Encontro e desencontro de conhecimentos e discursos acerca do hiperfoco

MEETING AND DISCLOSURE OF KNOWLEDGE AND DISCOURSES ABOUT HYPERFOCUS

ENCUENTRO Y DIVULGACIÓN DE CONOCIMIENTOS Y DISCURSOS SOBRE HIPERFOCUS

Autor

Maria Aparecida Alcântara Maia
ORIENTADOR
Prof. Dr. Alcenir Seixas dos Santos

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/C96D2E

DOI

Maia, Maria Aparecida Alcântara . Encontro e desencontro de conhecimentos e discursos acerca do hiperfoco. International Integralize Scientific. v 5, n 46, Abril/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

O presente artigo analisa o discurso de um superior hierárquico, justifica-se pela necessidade de uma fundamentação teórica, mas visto que na historicidade as ações e pensamentos acontecem, e que uns sujeitos têm poder sobre outros possibilitando mudanças. O objetivo principal do artigo é compreender e aceitar a expressão que abalou o âmago, apontando os principais fatos, as principais leis e autores que tratam da questão. Para tanto, um leque de ideias fundamentam indícios de aceitação e contraposição.. A metodologia utilizada é uma revisão bibliográfica, baseada, principalmente nos princípios de Boa Vontade e Vontade Santa, fundamento eudaimônico de Aristóteles. No entanto, toda vez que alguém escreve e pesquisa dados, quando se torna de domínio público encontra-se elogios e críticas, e dependendo das fontes, cada autor expressa os dados em relação ao seu enfoque. Sendo o dado fruto de história recente estes estão sujeitos ao interesse de justificar a pesquisa. Assim, descreveremos o arcabouço do pensamento, analisando os fatos para entender o contexto do discurso. O estudo conclui que, embora a afirmação seja a premissa mais lógica, o entendimento ainda não convence a ponto de aceitação do modo como a inclusão está sendo trabalhada nas unidades escolares. Pois, ainda precisamos de políticas públicas eficientes, investimentos em formação para professores e acesso a serviços que garantam seus direitos. Desse modo é essencial que as políticas públicas sejam continuamente aprimoradas e que haja um esforço conjunto de toda a sociedade na valorização dos sujeitos com equidade, garantindo, assim, a democratização do acesso à educação de qualidade para todos os cidadãos.
Palavras-chave
Inclusão. Discurso. Deficiência. Sala de aula. Políticas Públicas.

Summary

This article analyzes the speech of a hierarchical superior, justified by the need for a theoretical basis, but given that in historicity actions and thoughts happen, and that some subjects have power over others, enabling changes. The main objective of the article is to understand and accept the expression that shook the core, pointing out the main facts, the main laws and authors who deal with the issue. To this end, a range of ideas support evidence of acceptance and opposition. The methodology used is a bibliographic review, based mainly on the principles of Good Will and Holy Will, Aristotle’s eudaimonic foundation. However, every time someone writes and researches data, when it becomes public domain, there is praise and criticism, and depending on the sources, each author expresses the data in relation to their focus. Since the data is the result of recent history, these are subject to the interest of justifying the research. Thus, we will describe the framework of the thought, analyzing the facts to understand the context of the speech. The study concludes that, although the statement is the most logical premise, the understanding is still not convincing enough to accept the way inclusion is being worked on in schools. After all, we still need efficient public policies, investments in teacher training and access to services that guarantee their rights. Therefore, it is essential that public policies are continually improved and that there is a joint effort by all of society to value subjects with equity, thus ensuring the democratization of access to quality education for all citizens.
Keywords
Inclusion. Discourse. Disability. Classroom. Public Policies.

Resumen

Este artículo analiza el discurso de un superior jerárquico, justificado en la necesidad de una fundamentación teórica, pero dado que en la historicidad suceden acciones y pensamientos, y que unos sujetos tienen poder sobre otros, posibilitando cambios. El objetivo principal del artículo es comprender y aceptar la expresión que sacudió el núcleo, señalando los principales hechos, las principales leyes y autores que tratan el tema. Para ello, diversas ideas sustentan la evidencia de aceptación y oposición. La metodología empleada es una revisión bibliográfica, basada principalmente en los principios de Buena Voluntad y Santa Voluntad, fundamento eudaimónico de Aristóteles. Sin embargo, cada vez que alguien escribe e investiga datos, cuando estos se vuelven de dominio público, hay elogios y críticas, y dependiendo de las fuentes, cada autor expresa los datos en relación a su enfoque. Dado que los datos son resultado de la historia reciente, están sujetos al interés de justificar la investigación. Así, describiremos el marco de pensamiento, analizando los hechos para comprender el contexto del discurso. El estudio concluye que, si bien el enunciado es la premisa más lógica, la comprensión aún no es lo suficientemente convincente como para aceptar la forma en que se trabaja la inclusión en las unidades escolares. Todavía necesitamos políticas públicas eficientes, inversiones en la formación docente y acceso a servicios que garanticen sus derechos. Por ello, es fundamental que las políticas públicas se mejoren continuamente y que exista un esfuerzo conjunto de toda la sociedad para valorar a las personas por igual, garantizando así la democratización del acceso a una educación de calidad para todos los ciudadanos.
Palavras-clave
Inclusión. Discurso. Discapacidad. Aula. Políticas Públicas.

INTRODUÇÃO

Alguns sujeitos se deparam com situações, às quais se colocam como um problema que fere a sua visão de mundo e lhes impulsionam a ressignificar seu modo de pensar e agir. O caso foi que recebemos um relatório do Núcleo de Educação Inclusiva (NEI), onde havia uma frase que me parece pesada “a escola tem que se adaptar ao aluno”, baseado no fundamento legal. Essa expressão nos pareceu sem nenhuma complexidade a princípio, mas não saia da cabeça. Começamos a perceber que havia possibilidades no agir e pensar dessa expressão que influenciariam o modo como as escolas estão organizadas, pensamos até no perigo que a fala representava. Mas precisava fundamentar o pensamento e estabelecer uma linha. Porém ao participar de um encontro de alinhamento, um representante do NEI compareceu e fez uma fala no sentido de que as escolas do município deveriam respeitar o hiperfoco dos estudantes laudados com Transtorno do Espectro Autista, de modo a conduzir a atenção do mesmo para outro objeto e novamente repetiu a expressão “a escola precisa se adaptar ao aluno”, foi à gota d’água! Pedi licença e perguntei qual era a instituição que mais controle social tinha na sociedade, silêncio, respondi: – A escola. Houve uma espécie de alvoroço e várias pessoas falando ao mesmo tempo. Percebemos que não era hora e silenciamos. Deixamos a pessoa falar tudo que queria, pedimos a palavra e relatamos o caso de um relatório, e que o hiperfoco era uma bicicleta. Novamente a pessoa afirmou que a escola precisava respeitar o estudante. Então, mesmo sem concordar, silenciamos novamente. Dado o problema da contraposição nas falas, superficialidade, essa discussão serviu para perceber um viés mais profundo: na nossa fala não havia fundamentação suficiente para um embate mais produtivo.

Necessitava fundamentar o modo como estávamos percebendo a questão e ao mesmo tempo refletir por outro ponto de vista, sentíamos no momento uma indignação, mas não sabíamos o porquê, ao que também sabemos estar sendo assertiva, no entanto temos receio de contrariar alguém da hierarquia superior. Pois é muito forte o significado do respeito a um sujeito que ocupa uma posição superior. Sentimos a necessidade de estabelecer uma linha de pensamento que dê sustentação, mas que abra os horizontes a diferentes pensar e agir.

DESENVOLVIMENTO

Para interpretar e conhecer o significado da expressão “a escola precisa se adaptar ao aluno” utilizada pelo superior vamos ao significado isolado de cada palavra: a = vogal e artigo definido feminino; 

Escola = instituição que fornece o processo de ensino para discentes, alunos, estudantes, com o objetivo de formar e desenvolver cada indivíduo em seus aspectos cultural, social e cognitivo. A palavra vem do grego “scholé”, que significa “ócio”, o mesmo que “lazer”, “tempo livre”; Precisa = ter precisão ou necessidade de algo, ou determinar, indicar ou calcular de um modo mais preciso, também pode significar que não deixa lugar para dúvida, definido, claro, detalhado, explícito, percebido com nitidez, executado de maneira segura, rigoroso, determinado com exatidão, certo, exato resumido, conciso, necessário ou igual a outro valor medido para a mesma grandeza, do verbo precisar. O mesmo que: carece, necessita, acerta; Se = conjunção subordinada condicional, a classificação do ” se ” enquanto pronome subdivide -se em: pronome apassivador ou partícula transitivo direto e bitransitivo; Adaptar = modificar algo para que se acomode, se ajustar ou se adequar a uma situação ou fim; Ao = combinação da preposição com artigo; Aluno = indivíduo que recebe instrução ou educação em estabelecimento de ensino ou não; discípulo, estudante, escolar. Aquele que foi criado e educado por alguém; aquele que teve ou tem alguém por mestre ou preceptor; educando. Diante do significado a sensação de que é mais profunda a raiz para entendimento surge de modo contundente.

Então como vemos a instituição escola? Como local coletivo com regras próprias e que visa manter uma certa ordem e controle dos sujeitos na sociedade. Onde os estudantes são atendidos de maneira superficial, ou seja, eles chegam, adentram e aí, ocorrem as relações, as interações, o ensino e o aprendizado ou não dos conteúdos curriculares. No entanto, sabemos o quanto o discurso coerente traduz a relação de poder que ocorre no ambiente escolar. 

No tocante a palavra adaptar, conta a classe gramatical a ação, verbo. Baseada na categoria, enquanto conceito Piagetiano, expressa o Equilíbrio entre a Assimilação e a Acomodação, e estas dominam a inteligência, pois é autorreguladora. Sendo a assimilação a integração de novos dados a uma estrutura já existente ou construída, ou a partir de modificações do conteúdo de uma estrutura já adquirida. E a Acomodação acontece quando ocorre a criação de um esquema novo ou modificação de esquemas já estruturado, resultando em uma mudança na cognição ou no desenvolvimento, entre o que foi assimilado e acomodado dá-se a equilibração que permite um estado de adaptação ao ambiente externo, visto que estes processos ocorrem a nível metacognitivo e expressam-se no real. Assim a escola, com o número de interações que acontecem é o local com maiores possibilidades de desequilíbrios que trazem novas assimilações e acomodações, garantindo que acontecem inúmeras possibilidades.

Do ponto de vista do estudante imerso nesse processo acontecem necessariamente uma gama de relações vivenciadas em loco no cotidiano escolar, relações permeadas de conceitos negativos, de negação, mas importantes, pois enquanto humanos e dentro da teia de relações que se desenvolvem no dia a dia, enfatizar o lado negativo deixam as mudanças, as possibilidades de fora. Não dá para viver de interações positivas ou somente negativas devendo haver um meio termo entre o que se idealiza e o que se tem.

A escola não pode perder sua essência e não pode ficar presa em conceitos, interações negativas, precisamos analisar cada caso, cada fala, percebendo o que há por traz. Encontrar um meio termo, nem para um lado nem para outro, lembrando a Curvatura da Vara de Saviani, entre dois lados, dois projetos, bem fundamentados, e em vigor, é necessário um meio termo, nem a um nem a outro, ou com um e com outro.

De um lado todas as ideias que fundamentam o imaginário dos profissionais em atuação e do outro os ideais limpos, enquanto desprovidos de limitação, obstáculos e dificuldades da fundamentação inclusiva, nos parece, em analogia, um cabo de guerra. E não é. Pois há vidas envolvidas, e a luz da Eudaimonia presente na ética a Nicômaco de Aristóteles, o agir humano, as virtudes particulares, da diversidade humana encontram um fundamento último no Bem final, como fim, na compreensão de bem maior, categoria de totalidade, que abarca os dois lados do cabo de guerra. Definindo um projeto único, com finalidade ampla, necessário para se atingir uma sabedoria prática que impulsiona o nosso fazer para um bem supremo. Porém continuamos segurando a corda e puxando para nosso lado ao dizer que uma instituição física vai se adaptar à necessidade de uma pessoa com deficiência, é dizer que as paredes e portas vão satisfazer a dita necessidade. Não vai não. Transfira esta incumbência para as pessoas que ali trabalham. Digam de fato o que é para se fazer. Mas escutem o que os profissionais têm a dizer. Levando em consideração o tempo cronológico, medido em dias, ou até meses, o momento em que uma ideia encontrou a base e ali fecundou, internalizou e se expressou em ação, teremos um longo e desgastante período, para um diferencial, por mínimo que seja. 

Ainda de um lado do cabo, tenho cinco estudantes laudados, portanto pessoas com deficiência, não questiono os laudos, mas a capacidade dos profissionais ensinarem a vinte e cinco estudantes de modo a aprendizagem se efetivarem em cada um. São vinte e cinco modos diferentes de aprenderem. Parece ser um processo individual e não coletivo. Não questiono a qualidade ou quantidade de conteúdos apreendidos, mas a organização utilizada. Se tenho vinte e cinco, e ensino, e mostro, falo, para todos estamos visando o todo, mas as tendências apontam para o individual, até consigo passar entre as mesas e cadeiras, e conversar individualmente com aqueles que percebi mais dificuldades, no entanto somente consigo atingir até seis estudantes por período e os outros dezenove ficam para outro dia, somente estamos na sala por quatro dias, só vamos conseguir chegar a esse primeiro grupo uma semana depois, sei que há os estudantes que não precisam de atendimento individualizado, mas usando a justiça temos que ir até eles também. Há os planos de atendimento para as pessoas com deficiência, mas quando vou lá para frente levo em consideração o todo e não as especificidades.

Em relação aos conteúdos, habilidades para o ano, estes são preestabelecidos e somente posso relacionar, antecipar ou adiar o rol do ano. Quanto ao modo, metodologia, perguntamos o que já sabem sobre, conversamos sobre, apresentamos imagens, perguntamos e conceituamos, aplicamos atividade de sistematização e de retomada. 

Com vinte estudantes sem deficiência e cinco com, necessitam de seis planejamentos, até faço, mas não consigo efetivar, pois o tempo de atendimento individualizado, no todo não permite, três desses estudantes apresentam características bem diferenciada. Ainda há três que necessitam de atenção constante e dois que precisam intervir de modo não tão sistêmico, onde a escola enquanto essência perde sua especificidade, não consigo chegar aos três. E eles vão ficando e se distanciando dos demais. Os três estão frequentando a escola para aprender as habilidades curriculares e estão ficando à margem. Sabemos disso, mas o que é possível fazer para reverter o quadro? Seria o ficar junto? Ou para aproveitar o tempo, o interesse e o hiperfoco? O professor de apoio intervém em um de cada vez e o regente em outro, assim sempre fica um. E nem sempre há interesse do estudante em ouvir os professores, estes preferem sair da sala e fazer outras coisas.

Com a teoria Vigostyana para fundamentar a teoria do conhecimento utilizada, o professor entendem que as funções mentais superiores (como a memória, consciência, percepção, atenção, fala, pensamento, vontade, formação de conceitos, emoção, imaginação, planejamento, analogia, ação intencional e representação simbólica) são socialmente formadas e culturalmente transmitidas por meio da linguagem, por mais que seu aparato biológico tenha o potencial de se desenvolver, se não interagir com outros, não se desenvolverá como poderia. Vygotsky afirma em sua teoria que há três zonas de desenvolvimento: Zona de Desenvolvimento Real, na qual o estudante já sabe fazer sozinho o que o professor solicita; A Zona de Desenvolvimento Potencial a em que o estudante somente consegue realizar com auxílio do próprio professor ou de um colega mais experiente; E a Zona de Desenvolvimento Proximal como a que está para ser atingida, aquela que pode ser amadurecida. Procurando agir nesta zona, pois é a distância do desenvolvimento real, o que se sabe, o que se faz e a capacidade de atingir seu potencial.  Uma aula com planejamento aberto e flexível permite fazer escolhas refletidas e ajustadas ao que os estudantes estão apresentando, ao mesmo tempo que um currículo mínimo, mas amplo e equilibrado e recheado das adaptações necessárias para atender a todos.

Nos parece que estão agindo sobre nós forças lapidadoras e direcionadoras a acolher, escutar e agir de acordo com fundamentos advindos da igualdade e dignidade, já induz a pensar que há grupos que lutam e necessitam de um documento orientador, a tirar de um sujeito e colocar no coletivo ideais diferentes dos em vigor. Se essa premissa é válida, então ocorre a necessidade de legislação e normas, pois o sujeito pode sucumbir a sua própria vontade e adotar práticas que extermine de algum modo, ou negue a possibilidade de alguns.  

As famílias gostam de pensar que a escola se adapta aos estudantes, no entanto, essa afirmação é um engodo. A escola é coletiva, tem regulação própria, como o regimento interno, os combinados, as regras de convivência, sendo uma instituição reguladora dos que ali transitam aplicando suas leis de modo claro, tendo até um Conselho Escolar para os casos mais polêmicos, e normatização do que ainda não está regulado. Porém não pode ferir nenhuma legislação maior. E ainda procura escutar o que os pais estão expressando. 

Enquanto procuramos encontro, cabe cita Paulo Freire, na “Pedagogia da Tolerância” façamos um recorte, descontextualizar, para caber aqui

Reações de alguns operários com quem você trabalha não devem ir mais além da constatação de que parece normal, ainda que acabrunhante. Em verdade, o homem que disse sofrer agora, porque agora tem consciência dos fatos concretos, expressa ainda, de um lado, de um lado o momento de consciência oprimida, o em que, iniciando sua imersão da realidade opressora, se sente como perdido ante a força da própria situação; de outro, por faltar ou por não haver divisado, na estrutura social em que se constitui, canais para seu compromisso. (Paulo Freire, 2013, p.268).

 Os outros textos separados e Aristóteles apontando os principais fatos, as principais leis e autores que tratam da questão. Para tanto, um leque de ideias fundamentam indícios de aceitação e contraposição. O estudo busca ainda entender como as legislações influenciaram o ideário dos educadores. A metodologia utilizada é uma revisão bibliográfica, baseada, principalmente nos princípios de Boa Vontade e Vontade Santa, fundamento eudaimônico de Aristóteles. Por meio dessa fundamentação teórica, o artigo traça uma análise crítica das principais normas da inclusão. Pois, toda

Compromisso que ainda não tranquiliza a mente, pois a verdade, em Jaspers, a verdade predicativa, a verdade da consciência, dos conteúdos claros, estáveis, das proposições exatas ainda não foi preenchido, necessitando de mais uma orientação, e em Austin lembramos que “melhores exposições disponíveis das razões aceitas para sustentar doutrinas que remontam pelo menos a Heráclito.”, o que percebemos é pura ilusão, pois nos vem via sentido, sendo o objetivo encontrar sentido para o sentimento despertado, que dimensão subjetiva foi abalada?

 No contrato social da escola com os estudantes há um entendimento de certas regras e normas sobre as pessoas que adentram no espaço institucional, estas passam a um segundo plano e somente a vontade de um sujeito laudado sobrepõe aos demais, somente quando houver algum acontecimento extremamente preocupante é que ocorrerá um pensar sobre o todo? É como se o direito privado e o direito público estivessem do mesmo lado coagindo a instituição escolar a respeitar o direito de um estudante com deficiência e detrimento dos demais. E se mais de um resolver apresentar um hiperfoco, ser acometido por surto ou somente não aceitar a convivência por falhas em suas funções executivas? Ainda não encontramos um equilíbrio.

Para ensinar, atender e promover adequadamente todos os estudantes faz-se necessário encontrar um caminho, do ponto de vista legal os direitos estão assegurados, mas como garantir a todos? Fomos formados na perspectiva de uma identidade típica, e na sala de aula buscamos uma uniformidade quando falamos para todos e colocamos atividades para todos, há, segundo Mantoan: 

Um problema com a igualdade e a diferença no sentido de se perceber de que lado nós estamos, quando defendemos uma ou outra (dado que essa bipolaridade tem nos levado a muitos paradoxos), ficamos com a firme intenção e propósito de privilegiar a diferença. (Mantoan, 2008, p.31)

Desse modo ainda estamos levando em consideração apenas um lado. Não é ainda o que proporcionaria a mudança e aceitação completa da consigna pronunciada pela companheira de serviço. Ela é defensora da inclusão e como tal defende sua postura.

Procurando uma sabedoria prática, um meio termo entre o significado da expressão e sua exteriorização na prática, o tornar esse discurso, essa situação particular num hiperativo categórico é preciso ter em si uma boa vontade, até mesmo uma vontade santa, ser virtuoso e agir sempre para o bem comum. Recomendação de Aristóteles, na “Ética a Nicômaco” 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de todo o exposto cabe considerar uma orientação do Serviço de Assistência Social que recomenda a ferramenta da Escuta Ativa como mecanismo para que se cheguem a denominador comum a ambas as partes dos cabos de guerra que possa existir no sistema educacional brasileiro, e em especial a esta demanda da escola se adaptar aos estudantes, façamos uma aposta: deixar ela se concretizar, lutar contra ou pensar uma via que não exclua a escola enquanto instituição reguladora. Procurando um bem maior onde as possibilidades de vir a ser para todos estejam presentes, sem excluir os estudantes e/ou escola. Onde as decisões tomadas possam se materializar nas salas de aula respondendo a diversidade e influenciando os processos de ensino e aprendizagem e diretamente no desenvolvimento dos estudantes. 

Para tanto se torna importante conseguir o maior número de interações entre os estudantes e o professor com problemas que desafiem as suas funções superiores, possibilitando resultados pelas ajudas necessárias, validando esforços e não tão somente resultados. E isso não é fácil, pois de um lado a flexibilidade de planos de aula, domínio de alternativas, o máximo de estudantes avancem, princípios pedagógico essenciais, concepção de ensino e aprendizagem que abarque o modo de cada um, atividades cooperativas, diversidade de atividades e experiências, escolha de atividades, agrupamento, registro dos avanços, avaliação com participação.

Marchesi (2010, p. 29) diz que escolas inclusivas, capazes de integrar todos os alunos sem nenhum tipo de exclusão é uma utopia inalcançável.  Mas precisamos acreditar na Eudaimonia, no sujeito virtuoso, em sua busca pelo bem comum, na sua civilidade e humanização. 

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Maia, Maria Aparecida Alcântara . Encontro e desencontro de conhecimentos e discursos acerca do hiperfoco.International Integralize Scientific. v 5, n 46, Abril/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

BAILEY, C. J.; LEE, J. H.
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Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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n. 46
Encontro e desencontro de conhecimentos e discursos acerca do hiperfoco

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