Finanças Verdes no Financiamento da Transição Energética: Green Bonds e Energias Renováveis

GREEN FINANCE IN FINANCING THE ENERGY TRANSITION: GREEN BONDS AND RENEWABLE ENERGIES

FINANZAS VERDES EN LA FINANCIACIÓN DE LA TRANSICIÓN ENERGÉTICA: ATREPIDAS VERDES Y ENERGÍAS RENOVABLES

Autor

Júlio César Argentão Josué
ORIENTADOR
Profa. Dra. Yara Therezinha de Almeida Lozano

URL do Artigo

https://iiscientific.com/artigos/CACC12

DOI

Josué, Júlio César Argentão. Finanças Verdes no Financiamento da Transição Energética: Green Bonds e Energias Renováveis. International Integralize Scientific. v 5, n 47, Maio/2025 ISSN/3085-654X

Resumo

A temática teve como objetivo enfatizar a relevância das finanças verdes na viabilização da transição energética, com foco nos instrumentos financeiros sustentáveis, como os green bonds, traduzido títulos verdes, e nas fontes de energias renováveis. O artigo fundamentou-se em dados eletrônicos, como periódicos publicados e relatórios nacionais e internacionais escritos na língua inglesa, espanhola e portuguesa. Além disso, o estudo discorreu não só sobre o papel estratégico das finanças verdes na redução das emissões de carbono e promoção da sustentabilidade, como também comprovou os desafios enfrentados por países em desenvolvimento, incluindo barreiras regulatórias e dificuldades de acesso ao crédito sustentável. Ademais, foram discutidas alternativas viáveis como a criação de marcos regulatórios, parcerias público-privadas e incentivos para projetos verdes. Em resumo, o artigo define as finanças verdes como ferramentas otimizadas para acelerar a transição energética global, promovendo desenvolvimento econômico aliado à preservação ambiental.
Palavras-chave
sustentabilidade; finanças verdes; energia renovável; títulos verdes.

Summary

The theme aimed to emphasize the relevance of green finance in enabling the energy transition, focusing on sustainable financial instruments, such as green bonds and renewable energy sources. The article is based on electronic data, such as published journals and national and international reports written in English, Spanish, and Portuguese. In addition, the study disagreed not only on the strategic role of green finance in reducing carbon emissions and promoting sustainability, but also demonstrated the challenges faced by developing countries, including regulatory barriers and difficulties in accessing sustainable credit. Likewise, viable alternatives were discussed, such as the creation of regulatory frameworks, public-private partnerships and incentives for green projects. In summary, the article defines green finance as an optimized tool to accelerate the global energy transition, promoting economic development combined with environmental preservation.
Keywords
sustainability; green finance; renewable energy; green bonds.

Resumen

El tema pretendía enfatizar la relevancia de las finanzas verdes para posibilitar la transición energética, con un enfoque en instrumentos financieros sostenibles como los bonos verdes, la traducción de bonos verdes y fuentes de energía renovables. El artículo se basa en datos electrónicos, como revistas publicadas e informes nacionales e internacionales escritos en inglés, español y portugués. Además, el estudio discrepaba no sólo sobre el papel estratégico de las finanzas verdes en la reducción de las emisiones de carbono y la promoción de la sostenibilidad, sino que también demostraba los desafíos que afrontaban los países en desarrollo, incluidas las barreras regulatorias y las dificultades para acceder al crédito sostenible. Asimismo, se discutieron alternativas viables, como la creación de marcos regulatorios, alianzas público-privadas e incentivos para proyectos verdes. En resumen, el artículo define las finanzas verdes como una herramienta optimizada para acelerar la transición energética global, promoviendo el desarrollo económico combinado con la preservación del medio ambiente.
Palavras-clave
sostenibilidad; finanzas verdes; energía renovable; bonos verdes.

INTRODUÇÃO 

Hodiernamente, as alterações climáticas têm se intensificado nos últimos anos, representando um dos impasses globais do século XXI. Nesta perspectiva, a elevação das temperaturas médias, os eventos climáticos extremos e a degradação ambiental evidenciam a urgência de ações concretas para mitigar os impactos ambientais causados pelas atividades humanas. Nesse contexto, a premência da transição energética, isto é, a substituição gradual de fontes fósseis por fontes renováveis de energia, surge como uma alternativa para garantir um futuro sustentável.

Neste prisma, para a materialização dessa transição, é imprescindível a aplicação de mecanismos financeiros inovadores que viabilizem investimentos sustentáveis em larga escala. Dessarte, as finanças verdes são uma abordagem promissora, integrando critérios ambientais nas decisões de alocação de capital. Entre os instrumentos dos campos socioambiental e econômico, estão os green bonds, no português títulos verdes, que se configuram como ferramentas de captação de recursos destinados a projetos com benefícios ambientais comprovados.

Diante disso, o artigo justifica-se a fim de investigar as funcionalidades dos green bonds no cenário brasileiro, uma vez que o país possui elevado potencial para o desenvolvimento de energias renováveis, como a solar, a eólica e a de biomassa. Apesar do crescente interesse por parte de investidores e instituições públicas, ainda são limitadas as pesquisas que aprofundam a atuação desses títulos na realidade nacional. Assim, o trabalho se aprofunda na compreensão sobre o uso desses títulos no contexto brasileiro, contribuindo para o fortalecimento de políticas e práticas voltadas à energia limpa. Posto isto, para alcançar os objetivos propostos, a temática foi fundamentada em parâmetros qualitativos de caráter exploratório, baseada em revisão bibliográfica e documental. Ademais, analisou-se periódicos, relatórios institucionais, publicações governamentais e dados disponibilizados por organizações nacionais e internacionais que atuam no campo das finanças sustentáveis e energias renováveis.  A pesquisa, portanto, concentrou-se na identificação das características, aplicações e impactos dos green bonds no contexto brasileiro, com ênfase na viabilização de projetos de energia solar, eólica e biomassa. 

O artigo, portanto, tem como objetivo discorrer sobre a aplicabilidade dos green bonds no financiamento da transição energética no Brasil, com ênfase no setor energético renovável, destacando as oportunidades, desafios e perspectivas futuras. A análise explora os green bonds e as contribuição para a expansão de fontes limpas de energia, como solar, eólica e biomassa, além de identificar os principais entraves à sua consolidação no país, como baixa sistematização, insuficiência de informações e necessidade de integração entre setores público e privado.

FINANÇAS VERDES: CONCEITOS E FUNDAMENTOS

As finanças verdes são um ramo proveniente das finanças sustentáveis que surgiu no século XXI, a fim de ordenar os sistemas socioambiental e econômico, contribuindo diretamente para a mitigação das mudanças climáticas e a promoção do desenvolvimento sustentável. Portanto, as finanças verdes sugerem um modelo de financiamento responsável que considere os impactos ecológicos dos investimentos, estimulando práticas de baixo carbono e projetos que resultam no equilíbrio ambiental.

Nesta perspectiva, segundo Amaral (2020), as finanças verdes baseiam-se em ferramentas que direcionam o capital para iniciativas que geram benefícios ambientais mensuráveis, tais como a geração de energia renovável, o uso efetivo de recursos naturais, a mobilidade sustentável e o reflorestamento. Assim, a proposta das finanças verdes é não só fomentar o crescimento econômico, mas também garantir o crescimento em consonância com a preservação ambiental e os compromissos climáticos globais.

Ademais, as finanças verdes estão intrinsecamente associadas à consolidação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU), visto que ambos visam a ação contra a mudança global do clima e a promoção de energia limpa e acessível. Conforme Elkington (2020), a atuação das finanças verdes reforça a responsabilidade do setor financeiro na construção de uma economia verde e inclusiva, por meio do redirecionamento dos fluxos de capitais para atividades que minimizem os impactos ecológicos e promovam a sustentabilidade.

Além disso, uma das bases consolidadas das finanças verdes é a definição de green bonds, ou títulos verdes, que são metodologias financeiras emitidas especificamente para financiar projetos com benefícios ambientais comprovados. De acordo com Silva (2019), os green bonds representam uma evolução no mercado de capitais, pois são constituídos por critérios de sustentabilidade e alinhados às práticas tradicionais de investimento, sendo utilizados por governos, bancos e empresas privadas que desejam viabilizar empreendimentos sustentáveis de forma monitorável e transparente.

Nas últimas décadas, verifica-se uma crescente mobilização global em relação à adoção de práticas de finanças verdes. No Brasil, essa predisposição tem se intensificado devido à relevância das fontes renováveis de energia e pela necessidade de cumprimento de metas climáticas internacionais, como o Acordo de Paris. Nesse sentido, Johan (2022) destaca que a implementação das finanças verdes no Brasil e em países de economia emergente, embora ainda enfrente desafios como a falta de regulação específica e a baixa padronização de critérios ambientais, representa uma oportunidade estratégica para atrair investimentos internacionais e alavancar os setores sustentáveis.

Outrossim, os fundamentos das finanças verdes envolvem princípios ecológicos e sustentáveis que se manifestam por meio de transparência, rastreabilidade, mitigação de riscos ambientais e compromisso com o meio ambiente. Nesta perspectiva, tais princípios se fortalecem como pilares ideais para a construção de um sistema financeiro ético e resiliente, capaz de enfrentar quadros deletérios e socioambientais atualmente. De acordo com Elkington (2020), essa abordagem amplia o conceito de valor ao incluir, além do retorno econômico, o impacto positivo para a sociedade e para o planeta.

As finanças verdes, portanto, padronizam-se como uma metodologia para reorientar o desenvolvimento econômico na direção de uma economia de baixo carbono e reduzindo os impactos ambientais resultantes das altas taxas de poluição. Dessa forma, ao incorporar parâmetros ambientais às decisões de financiamento, essa abordagem não apenas fortalece os compromissos sustentáveis das organizações, mas também contribui para a formação de uma nova lógica de mercado, baseada na responsabilidade, inovação e cooperação global.

GREEN BONDS E A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA 

Os green bonds ou títulos verdes compõem ferramentas financeiras inovadoras e otimizadas voltadas para o financiamento de programas sustentáveis, a fim de gerar impactos ambientais positivos. Posto isso, o surgimento dessa metodologia associa-se ao elevado interesse global em mecanismos de mercado que contribuam com os compromissos climáticos e a transição energética. Segundo Amaral (2020), os green bonds representam uma solução alternativa que une capital privado e metas ambientais, viabilizando o desenvolvimento de iniciativas sustentáveis de forma economicamente viável.

Nesse contexto, os green bonds possuem mecanismos similares aos títulos de dívida tradicionais: uma entidade emissora, que pode ser um governo, empresa ou banco, capta recursos em consonância com os investidores, comprometendo-se a direcioná-los exclusivamente a projetos verdes e ambientais, como obras de infraestrutura sustentável, otimização energética, mobilidade limpa e geração de energias renováveis. 

De acordo com o Climate Bonds Initiative (CBI), os investidores são atraídos tanto pelo retorno financeiro quanto pelo impacto ambiental mensurável, gerando um duplo benefício. Nessa perspectiva, para classificar um título como green bond, é necessário atender a parâmetros de verificação e técnicos que assegurem a integridade ambiental do projeto financiado. De acordo com a Taxonomia Verde da União Europeia e os Princípios de Títulos Verdes da International Capital Market Association (ICMA), os emissores devem cumprir quatro pilares fundamentais, quais sejam uso claro dos recursos captados, processo de avaliação e seleção dos projetos, gestão transparente dos recursos e relatórios periódicos de impacto. Além disso, recomenda-se a validação por certificadoras externas, garantindo maior credibilidade e transparência ao mercado (Gomes, 2021).

Portanto, os benefícios dos green bonds são expressivos, visto que possibilitam os emissores a ampliarem o acesso a mercados segmentados, atraindo investidores comprometidos com critérios ESG (Ambiental, Social e Governança). Nesse contexto, para os investidores, há a possibilidade de alinhar rentabilidade com impacto socioambiental positivo (Gomes, 2021). Além disso, esse instrumento contribui para a variedade da carteira de ativos, redução de riscos climáticos e fortalecimento da reputação institucional. No entanto, conforme alerta Silva (2019), ainda existem limitações, como a ausência de regulamentação padronizada em alguns países, o risco de greenwashing, em outros termos, o uso indevido do selo verde e as altas taxas de custos iniciais de certificação e monitoramento dos projetos.

No setor de energias renováveis, os green bonds se demonstram hábeis para o financiamento e desenvolvimentos de projetos de geração solar, eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas acelerando a substituição de fontes fósseis por alternativas limpas. Segundo dados do Banco Mundial (2023), os investimentos em energia solar e eólica lideram as emissões de títulos verdes, com destaque para grandes usinas fotovoltaicas, parques eólicos onshore e offshore, além de sistemas de armazenamento energético. No Brasil, projetos ecológicos desenvolvidos por iniciativas como os parques solares no Nordeste e a expansão da energia eólica em estados como Rio Grande do Norte e Bahia foram parcialmente viabilizados com o suporte de green bonds emitidos por bancos públicos e privados. Ademais, no segmento da biomassa, o potencial de aproveitamento de resíduos da agroindústria e da cana-de-açúcar, como bagaço, torta de filtro e vinhaça, encontra nos green bonds uma fonte estratégica de financiamento, isso porque programas de cogeração de energia a partir do bagaço da cana, por exemplo, têm sido impulsionados por esses instrumentos, promovendo mudanças na matriz energética de forma sustentável e regionalizada (Brasil, 2022).

Os green bonds, portanto, são instrumentos cruciais para a transição energética global, permitindo a canalização de recursos financeiros para empreendimentos que reduzem as emissões de carbono, fortificando a infraestrutura energética limpa e ampliando a segurança energética dos países. Dessa forma, à medida que expandem as demandas por energia sustentável e cumprindo as metas do Acordo de Paris, a expansão dos títulos verdes torna-se uma estratégia imprescindível para alinhar desenvolvimento econômico e responsabilidade ambiental.

CONTRIBUIÇÕES PARA A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA SUSTENTÁVEL

A transformação para uma matriz energética mais limpa e sustentável tem se tornado uma prioridade global, impulsionada pelas metas de descarbonização e pelos compromissos firmados no Acordo de Paris. Dessa forma, os green bonds, ou títulos verdes têm exercido um papel relevante como instrumentos de financiamento capazes de viabilizar projetos em energias renováveis, mobilizando capital privado em larga escala para iniciativas com impacto ambiental positivo. 

Outrossim, é fato que green bonds contribuem para a expansão da matriz energética renovável que está ligada à capacidade de suprir o déficit de investimentos em infraestrutura sustentável, ou seja, ao oferecer uma alternativa de financiamento com menor risco reputacional e ambiental, esses títulos favorecem a implantação de grandes empreendimentos que dificilmente seriam realizados apenas com recursos públicos ou tradicionais (Brasil, 2022).

Além disso, a presença de políticas públicas e dos frameworks regulatórios é fundamental para a consolidação dos green bonds como mecanismos de fomento à energia renovável. Segundo Amaral (2020), no Brasil, embora ainda em desenvolvimento, observa-se um esforço de articulação entre o setor financeiro e o setor público para estabelecer diretrizes confiáveis para a emissão desses títulos. 

A Resolução CVM nº 160/2022, que trata sobre ofertas públicas de valores mobiliários, contribui para maior segurança jurídica no mercado de capitais verdes. Além disso, a criação da Taxonomia Verde Brasileira, em processo de estruturação pelo governo federal, deverá servir como referência para padronizar o que pode ser considerado investimento sustentável no país, fomentando a confiança dos investidores e reduzindo o risco de greenwashing (Brasil, 2023).

Apesar do crescimento reduzido no Brasil em relação a países como China, França e Alemanha, o potencial de expansão é expressivo. O país possui vantagens naturais comparativas, como alta irradiação solar, ventos constantes em regiões do Nordeste e grande disponibilidade de biomassa agrícola. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), mais de 80% da matriz elétrica brasileira já é composta por fontes renováveis, mas a diversificação ainda é limitada, principalmente no que se refere à energia solar e à bioenergia (Banani et. al, 2022).

A literatura especializada aponta, no entanto, algumas lacunas que ainda limitam o crescimento do mercado de títulos verdes no Brasil, como a baixa padronização dos critérios de elegibilidade dos projetos, a escassez de instituições certificadoras nacionais com credibilidade internacional, e o custo elevado dos processos de verificação e auditoria ambiental (Argandoña et. al, 2022). Ademais, há uma concentração de emissões por grandes instituições financeiras e empresas com elevado grau de governança, o que restringe o acesso de pequenos e médios empreendedores ao mercado de capitais verdes.

Por outro lado, inúmeras oportunidades vêm sendo mapeadas por estudiosos e agentes do setor, ou seja, a literatura sugere, por exemplo, que o fortalecimento de bancos públicos como o BNDES e o Banco do Brasil na emissão e intermediação de títulos verdes pode impulsionar o setor. Além disso, investir em projetos e programas de capacitação técnica e incentivos fiscais para emissores e investidores poderia ampliar o alcance desse instrumento. Dessa forma, a implementação de plataformas digitais de transparência e rastreabilidade dos recursos captados também é apontada como uma medida capaz de aumentar a confiança dos investidores (Rana et. al, 2022).

Os green bonds têm se revelado ferramentas promissoras para a expansão da matriz energética renovável, tanto no cenário global quanto no brasileiro, contudo, a evolução depende da articulação entre regulação otimizada, políticas públicas de incentivo e integração com estratégias nacionais de desenvolvimento sustentável. Posto isso, para superar as lacunas e explorar seu potencial, o Brasil deverá não apenas acelerar sua transição energética, mas também se posicionar como referência mundial em finanças sustentáveis.

FINANÇAS VERDES: BENEFÍCIOS E DESAFIOS PARA SUSTENTABILIDADE

As finanças verdes têm se consolidado em debates sobre desenvolvimento sustentável e combate às mudanças climáticas, representando um conjunto de instrumentos financeiros voltados para financiar projetos para redução de impactos nocivos ao ambiente. Dessarte, objetivo dessas ferramentas é direcionar recursos para iniciativas que contribuam para a transição de uma economia baseada em combustíveis fósseis para uma economia de baixo carbono. Entretanto, apesar do alto potencial transformador, as finanças verdes apresentam tanto vantagens significativas quanto desafios que precisam ser superados para que seu impacto seja realmente eficaz.

Com isso, entre os pontos positivos, enfatiza-se a habilidade das finanças verdes em alocar grandes volumes de recursos financeiros para projetos sustentáveis, incluindo investimentos em energias renováveis, transporte limpo, eficiência energética, reflorestamento e gestão hídrica. Além disso, segundo Jinru (2022), esse tipo de financiamento contribui não só para o cumprimento das metas ambientais internacionais, como os ODS, mas também para os compromissos do Acordo de Paris. 

As finanças verdes atuam como catalisadores dos processos inovadores, isso porque apoiam projetos ambientais estimulando o desenvolvimento de novas tecnologias sustentáveis e modelos de negócios que integram a preocupação ecológica com a rentabilidade. Além disso, ao promover a integração de critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) nas decisões de investimento, esses instrumentos fortalecem a gestão de riscos e melhoram a imagem institucional de empresas e governos envolvidos (ONU, 2015).

Por outro lado, as finanças verdes enfrentam desafios e impasses que restringem seu alcance de forma otimizada, como por exemplo, a falta de padronização e de regulamentação clara sobre o que caracteriza um investimento verdadeiramente ecológico (Rana et. al. 2022). Portanto, essa lacuna favorece práticas de greenwashing, nas quais empresas se apropriam indevidamente do discurso ambiental para melhorar sua reputação, sem efetivamente contribuir para a sustentabilidade. Além disso, os processos de verificação e certificação desses títulos verdes costumam ser complexos e caros, dificultando o acesso de pequenos empreendedores e países com economia emergente a esse tipo de financiamento.

Outrossim,  o fato de que os projetos verdes ainda apresentam retornos financeiros de médio a longo prazo ou incertos reduz o apelo para investidores conservadores. Dessa forma, a ausência de incentivos adequados e de garantias contra riscos ambientais e regulatórios também dificulta a expansão das finanças verdes em mercados emergentes, onde as necessidades de infraestrutura sustentável são maiores (Plattek, 2023).

É possível concluir que as finanças verdes representam uma oportunidade estratégica para alinhar os interesses do mercado financeiro com a agenda ambiental global, isso porque, as vantagens são numerosas, principalmente no que diz respeito à viabilização de projetos sustentáveis e à indução de boas práticas empresariais. No entanto, é fundamental enfrentar os desafios ainda existentes por meio de políticas públicas consistentes, maior transparência, marcos regulatórios e instrumentos que democratizem o acesso ao financiamento sustentável. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do agravamento do aquecimento global e das intensas transformações provocadas pelas mudanças climáticas, torna-se urgente repensar os modelos tradicionais de desenvolvimento econômico. A crescente pressão por soluções sustentáveis impõe a necessidade de metodologias que conciliem crescimento socioeconômico com a preservação ambiental, em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nesse cenário, os green bonds — ou títulos verdes — configuram-se como ferramentas financeiras inovadoras e estratégicas, capazes de mobilizar capital para projetos sustentáveis, fomentando a transição energética e promovendo um novo paradigma de desenvolvimento baseado em baixo carbono, responsabilidade socioambiental e inovação tecnológica.

Esses instrumentos se diferenciam por direcionarem recursos exclusivamente à iniciativas com benefícios ambientais mensuráveis, como a geração de energia limpa, a redução de emissões de gases de efeito estufa, a gestão eficiente de resíduos, a conservação da biodiversidade e o uso racional da água e do solo. A emissão de green bonds, portanto, representa não apenas uma alternativa de financiamento, mas um compromisso com a transparência, com o impacto positivo e com a construção de um futuro mais equilibrado entre economia e ecologia. No contexto brasileiro, embora a emissão de títulos verdes ainda representam uma parcela pequena do mercado financeiro, observa-se um cenário fértil e promissor. O país possui vantagens comparativas relevantes, como a diversidade de recursos naturais, o vasto potencial em fontes de energia renovável — especialmente solar, eólica, hídrica e de biomassa — e a crescente preocupação com políticas públicas ambientais e com a responsabilidade corporativa. Esses fatores posicionam o Brasil como um ator estratégico no desenvolvimento de uma economia verde, capaz de atrair investidores que buscam alinhar retorno financeiro com impacto socioambiental positivo.

Entretanto, a consolidação dos green bonds no mercado nacional exige a superação de desafios estruturais e institucionais. Entre os principais entraves, destacam-se: a ausência de um arcabouço regulatório específico e unificado que defina com clareza os critérios de elegibilidade e acompanhamento dos projetos; a falta de padronização nos processos de certificação e verificação; a escassez de dados e indicadores confiáveis para mensuração de impacto; e a limitada articulação entre os setores público e privado. Além disso, é necessário ampliar o conhecimento técnico sobre o tema, tanto no setor financeiro quanto entre os emissores e investidores, a fim de reduzir riscos percebidos e aumentar a confiança no mercado.

Assim, torna-se essencial o fortalecimento de um ambiente institucional e regulatório estável, transparente e eficiente, que ofereça segurança jurídica e previsibilidade aos agentes econômicos. Políticas de incentivo, como benefícios fiscais para emissores, linhas de crédito específicas e programas de capacitação, também podem impulsionar o mercado de títulos verdes e acelerar sua maturação. A atuação integrada entre governos, bancos de desenvolvimento, agências reguladoras, organizações multilaterais e o setor privado será determinante para criar as condições necessárias à expansão desse mercado no Brasil.

Portanto, os green bonds não apenas representam uma inovação no mercado financeiro, mas refletem uma mudança de mentalidade: de um modelo extrativista e linear para uma economia circular, regenerativa e orientada por valores éticos. Ao viabilizar projetos de impacto ambiental positivo e ao promover a integração entre capital financeiro e sustentabilidade, os títulos verdes tornam-se catalisadores de um futuro mais justo, resiliente e equilibrado. Eles sinalizam, sobretudo, que é possível conciliar rentabilidade com responsabilidade, crescimento com conservação e inovação com compromisso social, princípios fundamentais para enfrentar os desafios do século XXI.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Josué, Júlio César Argentão. Finanças Verdes no Financiamento da Transição Energética: Green Bonds e Energias Renováveis.International Integralize Scientific. v 5, n 47, Maio/2025 ISSN/3085-654X

Referencias

BAILEY, C. J.; LEE, J. H.
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v. 67
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Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article/67/7/1208/6141108.
Acesso em: 2024-09-03.

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