Autorregulação de estudantes com TEA para promoção da inclusão escolar

SELF-REGULATION OF AUTISTIC STUDENTS FOR THE PROMOTION OF SCHOOL INCLUSION

AUTORREGULACIÓN DE ESTUDIANTES AUTISTAS PARA LA PROMOCIÓN DE LA INCLUSIÓN ESCOLAR

Autor

Ana Paula Nascimento Trigo
ORIENTADOR
Prof. Dr. Ricardo Militão de Lima

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/AEF174

DOI

Trigo, Ana Paula Nascimento . Autorregulação de estudantes com TEA para promoção da inclusão escolar. International Integralize Scientific. v 5, n 45, Março/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

O presente estudo aborda como a autorregulação pode contribuir para a inclusão escolar de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Com base em uma pesquisa qualitativa, bibliográfica e documental, analisa-se o impacto de práticas pedagógicas voltadas à promoção da autorregulação no desenvolvimento emocional, social e cognitivo desses estudantes. São discutidas estratégias como atividades sensoriais e lúdicas, que auxiliam no manejo comportamental, na autonomia e na interação social, destacando a importância de intervenções planejadas e intencionais. Além disso, enfatiza-se o papel do professor como facilitador desse processo, bem como a colaboração entre famílias, profissionais da saúde e da educação. O estudo reforça que práticas inclusivas, embasadas na autorregulação, são fundamentais para superar barreiras comportamentais e cognitivas, garantindo um ambiente escolar acolhedor e equitativo.
Palavras-chave
Autorregulação. Transtorno do espectro autista. Educação inclusiva. Inclusão escolar. Estratégias pedagógicas.

Summary

This study addresses how self-regulation can contribute to the school inclusion of students with Autism Spectrum Disorder (ASD). Based on a qualitative, bibliographic, and documentary research approach, it analyzes the impact of pedagogical practices aimed at promoting self-regulation on the emotional, social, and cognitive development of these students. Strategies such as sensory and playful activities, which aid in behavioral management, autonomy, and social interaction, are discussed, emphasizing the importance of planned and intentional interventions. Additionally, the teacher’s role as a facilitator in this process is highlighted, along with the collaboration between families, healthcare professionals, and educators. The study reinforces that inclusive practices based on self-regulation are essential to overcome behavioral and cognitive barriers, ensuring a welcoming and equitable school environment.
Keywords
Self-Regulation. Autism spectrum disorder. Inclusive education. School inclusion. Pedagogical strategies.

Resumen

Este estudio aborda cómo la autorregulación puede contribuir a la inclusión escolar de estudiantes con Trastorno del Espectro Autista (TEA). Basado en una investigación cualitativa, bibliográfica y documental, se analiza el impacto de prácticas pedagógicas orientadas a promover la autorregulación en el desarrollo emocional, social y cognitivo de estos estudiantes. Se discuten estrategias como actividades sensoriales y lúdicas que ayudan en el manejo conductual, la autonomía y la interacción social, destacando la importancia de intervenciones planificadas e intencionadas. Además, se resalta el papel del docente como facilitador en este proceso, junto con la colaboración entre familias, profesionales de la salud y educadores. El estudio refuerza que las prácticas inclusivas basadas en la autorregulación son fundamentales para superar barreras conductuales y cognitivas, garantizando un entorno escolar acogedor y equitativo.
Palavras-clave
Autorregulación. Trastorno del espectro autista. Educación inclusiva. Inclusión escolar. Estrategias pedagógicas.

INTRODUÇÃO

A autorregulação é um processo essencial que permite ao indivíduo gerenciar pensamentos, emoções e ações para alcançar objetivos. De acordo com Matos e Ferreira (2022), ela ocorre por meio da interação entre fatores pessoais e o ambiente, possibilitando que o indivíduo adapte seu comportamento às demandas do contexto. Para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que enfrentam desafios como rigidez comportamental e dificuldades na interação social, o desenvolvimento da autorregulação é especialmente importante para promover autonomia e participação ativa no ambiente escolar.

No contexto educacional, a autorregulação contribui para que os alunos com TEA planejem, monitorem e avaliem suas próprias ações, facilitando o aprendizado e a inclusão. Estratégias como a organização de rotinas, atividades lúdicas são fundamentais para estimular esses processos e superar barreiras que dificultam a integração social e acadêmica (Ting e Weiss, 2017). Assim, a autorregulação não apenas potencializa o aprendizado, mas também promove o desenvolvimento emocional e social, elementos indispensáveis para a inclusão escolar.

No caso de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a promoção da autorregulação é ainda mais desafiadora, devido às dificuldades comuns na comunicação, interação social e flexibilidade cognitiva, características descritas pelo DSM-5 (Apa, 2014). Essas barreiras impactam diretamente o engajamento e a participação ativa dos alunos no ambiente escolar, tornando essencial o desenvolvimento de práticas pedagógicas que estimulem o controle emocional, a independência e o manejo comportamental.

A educação inclusiva, assegurada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) e pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), reforça o compromisso de garantir o acesso e a permanência de alunos com TEA no ensino regular, respeitando suas particularidades (Brasil, 1996; Brasil, 2008). Nesse contexto, estratégias baseadas na autorregulação da aprendizagem oferecem uma abordagem eficaz para superar os desafios enfrentados por esses alunos, promovendo sua capacidade de gerenciar emoções, resolver problemas e interagir socialmente de maneira significativa (Silva et al., 2021). 

As práticas pedagógicas voltadas à autorregulação incluem atividades que incentivam a reflexão, a tomada de decisões e o desenvolvimento de habilidades para lidar com situações de mudança e transição. Por meio dessas estratégias, os alunos com TEA são estimulados a reconhecer e regular seus comportamentos, ampliando sua capacidade de participar ativamente no ambiente escolar e social. Além disso, a colaboração entre professores, famílias e demais profissionais é indispensável para criar um espaço de apoio e acolhimento que potencialize o desenvolvimento integral desses estudantes (Araújo e Seabra Júnior, 2021).

Este trabalho teve por objetivo discutir as práticas pedagógicas baseadas na autorregulação podem contribuir para a inclusão escolar de alunos autistas. A partir de uma abordagem qualitativa e bibliográfica, foram discutidas estratégias que promovam a autonomia e o aprendizado desses estudantes, superando barreiras comportamentais e cognitivas. O estudo buscou destacar a importância de intervenções planejadas e intencionais, voltadas para a construção de um ambiente escolar inclusivo que valorize a diversidade e assegure o desenvolvimento pleno de cada aluno.

REFERENCIAL TEÓRICO

AUTORREGULAÇÃO NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM 

A autorregulação é um conceito amplamente explorado no campo da psicologia e da educação, com destaque para a Teoria Social Cognitiva de Albert Bandura (1986). Esse autor define o comportamento humano como regulado por inferências internas e externas, influenciado pela interação entre indivíduo e meio ambiente. A autorregulação, nesse contexto, refere-se à capacidade do indivíduo de gerenciar seus pensamentos, ações e comportamentos para alcançar metas específicas (Emílio, 2017).

No âmbito educacional, Zimmerman (2013) destaca a Aprendizagem Autorregulada (ARA) como um processo intencional em que o aluno transforma habilidades mentais em competências ao realizar tarefas, enfatizando a necessidade de estímulos escolares para o desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade dos estudantes no aprendizado. Segundo Zimmerman (2013), a modelação cognitiva é uma ferramenta central nesse processo, permitindo que o estudante observe modelos de referência, como professores ou colegas, e, a partir dessa observação, adote estratégias e comportamentos que favorecem a execução de tarefas e a reflexão sobre suas escolhas.

Schunk e Zimmerman (2007) apud Monteiro et al., (2020) descrevem um modelo de desenvolvimento das competências autorregulatórias composto por quatro etapas: observação, emulação, autocontrole e autorregulação. Durante a observação, o aluno aprende por meio de exemplos e instruções verbais. Na emulação, o estudante demonstra habilidades baseadas no modelo observado. O autocontrole emerge quando o indivíduo começa a internalizar essas estratégias, demonstrando independência em suas tarefas. Por fim, a autorregulação ocorre quando o aluno aplica essas habilidades de forma adaptativa em diferentes contextos, ajustando suas ações conforme necessário.

A autorregulação no processo de aprendizagem envolve dimensões cognitivas, comportamentais, motivacionais e contextuais que interagem para promover o desenvolvimento de competências. O componente cognitivo está relacionado à capacidade do estudante de perceber formas e estratégias para aprender, organizando suas ideias e conhecimentos. Já a dimensão comportamental reflete a auto-observação e a mobilização de ações para alcançar objetivos específicos. A motivação é essencial para sustentar o esforço e o interesse do aluno, enquanto a dimensão contextual refere-se à organização de ambientes e tarefas adequados às metas propostas (Asadi e Sourtiji, 2020). 

Zimmerman (2013) propõe um modelo cíclico para a ARA, composto por três fases interligadas: antecipação, execução e autorreflexão. Na fase de antecipação, o estudante estabelece objetivos e planeja estratégias. Na execução, ele implementa as ações planejadas, utilizando métodos e monitorando seu progresso. A autorreflexão ocorre após a execução, quando o estudante avalia seu desempenho, identifica erros e ajusta suas estratégias para tarefas futuras.

É fundamental que os professores incentivem práticas de autorregulação no contexto escolar, propiciando oportunidades para que os alunos desenvolvam autonomia e competências necessárias para gerenciar suas aprendizagens. Isso pode ser feito por meio de estratégias como feedback estruturado, estímulo à autoavaliação e promoção de ambientes que favoreçam a reflexão crítica (Monteiro et al., 2020). 

No caso de estudantes com TEA, a autorregulação desempenha um papel ainda mais relevante. Considerando os déficits em áreas relacionadas às funções executivas frequentemente presentes nesses alunos, o desenvolvimento de intervenções pedagógicas intencionais é crucial (Emílio, 2017). Tais intervenções podem contribuir para a melhoria da linguagem, comunicação e interação social, promovendo maior autonomia e participação no ambiente escolar.

Portanto, a autorregulação no processo de aprendizagem é uma competência essencial para a formação integral dos estudantes, permitindo-lhes não apenas atingir metas acadêmicas, mas também desenvolver habilidades para enfrentar desafios em diferentes contextos da vida.

IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO DOS ALUNOS COM TEA 

A comunicação desempenha um papel essencial no desenvolvimento de habilidades sociais e na aprendizagem de alunos com TEA. Contudo, esses alunos frequentemente enfrentam desafios significativos relacionados à linguagem e à interação social, devido às suas dificuldades de comunicação intencional. Nesse contexto, estratégias de autorregulação da aprendizagem surgem como ferramentas fundamentais para estimular a autonomia e melhorar as competências comunicativas desses estudantes.

Segundo Vygotsky (2010) e Leão (2018), a interação social é o meio pelo qual os indivíduos desenvolvem habilidades comunicativas e cognitivas, utilizando signos (como palavras, figuras ou gestos) e instrumentos (como livros ou jogos). Em alunos com TEA, essa interação permite a construção de representações simbólicas e a ampliação do repertório de condutas. Nesse sentido, atividades mediadas pelo professor, que promovam o uso de recursos visuais, pictográficos e alternativos de comunicação, podem facilitar a compreensão e a expressão de ideias.

A autorregulação, ao integrar as dimensões cognitivas, emocionais e comportamentais, possibilita que os alunos gerenciem suas próprias ações e aprendam de forma mais autônoma (Zimmerman, 2013). Estratégias como a autoavaliação e o uso de avaliações são especialmente úteis para alunos com TEA, pois ajudam a desenvolver habilidades de planejamento, execução e avaliação de tarefas, fomentando a comunicação e a interação com colegas e professores (Leão, Martins e Camargo, 2019). 

Vale ainda, destacar o estudo de Mattos e Nuemberg (2011) destacam a importância da atenção compartilhada como um mecanismo para promover a linguagem e a comunicação social. A interação, mediada por brincadeiras ou atividades cooperativas, torna-se um canal efetivo para que crianças com TEA possam se envolver em trocas sociais. Além disso, a prática da interregulação – quando o adulto ou o professor intervém para guiar o aluno até que ele adquira independência – é um processo essencial no desenvolvimento de habilidades comunicativas.

Outro aspecto relevante é o uso de comunicação alternativa e ampliada, como expressões faciais, gestos, imagens e outros recursos pictográficos, que complementam ou substituem a fala oral (Nunes, Barbosa e Nunes, 2021). Esses métodos ajudam os alunos com TEA a estruturar seus pensamentos e se expressarem de forma funcional, contribuindo para uma maior participação nas atividades escolares.

Estudos de intervenção, como os de Peters et al. (2013), mostram que atividades cooperativas em grupo, que incentivam a organização, o planejamento e a execução de tarefas de forma colaborativa, favorecem a comunicação e o engajamento de alunos com TEA. Nessas dinâmicas, papéis definidos, como planejador, fornecedor e construtor, permitem que os alunos com TEA interajam e se comuniquem com seus pares em um ambiente estruturado.

Portanto, a comunicação dos alunos com TEA é um elemento central para sua inclusão no ambiente escolar. Professores desempenham um papel fundamental nesse processo ao propor práticas pedagógicas inclusivas e ao utilizar estratégias que estimulem a interação social, a autorregulação e a autonomia dos estudantes. Assim, ao promover a comunicação, a escola contribui para o desenvolvimento integral do aluno com TEA, preparando-o para enfrentar os desafios de forma mais independente e funcional.

JOGOS E BRINCADEIRAS NA AUTORREGULAÇÃO DO TEA 

Os jogos e brincadeiras desempenham um papel fundamental no desenvolvimento infantil, especialmente no caso de crianças com TEA, onde essas atividades são reconhecidas como estratégias cruciais para promover a autorregulação emocional. Desde os primeiros meses de vida, o brincar é uma atividade essencial que vai além do entretenimento, desempenhando funções cognitivas, emocionais, sociais e motoras que contribuem para o crescimento integral do indivíduo (Matos e Ferreira, 2022).  

Freud (1976), em suas teorias sobre o desenvolvimento infantil, destaca que o brincar está presente em todas as fases do crescimento humano, servindo como uma ferramenta para explorar o próprio corpo, o ambiente e as relações sociais. Essa abordagem é complementada por Winnicott (1982), que enfatiza o papel do brincar como um espaço transicional entre o mundo interno da criança e a realidade externa, permitindo a construção de confiança, interação e autorregulação emocional.

No contexto das crianças com TEA, o brincar se apresenta como um recurso ainda mais importante, pois permite lidar com desafios relacionados à comunicação, interação social e compreensão do ambiente (Baniel, 2020). A autorregulação emocional, tão necessária para o bem-estar dessas crianças, pode ser desenvolvida por meio de atividades lúdicas que integram desafios, regras e interações sociais.

Jogos estruturados, como os de tabuleiro ou atividades em grupo, proporcionam às crianças com TEA um ambiente seguro para explorar emoções, aprender a lidar com frustrações e desenvolver habilidades como persistência, flexibilidade cognitiva e autocontrole. Esses jogos ajudam a criança a vivenciar situações similares às do cotidiano, promovendo a aprendizagem de comportamentos mais adaptativos e facilitando a internalização de estratégias de autorregulação (Brites e Brites, 2019). 

É importante ressaltar que as características neurológicas e sensoriais das crianças com TEA influenciam diretamente na maneira como elas respondem ao brincar. Alterações no sistema nervoso autônomo, comuns nesse grupo, podem levar a comportamentos repetitivos e uma busca constante por estímulos sensoriais, o que torna essencial a escolha de jogos que considerem essas especificidades (Oliveira e Ramires, 2019). Atividades que envolvem estímulos sensoriais, como o uso de texturas, sons e movimentos, ajudam a criança a organizar suas percepções e desenvolver maior controle sobre suas respostas emocionais. Além disso, o brincar simbólico, como o “faz-de-conta”, estimula a criatividade e a imaginação, permitindo que a criança expresse emoções de maneira segura e desenvolva habilidades de interação social.

A aplicação dos jogos e brincadeiras para crianças com TEA requer um planejamento cuidadoso por parte de educadores, terapeutas e familiares. É fundamental criar ambientes estruturados que ofereçam desafios graduais e suporte adequado, permitindo que a criança desenvolva confiança e se engaje ativamente nas atividades (Moura, Santos e Marchesini, 2021). Professores e terapeutas podem utilizar jogos como ferramentas pedagógicas e terapêuticas, incorporando elementos visuais, auditivos e táteis para atender às necessidades específicas de cada criança (Mattos e Lione, 2023). 

Os benefícios das atividades lúdicas vão além do desenvolvimento emocional. Elas também contribuem para a plasticidade cerebral, promovendo a formação de novas conexões neurais e a reorganização de funções comprometidas. Essa capacidade do cérebro de se adaptar é especialmente relevante na infância, quando o sistema nervoso está em constante evolução (Silva et al., 2024). Jogos que envolvem interação social, comunicação e resolução de problemas estimulam a criança a compreender melhor o ambiente ao seu redor, a interpretar as intenções dos outros e a ajustar seus comportamentos de forma mais eficaz. Para crianças no espectro autista, essas atividades podem melhorar significativamente a qualidade de vida, permitindo uma maior integração social e desenvolvimento pessoal (Coutinho, Silva, 2024).  

A literatura científica destaca a relevância dos jogos e brincadeiras como ferramentas para promover a autorregulação emocional em crianças com TEA. Estudos mostram que, ao participar de atividades lúdicas, essas crianças podem aprender a lidar melhor com emoções desafiadoras, como frustração, medo e ansiedade, enquanto desenvolvem habilidades sociais e cognitivas (Baniel, 2020). Além disso, o brincar em grupo favorece a interação com os pares, estimulando a empatia, a cooperação e o entendimento das dinâmicas sociais. Mesmo em casos de TEA leve, onde as dificuldades de comunicação e interação são menos acentuadas, os jogos oferecem um meio eficaz de trabalhar competências emocionais e sociais, contribuindo para a autonomia e o bem-estar da criança (Brites e Brites, 2019).

Portanto, os jogos e brincadeiras não são apenas atividades recreativas, mas instrumentos poderosos no processo de desenvolvimento emocional e social de crianças com TEA. Eles promovem um ambiente onde essas crianças podem explorar, experimentar e aprender de forma segura e estruturada, contribuindo para o fortalecimento de habilidades que são essenciais para a vida. Ao incorporar essas práticas no contexto escolar e terapêutico, é possível criar oportunidades significativas para que as crianças no espectro autista alcancem seu potencial máximo, desenvolvendo competências que impactam positivamente tanto sua qualidade de vida quanto sua integração na sociedade.

PRINCIPAIS ATIVIDADES DE AUTORREGULAÇÃO

O conceito de Integração Sensorial, desenvolvido pela Dra. Jean Ayres na década de 1960, aborda como o cérebro organiza e interpreta as informações recebidas pelos sentidos, incluindo olfato, tato, paladar, visão, audição e movimento. A autora destaca que o processo de Integração Sensorial influencia diretamente no comportamento e na aprendizagem das crianças, sendo fundamental para o desenvolvimento adequado de habilidades cotidianas (Araújo e Klauss, 2022) Esse conceito é especialmente relevante para crianças com TEA, uma vez que as disfunções sensoriais são comuns nessa população, afetando diretamente sua capacidade de autorregulação.

A autorregulação é um processo complexo que envolve aspectos fisiológicos, emocionais, cognitivos e comportamentais, permitindo que o indivíduo ajuste suas reações às demandas do ambiente. No contexto do TEA, as dificuldades de autorregulação estão frequentemente relacionadas a alterações sensoriais, comportamentos repetitivos e dificuldades na comunicação (Coutinho e Silva, 2024). Nesse sentido, práticas terapêuticas específicas auxiliam no desenvolvimento dessas habilidades.

A atividade com caixa de areia, ilustrada na Figura 1, é uma estratégia eficaz para promover a autorregulação. O contato com a areia estimula o tato e proporciona uma experiência sensorial agradável, que pode acalmar crianças com TEA. Além disso, a manipulação da areia promove a criatividade e a concentração.

Figura 1. Caixa de areia

Fonte: Facebook (2022). 

O uso de recursos como as mãos sensoriais, mostradas na Figura 2, é outra abordagem amplamente utilizada. Esses objetos táteis ajudam a reduzir a ansiedade, pois oferecem diferentes texturas para explorar. Essa prática auxilia no desenvolvimento da discriminação sensorial, permitindo que a criança identifique e processe estímulos de maneira mais eficaz.

Figura 2. Mãos sensoriais 

Fonte: Santos (2017). 

O balanço sensorial, representado na Figura 3, é uma ferramenta que estimula o sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio e pela orientação espacial. Atividades com balanços ajudam a criança a organizar informações sensoriais, promovendo um estado de calma e concentração.

Figura 3. Integração sensorial através de balanços 

Fonte: Murari (2018). 

A cadeira giratória, retratada na Figura 4, é um recurso útil para a autorregulação de crianças com TEA. A rotação suave estimula o sistema vestibular e pode ser utilizada para diminuir a hiperatividade ou, em alguns casos, para aumentar o estado de alerta. É um exemplo de como os estímulos sensoriais direcionados podem beneficiar o desenvolvimento emocional e comportamental.

Figura 4. Cadeira Giratória para crianças com TEA

Fonte: Amazon (2025).

A terapia de Integração Sensorial, combinada com o uso de recursos como os apresentados, desempenha um papel crucial na promoção da autorregulação em crianças com TEA. Além disso, a intervenção multidisciplinar, envolvendo terapeutas ocupacionais, psicólogos e professores do Atendimento Educacional Especializado, é essencial para desenvolver estratégias personalizadas e eficazes (Silva et al., 2024). Essas práticas, aliadas à criação de ambientes estruturados e previsíveis, contribuem para melhorar a interação social e a autonomia das crianças, potencializando seu desenvolvimento global.

Concluindo, as atividades de autorregulação baseadas na Integração Sensorial representam uma abordagem poderosa para auxiliar crianças com TEA a lidar com os desafios decorrentes de suas disfunções sensoriais. Recursos como a caixa de areia, as mãos sensoriais, o balanço sensorial e a cadeira giratória demonstram como estímulos sensoriais direcionados podem promover o equilíbrio emocional, a concentração e a organização das informações sensoriais. Ao integrar essas práticas no cotidiano das crianças, em conjunto com o suporte de uma equipe multidisciplinar, é possível não apenas melhorar a autorregulação, mas também fomentar a autonomia, a interação social e o bem-estar geral. Essas estratégias, quando aplicadas de forma personalizada e em ambientes estruturados, reforçam o potencial de desenvolvimento global das crianças com TEA, ampliando suas oportunidades de aprendizado e convivência.

METODOLOGIA

O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa, de natureza bibliográfica e documental, com abordagem descritiva. A pesquisa qualitativa visa explorar e compreender os fenômenos relacionados às práticas pedagógicas que promovem a autorregulação em crianças com Transtorno do Espectro Autista, valorizando o impacto dessas estratégias no contexto escolar. A abordagem descritiva permite detalhar e analisar como atividades específicas, baseadas em Integração Sensorial e outras práticas lúdicas, contribuem para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo desses alunos.

A abordagem bibliográfica fundamenta-se em livros, artigos científicos, teses e dissertações que tratam de autorregulação, Integração Sensorial, educação inclusiva e intervenções pedagógicas voltadas para alunos com TEA. Esses materiais fornecem a base teórica necessária para discutir estratégias práticas e comprovar sua relevância na promoção da autonomia e participação ativa dos estudantes no ambiente escolar.

A análise documental contempla legislações e diretrizes educacionais, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) e o DSM-5 (APA, 2014). Também inclui orientações curriculares, planos educacionais e instrumentos pedagógicos voltados para a inclusão e o desenvolvimento de habilidades autorregulatórias. Esses documentos foram analisados para compreender como as políticas públicas e práticas institucionais influenciam o trabalho docente e a aplicação de estratégias inclusivas.

Por fim, a pesquisa descritiva busca mapear e detalhar as principais atividades de autorregulação descritas na literatura, como o uso de recursos sensoriais (caixa de areia, mãos sensoriais, balanço e cadeira giratória) e práticas lúdicas que promovem a interação social e o controle emocional. Com isso, pretende-se evidenciar como essas práticas podem ser implementadas de maneira eficaz no contexto escolar, destacando sua contribuição para a inclusão e o desenvolvimento integral de alunos com TEA.

Dessa forma, o estudo integra uma análise teórica e prática, proporcionando uma visão abrangente sobre a relevância da autorregulação no ambiente escolar inclusivo. Os resultados buscam oferecer subsídios para educadores, terapeutas e famílias, promovendo o desenvolvimento de estratégias pedagógicas intencionais que valorizem a diversidade e assegurem o aprendizado pleno das crianças no espectro autista.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A autorregulação desponta como um aspecto essencial para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo de crianças com Transtorno do Espectro Autista, especialmente no contexto educacional inclusivo. Estratégias baseadas na Integração Sensorial, combinadas com práticas pedagógicas lúdicas e planejadas, demonstram ser eficazes na promoção da autonomia, do controle emocional e da participação ativa desses alunos na escola.

Este estudo evidenciou que recursos como a caixa de areia, as mãos sensoriais, os balanços e as cadeiras giratórias, entre outras abordagens terapêuticas, podem ser incorporados de forma intencional ao cotidiano escolar para atender às necessidades específicas dos alunos com TEA. Além disso, práticas que fomentam a colaboração entre professores, famílias e profissionais da saúde são indispensáveis para criar ambientes inclusivos que respeitem a diversidade e potencializem o aprendizado.

A educação inclusiva, sustentada por diretrizes legais e pedagógicas, deve priorizar intervenções que promovam a autorregulação e valorizem a individualidade dos estudantes com TEA, permitindo que superem barreiras comportamentais e cognitivas. Assim, ao integrar práticas baseadas em evidências, é possível não apenas atender às demandas imediatas dessas crianças, mas também contribuir para seu desenvolvimento integral, preparando-as para desafios futuros e para uma convivência social mais plena.

Por fim, espera-se que este estudo inspire educadores e profissionais a implementar estratégias pedagógicas inclusivas que ampliem as oportunidades de aprendizado e desenvolvimento das crianças no espectro autista, garantindo-lhes uma trajetória educacional significativa e equitativa.

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n. 45
Autorregulação de estudantes com TEA para promoção da inclusão escolar

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