Bullying: Desafios e dificuldades na aprendizagem de vítimas no ambiente escolar

BULLYING: CHALLENGES AND DIFFICULTIES IN LEARNING OF VICTIMS IN THE SCHOOL ENVIRONMENT

BULLYING: RETOS Y DIFICULTADES EN EL APRENDIZAJE DE VÍCTIMAS EN EL ENTORNO ESCOLAR

Autor

Maria dos Navegantes L. de Mendonça
ORIENTADOR
 Prof. Dr. Gilson Luiz Rodrigues Souza

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/C6AE84

DOI

Mendonça, Maria dos Navegantes L. de. Bullying: Desafios e dificuldades na aprendizagem de vítimas no ambiente escolar. International Integralize Scientific. v 5, n 47, Maio/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

O bullying vêm ganhando espaço e destaque no ambiente escolar, sendo assim faz-se necessário uma pesquisa sobre o tema para que se possa investigar as causas, consequências e possíveis ações para combater tal ato dentro das escolas. Esta pesquisa tem o objetivo de identificar e refletir sobre o bullying, bullying: tipos e personagens, bullying virtual: cyberbullying, bullying na escola, consequências do bullying e, por fim estratégias para que se combata e previna essas ações de violência vivenciada no âmbito escolar. Para isso foi feito um levantamento bibliográfico qualitativo de pesquisas de autores que tratam desta temática. Com isso, chegou-se a conclusão da importância do conhecimento e preparo para os professores e familiares lidarem com o bullying. A implementação de políticas públicas nas escolas é de suma importância para o enfrentamento no combate ao bullying. O bullying traz consequências devastadoras para a vida do agressor e vítima.
Palavras-chave
bullying; violência; escola.

Summary

Bullying has been gaining ground and prominence in the school environment, so research on the subject is necessary to investigate the causes, consequences and possible actions to combat such acts within schools. This research aims to identify and reflect on bullying, bullying: types and characters, virtual bullying: cyberbullying, bullying at school, consequences of bullying and, finally, strategies to combat and prevent these acts of violence experienced in the school environment. For this purpose, a qualitative bibliographic survey of research by authors who deal with this subject was carried out. With this, it was concluded that it is important for teachers and family members to have knowledge and preparation to deal with bullying. The implementation of public policies in schools is of utmost importance to combat bullying. Bullying has devastating consequences for the lives of both the aggressor and the victim.
Keywords
bullying; violence; school.

Resumen

El bullying ha ido ganando espacio y protagonismo en el ámbito escolar, por lo que se hace necesaria la investigación sobre el tema para indagar en las causas, consecuencias y posibles acciones para combatir este tipo de actos al interior de las escuelas. Esta investigación tiene como objetivo identificar y reflexionar sobre el bullying, el bullying: tipos y personajes, el bullying virtual: cyberbullying, el bullying en la escuela, las consecuencias del bullying y, finalmente, las estrategias para combatir y prevenir estos actos de violencia vividos en el ámbito escolar. Para tal fin, se realizó un estudio bibliográfico cualitativo de investigaciones de autores que abordan esta temática. Con esto se llegó a la conclusión sobre la importancia del conocimiento y preparación de los docentes y familiares para afrontar el bullying. La implementación de políticas públicas en las escuelas es de suma importancia para combatir el bullying. El acoso escolar tiene consecuencias devastadoras para la vida tanto del agresor como de la víctima.
Palavras-clave
bullying; violência; escuela.

INTRODUÇÃO 

Este trabalho trata do tema bullying: desafios e dificuldades na aprendizagem de vítimas no ambiente escolar. Percebe-se que por se tratar de comportamentos agressivos, nocivos e repetitivos praticados, geralmente, por jovens que se sentem superiores aos outros, o bullying está predominantemente presente no ambiente escolar, pois trata-se de um ambiente que reúne uma grande quantidade de jovens. 

Compreende-se que essas práticas podem ter como consequência a evasão de jovens que são vítimas deste tipo de violência. Muitas vezes, agressores e vítimas acabam sendo prejudicados e tendo suas vidas acadêmicas e emocionais comprometidas por não conseguirem se comprometer de forma positiva com os estudos. O aluno vítima de bullying tem sua autoestima e autoconfiança minadas e por não se sentir bem na escola seu rendimento acaba caindo. Enquanto o aluno agressor preocupa-se em provar e mostrar através de atos de violência que é superior aos outros, com isso acaba por deixar o comprometimento escolar de lado. 

Atualmente, pode-se ver em várias mídias atos extremos de violência praticados por alunos de escolas públicas e privadas. A sociedade em geral está cada dia mais assustada com as consequências do bullying. Isso vem chamando a atenção para que se tenha uma conscientização e políticas públicas para pais e professores, agentes que convivem diretamente com os jovens. 

O enfrentamento à prática de bullying deve-se apresentar como um comprometimento de toda a sociedade com vistas a dirimir as consequências nefastas que podem afetar a vida de todos os envolvidos assim como toda a sociedade. 

Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo tratar deste problema no âmbito escolar mediante a pesquisa qualitativa e pesquisa bibliográfica. 

Assim é possível analisar e refletir sobre diferentes perspectivas o que essa prática, tão comum no nosso cotidiano e disseminada no dia a dia dos jovens, assim como permite repensar as práticas e políticas públicas que possuem como alvo o combate ao bullying. 

Para isso recorreu-se a pesquisas de autores que têm foco no estudo e na análise desta prática que se desenvolve no ambiente escolar. 

REFERENCIAL TEÓRICO 

BULLYING 

De acordo com Porfírio, (2025), a palavra bullying é de origem língua inglesa. Na sua composição bully significa valentão, e o sufixo ing representa uma ação contínua, ou seja, a caracterização do bullying é marcada por quadros de agressões contínuas e repetitivas, com objetivo de perseguição por parte do agressor. Neste sentido, não se pode afirmar que qualquer agressão solada, resultante de brigas, por exemplo, é bullying.

Segundo Silva, (2010), o bullying, apesar de ser um transtorno devastador, é um termo ainda pouco conhecido na sociedade. Vindo de origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizado para qualificar comportamentos agressivos no âmbito escolar, praticados tanto por meninos quanto por meninas. As práticas de violência físicas ou não físicas, ocorrem de forma intencional e repetidamente contra um ou mais alunos que se encontram impossibilitados de fazer frente às agressões sofridas. Esses comportamentos não apresentam motivos específicos ou justificáveis. Em última instância, significa dizer que, de forma “natural”, os mais fortes utilizam os mais frágeis como simples objetos de diversão, prazer e poder, com objetivo de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vítimas.

Nos últimos anos o bullying vem ganhando espaço e visibilidade na sociedade por suas consequências na vida social e acadêmica dos estudantes. De acordo com Porfírio (2025), as discussões sobre bullying, como prática agressiva, ganhou espaço de discussões só a partir de 1970, antes disso, o comportamento agressivo e a perseguição de crianças contra outras era visto como normal ou natural.

Compreende-se que as vítimas de bullying, geralmente, sofrem agressões de uma pessoa isolada ou de grupos. Esses grupos podem ser considerados como “espectadores inertes” da violência, e mesmo que indiretamente contribuem para que as agressões continuem. Geralmente, chama-se de bullying o comportamento agressivo sistemático praticados por crianças e adolescentes. Quando esse tipo de comportamento ocorre com adultos, muitas vezes no trabalho, chama-se a prática de assédio moral. (Porfírio, 2025)

   

BULLYING: TIPOS/PERSONAGENS  

De acordo com Santana, (2013), o bullying pode ser classificado da seguinte forma; Verbal: apelidar com nomes ofensivos, cochichar sobre a vítima, discriminar, fazendo comentários de cunho racistas ou homofóbicos, intimidar e provocar repetidamente, zoar, xingar.

Físico: o ato de bater, beliscar, colocar a vítima no armário, colocar a cabeça da vítima no vaso sanitário, chutar, cuspir, danificar material, empurrar, tomar pertences. Social: a prática de colocar amigos da vítima contra a mesma, constranger, espalhar rumores maliciosos, excluir do grupo, fofocar, pichar com dizeres maldosos, praticar o cyberbullying (bullying eletrônico). (Santana, 2013)

Ainda de acordo com Santana, (2013), os personagens do bullying são os agressores, as vítimas e os espectadores. O agente, Bully, é autoritário, podendo ter os seguintes perfis: “valentão”, “durão”, “briguento”, “preconceituoso”. Também pode ser uma pessoa que possui baixa resistência a frustrações e maus comportamentos no espaço escolar. O Bully, na maioria das vezes, é fisicamente mais forte que a vítima, seu objetivo é dominar e subjugar a vítima com repetidas práticas de assédios psicológicos ou por meio da força física. Os pais devem atentar-se aos comportamentos dos filhos e observar sinais de alertas como: detestar ser perdedor, ser exibicionista, gostar de dominar, sentir prazer com o sofrimento do outro, não tolerar frustrações, recusar a aceitação de responsabilidade por seus atos negativos.

Percebe-se que no decorrer dos anos o bullying vem ganhando espaço e visibilidade na sociedade. As consequências provocadas na vida social e acadêmica de estudantes vítimas de tal prática são evidentes. Esta violência acaba deixando marcas que se estendem por toda a vida. Uma prática que, muitas vezes, é vista como “brincadeira”, mas que é, na verdade, um tipo de violência física e moral. 

Sabe-se que o bullying pode estar presente em qualquer contexto social, como em escolas, famílias e vizinhança. Um apelido ou xingamento que para muitos parece ser simples, para a vítima é uma ofensa, que na maioria das vezes afeta o psicológico ao ponto de cometerem atos extremos. 

BULLYING NO AMBIENTE VIRTUAL: CYBERBULLYING

De acordo com Porfírio, (2025), o cyberbullying é toda prática que intimida, humilha, expõe de forma vexatória, que calunia e difama por meio de ambientes virtuais, como: redes sociais, e-mail e aplicativos de mensagens. A maior incidência de casos de cyberbullying acontece entre os adolescentes, mas ainda há um número considerável de jovens adultos que utilizam esse ato criminoso. 

Ainda de acordo com Porfírio, (2025), o cyberbullying é um termo da língua inglesa utilizado para configurar a prática agressiva de intimidações e de perseguições no ambiente virtual. Alguns atos de cyberbullying são as críticas à aparência física, à opinião e ao comportamento social dos indivíduos, isto materializado com práticas constantes. Enquanto o bullying entre adolescentes é praticado na grande maioria das vezes no espaço escolar, o cyberbullying ultrapassa todas as barreiras físicas. 

Segundo Porfírio, (2025), Cyberbullying é a junção de duas palavras da língua inglesa, bullying e cyber. Cyber é uma contração da palavra cybernetic (cibernético), que se refere, na Teoria da Comunicação, àquilo que está ligado à rede de informação e comunicação, mais precisamente, ao âmbito da internet. Podem ser consideradas cyberbullying ações como: exposição de fotografias ou montagens constrangedoras; divulgação de fotografias íntimas, críticas à aparência física, à opinião e ao comportamento social de indivíduos repetitivamente. 

No cyberbullying destacam-se termos inglês para nomear algumas práticas como: 

    • Hater: palavra que significa aquele que odeia. São pessoas que disseminam o ódio no ambiente virtual, atacam outras pessoas com ofensas e humilhações, de forma sistemática.

    • Sexting: palavra originada a partir das palavras sex (sexo) e texting (ato de trocar mensagens de texto ou conversar por plataformas virtuais). O sextingc consiste na troca de mensagens de cunho sexual, podendo ou não conter imagens de nudez das pessoas envolvidas. Quando há essa troca de imagens, o sexting pode tornar-se perigoso, pois pode ser divulgado por aquele que recebeu as imagens, ou hackers podem invadir os aparelhos e divulgarem o conteúdo. A divulgação das imagens, que rapidamente viralizam na rede, pode levar a vítima a sofrer com o cyberbullying.

    • Revenge porn: essa expressão significa, literalmente, vingança pornográfica. Ele diz respeito ao ato de divulgar imagens eróticas e de nudez de uma pessoa que as enviou à outra confiando em sua índole, mas que as divulga como forma de vingança e punição. (Porfírio, p 2025)

 A palavra de origem inglesa nasceu do comportamento hostil dos “valentões” da escola, que praticam violência física ou psicológica. Esta estendeu-se também para o ambiente virtual, sendo denominado cyberbullying tornando-se crime. 

Tipificado pelo Código Penal brasileiro em seu artigo 146 e 146A, o bullying e o cyberbullying são definidos respectivamente como:

Intimidar sistematicamente, individualmente ou em grupo, mediante violência física ou psicológica, uma ou mais pessoas, de modo intencional e repetitivo, sem motivação evidente, por meio de atos de intimidação, de humilhação ou de discriminação ou de ações verbais, morais, sexuais, sociais, psicológicas, físicas, materiais ou virtuais: (Incluído pela Lei nº 14.811, de 2024).  Se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social, de aplicativos, de jogos on-line ou por qualquer outro meio ou ambiente digital, ou transmitida em tempo real: (Incluído pela Lei nº 14.811, de 2024).  (Brasil, Código Penal. Art.146 e 146A, 1940)

Tais práticas enquanto crimes são penalizadas com multas e reclusão de dois a quatro anos dependendo da gravidade dos atos. A inclusão destas práticas no código penal brasileiro indica um avanço importante no que se refere ao enfrentamento às consequências do bullying em suas diferentes manifestações. Assim, a lei tem como objetivo criar mecanismos que assegurem a proteção para as vítimas e punição para os agressores. Neste sentido, a sociedade, em todas as esferas têm o dever de combater a propagação da violência seja física, moral ou psicológica.

BULLYING NA ESCOLA 

De acordo com Porfírio, (2025) o bullying pode ocorrer em diversos lugares com aglomeração de pessoas como: condomínio, na vizinhança, em grupos e agremiações esportivas, porém o local que mais ocorre esse tipo de violência é na escola, caracterizando-se como bullying escolar. Existem fatores sociais e psíquicos que explicam esse fenômeno, ou seja, é na escola onde os jovens passam a maior parte do tempo, interagindo com um número maior de pessoas com diferentes ideias.

 Porfirio (2025), destaca que é na escola onde reflexos da sociedade se manifestam, criando um tipo de micro-organismo social, com tendência a recriar a sociedade em um espaço menor e isolado. Percebe-se que, muitas vezes, a sociedade pode ser agressiva e excludente, e esses fatores tendem a se repetir entre os adolescentes no ambiente escolar. É no espaço escolar, onde os padrões cruéis de beleza e comportamento são ditados pela sociedade e reproduzindo-se como normas. 

Na grande maioria das vezes, um grupo domina reafirmando e ditando esses padrões, estabelecendo uma regra e se algo ou alguém fugir dessa regra é considerado como inferior e digno de sofrimento e exclusão. O tamanho da popularidade dos que se consideram superiores e sua maior aceitação no grupo fazem eles sentirem-se dotados de direitos de tratarem mal os que não são populares e não se enquadram no padrão do grupo. 

Para Porfírio, (2025), 

Além da intimidação, da perseguição e da violência psicológica, o bullying pode levar à violência física. Os profissionais da educação devem ficar atentos para evitar os casos de bullying e resolver a situação, conscientizando os agressores e auxiliando as vítimas. (Porfirio, 2025)

De acordo com Linardi, (2022), a vítima começa a ser alvo de bullying a partir da 5ª e 6ª série do Ensino Fundamental. Percebe-se que não são simples “brincadeiras” de mau-gosto, pois, o bullying ultrapassa os limites psicológicos ou físicos. O aluno acaba sentindo-se impotente diante da situação e fica acuado, além de não achar nada de divertido na situação. Nota-se que o ambiente virtual é um local fácil de depreciação da vítima, pois é possível criar perfis falsos e usá-los para espalhar boatos e fotos, deixando as vítimas em situações constrangedoras, sendo alvo de comentários vexatórios na escola.

BULLYING E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Segundo Santana, (2013), o bullying escolar pode trazer várias consequências nocivas para o agressor, que também é uma vítima da sociedade, para a vítima e até para o espectador dessas práticas. Podendo vir em nível intelectual, emocional e físico, indo além da escola, no tempo e no espaço. Os problemas causados pelo bullying podem percorrer por toda vida, instalando-se na convivência social do indivíduo e podendo influenciar no convívio e na educação dos próprios filhos, manifestado mediante a baixa autoestima, comportamentos agressivos incontroláveis e falta de confiança.

De acordo com Porfírio, (2025), as consequências do bullying podem ser devastadoras e irreversíveis para quem sofre. Começando pelo isolamento social da vítima, pois acaba por não se sentir parte daquele grupo, ou seja, com sensação de não pertencimento. Com isso, pode ocorrer queda no rendimento escolar, queda na autoestima, quadros depressivos, transtorno de ansiedade, síndrome do pânico, dentre outros. Quando não tratados, esses quadros podem fazer com que os jovens pratiquem atos extremos. 

Sabe-se que é importante que as vítimas de bullying sejam tratadas, pois esta pode guardar traumas em seus subconscientes e esses traumas podem se manifestar durante a vida adulta, prejudicando a vida social, relações pessoais, e levando ao desenvolvimento de vícios como uso abusivo do álcool e outras drogas.

As consequências são devastadoras e todos os envolvidos acabam sendo vítimas. A mídia vem trazendo com frequência casos de violência extrema nas escolas. Casos de bullying são noticiados com frequência nas mídias informativas. Podemos destacar diferentes casos expostos nos noticiários. 

 Carlucci, (2022), divulga notícia de aluno que atirou em três estudantes de escola pública em Sobral, no Ceará. A arma que foi usada estava registrada em nome de um CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador), que, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), supostamente pertence a um familiar do aluno. Na Delegacia Municipal de Sobral, o aluno acaba confessando que havia premeditado o ataque após ser vítima de bullying. 

Outro caso aconteceu na Grande São Paulo, onde atiradores invadem escolas e matam estudantes. De acordo com a Gazeta do povo (2019), dois atiradores encapuzados invadiram uma escola estadual em Suzano- SP e dispararam contra estudantes e funcionários. O ataque resultou na morte de oito pessoas, incluindo alunos e funcionários. Deixaram onze feridos além dos dois jovens mortos. De acordo com a mãe de um dos jovens, o filho teria deixado de ir à escola após sofrer provocações por conta das muitas espinhas no rosto, caracterizando o bullying no espaço escolar.

Em Minas Gerais, outro caso grave ocorreu devido à prática do bullying. Um jovem bullying teria motivado ataque a escola quando um jovem foi detido após esfaquear quatro pessoas. Em depoimento confessou para a polícia que o ato foi provocado por vingança e foi divulgado em post nas redes sociais (Arantes, 2023).

Esses são alguns de vários casos que ocorrem com os nossos jovens em escolas públicas e privadas e que tem consequências nefastas e muito perigosas para toda a sociedade.

COMBATENDO O BULLYING

Segundo Santana, (2013), é possível a participação de todos no enfrentamento ao bullying, em especial no ambiente escolar. O primeiro passo a seguir deve ser compreender o fenômeno, ou seja, saber-se o que é o bullying, quais são seus personagens, onde acontece, causas e consequências. Depois do conhecimento, deve-se trabalhar na prevenção, pois evitando-se o bullying, não haverá necessidade de intervenção para combatê-lo. As estratégias antibullying escolar devem ser trabalhadas pelos pais, em casa, pelos educadores, na escola, desde as primeiras etapas de estudo da criança, contribuindo, assim, para o desenvolvimento de habilidades que impliquem boa convivência e boa forma de estar com o outro.

Segundo Silva, (2010), a identificação precoce do bullying pelos responsáveis (pais e professores) é de suma importância. As crianças normalmente não relatam o sofrimento vivenciado na escola, por medo de represálias ou por vergonha. Um olhar atento dos pais sobre o comportamento dos filhos é fundamental, bem como o diálogo franco entre eles. Os pais não devem hesitar em buscar ajuda de profissionais da área de saúde mental, para que seus filhos possam superar traumas e transtornos psíquicos.

Sabe-se que o bullying é crime. Porfírio (2025), afirma que no dia 6 de novembro de 2015, foi sancionada no Brasil pela presidente Dilma Rousseff a Lei 13.185, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática. A lei composta por oito artigos torna a luta contra o bullying escolar uma política pública de educação e implementa uma série de ações que visam a erradicar o bullying por meio de campanhas publicitárias, capacitação dos profissionais da educação para lidarem com casos de bullying e o diálogo mais estreito entre a escola e a família. 

De acordo com os artigos 2º, 3º e 4º da lei 13.185 o bullying é caracterizado quando há intimidação sistemática com violência física ou psicológica. Podendo também se manifestar em ataques físicos, insultos, comentários pejorativos, ameaças, expressões preconceituosas, isolamento social premeditado dentre outros. Esta intimidação pode ser classificada, dependendo das ações praticadas como: verbal, moral, sexual, social, psicológica, física, material e virtual. (Brasil, 2015). Neste sentido, a lei estabelece mecanismos que visam combater a prática do bullying, mediante mecanismos de prevenção que partem da conscientização e educação, no sentido de aceitação da alteridade, que é marca característica do ser humano. 

A instituição da lei representa um marco importante no combate ao bullying nas suas diferentes manifestações. Nela contém as diretrizes que nortearão as ações dos envolvidos no processo de conscientização, sensibilização e erradicação de ações que caracterizam o bullying. Isso significa que é necessária uma ação conjunta dos diferentes setores da sociedade para que seja possível acabar com determinados tipos de comportamentos, principalmente entre os jovens.

METODOLOGIA 

O presente artigo apresentará uma pesquisa que buscou investigar e identificar a problemática dos desafios e dificuldades na aprendizagem de vítimas de bullying no ambiente escolar público e privado. A investigação tem como objetivo analisar e identificar o público-alvo dessa violência, levar incentivo e orientação para as famílias e professores, para que a escola possa ser um lugar de respeito e liberdade. Através da metodologia qualitativa e pesquisas bibliográficas analisou-se estudos e pesquisas de autores que estudam sobre o tema como: (Porfírio, 2025), (Linardi, 2022), (Santana, 2013), (Silva, 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Diante desta pesquisa bibliográfica chegou-se à conclusão de que é de suma importância o conhecimento e qualificação da família e professores para que estejam preparados e que possam intervir de maneira positiva no combate ao bullying, não só na escola, mas também em outros ambientes, pois o papel deles é fundamental no enfrentamento, os mesmos têm o poder de intervir diretamente e impedir as agressões físicas e verbais. Quando isso não ocorre fica propício a continuidade dos atos tendo em vista a impunidade. As escolas precisam desenvolver e implantar políticas públicas que envolvam professores, pais e alunos.

O bullying torna a sala de aula um lugar pavoroso para suas vítimas, com isso o rendimento escolar cai e consequentemente vem a evasão. Crianças e adolescentes são automaticamente excluídos de grupos e violentamente expostos por suas “fraquezas”. Vítimas e agressores vivem momentos de estresse e isolamento, fazendo com que o lugar de acolhimento se torne um caos.

De acordo com Porfírio, (2025), não se deve combater violência com mais violência. Em algumas situações, deve-se punir os agressores quando estes extrapolam o limite razoável, porém, em sua grande maioria, os agressores também são jovens que já sofrem por algum motivo. Sendo assim, o diálogo e a conscientização são os melhores meios de solucionar o problema.

Sabe-se da relevância da união entre família e escola, essa união no enfrentamento ao bullying é necessária para que todos trabalhem na conscientização e acolhimento, e assim, fortaleça as relações com essas vítimas e os apoiem emocionalmente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANTES, Paula. COSTA, Mariana.  Bullying teria motivado ataque a escola. 2023. Disponível    em https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2023/10/12/interna_gerais,1575473/bullying-teria-motivado-ataque-a-escola.shtml#google_vignette. Acesso em 02 de maio de 2025.

BRASIL. Lei 13.185. Institui o programa de combate de intimidação sistemática (Bullying). Novembro de 2015. Disponível em  https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13185.htm. Acesso em 04 de maio de 2025.

_______, Decreto -Lei 2848. Código Penal. 1940. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso 02 de maio de 2025.

CARLUCCI, Manoela. FIGUEREDO, Carolina. VIEIRA, Júlia. Aluno atira em três estudantes em escola pública de Sobral, no Ceará. 2022. Disponível em https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/aluno-atira-em-tres-estudantes-de-escola-publica-em-sobral-no-ceara. Acesso em 02 de maio de 2025.

GAZETA DO POVO. Atiradores invadem escola e matam estudantes na grande São Paulo. 2019. Disponível em https://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/atiradores-invadem-escola-e-matam-estudantes-na-grande-sp-7zlh8io4loox5ts9m8estl7f1. Acesso em 02 de maio de 2025.

LINARDI, Fred. O que é bullying. Super Interessante – Mundo Estranho. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-bullying/. Acesso em 08 de maio de 2025.

PORFIRIO, Francisco. “Cyberbullying”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/cyberbullying.htm. Acesso em 25 de abril de 2025.

__________, Francisco. “Bullying”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/bullying.htm. Acesso em 26 de abril de 2025.

SANTANA, Edésio T. Bullying e cyberbullying: agressões dentro e fora das escolas. São Paulo .2013. Ed. Paulus

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Cartilha 2010- justiça nas escolas. Brasília/ DF.2010

Mendonça, Maria dos Navegantes L. de. Bullying: Desafios e dificuldades na aprendizagem de vítimas no ambiente escolar.International Integralize Scientific. v 5, n 47, Maio/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

BAILEY, C. J.; LEE, J. H.
Management of chlamydial infections: A comprehensive review.
Clinical infectious diseases.
v. 67
n. 7
p. 1208-1216,
2021.
Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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