Autor
Resumo
INTRODUÇÃO
Com o avanço do mundo globalizado, a tecnologia ganhou espaço no dia a dia do ser humano. Inúmeros aparelhos como por exemplo: celulares, câmeras digitais, smart televisões, tablets, notebooks e outros, são ferramentas que facilitam a vida de milhares de pessoas que dependem destes instrumentos para o trabalho ou para lazer. Visto as transformações oriundas da globalização e a expansão das novas tecnologias na sociedade em que vivemos, é importante que a escola se adeque a este contexto e utilize os recursos e benefícios oferecidos pelo mundo informatizado como ferramentas pedagógicas para estimular a leitura. Se antes os textos e exercícios eram encontrados apenas nos livros tradicionais, com o advento tecnológico, as informações estão presentes em todos os lugares.
A leitura e a produção de textos são habilidades necessárias e essências na comunicação do ser humano porque é por meio delas que ele adquire informações, compartilha experiências e interage com todos ao seu redor. O uso das tecnologias alterou a forma de pensar, relacionar e agir de toda sociedade, uma vez que, à medida que os aparelhos evoluem, adquirem novas e mais complexas funções, o homem adapta-se e cria mais espaços para eles. E cada vez mais cedo, tem-se acesso a essas novas aparelhagens.
Da mesma forma que todas as relações do ser humano se modificaram mediante ao tratamento da informação e comunicação, a escola necessita inserir os novos recursos dentro de sua prática pedagógica e garantir que eles sejam vistos, não como empecilhos para os educadores durante as aulas, visto que muitos alunos os utilizam de forma imprópria, mas como mais uma ferramenta de auxílio ao processo de educação, como dinamizador e estratégia de leitura. O objetivo geral dessa pesquisa bibliográfica é desmistificar a barreira tecnológica/sala de aula. Os objetivos específicos são: construir nos docentes a consciência sobre a necessidade de leitura, evidenciar que o computador e outros aparelhos eletrônicos podem se transformar em metodologias e serem usados, enfim, como uma opção didática em sala de aula; desfazendo-se de métodos ultrapassados para formação de leitores competentes capazes de interagir no mundo tecnológico.
A TECNOLOGIA, A LEITURA E A ESCOLA – O QUE É QUE TEM A VÊ?
O grande desafio da escola hodierna é atualizar e adaptar-se mediante às transformações e necessidades do contexto contemporâneo no qual o aluno está inserido. Como utilizar os recursos tecnológicos para formação de leitores críticos capazes de interagir num mundo digital? Este questionamento é o ponto de partida desta pesquisa bibliográfica.
Nessa perspectiva, é preciso repensar a função da escola juntamente com seus conteúdos, objetivos e metodologias adotadas no processo de ensino aprendizagem. As novas práticas desenvolvidas devem priorizar a formação de leitores capazes de interagir com os gêneros digitais. Lajolo (2012), Solé (1998), Silva (2018) e Pietri (2009), discorrem sobre a formação de indivíduos leitores e servirão como fontes de pesquisa neste trabalho. Além de outros teóricos como Almeida (2016), Costa (2008) e Oliveira (2015) que pesquisaram acerca das mudanças na escola na Era Digital.
Visto a importância dessas reflexões e mudanças, esta pesquisa bibliográfica é relevante pois pretende discorrer acerca das exigências atuais e criar práticas pedagógicas contextualizadas a fim de possibilitar a formação de leitores críticos capazes de interagir em meio ao ambiente digital.
O CONCEITO DE LEITURA
Ler é um ato de apropriação do mundo e circunda a vida do homem a partir do momento em que o indivíduo passa a se considerar parte de um grupo até o fim de sua vida. Conforme Lajolo (2012), “ler não é decifrar o sentido de um texto”, não é apenas decodificar símbolos ou sinais sistematizados, mas sim, é participar ativamente do processo de intercomunicação e interagir com o meio dando sentido aos textos ao redor, compreendendo e interpretando-os. “Um bom leitor é capaz de atribuir significado ao texto, relacionar com outros textos significativos e entregar-se ou rebelar-se contra ele (Lajolo, 2012, p.91) ”. É por meio da leitura que o indivíduo participa da sociedade trocando ideias, refletindo criticamente, ampliando sua criatividade, conhecimento e exercendo sua cidadania. Segundo Solé (1998):
A leitura é um processo de interação entre o texto e o leitor, sendo que o leitor constrói o significado do texto considerando seus conhecimentos prévios e os objetivos de quem escreve. A leitura é o processo pelo qual se compreende o texto escrito. Para ler necessitamos simultaneamente manejar com destreza as habilidades de decodificação e aportar no texto nossos objetivos, idéias e experiências prévias (Solé, 1998, p.23).
Visto o conceito apresentado por Solé (1998), entende-se a leitura sob uma perspectiva interativa que é fundamental para relacionar-se com o meio em que vive, aproveitando-se da bagagem que o leitor traz e também levando em consideração os objetivos traçados pelo escritor ao produzir determinado texto. É sob essa visão de constantes trocas que se dá o processo da leitura. Assim sendo, a leitura é um componente curricular prioritário da escola já que o aluno precisa ser capaz de ler de forma autônoma, estabelecendo inferências e emitindo opiniões próprias sobre o que leu, além de utilizar a leitura com fins de informação, aprendizagem e lazer. Portanto, o desafio da escola, com respeito à leitura, é desenvolver competências que transcendam a aquisição mecânica de códigos linguísticos e sim formem leitores competentes capazes de interagir com o mundo. Consonante com esta ideia, Silva (2018) reitera que desenvolver o hábito de leitura traz para a formação do ser humano “o desenvolvimento cognitivo e o ajuda a ser capaz de se transformar em um ser consciente de seus direitos e deveres frente à sociedade no qual está inserido”.
O desafio é ainda maior quando se leva em consideração as mudanças oriundas do avanço tecnológico. A escola, além de desenvolver estratégias para formação de leitores competentes, precisa que estes leitores sejam capazes de lidar com a gama de informações presentes nos gêneros digitais existentes no mundo moderno. Esta nova realidade será esmiuçada no subcapítulo a seguir.
DESAFIO DA LEITURA NA ERA DIGITAL
Como visto na introdução, com a amplificação das mídias digitais, toda sociedade foi impactada, inclusive a comunidade escolar. A escola não é mais a única fonte de conhecimento e passa a dividir essa função com meios assistemáticos como por exemplo aplicativos, mídias sociais e sites de estudo e de notícias. As mudanças não transformam apenas as formas de adquirir conhecimento, mas também afetaram os métodos de aprendizagem, exigindo que se repense sobre o papel do professor, a função do ambiente escolar e a uma reflexão crítica sobre como a tecnologia molda a relação entre alunos na educação.
A expansão do acesso à informação atualizada e agilidade de comunicação são alguns dos benefícios oriundos das mudanças, portanto, as práticas pedagógicas devem ver a tecnologia como auxiliar na construção de conhecimento e não como sua inimiga. A escola, portanto, ou se adapta e insere as redes e tecnologias em suas práticas ou as ignora e torna-se uma instituição obsoleta com métodos e técnicas ultrapassadas e que já não interfere mais no mundo ao seu redor. Um novo meio de ensinar e de aprender se fazem necessários. O professor da era digital precisa aceitar e preparar-se para a utilização dessas novas ferramentas para a melhoria do aprendizado do aluno e a inovação das aulas.
Logicamente, além de mudanças nos métodos e práticas de ensino, a infraestrutura e os maquinários da escola precisam ser modernizados. Esse é o primeiro desafio: adquirir equipamentos, uma rede de internet eficiente e softwares educativos para serem utilizados nas diversas modalidades de ensino, desde o ensino infantil à educação de jovens e adultos. É muito comum encontrar ambientes escolares com suporte deficiente, falta de recursos financeiros e materiais, além de instrumentos ultrapassados com manutenção precária e/ ou até defeituosos – isso quando a escola possui alguma disposição, pois há muitas que não dispõem.
Quando consideramos os aspectos apresentados no capítulo anterior sobre a importância e conceituação da leitura, o desafio da escola dobra, pois, o objetivo e necessidade da escola da era digital é formar leitores competentes e capazes de interagir com novas realidades e diversidades. Ignorá-las é um erro. Pietri (2009) apresenta um pouco acerca deste novo desafio:
Se a invenção da imprensa, no século XV, possibilitou uma revolução em relação aos modos como nos relacionamos com os textos escritos, outra revolução nas práticas de leitura teria acontecido, no século XX, com a invenção do texto eletrônico, lido num novo suporte: a tela do computador. O texto eletrônico introduziu mudanças e rupturas nos modos como produzimos e lemos textos. A produção e a leitura do texto eletrônico se caracterizam pela possibilidade da não linearidade e pela fragmentariedade (Pietri, 2009, p.28).
A partir da afirmação de Pietri (2009) é possível entender que o texto eletrônico oferece novas possibilidades ao leitor, pois com um clique num determinado lugar da página que está sendo observada no computador ou celular, pode-se acessar outra página, outro texto, ou imagens, ou vídeos e qualquer outra informação que some às interpretações do texto inicial. Sendo assim, o leitor pode construir sentidos em seu trabalho de leitura acessando variedades de outros textos através de links, não necessariamente obedecendo a um padrão de leitura linear ou contínuo pré-estabelecido, como acontece com textos impressos. Esse fenômeno chama-se de hipertextualidade. A mesma ideia é corroborada por Almeida (2016) em que o leitor digital torna-se mais ativo e autônomo, ele é coautor, escolhendo o caminho de leitura. Assim, vai construindo seu percurso, interagindo com outras formas de textos, de linguagens e com os próprios autores, fazendo suas críticas”.
O uso das tecnologias na sala de aula é um fator preponderante para que o processo de construção de leitura seja contextualizado e contemporâneo, já que a clientela da escola vive rodeada por diversas e variadas informações, sendo algumas duvidosas e não tão confiáveis, sendo necessário que o aluno seja capaz de lidar com essa gama de conhecimento discernindo-os e depois utilize-os para interagir com outros. É preciso que o leitor esteja atento em relação à fidedignidade e veracidade dos textos oferecidos eletronicamente.
O papel do professor e do aluno também se alteram mediante ao uso das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem, pois o professor não se limita mais a ser aquele que transmite informações mas sim, é aquele que permite e fornece condições para que o próprio aluno possa construir e participar ativamente do seu processo de construção de aprendizagem, sendo o protagonista, desenvolvendo sua autonomia, criticidade e a vontade de aprender, buscando informações para agregar na vida pessoal e intelectual.
A BNCC (Base Nacional Comum curricular), que foi um documento criado pelo Ministério da Educação e que tem por finalidade estabelecer objetivos de aprendizagem e desenvolvimento básicos comuns que os alunos devem desenvolver durante os anos de escolaridade, reforça em Língua Portuguesa, o uso da diversidade de gêneros textuais desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental para o aprendizado efetivo da competência em leitura, principalmente os gêneros digitais. Segundo Costa (2008) gêneros digitais são “ formas de comunicação que surgiram em decorrência de avanços tecnológicos, caracterizado principalmente pela produção de textos mais curtos e diretos, o diálogo entre elementos verbais e audiovisuais e a presença de links”. Os gêneros que pertencem a essa categoria não consideram o consumidor da informação como passivo, pois ele tem acesso à linguagem por diversos canais, no entanto, recebe esse conteúdo e também interage, atribui um novo contexto e o transforma. Oliveira (2015) aponta sobre a BNCC:
[…]tem como objetivo oportunizar que o indivíduo se constitua como sujeito por meio de práticas sociais mediadas por linguagens diversificadas, tornando o percurso seguro para o aluno pela concretização da formação do cidadão, conforme previa a Lei de Diretrizes e Bases da Educação -1996, crítico e reflexivo, capaz de “ler o mundo” de forma autônoma e se reconhecer como um sujeito pleno e consciente de seus direitos e deveres (Oliveira, 2015).
Portanto, nos gêneros digitais o aluno não apenas lê, mas interage constantemente com leituras variadas, refletindo sobre a função social da linguagem e suas próprias interpretações e também produz respostas de forma analítica. Para interagir e agir com responsabilidade no ambiente digital, é fundamental analisar criticamente as informações, compreendendo as diferentes realidades e pontos de vista que elas representam. São exemplos desses gêneros: e-mails, blogs, podcast, memes, vlogs, Fanfics, wikis, stories e outros formatos típicos da cultura jovem atual. O papel da escola é equipar os alunos com as habilidades linguísticas necessárias para diversas situações, abrangendo também o uso das tecnologias digitais da informação e da comunicação.
PRÁTICAS E ATIVIDADES QUE FOMENTAM A FORMAÇÃO DE LEITORES COMPETENTES
Após a reflexão sobre o papel interativo da leitura, levando em consideração todas as mudanças e avanços tecnológicos visto nas últimas décadas, faz-se necessário o desenvolvimento de práticas de ensino em sala de aula que desmistificam o uso das novas tecnologias e desenvolvam habilidades necessárias para formação de leitores que sejam competentes e críticos. Assim sendo, diante dessas constatações e desafios, “o uso de mídia em contextos educacionais requer ações que instiguem novas possibilidades de aprendizagem e a vivência de processos criativos, com diálogos e interações múltiplas” (Oliveira, 2015, p. 20) ”. Tendo em vista a afirmação de Solé (1998), as estratégias de leitura são as ferramentas necessárias para o desenvolvimento da leitura proficiente. Sua utilização permite compreender e interpretar de forma autônoma os textos lidos e pretende despertar o professor para a importância de um trabalho no sentido da formação do leitor reflexivo (Solé, 1998, p. 99) ”. Cabe aos professores instigar os alunos propondo atividades que desenvolvam as habilidades principais para formar bons leitores e escritores.
Vale ressaltar que também é importante para o sucesso do professor sentir o estado de ânimo da classe e adaptar-se às circunstâncias, aprendendo a usar as tecnologias adequadamente, para conseguir bons resultados com os alunos, afinal, na era digital, os discentes têm mais propensão de sucesso ao se deparar com um professor que os surpreenda, que traga novidades, que varie suas estratégias e recursos, como também, os métodos de organizar o desenvolvimento de ensino-aprendizagem. Nesse caso, a seleção de bons materiais é muito importante, além da organização adequada para cada etapa de desenvolvimento cognitivo em que a turma se encontra.
O uso de tecnologias como computador, tablet ou celular tornam as aulas mais prazerosas e dinâmicas, além de dar ao aluno autonomia para a construção do seu conhecimento. Com as tecnologias atuais a escola pode transformar-se em um conjunto de espaços ricos de aprendizagens significativas, que motivem os alunos a aprender ativamente, a pesquisar, a serem proativos e a saber interagir. Talvez essa seja uma das inúmeras vantagens do uso das tecnologias no processo de aprendizagem. Passou-se o tempo em que o aluno era um mero receptor de conteúdo como um pote. Aprender exige envolver-se, pesquisar, ir atrás, produzir novas sínteses e descobrir o novo. Com tanta informação disponível diante de si, com as mídias e tecnologias, é importante que o aluno desperte e saia do estado passivo, de espectador. A educação atual exige que se busque, compare, analise, construa e comunique. Apenas um aprendizado ativo e motivador possibilita a evolução.
Esse capítulo apresenta algumas sugestões de atividades vinculadas ao uso da tecnologia que podem ajudar no despertar do interesse na leitura e no desenvolvimento das competências digitais, a fim de promover uma comunicação eficaz e incentivar a criatividade no aprendizado , contudo deve levar-se em consideração que a prática docente só é eficaz quando as propostas oferecidas pelo professor vão ao encontro das necessidades e características do aluno, desta forma as atividades podem necessitar de adaptação e adequação em determinados contextos.
SALA DE AULA INVERTIDA
A sala de aula invertida – do inglês, flipped classroom, por exemplo, é uma prática que troca aquelas funções determinadas pelo modelo tradicional de ensino, em que o professor, em uma aula expositiva é o detentor do saber, aquele que explica a matéria no quadro para que depois os alunos façam, sozinhos, a lição em casa. Com a mudança de estratégia da aula invertida, os papéis são trocados e o aluno passa ser o protagonista de seu processo de aprendizagem, em que, primeiro faz a internalização dos conceitos essenciais com apoio de textos que ele mesmo pesquisa da internet em casa, e depois, junto à turma, discute os conhecimentos adquiridos, tirando possíveis dúvidas de conteúdo com a ajuda e orientação do professor. O aluno é, então, ativo e senhor da construção do seu conhecimento, utilizando a tecnologia, para acessar textos diferenciados sobre determinado tema, tendo o cuidado de analisar, criticar e averiguar os autores e a veracidade das informações encontradas, comparando-as. Após a pesquisa e seleção dos textos, compartilha com a turma, comunicando por meio da linguagem sua própria percepção das informações que encontrou, podendo assim, interagir com seus pares, e, se necessário, tirar dúvidas com o professor. Numa aula tradicional, o texto lido seria selecionado previamente pelo docente e seria o mesmo para todos. Já numa sala de aula invertida, os próprios alunos selecionam o texto com os critérios que acharem pertinentes e ainda podem compartilhar suas impressões sobre o mesmo para os colegas.
Para Schneiders (2018),
[…] o professor passa a mediar e orientar as discussões e a realização das atividades, agora executadas em sala de aula, considerados os conhecimentos e conteúdos acessados previamente pelo estudante, isto é, fora do ambiente da sala de aula. Agora o professor pode dedicar o seu tempo de sala de aula, na presença dos estudantes, para consolidar conhecimentos para orientá-lo, esclarecer as suas dúvidas e apoiá-lo no desenvolvimento do seu aprendizado. É, portanto, uma estratégia que propõe mudar alguns elementos do ensino presencial, sugerindo uma alternativa à lógica tradicional (Schneiders, 2018, p. 9).
ORGANIZAÇÃO DE TAREFAS E PORTFÓLIOS
Ferramentas digitais como aplicativos de organização de tarefas e aulas aprimoram a capacidade do aluno de comunicar e sintetizar informações. Tais habilidades, essenciais no atual cenário de informação rápida e fluida, são desenvolvidas através da prática de resumir e sintetizar. O aplicativo ClipEscola e a plataforma de trabalho Monday são exemplos de opções que disponibilizam ferramentas para registro de aulas, calendário, agenda de recados e ainda oferecem a possibilidade de interação entre professor, alunos e pais. Uma atividade simples utilizando um desses recursos tecnológicos que pode ajudar o aluno a desenvolver a habilidade de sintetizar informações é pedir que o aluno use a ferramenta de registro para resumir o dia letivo com as informações mais importantes e conteúdos aprendidos. Outras ferramentas disponíveis são: o Padlet onde também é possível construir murais em coletivo, painéis de discussão, portfólio virtual de atividades, adicionando, inclusive, imagens, vídeos, áudios, texto e ainda interagir com as publicações comentando, curtindo ou votando; o ClassDojo e o Seesaw, que além de todas as ferramentas citadas, permitem a comunicação e interação ativa também com os pais, fora da escola de forma segura e confiável.
ESTÍMULO DA LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
Silva (2018) destaca que o hábito de leitura através de livros impressos tem sofrido uma queda ao longo dos anos, primeiro por conta da falta de interesse de grande parte dos alunos, como também justifica esse fato dizendo que “a tecnologia pode ser a grande responsável pois o próprio ambiente virtual é capaz de fornecer os mais diferentes tipos de informação, incluindo livros digitais, bibliotecas digitais nas mais diversas áreas do conhecimento”. Para que se responda ao primeiro desafio – a saber, falta de interesse na leitura, é necessário que haja estudos e pesquisas na área a fim de resgatar no leitor o encantamento pela literatura, mas, ao segundo fator, eis a questão: por que não utilizar a tecnologia que é tão atraente ao educando como ferramenta pedagógica?
Para a leitura de livros literários, utilizar o Adobe Acrobat DC, que é um programa leitor de arquivos no formato pdf, e o aplicativo Wattpad também são boas alternativas. Várias obras são disponibilizadas em acervos públicos para baixar em pdf, que podem ser lidos tanto no celular quanto no computador, visto que nem sempre as escolas ou comunidades contam com bibliotecas públicas com livros em grandes quantidades ou com lojas com preços acessíveis. O Wattpad é um aplicativo para celular gratuito – também tem versão web – e pode ser utilizado como ferramenta para leitura e para produção de textos. O aplicativo permite o compartilhamento e a publicação de histórias na internet, reunindo obras de autores conhecidos e desconhecidos e ainda permite que os leitores se conectem com autores, comentem e votem nos seus contos preferidos. Os usuários podem ter acesso a milhares de obras clássicas e também fanfics, que são produções não oficiais, além de possibilitar publicar e compartilhar seus próprios textos, incluindo artigos, poemas, contos ou até suas próprias versões de histórias clássicas originais.
Outras opções disponíveis são: a plataforma Árvore, com uma biblioteca digital vasta, voltada, principalmente, para educação socioemocional e desenvolvimento do hábito de leitura, escrita e fluência em inglês, além de ampliar o vocabulário de alunos da educação infantil até o ensino médio; e a plataforma Elefante Letrado, que além de estimular a leitura digital, os alunos ainda podem ler, participar de atividades interativas, responder perguntas e receber relatórios sobre o progresso de leitura e indicações do próprio professor.
Uma prática bem comum às classes de produção e leitura de textos é a troca de cartas entre os alunos da mesma escola ou de outra. Essa atividade é bem eficaz pois oportuniza a experiência de utilizar o gênero em sua função social na prática, afinal, muitos alunos nunca tiveram a experiência de enviar uma carta ou, menos ainda, preencher envelopes. Por que então não expandir a prática quando se trata dos gêneros digitais? A troca de e-mails ou preenchimento de formulários online, por exemplo, também poderiam enriquecer as aulas e despertar o interesse em escrever e produzir textos variados, já que a ação estaria viabilizando a utilidade real da linguagem que é a interação e comunicação. Enviar um e-mail para um amigo, para editora ou autor de um livro, ou simplesmente para redigir uma solicitação ou reclamação para alguma entidade proporciona o uso da escrita como também a reflexão e análise sobre a função e estrutura de um gênero textual, não só na teoria.
O Canva também pode ser uma ferramenta útil e dinâmica em sala de aula. O aplicativo que conta com sua versão para celular e Web oferece diversas funcionalidades para trabalhar vários gêneros textuais e pode enriquecer o processo de ensino-aprendizagem, pois permite que se crie materiais visuais atraentes e personalizados, como apresentações, infográficos, cartazes, convites variados, mapas mentais, estimulando a criatividade e comunicação visual dos alunos, já que eles aprendem a organizar as informações de forma clara e visualmente atraente.
INTERAÇÃO E PESQUISA
Os gêneros digitais relacionados à apuração e ao relato de fatos e de situações, como reportagens, documentários, podcasts e blogs de opinião são algumas das possibilidades de textos que podem ser trabalhados nas aulas. Além de possibilitar o acesso a saberes sobre o mundo, também evidencia a prática da cultura digital, ou seja, é possível utilizar a internet para o “bem” e não só para o lazer. Dada a diversidade das redes sociais, é crucial discutir suas especificidades com os estudantes. Por exemplo, o Twitter impõe um limite de caracteres, enquanto o Instagram se concentra no compartilhamento de fotos e vídeos. Explorar essas diferenças em sala de aula, analisando exemplos de posts, conversas virtuais, gêneros e interatividade, facilita a leitura e a compreensão desses textos, tornando-se um recurso valioso.
Atividades que envolvam a interação nas redes sociais também permitem uma aproximação do mundo virtual a serviço da educação com objetivo de agregar conhecimento, valores e habilidades socioemocionais promovendo o intercâmbio entre as redes sociais e as disciplinas do currículo pedagógico, como: combate ao bullying e ciberbullying, reconhecimento e enfrentamento de fake News, estratégias de cultura de paz e luta contra violência e intolerância, discursos de ódio na internet, entre outras questões presentes nas redes sociais e completamente pertinentes na construção de virtudes e valores. Utilizando as próprias redes sociais, os alunos têm a possibilidade de utilizar a escrita para descrever/reescrever suas ideias, comunicar –se e trocar experiências, em busca de resolver problemas do cotidiano, representam e divulgam o próprio pensamento e trocam informações refletindo sobre a realidade.
A integração dos aplicativos mencionados neste artigo no ambiente educacional transcende a mera adoção de ferramentas digitais; representa uma transformação pedagógica que visa capacitar os alunos para interação no século XXI por meio da leitura dos gêneros digitais. Reconhecendo a curva de aprendizado inerente a qualquer nova tecnologia, é importante ressaltar a vasta disponibilidade de tutoriais e sites instrutivos na internet. Esses recursos oferecem suporte contínuo, permitindo que educadores e alunos explorem as funcionalidades dos aplicativos de forma autônoma e aprofundem seu domínio sobre as ferramentas. A acessibilidade a esses materiais de apoio assegura que as dúvidas sejam prontamente sanadas, facilitando a implementação eficaz das estratégias pedagógicas propostas e garantindo que o potencial transformador dos aplicativos seja plenamente realizado no contexto educacional.
Essas de práticas aqui descritas vislumbram desenvolver e despertar o interesse da leitura nos alunos, visando utilizar as tecnologias como aliadas no processo de aquisição de conhecimento e construção da aprendizagem, além de oportunizar ao aluno a possibilidade de refletir acerca da língua e sua função social utilizando-se dela para interagir com o mundo ao redor e expressar suas impressões pessoais. Essas atividades são algumas sugestões que podem abrir o leque para outras atividades a fim de atingir o objetivo maior da escola que é: preparar cidadãos críticos e reflexivos que participem ativa e positivamente da sociedade que o circunda.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leitura tem enorme importância para a própria formação humana. É através dela que o homem adquire conhecimento do mundo ao redor e interage com ele. As mudanças no uso das tecnologias no cotidiano do homem para informar-se e interagir evidencia o papel fundamental da leitura neste processo.
Com as tecnologias, os professores podem aliar as potencialidades que elas trazem favorecendo o aprendizado, deixando de incentivar de forma mecânica, englobando um novo universo capaz de elevar o prazer pela leitura, favorecendo assim, um melhor aprendizado, uma vez que a leitura amplia os horizontes, transforma o modo de pensar e é a principal mediadora para aquisição de conhecimento.
Após as pesquisas que deram origem a este trabalho, conclui-se que as novas tecnologias de informação e comunicação podem ser utilizadas como instrumento nas práticas pedagógicas nas aulas e para estimular e incentivar os hábitos de leitura, visto as necessidades impostas por elas e também suas características próprias. As sugestões contidas no último capítulo deste artigo podem contribuir para as questões aqui levantadas.
Assim, entende-se que a tecnologia pode ser uma aliada para a educação, desta forma, o grande desafio a ser enfrentado pelos educadores é o aperfeiçoamento no gerenciamento das tecnologias de informação e comunicação no cotidiano escolar de seus alunos. Portanto, é necessário que haja novas posturas educacionais com a capacidade de quebrar conceitos e paradigmas tradicionais. O professor deve desenvolver práticas que incluam a nova realidade e propiciar atividades em que haja reflexões sobre o uso da tecnologia como ferramenta pedagógica e da leitura como meio de interação com o mundo.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M.J. Tecnologia e Metodologia: como interligá-las? Cadernos De Educação Tecnologia E Sociedade, São Luís, volume 9, p. 95-106, 2016. Disponível em: http://brajets.com/index.php/brajets/article/view/317. Acesso em: 04/03/2025.
COSTA, S. R. Dicionário de Gêneros Textuais. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.
LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 2012.
OLIVEIRA, I. M. O uso dos livros digitais como incentivo à leitura e o desenvolvimento da escrita nas séries iniciais. 2015. 61 p. Trabalho de conclusão de Curso de Especialização em Mídias da Educação – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/133918. Acesso em: 25/02/2025.
PIETRI, E. Práticas de Leitura e elementos para a atuação docente. Rio de Janeiro: Ediouro, 2009.
SCHNEIDERS, L. A. O método da sala de aula invertida. Lajeado: Ed. da Univates, 2018.
SILVA, T. F. F. Base nacional: o uso da diversidade de gêneros textuais na formação de leitores da educação infantil ao ensino fundamental – anos finais. Revista Uniítalo em Pesquisa, São Paulo, v. 8 , n. 4 ,p. 83-99, out/ 2018. Disponível em: www.italo.com.br/portal/cepep/revista eletrônica.html. Acesso em: 23/02/2025.
SOLÉ, I. Estratégias de Leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Área do Conhecimento
Submeta seu artigo e amplie o impacto de suas pesquisas com visibilidade internacional e reconhecimento acadêmico garantidos.