políticas sejam fortalecidas e que novas estratégias sejam desenvolvidas para garantir a continuidade e a ampliação dessas práticas. O apoio institucional, aliado à participação ativa da comunidade escolar, torna-se essencial para consolidar a educação ambiental como parte estruturante da formação dos estudantes.
Por fim, a educação ambiental deve ser considerada um elemento indispensável para a preservação do meio ambiente e para a construção de uma sociedade mais responsável em relação aos recursos naturais. A continuidade dos projetos voltados a essa temática na Educação Básica contribui para a formação de indivíduos mais atentos às questões ambientais e preparados para enfrentar os desafios que envolvem a gestão da água e a sustentabilidade. Nesse sentido, novos estudos são fundamentais para ampliar o entendimento sobre estratégias educativas eficazes, possibilitando o desenvolvimento de iniciativas que fortaleçam a conscientização e promovam impactos positivos a longo prazo.
REFERÊNCIAS
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