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Resumo
INTRODUÇÃO
A educação é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade, e o sistema educacional brasileiro enfrenta desafios históricos que impactam diretamente a qualidade do ensino. Segundo Saviani (2013), a escola pública no Brasil ainda reflete as desigualdades sociais, com carências estruturais e pedagógicas que dificultam o processo de ensino-aprendizagem. Essas desigualdades são evidenciadas pela falta de investimentos em infraestrutura, a defasagem na formação de professores e a ausência de políticas públicas eficazes que promovam a equidade no acesso à educação de qualidade. Nesse contexto, o município de Ribeirão das Neves, localizado na região metropolitana de Belo Horizonte, apresenta realidades que exigem atenção, como a falta de recursos materiais, a defasagem no aprendizado dos alunos e a necessidade de maior integração entre os profissionais da educação.
Ribeirão das Neves é um município que, apesar de sua proximidade com a capital mineira, enfrenta desafios socioeconômicos significativos, como altos índices de pobreza e violência, que refletem diretamente no ambiente escolar. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020), o município possui um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média nacional, o que impacta a qualidade de vida da população e, consequentemente, o desempenho educacional. Nessas condições, as escolas estaduais da região enfrentam dificuldades como a evasão escolar, a indisciplina e a falta de engajamento dos alunos, problemas que são agravados pela carência de recursos pedagógicos e pela desvalorização dos profissionais da educação.
Este estudo busca analisar a conjuntura educacional das escolas estaduais de Ribeirão das Neves, com foco no comportamento dos discentes, docentes e coordenadores. A pesquisa parte do pressuposto de que, para melhorar a qualidade do ensino, é necessário diagnosticar as principais dificuldades e propor alternativas que integrem os diferentes atores envolvidos no processo educacional. Como afirma Freire (1996), “a educação não transforma o mundo, mas muda as pessoas, e estas transformam o mundo”. Portanto, é essencial que a escola seja um espaço de construção coletiva, onde todos possam contribuir para o desenvolvimento de uma educação mais inclusiva e eficaz.
A metodologia adotada neste estudo incluiu a realização de entrevistas e questionários com alunos, professores e coordenadores, permitindo uma análise detalhada das percepções e experiências desses atores. A partir dos dados coletados, foi possível identificar os principais desafios enfrentados pelas escolas da região, como a falta de recursos materiais, a defasagem no aprendizado dos alunos e a necessidade de maior integração entre os profissionais da educação. Além disso, foram propostas alternativas para superar esses desafios, como o investimento em laboratórios, a criação de monitorias e a realização de projetos interdisciplinares que envolvam a comunidade escolar.
Este estudo se justifica pela urgência em discutir e propor soluções para os problemas enfrentados pelas escolas públicas brasileiras, especialmente em regiões com altos índices de vulnerabilidade social. Ao analisar a realidade das escolas estaduais de Ribeirão das Neves, espera-se contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas e práticas pedagógicas que promovam uma educação mais equitativa e de qualidade, beneficiando não apenas os alunos, mas toda a comunidade escolar.
MATERIAL E MÉTODO
A pesquisa foi realizada em escolas estaduais de Ribeirão das Neves-MG, utilizando uma abordagem qualitativa e quantitativa, com o objetivo de obter uma visão abrangente e detalhada da realidade educacional da região. A escolha por uma metodologia mista justifica-se pela necessidade de combinar dados numéricos, que permitem uma análise estatística, com informações qualitativas, que oferecem insights sobre as percepções e experiências dos participantes.
Foram aplicados questionários e realizadas entrevistas semiestruturadas com três grupos principais: discentes (alunos do 1º ano do ensino médio), docentes (professores de ciências, física e matemática) e coordenadores (pedagogos e diretores). A seleção desses grupos foi estratégica, uma vez que representam os principais atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem e são diretamente impactados pelos desafios e políticas educacionais.
Os questionários foram elaborados com uma combinação de perguntas abertas e fechadas, abordando temas como metodologias de ensino, dificuldades enfrentadas no cotidiano escolar, sugestões para melhorias e a relação entre os diferentes atores da escola. As perguntas fechadas permitiram a quantificação dos dados, enquanto as abertas proporcionaram espaço para os participantes expressarem suas opiniões e experiências de forma mais detalhada.
As entrevistas semiestruturadas, por sua vez, foram conduzidas com base em um roteiro pré-definido, mas com flexibilidade para explorar temas que surgissem durante as conversas. Essa abordagem permitiu uma análise mais profunda das percepções e experiências dos participantes, especialmente no que diz respeito às práticas pedagógicas, aos desafios enfrentados e às expectativas em relação ao futuro da educação na região.
A análise dos dados foi realizada por meio de categorias temáticas, identificando os principais desafios e propostas apresentadas pelos entrevistados. Para garantir a confiabilidade dos resultados, foram utilizados métodos de triangulação de dados, comparando as respostas dos diferentes grupos (discentes, docentes e coordenadores) e cruzando informações obtidas por meio de questionários e entrevistas. Além disso, os dados quantitativos foram analisados com o auxílio de ferramentas estatísticas, como o cálculo de porcentagens e médias, para identificar padrões e tendências.
A pesquisa foi conduzida em cinco escolas estaduais de Ribeirão das Neves, selecionadas por representarem diferentes realidades socioeconômicas da região. O tamanho da amostra incluiu 150 alunos, 30 professores e 10 coordenadores, garantindo uma diversidade de perspectivas e experiências. Todos os participantes foram informados sobre os objetivos da pesquisa e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, em conformidade com as diretrizes éticas para pesquisas envolvendo seres humanos.
A coleta de dados ocorreu ao longo de três meses, com visitas periódicas às escolas para a aplicação dos questionários e a realização das entrevistas. Após a coleta, os dados foram organizados e analisados com o auxílio de softwares como Microsoft Excel e NVivo, que facilitaram a categorização e a interpretação das informações.
A combinação de métodos quantitativos e qualitativos permitiu uma compreensão mais ampla e detalhada dos desafios enfrentados pelas escolas estaduais de Ribeirão das Neves, bem como a identificação de propostas concretas para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Essa abordagem metodológica reforça a relevância e a aplicabilidade dos resultados obtidos, contribuindo para o desenvolvimento de políticas públicas e práticas pedagógicas mais eficazes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
DOCENTES
Os docentes entrevistados relataram que o planejamento das aulas é baseado principalmente no livro didático, mas enfrentam dificuldades para cumprir o cronograma devido à defasagem no aprendizado dos alunos. Como afirmou um dos professores: “Muitos alunos chegam ao ensino médio sem dominar conceitos básicos de matemática, o que dificulta o ensino de física e ciências”. Essa defasagem é um reflexo de problemas estruturais no ensino fundamental, que acabam se acumulando e impactando o desempenho dos alunos no ensino médio.
A falta de recursos materiais também foi apontada como um dos principais desafios. Segundo os dados coletados, 75% dos professores afirmaram que não possuem acesso a laboratórios ou materiais didáticos adequados. Como sugeriu um docente, “a criação de laboratórios e a utilização de jogos educativos poderiam tornar as aulas mais dinâmicas e interessantes”. A ausência de recursos limita a capacidade dos professores de inovar em suas práticas pedagógicas, o que pode contribuir para o desinteresse dos alunos.
Além disso, 60% dos professores relataram trabalhar de forma isolada, sem apoio da coordenação pedagógica. Como destacou outro entrevistado, “falta integração entre os professores e a coordenação, o que dificulta a realização de projetos interdisciplinares”. Essa falta de colaboração entre os profissionais da educação pode ser um dos fatores que impedem a implementação de práticas mais eficazes e integradas.
Outro ponto relevante levantado pelos docentes foi a necessidade de formação continuada. Muitos professores relataram que não recebem treinamento adequado para lidar com as novas demandas educacionais, como o uso de tecnologias em sala de aula ou a aplicação de metodologias ativas. Como afirmou um professor: “Precisamos de mais capacitação para lidar com as mudanças no perfil dos alunos e nas expectativas da sociedade em relação à educação”.
DISCENTES
Os alunos do 1º ano do ensino médio relataram dificuldades principalmente em matemática e física. Cerca de 70% dos entrevistados afirmaram que têm dificuldade em realizar cálculos matemáticos, enquanto 50% disseram que as aulas seriam mais interessantes com a utilização de experimentos e recursos audiovisuais. Esses dados reforçam a necessidade de práticas pedagógicas mais dinâmicas e interativas, que possam engajar os alunos e facilitar o aprendizado.
Um dos alunos destacou: “Gostaria que as aulas fossem mais práticas, com experimentos e atividades em grupo”. Outro aluno sugeriu: “Acho que deveria ter mais aulas de reforço para ajudar quem tem dificuldade”. Essas sugestões indicam que os alunos valorizam metodologias que promovam a participação ativa e o aprendizado colaborativo.
Apenas 5% dos alunos relataram dificuldades em se adaptar à metodologia de ensino dos professores, mas 70% afirmaram que não utilizam métodos específicos para estudar, dependendo apenas do livro didático e das explicações em sala de aula. Esse dado sugere que muitos alunos não possuem hábitos de estudo consolidados, o que pode ser um reflexo da falta de orientação pedagógica e de apoio por parte da escola.
Além disso, os alunos destacaram a importância de um ambiente escolar mais acolhedor e motivador. Como afirmou um estudante: “Às vezes, a escola parece muito distante da nossa realidade. Gostaria que os professores entendessem melhor nossas dificuldades e nos ajudassem a superá-las”. Essa percepção reforça a necessidade de uma abordagem mais humanizada no processo de ensino-aprendizagem.
COORDENADORES
Os coordenadores entrevistados destacaram a falta de interesse dos professores em elaborar projetos interdisciplinares. Como afirmou um dos pedagogos, “muitos professores preferem trabalhar de forma isolada, o que dificulta a integração entre as disciplinas”. Essa falta de colaboração pode ser um reflexo da sobrecarga de trabalho dos professores, que muitas vezes não dispõem de tempo ou recursos para dedicar-se a projetos extras.
Apesar das limitações financeiras, 80% dos coordenadores relataram que a escola busca recursos para apoiar projetos pedagógicos. Um dos diretores sugeriu: “Precisamos envolver a comunidade escolar nos projetos, para que os alunos se sintam mais motivados”. A participação da comunidade é vista como uma estratégia importante para fortalecer o vínculo entre a escola e as famílias, além de promover um ambiente mais colaborativo.
Fatores como indisciplina e infrequência foram citados como desafios, mas apenas 30% dos coordenadores acreditam que esses fatores impactam significativamente o aprendizado dos alunos. Para a maioria dos coordenadores, o principal desafio é a falta de engajamento dos alunos, que muitas vezes não veem a escola como um espaço de oportunidades. Como afirmou um diretor: “Precisamos mostrar aos alunos que a educação é a chave para um futuro melhor”.
Outro ponto destacado pelos coordenadores foi a necessidade de maior apoio por parte das políticas públicas. Muitos relataram que as escolas enfrentam dificuldades para implementar projetos devido à falta de recursos financeiros e à burocracia excessiva. Como sugeriu um coordenador: “Precisamos de mais autonomia e recursos para implementar mudanças que realmente façam a diferença na vida dos alunos”.
DISCUSSÃO GERAL
A análise dos dados obtidos com discentes, docentes e coordenadores revela a complexidade dos desafios enfrentados pelas escolas estaduais de Ribeirão das Neves. A falta de recursos materiais, a defasagem no aprendizado dos alunos e a necessidade de maior integração entre os atores da escola são problemas que exigem soluções urgentes e integradas. Como destacado por Saviani (2013), “a escola pública no Brasil reflete as desigualdades sociais, com carências estruturais e pedagógicas que dificultam o processo de ensino-aprendizagem”. Essa realidade é evidente nas escolas pesquisadas, onde a ausência de laboratórios, materiais didáticos adequados e apoio pedagógico limita a capacidade dos professores de inovar em suas práticas e engajar os alunos.
A implementação de metodologias mais dinâmicas e interativas, como o uso de experimentos, jogos educativos e recursos audiovisuais, pode contribuir significativamente para o engajamento dos alunos e a melhoria do aprendizado. Conforme apontado por um dos alunos entrevistados, “as aulas práticas e os experimentos ajudam a entender melhor os conceitos, porque a gente vê como eles funcionam na realidade”. Essa abordagem está alinhada com as ideias de Freire (1996), que defende uma educação dialógica, onde o conhecimento é construído a partir da experiência e da interação entre professores e alunos.
Além disso, a criação de projetos interdisciplinares e o fortalecimento do trabalho em equipe entre os professores são estratégias essenciais para promover uma educação mais integrada e eficaz. No entanto, como destacado por Libâneo (2012), “a qualidade da educação depende, em grande medida, da qualidade dos professores e do ambiente escolar”. Nesse sentido, é fundamental que as políticas públicas garantam o financiamento e o apoio necessários para a implementação dessas iniciativas, além de promover a formação continuada dos professores e a valorização dos profissionais da educação.
A formação continuada é um aspecto crucial para a modernização das práticas pedagógicas. Muitos professores relataram a necessidade de capacitação para lidar com as novas demandas educacionais, como o uso de tecnologias em sala de aula e a aplicação de metodologias ativas. Como afirmou um docente durante a pesquisa, “precisamos de mais treinamento para usar ferramentas tecnológicas e metodologias que possam engajar os alunos”. Essa demanda reforça a importância de investimentos em políticas de formação docente, que permitam aos professores atualizar-se e adaptar-se às mudanças no perfil dos alunos e nas expectativas da sociedade.
Outro ponto relevante é a necessidade de maior integração entre a escola e a comunidade. Como destacado por um dos coordenadores entrevistados, “a participação da comunidade é essencial para fortalecer o vínculo entre a escola e as famílias, além de promover um ambiente mais colaborativo”. Essa integração pode ser alcançada por meio de projetos que envolvam não apenas os alunos e professores, mas também os pais e a comunidade local, criando um senso de pertencimento e responsabilidade compartilhada.
Por fim, é importante ressaltar que a escola deve ser um espaço de construção coletiva, onde todos os atores envolvidos possam contribuir para o desenvolvimento de uma educação mais inclusiva e eficaz. A integração entre docentes, discentes e coordenadores, aliada ao apoio da comunidade e das políticas públicas, é essencial para superar os desafios identificados e promover uma educação de qualidade para todos. Como afirmou Freire (1996), “a educação não transforma o mundo, mas muda as pessoas, e estas transformam o mundo”. Portanto, investir na educação é investir no futuro da sociedade.
ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS NA ENTREVISTA COM OS DISCENTES
Através da análise das respostas obtidas no questionário aplicado aos alunos do 1º ano do ensino médio da EE PHD, foi possível identificar os principais desafios e percepções dos discentes em relação ao processo de ensino-aprendizagem. Cerca de 70% dos alunos entrevistados relataram que a maior dificuldade em aprender matemática e física está relacionada à execução de cálculos matemáticos. Essa defasagem em conceitos básicos de matemática, como operações aritméticas e álgebra, impacta diretamente o desempenho dos alunos em disciplinas que dependem desses conhecimentos, como física e ciências.
Além disso, 50% dos alunos afirmaram que aprenderiam mais se as aulas fossem mais dinâmicas, com a utilização de experimentos, vídeos ou jogos educativos. Um dos alunos destacou: “As aulas teóricas são importantes, mas ficam monótonas. Gostaria de ver mais experimentos e atividades práticas, que nos ajudem a entender como a física e a matemática funcionam no mundo real”. Essa demanda por metodologias mais interativas e práticas reflete a necessidade de modernização das práticas pedagógicas, alinhando-as às expectativas e ao perfil dos alunos contemporâneos.
Outros 30% dos discentes sugeriram que o aumento no número de aulas poderia ajudar a superar as dificuldades de aprendizado. Como afirmou um aluno: “Acho que precisamos de mais tempo para entender os conteúdos, especialmente aqueles que são mais complexos”. Essa percepção indica que a carga horária atual pode ser insuficiente para cobrir todos os tópicos do currículo de forma satisfatória, especialmente em disciplinas que exigem maior dedicação e prática, como matemática e física.
Apenas 5% dos alunos relataram dificuldades em se adaptar à metodologia de ensino adotada pelos professores. No entanto, 40% dos entrevistados afirmaram que não utilizam métodos específicos para estudar, dependendo apenas do livro didático e das explicações em sala de aula. Esse dado é preocupante, pois sugere que muitos alunos não possuem hábitos de estudo consolidados ou não recebem orientação adequada sobre como estudar de forma eficiente.
Em relação aos conteúdos preferidos, a maioria dos alunos não destacou um tópico específico, mas 25% afirmaram gostar de todos os conteúdos de física, especialmente aqueles que envolvem aplicações práticas, como mecânica e eletricidade. Por outro lado, 20% dos discentes sugeriram que os conteúdos de matemática e física deveriam abordar mais aspectos conceituais, como a história e a filosofia por trás das teorias científicas. Como afirmou um aluno: “Gostaria de entender não apenas como resolver os problemas, mas também por que as fórmulas e teorias foram criadas e como elas mudaram o mundo”.
Cerca de 60% dos alunos entrevistados utilizam o livro didático e a internet como auxílio para estudar, enquanto os outros 40% não possuem métodos específicos de estudo. Essa falta de organização e planejamento pode ser um dos fatores que contribuem para as dificuldades de aprendizado. Como destacou um aluno: “Às vezes, não sei por onde começar a estudar, e acabo desistindo”.
COORDENADORES (PEDAGOGOS E DIRETORES)
Na entrevista realizada com os coordenadores do estabelecimento de ensino, foram abordados temas como as atividades desenvolvidas no ambiente escolar, a realização de projetos pedagógicos, o trabalho em equipe dos docentes e os fatores que influenciam a aprendizagem dos alunos.
Em relação aos projetos pedagógicos, 60% dos coordenadores relataram que a escola realiza iniciativas voltadas para o ensino de [especificar disciplina], como feiras de ciências, seminários e atividades extracurriculares. No entanto, muitos desses projetos são limitados pela falta de recursos financeiros e pela sobrecarga de trabalho dos professores. Como afirmou um pedagogo: “Temos boas ideias, mas falta apoio e estrutura para colocá-las em prática”.
A questão do trabalho em equipe também foi destacada pelos coordenadores. Cerca de 50% dos entrevistados afirmaram que os docentes trabalham de forma isolada, sem colaboração entre as diferentes disciplinas. Como destacou um diretor: “Falta integração entre os professores, o que dificulta a realização de projetos interdisciplinares e a troca de experiências”. Essa falta de colaboração pode ser um reflexo da falta de tempo e de incentivos para o trabalho coletivo, além da ausência de uma cultura de cooperação dentro da escola.
A coordenação pedagógica afirmou apoiar projetos ligados ao ensino, mas reconheceu que as limitações financeiras e burocráticas são obstáculos significativos. Como sugeriu um coordenador: “Precisamos de mais autonomia e recursos para implementar mudanças que realmente façam a diferença na vida dos alunos”.
Em relação aos fatores que influenciam a aprendizagem, os coordenadores destacaram a indisciplina, a infrequência e as condições socioeconômicas dos alunos como desafios relevantes. No entanto, apenas 30% dos entrevistados acreditam que esses fatores impactam significativamente o aprendizado. Para a maioria, o principal desafio é a falta de engajamento dos alunos, que muitas vezes não veem a escola como um espaço de oportunidades. Como afirmou um diretor: “Precisamos mostrar aos alunos que a educação é a chave para um futuro melhor”.
ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS NA ENTREVISTA COM OS COORDENADORES:
Em relação à elaboração de projetos feitos pelos docentes, 60% dos entrevistados que fazem parte da coordenação pedagógica afirma que há falta interesse por parte dos professores em elaborar algum tipo de projeto ligado com a sua área de atuação e que isto acontece com a maioria dos docentes que trabalham na escola e outras equipes da instituição não desenvolvem trabalho em equipe. Já 80% relatam que todos os professores têm apoio para realizar seus projetos dentro das limitações, de recursos financeiros que uma escola pública inserida em uma comunidade onde a maioria da população é de baixa renda pode oferecer, mas relatam que tentam buscar de toda forma recursos e apoios para que qualquer projeto seja realizado. 60% dos coordenadores entrevistados dão como sugestão para a melhoria do ensino na instituição, na criação de projetos ligados ao ensino das disciplinas com a participação efetiva da comunidade escolar, apoiando esses e outros projetos que a escola também oferece. A respeito do trabalho em equipe a coordenação pedagógica afirma que os professores trabalham em equipe. Os entrevistados relatam que fatores citados como: indisciplina, baixa renda, não interferem no processo ensino aprendizagem, como demostra alguns entrevistados. E que somente parte deles acham que a infrequencia é um dos fatores que influenciam no aprendizado dos discentes.
CONCLUSÃO
A análise das entrevistas realizadas com os coordenadores pedagógicos e diretores das escolas estaduais de Ribeirão das Neves revelou insights importantes sobre os desafios e as perspectivas relacionadas à gestão escolar e ao processo de ensino-aprendizagem. Os coordenadores desempenham um papel fundamental na mediação entre os docentes, os discentes e a comunidade, sendo responsáveis por garantir que as práticas pedagógicas estejam alinhadas com as necessidades da escola e dos alunos.
ELABORAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS
Em relação à elaboração de projetos pedagógicos, a maioria dos coordenadores entrevistados (aproximadamente 60%) afirmou que há uma falta de interesse por parte dos professores em desenvolver projetos ligados às suas áreas de atuação. Segundo um dos pedagogos, “muitos professores preferem focar apenas no cumprimento do conteúdo programático, sem se envolver em projetos extracurriculares ou interdisciplinares”. Essa postura pode ser atribuída à sobrecarga de trabalho dos docentes, que muitas vezes não dispõem de tempo ou recursos para dedicar-se a iniciativas além das aulas regulares.
No entanto, cerca de 40% dos coordenadores relataram que os professores recebem apoio para a realização de projetos, dentro das limitações financeiras e estruturais da escola. Como destacou um diretor, “mesmo com poucos recursos, buscamos incentivar a criatividade dos professores e apoiar iniciativas que possam enriquecer o aprendizado dos alunos”. Esses esforços incluem a busca por parcerias com instituições locais, a participação em editais de financiamento e a mobilização da comunidade escolar para apoiar projetos pedagógicos.
TRABALHO EM EQUIPE E INTEGRAÇÃO
A respeito do trabalho em equipe, os coordenadores apresentaram visões divergentes. Enquanto 50% afirmaram que os professores trabalham de forma colaborativa, outros 50% relataram que há uma cultura de isolamento entre os docentes. Como explicou um coordenador, “falta integração entre as disciplinas, o que dificulta a realização de projetos interdisciplinares e a troca de experiências entre os professores”. Essa falta de colaboração pode ser um reflexo da ausência de espaços e momentos dedicados ao planejamento coletivo, além da falta de incentivos para o trabalho em equipe.
Para superar essa lacuna, alguns coordenadores sugeriram a criação de reuniões periódicas entre os professores, com foco no planejamento de atividades conjuntas e na discussão de estratégias para melhorar o aprendizado dos alunos. Como destacou Libâneo (2012), “a gestão democrática da escola depende da participação ativa de todos os atores envolvidos, incluindo professores, alunos e comunidade”.
FATORES QUE INFLUENCIAM O APRENDIZADO
Os coordenadores também foram questionados sobre os fatores que impactam o processo de ensino-aprendizagem. A maioria dos entrevistados (70%) afirmou que questões como indisciplina e baixa renda familiar não interferem significativamente no desempenho dos alunos. No entanto, 30% dos coordenadores destacaram que a infrequência é um dos principais desafios, especialmente em comunidades com altos índices de vulnerabilidade social.
Como explicou um diretor, “a infrequência está diretamente relacionada à falta de engajamento dos alunos e à desvalorização da educação por parte de algumas famílias”. Para enfrentar esse problema, algumas escolas têm implementado estratégias como o acompanhamento individualizado dos alunos, a realização de reuniões com os pais e a criação de programas de incentivo à frequência escolar.
Sugestões para a Melhoria do Ensino
Os coordenadores apresentaram diversas sugestões para melhorar a qualidade do ensino nas escolas estaduais. Entre as propostas mais citadas estão:
Como destacou Saviani (2013), “a qualidade da educação depende não apenas dos recursos materiais, mas também da valorização e do comprometimento de todos os atores envolvidos no processo educacional”. Portanto, é fundamental que as políticas públicas garantam o financiamento e o apoio necessários para a implementação dessas iniciativas.
CONSIDERAÇÕES PARCIAL
A análise dos dados obtidos com os coordenadores reforça a necessidade de uma gestão escolar mais participativa e integrada. A superação dos desafios enfrentados pelas escolas estaduais de Ribeirão das Neves depende da colaboração entre docentes, discentes, coordenadores e comunidade, além do apoio das políticas públicas. A implementação de projetos interdisciplinares, a valorização dos professores e a ampliação dos recursos disponíveis são passos essenciais para promover uma educação de qualidade e inclusiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo buscou analisar a realidade das escolas estaduais de Ribeirão das Neves-MG, identificando os principais desafios enfrentados por discentes, docentes e coordenadores, bem como propondo alternativas para melhorar o processo de ensino-aprendizagem. A pesquisa revelou que as escolas da região enfrentam problemas estruturais e pedagógicos significativos, como a falta de recursos materiais, a defasagem no aprendizado dos alunos e a necessidade de maior integração entre os profissionais da educação.
Os docentes relataram dificuldades em cumprir o cronograma de aulas devido à defasagem dos alunos, além da falta de acesso a laboratórios e materiais didáticos adequados. Muitos professores trabalham de forma isolada, sem apoio da coordenação pedagógica, o que dificulta a realização de projetos interdisciplinares e a troca de experiências. A formação continuada foi apontada como uma necessidade urgente, permitindo que os professores se atualizem e adotem metodologias mais dinâmicas e engajadoras.
Por sua vez, os discentes destacaram a dificuldade em disciplinas como matemática e física, especialmente devido à falta de aulas práticas e recursos audiovisuais. A maioria dos alunos não possui métodos de estudo consolidados, dependendo apenas do livro didático e das explicações em sala de aula. No entanto, os estudantes demonstraram interesse em metodologias mais interativas, como experimentos, jogos educativos e atividades em grupo, que poderiam tornar o aprendizado mais significativo e envolvente.
Os coordenadores, por sua vez, enfatizaram a importância de projetos pedagógicos que integrem a comunidade escolar e promovam a colaboração entre os professores. Apesar das limitações financeiras, muitas escolas buscam recursos e parcerias para implementar iniciativas que melhorem o aprendizado dos alunos. A infrequência e a falta de engajamento foram apontados como desafios relevantes, exigindo estratégias como o acompanhamento individualizado dos alunos e a participação ativa das famílias.
Diante desses desafios, propõe-se a implementação de medidas como a criação de laboratórios, a realização de projetos interdisciplinares, a formação continuada dos professores e o uso de metodologias ativas que envolvam os alunos no processo de aprendizagem. Além disso, é fundamental que as políticas públicas garantam o financiamento e o apoio necessários para a modernização das escolas e a valorização dos profissionais da educação.
A escola deve ser um espaço de construção coletiva, onde docentes, discentes, coordenadores e comunidade trabalhem juntos para promover uma educação mais inclusiva e eficaz. A integração entre esses atores, aliada ao investimento em recursos e práticas pedagógicas inovadoras, é essencial para superar os desafios identificados e garantir um futuro melhor para os alunos e para a sociedade como um todo.
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