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Resumo
INTRODUÇÃO
O termo socioafetivas refere-se à inter-relação entre os aspectos sociais e afetivos das relações humanas. Ele descreve como os sentimentos, emoções e laços afetivos influenciam as interações sociais e vice-versa.
O conceito de socioafetividade surgiu de uma compreensão interdisciplinar envolvendo diferentes áreas como psicologia, sociologia e educação. No entanto, o termo tem sido amplamente discutido por teóricos da educação, psicologia e pedagogia, que abordam a importância das relações sociais e afetivas no processo de desenvolvimento humano e aprendizado. Um dos principais estudiosos que contribuíram para a discussão de temas relacionados à afetividade e à educação foi Daniel Goleman, com sua teoria sobre a inteligência emocional, que explora como as emoções impactam as relações e o ambiente social. Além disso, educadores como Vygotsky e Piaget também trouxeram contribuições valiosas, ao destacar a interação entre fatores sociais e afetivos no desenvolvimento cognitivo e na aprendizagem.
UM POUCO SOBRE O TERMO/CONCEITO: SOCIOAFETIVIDADE
No campo da educação, o conceito de socioafetividade tem sido utilizado para ressaltar a importância de um ambiente escolar que favoreça tanto o aprendizado acadêmico quanto o emocional e social dos estudantes.
A palavra “socioafetividade” passou a ser mais utilizada nos debates educacionais a partir dos anos 1990, quando as relações interpessoais e o bem-estar emocional começaram a ser vistos como componentes essenciais para o sucesso escolar e o desenvolvimento integral dos alunos.
No contexto escolar, por exemplo, as relações socioafetivas envolvem o modo como os estudantes se relacionam uns com os outros e com os educadores, considerando tanto os aspectos emocionais (como amizade, empatia, confiança) quanto os sociais (como normas, regras, pertencimento ao grupo). Quando se fala em socioafetividade e educandos, esta por sua vez envolve conhecer que o aprendizado não é apenas cognitivo, mas também, mediado pelas emoções, relações interpessoais e vínculos que se estabelecem no ambiente escolar. Essas relações são fundamentais para o desenvolvimento pessoal, emocional e educacional dos indivíduos.
O TERMO: NOMOFOBIA E SEUS EXEMPLOS
Baseado na Academia Brasileira de letras, a palavra nomofobia é definida como:
O termo nomofobia, ainda pouco conhecido no Brasil, vem ganhando destaque em debates internacionais. Suas primeiras pesquisas foram conduzidas no Reino Unido em 2008, trazendo informações relevantes sobre o impacto do uso excessivo da tecnologia.
Esse excesso pode evoluir para um transtorno que se instala de maneira imperceptível. Sem perceber, muitas pessoas passam a privilegiar a vida digital em prejuízo das experiências reais. Além disso, a maioria das pessoas nunca refletem sobre seus próprios hábitos tecnológicos e não percebem que essa dependência pode desencadear diversos problemas psicológicos.
Na geração atual, essa realidade se torna ainda mais preocupante. O comportamento relacionado à nomofobia – termo derivado do inglês no-mobile-phobia – define o medo ou pânico de ficar longe do celular, um fenômeno cada vez mais comum na sociedade digital. Assim, no site da Academia Brasileira de Letras(2025), a mesma apresenta alguns exemplos sobre as consequências do termo supracitado:
Você já acordou à noite e correu para conferir as notificações do celular – e teve dificuldade para dormir depois? Já se queixou de cansaço físico e mental diante da enxurrada de informações consumida digitalmente ao longo do dia? Esqueceu o celular em casa e isso acabou sendo um gatilho para uma crise de ansiedade? É preciso ficar atento porque esses sintomas’ podem indicar que você tem mais que um vício, mas desenvolveu uma doença conhecida como nomofobia. Uma mistura de grego (phóbos) com inglês moderno (no mobile), a nomofobia se refere ao medo patológico que uma pessoa tem de ficar longe de seu celular. Com o coronavírus e as restrições de contato social como combate à pandemia, especialistas de todo o mundo têm alertado sobre as consequências do aumento do grau de dependência das pessoas a essas tecnologias. (Academia Brasileira de Letras, 2025, online)
Neste sentido é possível ver que o termo vai muito além do que se imagina em relação ao uso excessivo do celular.
Atualmente, vivemos em uma era totalmente tecnológica, e as crianças desta geração já crescem familiarizadas com tablets e outros dispositivos digitais. Muitos pais recorrem aos eletrônicos em busca de momentos de tranquilidade no dia a dia. Dessa forma, o vício se desenvolve à medida que as crianças perdem o interesse em brincar, correr e pular com os amigos no parque, preferindo permanecer imersas na realidade virtual desencadeando assim, um grande problema que o Brasil enfrenta na atualidade que é o uso excessivo dos smartphones na sala de aula e suas consequências para o desenvolvimento educacional das crianças e adolescentes.
A UNESCO E AS TECNOLOGIAS MÓVEIS E SALA DE AULA
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, criada em 1954 com o objetivo de promover a paz e a segurança por meio da cooperação internacional em educação, ciência, cultura e comunicação, em 2014, no decorrer dos debates e entendimentos em relação ao uso do celular, a mesma divulgou um guia sobre políticas públicas para o uso das tecnologias móveis, como celular e tablet, em sala de aula. Esse guia traz 13 bons motivos e 10 recomendações a respeito do uso de tecnologias móveis na escola.
Esses 13 motivos são:
Nessa perspectiva, esses termos tinham o propósito de tornar a educação mais completa, ampliando seu alcance e buscando aproximar o aprendizado convencional daquele percebido como informal, desestruturando algumas compreensões coletivas comuns ou ainda validando e explicando outras.
Outrossim, Na audiência pública realizada de forma interativa, com a possibilidade de participação popular realizada na Comissão de Educação (CE), está expresso :
O mundo virtual tem se tornado uma prisão enfraquecedora e viciante. Ele esclarece que o uso indevido do celular já vem sendo incluído entre os distúrbios mentais. Dessa maneira, Malheiro deixa claro que, crianças não deveriam levar celular para a escola até, pelo menos, os 14 anos. O mesmo, questionou a necessidade de uma possível lei sobre a restrição do uso do celular e lembrou que outras restrições já são vistas como naturais – pois o aluno não pode levar brinquedos ou usar roupas diferentes do uniforme em suas escolas.
No tocante ao assunto, o senador Eduardo Girão (Novo-CE), que solicitou a audiência, foi quem dirigiu o debate. Ele explicitou que o assunto é prioridade entre os especialistas de educação, no governo e nas famílias. Baseado no posicionamento do senador, o assunto vai além de ser de esquerda ou de direita e deve ser tratado de forma urgente, pois os riscos do uso indevido dos celulares já são conhecidos. O mesmo reiterou que é possível perceber muitas crianças e adolescentes isolados, sozinhos, envolvidos em redes sociais e até em apostas nos celulares.
Sendo assim, o uso indevido do celular, prejudica, não apenas o cognitivo dos envolvidos, mas desencadeia uma série de danos que vai muito além do que se imagina; desde as relações afetivas em sala de aula, como também o lado pessoal, futuro profissional e familiar. Os danos são maiores, desastrosos e em alguns casos irreparáveis principalmente quando se trata de crianças e adolescentes.
Na fase infantil, estas pessoas estão no processo de desenvolvimento social e emocional, incluindo a construção da autoestima e de sua própria identidade. Nesta fase, as mesmas também desenvolvem linguagem e comunicação, expressão de emoções, interação com outras crianças e adultos, capacidade de partilhar e cooperar, comunicação clara, além de respeito, empatia, honestidade, responsabilidade solidariedade, gratidão, justiça, autonomia entre outros valores que jamais seriam desenvolvidos sem a interação humana com outras crianças e adultos que estiverem a seu redor.
No que se trata dos adolescentes, nesta fase eles precisam desenvolver a responsabilidade, autonomia para tomar decisões e lidar com as consequências de ações inadequadas. Além desses valores supracitados, nesta fase, os adolescentes estão em pleno desenvolvimento de diferentes opiniões, culturas e estilos de vida, aprendem a se colocar no lugar do outro, aprimorando a cooperação, honestidade, justiça, igualdade persistência e resiliência além de desenvolver habilidades para lidar e superar frustrações. Sendo assim, jamais, estas habilidade e estes valores, seriam desenvolvidos e aprimorados sem a interação com : “o eu, o outro e nós” como está explícito em um dos campos de experiência da Base Nacional Curricular (BNCC) que se atenua na construção da identidade, das relações interpessoais, do respeito às diferenças além da construção de relações e autoconhecimento.
Nesta mesma audiência, o psicólogo Cristiano Nabuco, especializado em dependências tecnológicas, explicitou que o Brasil está entre os três países que mais se conectam na internet. O mesmo deixou claro que as análises mostram que 4,7 meses do ano são desperdiçados em frente a uma tela e que o brasileiro passa mais da metade do tempo nos dispositivos digitais. Em consonância com o psicólogo, na mesma audiência, ele explica que 45% dos alunos brasileiros dizem que já se distraíram com o celular durante a aula. Ele esclareceu que os danos causados pelo uso exagerado de celular são bem notáveis e abrangem além da obesidade e miopia até distúrbios de sono e automutilação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dessa maneira é possível observar que são inúmeras as preocupações com o uso excessivo do celular tanto nas escolas como também na vida pessoal. Neste sentido foi apresentado uma demanda urgente envolvendo as famílias, as escolas, o legislativo e o executivo para liderar ações e leis que regulamentem esta situação e assim, é possível observar as consequências que a dimensão afetiva do uso do celular nas escola envolve não apenas os impactos emocionais mas também psicológicos, educacionais e que também influenciam as relações interpessoais e o bem-estar emocional.
Neste sentido, é necessário expandir reflexões significativas sobre o tema, pois com a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC),o novo Ensino Médio, os Itinerários Formativos e o uso da Webquest, que é uma ferramenta pedagógica que estimula o pensamento crítico, a criatividade e a aprendizagem colaborativa pode contribuir para o desenvolvimento da Competência Geral de número 5 da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
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