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Resumo
INTRODUÇÃO
A Política Nacional de Educação Ambiental, estabelecida pela Lei nº 9.795 de 1999, define a Educação Ambiental não formal como um processo indispensável para conscientizar a sociedade sobre as questões ambientais e promover a construção de valores e comportamentos sustentáveis. Essa modalidade de educação pode ser implementada de diversas maneiras, incluindo o ecoturismo, atividades ao ar livre e práticas de educação pela aventura. Essas abordagens proporcionam ao indivíduo uma interação direta com o ambiente natural, utilizando experiências de lazer e esporte como meios para estimular reflexões acerca dos impactos gerados no ecossistema (De Souza et al., 2020).
A educação ambiental tem ganhado destaque como uma abordagem pedagógica fundamental para promover reflexões e mudanças de atitudes em relação ao meio ambiente. Nesse contexto, estratégias que integram os espaços naturais ao processo de aprendizagem, como atividades ao ar livre, têm se mostrado eficazes para aproximar os indivíduos da realidade ambiental e incentivar práticas sustentáveis (Cavasini; Breyer; Teixeira, 2019).
Essa conexão direta com o ambiente permite que os participantes experimentem vivências práticas, o que contribui para consolidar os ensinamentos sobre preservação e conservação. Em particular, as trilhas ecológicas, as atividades lúdicas e as visitas a áreas protegidas têm sido exploradas como ferramentas educacionais que integram o ensino formal e informal, proporcionando uma experiência sensorial rica e memorável. Saccomori e Saccomori (2023) destacam que as trilhas sensoriais oferecem uma perspectiva diferenciada sobre o meio ambiente, favorecendo a conscientização e a percepção das inter-relações ecológicas. Essas iniciativas não apenas reforçam os conteúdos pedagógicos, mas também incentivam a criação de valores voltados para a sustentabilidade e cidadania ambiental.
Neste contexto, surge a necessidade de compreender como estratégias de aprendizagem ao ar livre podem contribuir para a conscientização sobre conservação ambiental em diferentes níveis educacionais. O problema deste estudo reside em investigar quais práticas pedagógicas, desenvolvidas em ambientes naturais, têm maior impacto na formação de uma consciência ambiental crítica e participativa. Essa abordagem traz desde atividades realizadas em áreas urbanas verdes até programas educativos em unidades de conservação.
Como possíveis respostas para o problema proposto, supõe-se que atividades pedagógicas realizadas ao ar livre sejam capazes de promover maior engajamento dos estudantes e, consequentemente, maior assimilação dos conteúdos relacionados ao meio ambiente. Ademais, acredita-se que tais práticas possibilitam a criação de vínculos emocionais com a natureza, incentivando a adoção de comportamentos proativos em relação à conservação ambiental (Dalmo et al., 2021; Palmieri; Massabni, 2020).
A relevância deste trabalho reside em sua contribuição para a sociedade e a comunidade acadêmica, ao reunir e analisar práticas pedagógicas que utilizam o espaço natural como um recurso de ensino. A sistematização dessas experiências pode subsidiar a criação de políticas educacionais que integrem a educação ambiental ao currículo escolar, além de reforçar a importância de espaços naturais urbanos e protegidos para o aprendizado (Rosso et al., 2021; Santos; Silva; Lima, 2023).
O objetivo geral desta revisão é descrever como a aprendizagem ao ar livre pode ser utilizada como uma estratégia pedagógica para a promoção da conscientização ambiental. Especificamente, busca-se caracterizar práticas educativas realizadas em ambientes naturais, exemplificar ações que integram trilhas ecológicas e atividades lúdicas ao currículo escolar, e elencar os principais benefícios pedagógicos dessas abordagens para a formação de cidadãos ambientalmente responsáveis.
METODOLOGIA
A metodologia deste estudo adota uma abordagem qualitativa, com caráter descritivo, e baseia-se em uma revisão da literatura. O objetivo é reunir, descrever e analisar dados relacionados à aprendizagem ao ar livre como estratégia pedagógica para conscientização ambiental. Para isso, foram estabelecidos critérios para a seleção das fontes, visando garantir a relevância e a confiabilidade das informações (Sampaio, 2022).
Inicialmente, definiu-se um conjunto de termos-chave, incluindo: “aprendizagem ao ar livre”, “educação ambiental”, “trilhas ecológicas”, “ecoturismo pedagógico” e “conservação ambiental”. A seleção priorizou artigos científicos publicados nos últimos cinco anos, em periódicos renomados, livros acadêmicos e capítulos de obras especializadas, além de dissertações e teses de programas de pós-graduação reconhecidos. Excluíram-se fontes duplicadas, revisões narrativas e materiais que não apresentavam aderência ao problema de pesquisa (Sampaio, 2022).
As buscas foram realizadas em bases de dados acadêmicas confiáveis, como a Google Scholar, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Scientific Electronic Library Online (SciELO). Utilizou-se também bibliotecas digitais institucionais para localizar livros e artigos de acesso gratuito ou disponibilizados por meio de assinaturas institucionais. Os critérios de inclusão garantiram que apenas estudos relevantes fossem analisados, assegurando uma compreensão atualizada e consistente sobre o tema proposto (Sampaio, 2022).
A evolução da educação ambiental no contexto escolar reflete as transformações ocorridas na sociedade ao longo das últimas décadas. Originalmente concebida como uma abordagem pontual, a educação ambiental passou a ser vista como essencial para a formação de indivíduos conscientes e comprometidos com a sustentabilidade. A Lei 9.795/1999 consolidou essa perspectiva no Brasil, destacando a importância de integrar ações educativas ao ambiente escolar, buscando sensibilizar a comunidade para os desafios ambientais e promovendo atitudes responsáveis (Brasil, 1999).
As políticas educacionais têm incorporado progressivamente atividades interativas e dinâmicas, como visitas a áreas verdes e trilhas ecológicas, que conectam os estudantes à natureza. Essas práticas estimulam a compreensão dos sistemas naturais e os impactos das ações humanas. A literatura traz que a utilização de espaços ao ar livre como laboratórios pedagógicos contribui para o aprendizado significativo, incentivando a análise crítica e a adoção de atitudes ecologicamente responsáveis (Dalmo et al., 2021; Palmieri; Massabni, 2020).
O conceito de conscientização ambiental está diretamente ligado às práticas de conservação ecológica. As atividades de educação ambiental, especialmente em espaços naturais, têm demonstrado eficácia na sensibilização dos participantes para a preservação ambiental. Trilhas interpretativas, por exemplo, permitem que os indivíduos experimentem, na prática, a complexidade dos ecossistemas, favorecendo a construção de conhecimentos que promovam mudanças comportamentais (Dalmo et al., 2021; Rosso et al., 2021).
No contexto escolar, as práticas de educação ambiental desempenham um papel essencial na formação de cidadãos críticos e conscientes. Ao promover atividades que envolvem a exploração do meio ambiente, como a construção de hortas escolares e a realização de oficinas de reciclagem, os estudantes não apenas aprendem conceitos científicos, mas também desenvolvem habilidades práticas que podem ser aplicadas em sua vida cotidiana (Da Silva et al., 2024).
Estudos também apontam que a conscientização ambiental adquirida em atividades escolares tem potencial de impactar as comunidades ao redor. Crianças e adolescentes frequentemente replicam os conhecimentos adquiridos no ambiente escolar em seus lares, ampliando a disseminação de práticas conservacionistas (Morais et al., 2024).
A relação entre educação ambiental e conservação é reforçada por iniciativas que promovem o contato direto com áreas naturais. Projetos como o “Fazendinha”, que aproxima alunos da zona urbana de ambientes rurais, têm se mostrado eficientes ao integrar atividades práticas ao ensino teórico, permitindo aos participantes observar e interagir com processos naturais em seu estado mais autêntico (Da Silva et al., 2024).
A abordagem interdisciplinar também tem se mostrado crucial para o desenvolvimento de projetos de educação ambiental no ambiente escolar. A inclusão de disciplinas como biologia, geografia e ciências sociais em projetos de conservação contribui para a formação de um entendimento mais amplo e integrado das questões ambientais. Essa integração favorece a conexão entre o conhecimento científico e as práticas de conservação, reforçando a importância do engajamento ativo dos estudantes (Cavasini; Breyer; Teixeira, 2019).
Trilhas ecológicas em áreas urbanas são outro exemplo de como práticas pedagógicas podem estimular a conscientização ambiental. Além de facilitar o aprendizado, elas proporcionam experiências sensoriais e cognitivas que ampliam a percepção dos estudantes sobre a interdependência entre seres vivos e o ambiente (Saccomori; Saccomori, 2023).
A inclusão da tecnologia na educação ambiental também tem demonstrado resultados promissores. Aplicativos que fornecem informações sobre espécies vegetais em jardins botânicos, por exemplo, oferecem uma nova dimensão ao aprendizado, tornando-o mais dinâmico e acessível. Essas ferramentas ampliam o alcance das práticas educativas, permitindo que os estudantes explorem o ambiente natural de maneira interativa (De Oliveira et al., 2022).
Outro aspecto relevante é o uso de metodologias lúdicas no ensino de educação ambiental. Atividades como jogos educativos, oficinas criativas e histórias interativas têm se mostrado eficazes na sensibilização de crianças para a importância da preservação ambiental. Essa abordagem é particularmente eficaz em contextos de educação infantil, onde o aprendizado ocorre de forma mais natural e espontânea (Morais et al., 2024).
As práticas pedagógicas no ambiente natural favorecem o desenvolvimento de habilidades como a empatia e o pensamento crítico. Ao vivenciarem os desafios enfrentados pelos ecossistemas, os estudantes são incentivados a refletir sobre suas próprias atitudes e a buscar soluções inovadoras para problemas ambientais (Rosso et al., 2021).
A interação com a natureza, além de proporcionar benefícios cognitivos, também impacta positivamente a saúde física e mental dos participantes. Estudos mostram que atividades ao ar livre reduzem os níveis de estresse e aumentam a sensação de bem-estar, criando um ambiente mais propício para o aprendizado e a formação de vínculos com o meio ambiente (Saccomori; Saccomori, 2023).
Assim, a conscientização ambiental desenvolvida nas escolas pode ser considerada um alicerce para a construção de sociedades mais sustentáveis. Ao sensibilizar os estudantes para os desafios enfrentados pelo meio ambiente, as práticas educativas contribuem para a formação de uma cultura que valoriza a conservação ecológica e a responsabilidade compartilhada (Palmieri; Massabni, 2020).
Portanto, a evolução da educação ambiental no contexto escolar e sua relação com práticas de conservação demonstram o potencial transformador dessa abordagem. Ao combinar teoria e prática, sensibilizar para questões ambientais e estimular o engajamento ativo, a educação ambiental se posiciona como um elemento essencial para a construção de um futuro mais equilibrado e sustentável (Rosso et al., 2021; Santos; Silva; Lima, 2023).
A aprendizagem ao ar livre é uma abordagem pedagógica que utiliza o ambiente natural como espaço educativo, promovendo experiências práticas que complementam o aprendizado teórico. Essa prática busca explorar o potencial educativo dos espaços externos, como parques, jardins, trilhas e praças, integrando os conteúdos curriculares ao ambiente real. A aprendizagem ao ar livre incentiva a autonomia dos estudantes e valoriza a interação com o meio, promovendo a reflexão e a experimentação como pilares do aprendizado (Cavasini; Breyer; Teixeira, 2019).
Entre as principais características dessa abordagem está a interdisciplinaridade, que permite o estudo de diversas áreas do conhecimento de forma integrada. Além disso, a aprendizagem ao ar livre promove a conexão entre teoria e prática, favorecendo o desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas e sociais. A interação direta com o ambiente estimula a curiosidade e a criatividade dos estudantes, criando condições para um aprendizado mais engajado e significativo (Saccomori; Saccomori, 2023).
Outra característica importante é a flexibilidade na aplicação das atividades, que podem ser adaptadas a diferentes contextos e faixas etárias. Essa adaptabilidade possibilita que o aprendizado ao ar livre seja utilizado tanto em escolas urbanas quanto rurais, com recursos variados e objetivos pedagógicos diversificados. Por meio de atividades como visitas a museus ao ar livre, oficinas em parques ou projetos de jardinagem, os estudantes vivenciam experiências que ampliam sua compreensão sobre o mundo ao seu redor (Palmieri; Massabni, 2020).
Os benefícios pedagógicos da aprendizagem ao ar livre são amplamente reconhecidos. Estudos apontam que essa abordagem estimula o desenvolvimento de competências essenciais, como a resolução de problemas, o trabalho em equipe e a tomada de decisões. A prática de atividades externas também favorece a retenção de informações, uma vez que os alunos associam o aprendizado a experiências concretas, tornando-o mais significativo e duradouro (Dalmo et al., 2021).
Além dos aspectos pedagógicos, a aprendizagem ao ar livre proporciona benefícios sociais relevantes. A interação com colegas em um ambiente diferente da sala de aula fomenta a cooperação e a empatia, promovendo um clima mais harmonioso entre os estudantes. Essas experiências também reforçam a capacidade de lidar com desafios e aprimoram a resiliência, habilidades essenciais para o desenvolvimento humano (Rosso et al., 2021).
No contexto escolar, a aprendizagem ao ar livre contribui para a construção de uma relação mais próxima entre os estudantes e o meio ambiente. Essa interação direta promove a conscientização sobre questões ambientais e incentiva a adoção de atitudes responsáveis em relação à natureza. Projetos como hortas escolares ou ações de reflorestamento não apenas ensinam conceitos ecológicos, mas também desenvolvem senso de responsabilidade e compromisso (Da Silva et al., 2024).
A aplicação de práticas educacionais fora da sala de aula também está associada à melhora da saúde física e mental dos estudantes. O contato com a natureza, combinado à prática de atividades físicas, reduz o estresse e a ansiedade, proporcionando um ambiente mais equilibrado para o aprendizado. Esses benefícios se traduzem em maior engajamento e desempenho escolar, além de fortalecer o vínculo emocional com o ambiente (Saccomori; Saccomori, 2023).
O uso do ambiente externo como espaço de aprendizado também fortalece o vínculo dos estudantes com a cultura local e o patrimônio histórico. Visitas a sítios arqueológicos, praças históricas e museus ao ar livre enriquecem a compreensão sobre a identidade cultural, proporcionando uma experiência educacional que vai além da transmissão de conteúdos teóricos (Palmieri; Massabni, 2020). As práticas educativas ao ar livre também estimulam a criatividade, permitindo que os alunos explorem novas formas de expressão e resolução de problemas. A liberdade de movimento e a ausência de barreiras físicas presentes no ambiente externo criam um espaço propício para a experimentação e a inovação, favorecendo o desenvolvimento integral dos estudantes (Cavasini; Breyer; Teixeira, 2019).
Ademais, a aprendizagem ao ar livre amplia a conexão emocional dos estudantes com o meio ambiente, promovendo atitudes positivas em relação à conservação. Esse vínculo emocional é importante para a formação de cidadãos conscientes e engajados com a sustentabilidade. Ao vivenciar os desafios e a beleza do ambiente natural, os alunos são motivados a valorizar e proteger os recursos naturais (Dalmo et al., 2021). A inclusão de práticas pedagógicas externas no currículo escolar é um passo importante para tornar a educação mais inclusiva e diversificada. Essas atividades oferecem oportunidades de aprendizado que atendem a diferentes estilos e ritmos de aprendizado, contribuindo para a equidade educacional e a formação de cidadãos mais completos (Morais et al., 2024).
Outro ponto relevante é o impacto positivo da aprendizagem ao ar livre no desempenho acadêmico. Estudos indicam que estudantes que participam regularmente de atividades externas apresentam melhores resultados em disciplinas como ciências e geografia, evidenciando o potencial dessa abordagem para enriquecer o processo educativo (Rosso et al., 2021). A utilização de espaços externos também incentiva a formação de habilidades práticas, como o planejamento e a organização, essenciais para a vida adulta. Essas experiências proporcionam um aprendizado mais dinâmico e conectado à realidade, preparando os estudantes para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea (Saccomori; Saccomori, 2023).
Portanto, a aprendizagem ao ar livre se consolida como uma abordagem pedagógica indispensável, unindo benefícios pedagógicos e sociais em um modelo que valoriza a interação com o ambiente natural. Essa prática amplia as possibilidades educacionais, integrando o aprendizado formal às experiências práticas, e promovendo o desenvolvimento integral dos estudantes (Cavasini; Breyer; Teixeira, 2019).
As estratégias de ensino ao ar livre representam uma abordagem poderosa para a conscientização ambiental. Entre as práticas mais eficazes está a realização de trilhas ecológicas, que permitem aos estudantes a imersão em ecossistemas naturais. Durante as trilhas, os alunos podem observar diretamente a biodiversidade, aprender sobre interações ecológicas e refletir sobre os impactos humanos nos ambientes naturais. Ao caminhar por diferentes tipos de vegetação, os estudantes compreendem a importância da preservação dos ecossistemas, além de integrar conceitos de geografia, biologia e ciências ambientais de forma prática. Além disso, as trilhas favorecem o aprendizado ativo e a participação direta, essenciais para fortalecer a conexão dos alunos com a natureza, promovendo um aprendizado significativo e contínuo sobre conservação (Palmieri; Massabni, 2020).
Outro exemplo de estratégia de ensino ao ar livre é a criação de hortas escolares. Essa atividade oferece aos estudantes a oportunidade de se engajarem no cultivo de alimentos, ao mesmo tempo em que aprendem sobre práticas sustentáveis, como o manejo adequado do solo e o uso responsável da água. As hortas escolares proporcionam uma conexão direta com os processos naturais, permitindo que os alunos compreendam o ciclo de vida das plantas e o impacto da agricultura no meio ambiente. Além de promover conhecimentos sobre ecologia, essas práticas educacionais também incentivam o trabalho em equipe, a responsabilidade e o respeito ao ambiente. As hortas funcionam como uma extensão da sala de aula, oferecendo uma aprendizagem prática que reflete os desafios reais da sustentabilidade (Saccomori; Saccomori, 2023).
A observação da biodiversidade em espaços naturais é uma prática educativa importante para sensibilizar os estudantes sobre a conservação ambiental. Ao realizar atividades de campo, os alunos podem identificar diferentes espécies de flora e fauna, entender suas interações no ecossistema e reconhecer a importância da preservação desses recursos. A observação oferece uma oportunidade única para discutir temas como a degradação de habitats, os efeitos das mudanças climáticas e a importância da diversidade biológica. Durante essas atividades, os alunos se tornam mais conscientes dos problemas ambientais locais e globais, e podem desenvolver habilidades de pesquisa e análise científica. A educação ao ar livre, nesse contexto, não apenas contribui para o conhecimento acadêmico, mas também cultiva a empatia e o respeito pela natureza (Dalmo et al., 2021).
O uso de espaços naturais como ambientes de aprendizagem interdisciplinar tem se mostrado eficaz no desenvolvimento de competências de diversas áreas do conhecimento. Por exemplo, ao realizar atividades em trilhas ecológicas, os alunos podem aplicar conceitos de biologia, matemática, geografia e até mesmo de artes. Essa integração dos saberes promove uma compreensão holística dos fenômenos naturais, ao mesmo tempo em que permite aos alunos perceberem a relevância do aprendizado em diferentes contextos. As atividades ao ar livre, quando projetadas para abordar questões ambientais, favorecem a aprendizagem prática e reflexiva, incentivando a observação crítica do meio ambiente (Cavasini; Breyer; Teixeira, 2019).
A abordagem interdisciplinar é, portanto, uma estratégia poderosa para engajar os estudantes de maneira integral, estimulando o pensamento crítico, a criatividade e a resolução de problemas complexos (Cavasini; Breyer; Teixeira, 2019). Além de seu valor acadêmico, as atividades ao ar livre, como as trilhas ecológicas, oferecem benefícios para o desenvolvimento físico e psicológico dos alunos. O contato direto com a natureza promove a redução do estresse e a melhoria do bem-estar, contribuindo para a saúde mental dos estudantes. Esse efeito positivo é crucial em um contexto educacional onde as pressões podem afetar o aprendizado e o desempenho acadêmico. As trilhas também incentivam a atividade física, o que é particularmente importante para o desenvolvimento motor dos alunos, além de proporcionar um ambiente estimulante para a aprendizagem (Rosso et al., 2021).
Dessa forma, o ensino ao ar livre contribui não apenas para a formação acadêmica, mas também para o desenvolvimento integral dos estudantes, apoiando sua saúde física e emocional (Rosso et al., 2021). A implementação de hortas escolares também contribui para o desenvolvimento de habilidades práticas e sociais. As atividades relacionadas ao cultivo de alimentos, como o plantio e a colheita, promovem o aprendizado ativo e a aprendizagem cooperativa, incentivando os alunos a trabalhar em grupo e tomar decisões coletivas. Esse tipo de atividade não só fortalece a compreensão sobre a sustentabilidade, mas também ensina o valor do trabalho árduo e da paciência (Saccomori; Saccomori, 2023).
Além disso, ao envolver os alunos em tarefas que exigem cuidado e dedicação, as hortas escolares criam um espaço onde os estudantes podem desenvolver um senso de responsabilidade e pertencimento. As práticas sustentáveis aplicadas no contexto da horta também são um excelente exemplo de como a escola pode incorporar a educação ambiental de maneira concreta e prática, tornando-a relevante no dia a dia dos alunos (Saccomori; Saccomori, 2023). A observação da biodiversidade oferece uma abordagem prática e interdisciplinar para o aprendizado de ciências naturais. Essa estratégia permite que os alunos observem as interações entre plantas, animais e seu ambiente de maneira direta e vivencial (Dalmo et al., 2021).
Além de promover a compreensão sobre a ecologia e os processos naturais, essa atividade também fomenta habilidades de observação e análise crítica. Por meio da observação de espécies e suas relações, os alunos podem desenvolver a capacidade de identificar e categorizar diferentes organismos, aprendendo sobre os diferentes níveis da cadeia alimentar e os ciclos biológicos. A prática também proporciona uma excelente oportunidade para a aplicação de conceitos de biologia, geografia e outras disciplinas, enriquecendo o currículo escolar e tornando-o mais significativo para os alunos (Dalmo et al., 2021).
O uso de espaços naturais também oferece uma oportunidade única para o desenvolvimento de projetos de aprendizagem interdisciplinar. Por exemplo, atividades como a criação de mapas ecológicos durante uma trilha podem integrar geografia, matemática e ciências ambientais. Essas atividades práticas e contextualizadas ajudam os estudantes a perceberem como o conhecimento acadêmico se aplica a situações reais, estimulando a reflexão sobre as questões ambientais e as práticas de conservação. Ao trabalhar em projetos que envolvem vários campos do saber, os alunos aprendem a conectar diferentes áreas do conhecimento e aplicá-las de maneira colaborativa e prática, promovendo uma aprendizagem mais rica e integrada (Palmieri; Massabni, 2020).
Além disso, as atividades ao ar livre proporcionam um ambiente de aprendizado dinâmico e flexível, adequado para diferentes estilos de aprendizagem. A possibilidade de realizar atividades práticas e experimentar os conceitos ensinados de forma direta torna o processo educativo mais envolvente e significativo. A natureza, por sua vez, é um recurso pedagógico abundante que pode ser utilizado para explorar uma infinidade de temas educacionais, desde a biologia e a ecologia até a matemática e a arte. A exploração desses temas fora da sala de aula amplia as perspectivas dos alunos e os motiva a desenvolver uma compreensão mais contextualizada das questões ambientais e suas soluções (Rosso et al., 2021).
As trilhas ecológicas também oferecem a possibilidade de integrar conceitos de educação física e saúde, promovendo o desenvolvimento físico dos alunos. O caminhar por ambientes naturais é uma atividade que favorece a coordenação motora, o equilíbrio e a resistência física, além de estimular a socialização e o trabalho em equipe. A prática de atividades ao ar livre, como caminhadas e observação da fauna e flora local, contribui para o bem-estar geral dos alunos, melhorando sua saúde e incentivando hábitos de vida saudáveis. Esse tipo de atividade também reduz os níveis de estresse e ansiedade, criando um ambiente escolar mais equilibrado e propício ao aprendizado (Rosso et al., 2021).
As hortas escolares, como parte do currículo de educação ambiental, oferecem uma série de benefícios que vão além da aprendizagem acadêmica. Elas funcionam como espaços de experimentação onde os alunos podem aplicar conhecimentos sobre biologia, ecologia e até mesmo economia. Além disso, as hortas podem ser utilizadas para discutir práticas agrícolas sustentáveis, como a compostagem e o uso eficiente de recursos naturais, como a água e o solo. A participação ativa nas atividades de cultivo também fortalece a noção de pertencimento dos alunos ao ambiente escolar, além de desenvolver habilidades de planejamento, organização e cuidado com os recursos naturais (Saccomori; Saccomori, 2023).
Por meio da observação da biodiversidade e das atividades práticas ao ar livre, os estudantes têm a chance de desenvolver uma conexão emocional com a natureza. Esse vínculo é fundamental para que os alunos compreendam a importância da preservação ambiental e se sintam motivados a adotar comportamentos que contribuam para a conservação dos recursos naturais. Além disso, o contato direto com a natureza permite que os estudantes desenvolvam um senso de responsabilidade, não apenas em relação à sua própria aprendizagem, mas também em relação à preservação do meio ambiente. Dessa forma, as atividades ao ar livre têm um papel significativo na formação de cidadãos conscientes e comprometidos com a sustentabilidade (Dalmo et al., 2021).
As práticas de ensino ao ar livre, como as trilhas ecológicas e hortas escolares, tornam o aprendizado mais dinâmico, estimulante e interativo. Essas atividades proporcionam uma vivência prática que favorece a reflexão e a conscientização sobre a importância da conservação ambiental. Ao trabalhar em projetos que integram diferentes áreas do conhecimento, como ciências naturais, geografia e matemática, os alunos são incentivados a pensar de maneira holística e criativa sobre as questões ambientais. Essa abordagem interdisciplinar contribui para a formação de indivíduos mais bem preparados para lidar com os desafios ambientais e sociais do futuro (Cavasini; Breyer; Teixeira, 2019).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo abordou a definição e as características dessa abordagem, bem como seus benefícios pedagógicos e sociais, destacando atividades como trilhas ecológicas, hortas escolares e a observação da biodiversidade como ferramentas fundamentais para a educação ambiental. Através de uma abordagem qualitativa, que considerou a revisão de literatura e exemplos práticos, foi possível identificar que essas práticas não apenas contribuem para o aprendizado acadêmico, mas também para o desenvolvimento de atitudes responsáveis em relação ao meio ambiente.
Os principais resultados encontrados reforçam a importância da integração da educação ambiental com atividades ao ar livre, evidenciando como essas práticas podem fortalecer a relação dos alunos com a natureza e promover a adoção de comportamentos sustentáveis. A vivência prática e o envolvimento direto com o ambiente natural mostraram-se altamente eficazes na sensibilização dos alunos para questões ambientais, além de promoverem o aprendizado interdisciplinar, com impactos positivos na saúde mental e física dos estudantes.
A contribuição deste estudo para a área de conhecimento é significativa, pois destaca a eficácia das práticas ao ar livre como um meio de fomentar uma educação ambiental mais vivencial e engajante. Ao integrar diferentes disciplinas e promover a aprendizagem ativa, essas práticas oferecem uma abordagem inovadora para a formação de cidadãos mais conscientes e comprometidos com a sustentabilidade. No entanto, a implementação dessas estratégias nas escolas pode enfrentar desafios relacionados à infraestrutura e à formação contínua de professores.
Em relação aos pontos fortes, destaca-se a aplicabilidade prática das estratégias apresentadas, como trilhas ecológicas e hortas escolares, que podem ser facilmente adaptadas ao contexto escolar. Por outro lado, um ponto a ser aprimorado é a necessidade de maior apoio institucional e recursos para expandir essas práticas, além de uma formação mais aprofundada para os educadores, garantindo sua efetividade.
Para estudos futuros, sugere-se a investigação de metodologias específicas para a inclusão dessas práticas em diferentes faixas etárias e contextos culturais, assim como a avaliação dos impactos de longo prazo na formação de comportamentos sustentáveis nos alunos. Também é importante explorar a relação entre as práticas ao ar livre e outras áreas do desenvolvimento humano, como a educação emocional e a saúde integral.
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