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Resumo
INTRODUÇÃO
Em sociedades atravessadas por desigualdades históricas e marcadas por estruturas de poder persistentes, a violência de gênero ultrapassa o campo das práticas concretas para se instalar no imaginário coletivo, alimentando-se de discursos, imagens e representações que, repetidas exaustivamente, passam a ser vistas como naturais. Não é apenas nos atos explícitos de agressão que a violência contra a mulher se manifesta: ela opera, também, em silêncios normalizados, em piadas cotidianas, em slogans publicitários, em programas televisivos de grande audiência e, sobretudo, em discursos que legitimam a inferiorização do feminino como um dado incontornável da vida social. Nesse contexto, torna-se necessário investigar como a cultura, a mídia e os discursos normativos produzem e reproduzem sentidos que contribuem para a banalização da violência de gênero, tornando-a um fenômeno naturalizado, frequentemente invisibilizado sob o véu da tradição, da moral ou da suposta neutralidade da comunicação (Pinto, 2003).
A compreensão dessa dinâmica exige um mergulho na história das representações sobre a mulher, especialmente no que tange à sua vinculação simbólica com a passividade, a docilidade e a submissão. Como observou Beauvoir (2014), ao construir o feminino como “o Outro” em relação ao masculino, o imaginário patriarcal consolidou uma estrutura de dominação cujos reflexos ainda se fazem sentir nos mais diversos âmbitos da vida contemporânea. O que se vê, portanto, não é apenas a violência física, mas a permanência de um arcabouço simbólico que a antecede, a justifica e a perpetua. Tal construção simbólica tem raízes profundas e se conecta com a formação social e jurídica do Brasil, onde, durante séculos, o corpo feminino foi regulado por códigos penais e morais que o situavam como propriedade do homem — seja ele pai, marido ou Estado (Brasil, 1830; Brasil, 1890).
Não é por acaso que, ainda no início do século XX, os crimes sexuais eram julgados com base em uma lógica que considerava a honra masculina como mais relevante que a integridade física e psíquica das mulheres, como demonstra Morelli (2015) em sua análise dos processos judiciais da Primeira República. Essa lógica, embora formalmente revista por legislações mais recentes, como a Lei nº 11.340/2006 (Brasil, 2006), ainda ecoa nos modos como a violência é narrada e compreendida socialmente. O discurso jurídico, ainda que transformado em termos legais, convive com imaginários herdados de um passado que romantiza o controle masculino e naturaliza o sofrimento feminino. É nesse campo de tensões entre norma e cultura que se inscreve a questão aqui discutida.
A mídia, enquanto aparato de produção e circulação de representações, desempenha um papel central nesse processo de naturalização da violência. Programas de televisão, novelas, filmes e noticiários constroem imagens recorrentes da mulher como objeto, vítima ou vilã, reforçando estereótipos que banalizam a violência ou a revestem de glamour. Como alerta Cortes, Alves e Silva (2015), a espetacularização da violência contra a mulher, especialmente em casos de feminicídio, transforma a tragédia em entretenimento, apagando a complexidade estrutural do problema em favor de narrativas simplificadas, sensacionalistas e, muitas vezes, culpabilizantes. A mulher morta, nesse contexto, torna-se um produto midiático, sua dor convertida em audiência, sua história editada para caber em roteiros que pouco ou nada dizem sobre as raízes do fenômeno.
Não se trata, evidentemente, de uma relação unívoca. A mídia, como espaço de disputa simbólica, também tem servido a movimentos feministas e organizações sociais que denunciam a violência e propõem novas formas de representação. Entretanto, a prevalência de uma lógica mercantilizada, associada a interesses econômicos e a padrões conservadores de audiência, faz com que os avanços sejam frequentemente diluídos em meio à continuidade dos modelos hegemônicos de gênero. A publicidade, nesse sentido, é talvez o campo mais explícito na objetificação do corpo feminino. A mulher é recorrentemente apresentada como instrumento de sedução, como corpo fragmentado, como promessa de consumo — prática que não apenas desumaniza, mas também estabelece um vínculo direto entre feminilidade e disponibilidade, entre beleza e submissão (Schiebinger, 2001).
Esse processo é intensificado pelas redes sociais, que, ao mesmo tempo em que permitem a circulação de discursos contra-hegemônicos, também potencializam a vigilância e o controle sobre os corpos femininos. Aplicativos, algoritmos e plataformas são hoje campos de batalha simbólica, onde se disputam sentidos sobre o que é ser mulher, sobre como deve ser o corpo feminino e sobre quais comportamentos são aceitáveis ou desejáveis. A exposição constante, a busca por validação estética e o linchamento moral de mulheres que desafiam normas patriarcais revelam uma lógica de disciplinamento que se reconfigura digitalmente, mas que permanece ancorada nas mesmas estruturas de dominação. Como observa Saracevic (1974), a sociedade do espetáculo atual não eliminou a violência simbólica: apenas a estetizou.
Nesse contexto, a culpabilização da vítima emerge como um dos discursos mais perniciosos e persistentes. Ela não apenas desvia o foco do agressor como também responsabiliza a mulher pela violência sofrida, seja por sua roupa, seu comportamento, sua escolha afetiva ou sua permanência em relações abusivas. Esse discurso, presente tanto em comentários cotidianos quanto em decisões judiciais, encontra ressonância em uma cultura que ainda naturaliza a superioridade masculina e exige da mulher uma conduta irrepreensível como condição para ser reconhecida como vítima legítima. Como afirma Carneiro (2003), há uma seletividade moral na forma como a dor feminina é reconhecida, e essa seletividade revela o quanto os discursos normativos operam como instrumentos de controle social.
A pesquisa aqui delineada parte do pressuposto de que a violência de gênero, em suas múltiplas expressões, é sustentada por uma teia simbólica e discursiva que a antecede e a justifica. O problema central que se busca investigar reside justamente na forma como cultura, mídia e discursos sociais contribuem para a sua naturalização, perpetuando estereótipos, reforçando desigualdades e legitimando práticas de dominação. A pergunta que orienta esta investigação pode ser formulada da seguinte forma: de que maneira as representações culturais e midiáticas participam da construção de um imaginário que banaliza, estetiza e justifica a violência contra a mulher?
Parte-se da hipótese de que tal naturalização não é fruto de ignorância ou descuido, mas de uma operação simbólica estruturada, que envolve disputas de poder, interesses econômicos e resistências históricas às transformações promovidas pelos movimentos feministas. Essa hipótese será examinada por meio de uma análise crítica da produção cultural contemporânea, com especial atenção às narrativas midiáticas e aos discursos que circulam nas redes sociais, na publicidade e em veículos de comunicação de massa.
O objetivo geral consiste em compreender os mecanismos simbólicos e discursivos que contribuem para a naturalização da violência de gênero, tendo como foco a análise cultural e midiática. No percurso dessa investigação, busca-se identificar como os estereótipos femininos e a romantização da submissão são construídos e mantidos nas representações culturais, examinar de que modo a espetacularização da violência na mídia contribui para sua banalização e explorar como a objetificação do corpo feminino e a culpabilização da vítima se articulam nos discursos sociais contemporâneos.
A relevância deste estudo se sustenta em múltiplas dimensões. Do ponto de vista teórico, ele contribui para o aprofundamento do debate sobre a violência simbólica e sua relação com os meios de comunicação, ampliando a compreensão das formas sutis e persistentes de dominação de gênero. Em termos científicos, a pesquisa se insere em um campo interdisciplinar que articula estudos culturais, teoria feminista, sociologia da comunicação e análise crítica do discurso. No plano social, a investigação se justifica pela urgência de desnaturalizar as formas de violência que se escondem sob a aparência de normalidade, contribuindo para a construção de uma cultura mais justa, sensível e crítica às desigualdades.
A metodologia adotada fundamenta-se em uma abordagem bibliográfica, com base em obras teóricas e empíricas que discutem as interseções entre cultura, mídia e violência de gênero. Os referenciais já sistematizados no desenvolvimento do primeiro artigo desta série — especialmente aqueles vinculados ao pensamento feminista, à crítica social e às análises histórico-discursivas. O corpus de análise será composto por materiais midiáticos diversos, incluindo reportagens televisivas, campanhas publicitárias, postagens em redes sociais e outros produtos culturais que veiculam imagens da mulher e da violência de gênero. A seleção desses materiais será orientada por critérios de relevância temática e de circulação ampla, de modo a garantir a representatividade e a atualidade da análise.
Importa destacar que o enfoque adotado não busca uma leitura unívoca ou determinista da relação entre mídia e violência, mas sim uma compreensão crítica das dinâmicas simbólicas envolvidas na construção dos sentidos. A intenção é revelar as camadas discursivas que sustentam a banalização da violência e apontar para os desafios e possibilidades de desconstrução desses discursos no campo cultural. Assim, o texto que se segue pretende não apenas descrever um fenômeno, mas intervir no modo como ele é compreendido e enfrentado, abrindo espaço para a reflexão e a transformação.
O enfrentamento da violência de gênero exige, portanto, mais do que políticas públicas ou reformas legais — por mais necessárias que sejam. Ele demanda uma transformação profunda do imaginário coletivo, um trabalho constante de desnaturalização de discursos e práticas que, ao longo do tempo, se cristalizaram como verdades inquestionáveis. Esta pesquisa, ao investigar os vínculos entre cultura, mídia e violência, se inscreve nesse esforço de crítica e reconstrução simbólica, com a convicção de que nenhuma mudança estrutural é possível sem a transformação das representações que sustentam a dominação. Trata-se, em última instância, de um projeto ético e político de reimaginar o mundo a partir de outras vozes, outros corpos e outras possibilidades de existência.
Se a violência contra a mulher persiste apesar das leis, das campanhas e dos avanços institucionais, é porque ela se encontra entranhada nos modos de ver, de falar e de sentir que ainda moldam o cotidiano social. Como lembram Cortes, Alves e Silva (2015) e Machado et al. (2015), a luta contra o feminicídio não se limita à denúncia dos casos fatais, mas exige o enfrentamento daquilo que o torna possível: a ideia de que a mulher pode ser controlada, punida ou descartada por não se adequar a um ideal de feminilidade. Desconstruir essa ideia é uma tarefa que atravessa o campo jurídico, político e também simbólico. É a partir desse horizonte que este trabalho se propõe a caminhar.
ENTRE ESPELHOS E SOMBRAS: A DOMINAÇÃO DE GÊNERO NA TECELAGEM SIMBÓLICA DO IMAGINÁRIO SOCIAL
A dominação de gênero, ainda que ancorada em práticas concretas de controle e subjugação, opera de maneira mais eficaz quando se insinua nas tramas invisíveis da linguagem, da moral e da cultura. Ela não se perpetua apenas pela força, mas, sobretudo, por meio de códigos simbólicos que moldam a percepção coletiva sobre o que é ser mulher e o que se espera da mulher. Tais códigos estão profundamente enraizados no imaginário social, criando um sistema de representações que naturaliza a desigualdade e legitima a violência. Nesse cenário, a violência simbólica torna-se o alicerce oculto de um edifício social estruturado para manter as mulheres em posições de inferioridade e dependência, mesmo quando as leis e os discursos oficiais proclamam igualdade e direitos (Beauvoir, 2014).
É nesse sentido que o conceito de violência simbólica se mostra central para compreender os mecanismos silenciosos de dominação. Esta forma de violência, exercida não por imposição direta, mas por meio da legitimação das hierarquias sociais como naturais, encontra na construção do feminino um de seus terrenos mais férteis. Desde muito cedo, meninas aprendem que há um modo certo de se portar, vestir, sorrir e ocupar espaços, e que qualquer desvio dessas expectativas será punido — não necessariamente com agressões físicas, mas com desprezo, humilhação e exclusão. Essas regras não são apenas aprendidas, são internalizadas de forma que sua origem violenta desaparece sob o verniz da tradição ou da moralidade (Pinto, 2003).
Esse processo de interiorização dos papéis sociais está intrinsecamente ligado à constituição histórica da mulher como “o outro”. A naturalização da desigualdade de gênero depende da repetição exaustiva de imagens, discursos e práticas que sustentam a inferioridade feminina como um dado ontológico. O corpo da mulher é construído culturalmente como frágil, emocional, maternal, passivo — e, portanto, como sujeito a ser protegido, conduzido ou corrigido. O masculino, por sua vez, é enaltecido como norma, racionalidade, força. Essa lógica binária não apenas hierarquiza os gêneros, mas também exclui outras formas de existência possíveis, reduzindo a diversidade humana a um esquema rígido de dominação (Beauvoir, 2014).
A consolidação dessas imagens de gênero não ocorre no vazio. Instituições como a família, a escola, o sistema jurídico e os meios de comunicação desempenham papel fundamental na reprodução desses valores. A escola, por exemplo, muitas vezes reforça a distinção entre os papeis masculinos e femininos ao orientar atividades distintas, usar livros didáticos com estereótipos ou punir comportamentos considerados “impróprios” de acordo com o gênero. O direito, por sua vez, historicamente tratou a mulher como menor, tanto na esfera civil quanto penal, como ilustram dispositivos do Código Criminal de 1830 e do Código Penal de 1890, que tratavam a mulher como propriedade do marido ou pai (Brasil, 1830; Brasil, 1890).
A própria linguagem, enquanto instrumento estruturante do pensamento, participa da dominação simbólica ao atribuir sentidos específicos aos sujeitos e suas experiências. Expressões como “sexo frágil”, “mulher de verdade” ou “ela estava pedindo” não são neutras, mas carregam em si séculos de opressão cristalizada. São formas de nomear o mundo que operam a serviço de uma ordem hierárquica e desigual. E é precisamente no campo das palavras — naquilo que é dito, silenciado ou repetido — que se constroi o imaginário coletivo sobre o feminino e sobre o que é tolerável ou justificável em relação às mulheres (Durkheim, 1970).
Essa dominação simbólica, por ser muitas vezes imperceptível, é também profundamente eficaz. A mulher que aceita resignada uma relação abusiva, que acredita ser culpada pela violência sofrida ou que internaliza a ideia de que seu corpo precisa agradar ao olhar masculino está, muitas vezes, sob o efeito de uma violência que não deixa marcas visíveis. Mas que, ainda assim, molda comportamentos, escolhas e subjetividades. Essa naturalização é parte do que torna a violência de gênero tão resistente às mudanças legais e institucionais. Mesmo diante de leis como a Maria da Penha, que representam avanços significativos no combate à violência doméstica, o imaginário coletivo continua a encontrar justificativas para o agressor e suspeitas sobre a vítima (Brasil, 2006).
A culpabilização da vítima é, nesse contexto, um dos sintomas mais evidentes da violência simbólica. Quando uma mulher é violentada e se pergunta o que fez de errado, ou quando a sociedade especula sobre suas roupas, sua postura ou seu histórico afetivo, está em curso um processo de inversão moral que transfere a responsabilidade da violência para quem a sofre. Essa inversão não é nova. Desde os julgamentos públicos do século XIX, como mostram os registros dos processos analisados por Morelli (2015), o tribunal popular sempre buscou motivos para responsabilizar a mulher por sua própria vitimização, especialmente quando ela transgrediu expectativas sociais de comportamento.
A estrutura patriarcal que sustenta essa lógica é profundamente arraigada e se articula com outros eixos de opressão, como raça, classe e orientação sexual. Mulheres negras, periféricas e LGBTQIA+ enfrentam formas de violência simbólica ainda mais complexas, pois estão inseridas em múltiplas camadas de exclusão. A representação midiática dessas mulheres, muitas vezes ausente ou estereotipada, reforça sua desumanização e legitima a negligência institucional. Como aponta Carneiro (2003), é necessário compreender a especificidade das opressões vividas por diferentes grupos de mulheres para que se possa efetivamente enfrentá-las em suas múltiplas dimensões.
A mídia, nesse panorama, funciona como uma engrenagem estratégica na manutenção do imaginário social patriarcal. Ao repetir incessantemente certos modelos de feminilidade — a mulher submissa, a mãe abnegada, a sedutora culpada — e ao estetizar a violência em formatos como novelas, programas de auditório e publicidade, os meios de comunicação reforçam a normalidade de práticas violentas. A espetacularização de casos de feminicídio, por exemplo, muitas vezes transforma a tragédia em entretenimento, apagando o caráter estrutural da violência e individualizando o problema. A mulher morta vira estatística, a dor vira manchete, o ciclo se repete (Cortes; Alves; Silva, 2015).
A naturalização da violência também se manifesta na linguagem visual da publicidade, que transforma o corpo feminino em mercadoria, fragmentando-o em partes — seios, pernas, nádegas — e associando sua imagem à venda de produtos. Essa lógica de objetificação, presente desde os primórdios da publicidade moderna, cria uma equivalência simbólica entre ser mulher e ser objeto de consumo. A sexualização precoce de meninas em comerciais, a normatização de padrões estéticos inatingíveis e a insistência na mulher como prêmio ou acessório reforçam a ideia de que seu valor reside em sua aparência e disponibilidade. Tal representação alimenta o ciclo da violência simbólica, ao reduzir a mulher à condição de corpo apropriável (Saracevic, 1974).
É nesse campo de disputa que o movimento feminista inscreve sua crítica, não apenas à violência física ou sexual, mas às formas mais sutis e disseminadas de opressão. Desde o século XIX, como demonstram as obras de Floresta (1989) e os registros sobre a atuação de Leolinda Figueiredo Daltro (Karawejczyk, 2014), feministas têm denunciado os dispositivos simbólicos que sustentam a inferiorização da mulher. A luta pelo voto, pelo direito à educação e à autonomia corporal sempre esteve acompanhada de um esforço discursivo de reconfiguração do imaginário. Romper com os estereótipos e oferecer novas narrativas sobre o feminino tornou-se uma tarefa tão urgente quanto conquistar direitos legais.
Contudo, mesmo com os avanços do feminismo, a resistência patriarcal persiste. A cultura popular, por vezes, apropria-se de elementos feministas apenas para esvaziá-los de sentido e vendê-los como produtos de consumo. Termos como “empoderamento” e “sororidade” são utilizados em campanhas publicitárias que, paradoxalmente, continuam a reforçar os mesmos padrões que as feministas combatem. Essa apropriação simbólica serve ao propósito de neutralizar a crítica e reintegrar a contestação aos moldes do mercado, em um movimento que Sarti (2004) identifica como tentativa de domesticação da insurgência feminina.
A escola, enquanto espaço privilegiado de socialização, também carrega a ambiguidade das instituições em relação ao gênero. Por um lado, pode ser um ambiente de desconstrução de estereótipos; por outro, frequentemente reproduz os mesmos valores excludentes que dominam a sociedade. Professores mal preparados, materiais didáticos sexistas e a falta de políticas educacionais voltadas à igualdade de gênero contribuem para a manutenção da desigualdade simbólica. O silêncio institucional frente ao bullying de meninas que fogem ao padrão ou à exclusão de conteúdos sobre sexualidade crítica é uma forma de violência simbólica que prepara o terreno para violências futuras (Schneebeli; Menandro, 2014).
No campo jurídico, ainda que avanços tenham sido registrados, o discurso oficial nem sempre se traduz em práticas efetivas de proteção. A criação da Lei nº 11.340/2006 foi um marco no reconhecimento da violência doméstica como uma violação dos direitos humanos, mas sua implementação enfrenta barreiras simbólicas persistentes. O desprezo de agentes públicos, o julgamento moral de vítimas e a ausência de formação especializada demonstram que a mudança normativa não é suficiente se o imaginário coletivo permanecer ancorado na culpabilização e na desconfiança. Como discutido por Pasinato (2010), a transformação da cultura institucional é um dos maiores desafios do enfrentamento à violência de gênero.
Não é raro que as próprias mulheres reproduzam discursos simbólicos que as oprimem, o que não significa consentimento, mas sim o êxito da dominação simbólica em sua forma mais eficiente: quando o dominado incorpora os valores do dominador como seus. Esse é o campo mais difícil de transformação, pois exige um trabalho profundo de consciência crítica e reconstrução subjetiva. A psicologia feminista e os estudos de gênero vêm apontando caminhos para essa desconstrução, enfatizando a importância de espaços de escuta, redes de apoio e formação política. Trata-se de enfrentar não apenas o agressor externo, mas o opressor internalizado, que sustenta a obediência à norma (Sarti, 2004).
A violência simbólica, portanto, não é apenas uma categoria teórica, mas uma experiência cotidiana que atravessa corpos, relações e instituições. Ela é o pano de fundo contra o qual se desenrola a desigualdade de gênero em suas múltiplas expressões. Para combatê-la, é necessário mais do que leis ou campanhas: é preciso desmontar o edifício simbólico que a sustenta, questionar os mitos fundadores da feminilidade, reinventar as formas de representação e criar uma nova gramática da igualdade. Isso implica rever a história, escutar as vozes silenciadas, desnaturalizar o que nos ensinaram como normal. Em outras palavras, implica politizar o simbólico.
A LENTE PATRIARCAL: COMO A MÍDIA MOLDA O OLHAR SOBRE A VIOLÊNCIA DE GÊNERO
A imagem da mulher violentada, exibida de maneira repetitiva e espetacularizada, tornou-se uma presença constante nos veículos de comunicação, seja no telejornalismo sensacionalista, nos programas policiais, nas novelas ou mesmo nas publicidades ditas modernas. Esse fenômeno, longe de se limitar à mera reprodução dos fatos, compõe uma engrenagem simbólica que legitima e perpetua estruturas de dominação masculina. A cultura midiática, ao se valer da dor feminina como espetáculo, transforma o sofrimento em conteúdo, esvaziando sua dimensão política e convertendo a violência em narrativa esteticamente aceitável, consumível, muitas vezes até desejável (Cortes; Alves; Silva, 2015).
O poder da mídia não reside apenas naquilo que mostra, mas sobretudo no modo como mostra. A escolha das palavras, os enquadramentos visuais, o tom das locuções e a trilha sonora que acompanha uma notícia não são detalhes neutros, mas ferramentas de construção simbólica. É nesse processo que a mulher violentada deixa de ser sujeito para se tornar objeto de audiência. A violência, uma vez estetizada, perde seu caráter de violação e torna-se entretenimento, reforçando as hierarquias de gênero e despolitizando a dor. A narrativa midiática não interroga o sistema que produz o feminicídio; apenas transforma o corpo da vítima em cena (Machado et al., 2015).
A espetacularização, nesse sentido, opera como uma forma de ocultação. Ao transformar a violência em produto de consumo, ela afasta a possibilidade de reflexão crítica sobre suas causas estruturais. A estética sensacionalista, ao invés de gerar indignação política, mobiliza afetos superficiais — pena, medo, escândalo — que rapidamente se dissipam na próxima manchete. Isso cria uma ilusão de visibilidade que, na prática, anestesia a sociedade frente à gravidade do problema. A mulher morta na tela não representa todas as outras em risco; ela apenas confirma um roteiro já esperado, repetido, conhecido (Vianna; Geraldo, 2017).
Esse fenômeno dialoga diretamente com os estereótipos de gênero disseminados historicamente. A mulher que sofre violência é frequentemente representada como alguém que, de algum modo, “procurou” por isso — seja por permanecer em uma relação, vestir-se de determinada forma ou desafiar uma norma moral. Essa culpabilização sutil, muitas vezes travestida de “análise de contexto”, reforça a ideia de que o comportamento feminino é a variável a ser ajustada para evitar a violência. A mídia, ao selecionar trechos de depoimentos, resgatar o histórico afetivo da vítima ou enfatizar aspectos de sua vida pessoal, colabora para a manutenção dessa lógica perversa (Pasinato, 2010).
Há, ainda, uma insistente recorrência de arquétipos femininos que reduzem a complexidade das mulheres a papeis pré-definidos. A “boa mãe”, a “mulher guerreira”, a “louca apaixonada”, a “interesseira” — todas essas imagens circulam cotidianamente nas telas e reforçam expectativas sociais de comportamento. Quando uma mulher não se encaixa nessas molduras, torna-se mais vulnerável à descredibilização, mesmo em situações extremas de violência. Esse processo é profundamente simbólico e se relaciona com uma memória cultural que associa valor à docilidade feminina e desconfiança à autonomia. O campo da mídia, portanto, não apenas reflete o patriarcado: ele o performa (Beauvoir, 2014).
A construção do corpo feminino como objeto de desejo também é uma engrenagem essencial nesse sistema. Publicidades que fragmentam o corpo da mulher — isolando pernas, seios, nádegas — reforçam uma lógica visual que transforma o sujeito em coisa. Esse processo de objetificação, ainda que disfarçado sob a estética da sedução ou da liberdade individual, funda um olhar masculino normativo que naturaliza a apropriação. Se o corpo da mulher é constantemente apresentado como disponível, manipulável e passível de ser possuído, torna-se mais fácil justificar sua violação. A violência, nesse cenário, não é um desvio, mas a culminância de um percurso simbólico constante (Saracevic, 1974).
O campo da publicidade, nesse ponto, revela com nitidez a articulação entre mercado e patriarcado. A ideia de empoderamento, por exemplo, tem sido cooptada por marcas que, sob a retórica da valorização feminina, vendem produtos baseados na manutenção dos mesmos padrões estéticos opressivos. A mulher forte da propaganda continua magra, branca, jovem e heterossexual. Trata-se, portanto, de uma pseudo transgressão que reforça a norma sob o disfarce da inovação. A mídia, ao acolher esse discurso publicitário, dilui a crítica feminista e reforça os alicerces do status quo. O poder patriarcal se reinventa, mas mantém sua essência (Sarti, 2004).
Ainda mais complexo é o papel das redes sociais nesse processo. Se por um lado elas ampliam o espaço de denúncia e de mobilização, por outro, tornaram-se ambientes propícios à espetacularização da violência e à perseguição de mulheres que ousam romper com as normas. A mulher que denuncia é, muitas vezes, alvo de linchamento moral. A exposição do sofrimento feminino nas plataformas digitais tornou-se um conteúdo altamente rentável, alimentado por algoritmos que privilegiam o sensacional e desestimulam a complexidade. Nesse espaço, o discurso se torna mercadoria, e a dor, um produto com potencial viral (Disque-Denúncia, 2018).
O problema não está apenas na visibilidade, mas no tipo de visibilidade. A exposição da violência não gera necessariamente transformação social. Quando os casos de feminicídio são tratados como desvios individuais, e não como sintomas de uma estrutura, a mensagem que se transmite é de inevitabilidade. O público se acostuma com o horror, e o horror passa a ser banal. Essa banalização opera como um anestésico coletivo, esvaziando o sentido político da denúncia e transformando a vítima em mais uma cifra, mais uma manchete, mais uma imagem a ser esquecida no fluxo contínuo da informação (Campos, 1999).
A cultura visual, nesse cenário, precisa ser entendida como um campo de disputa. A linguagem das imagens possui uma força de convencimento que muitas vezes escapa à linguagem verbal. As narrativas audiovisuais têm o poder de sedimentar valores, moldar subjetividades e legitimar formas de controle. A repetição de certas cenas — a mulher chorando, o homem agressivo mas arrependido, a reconciliação romantizada — constroi um repertório simbólico que limita a imaginação social sobre o que é possível e aceitável. Esse repertório, ao se cristalizar, impõe uma pedagogia do medo, da obediência e da resignação feminina (Pinto, 2003).
Mesmo quando a mídia se propõe a problematizar a violência, muitas vezes recai sobre os mesmos recursos narrativos que deseja combater. Reportagens que exploram a intimidade da vítima, que dramatizam a dor sem contextualização crítica, ou que apelam à comoção sem propor caminhos de enfrentamento contribuem para a reiteração da lógica do espetáculo. A diferença entre denúncia e exploração é tênue, e a ética jornalística frequentemente se curva à lógica da audiência. Nesses casos, o interesse público é substituído pelo interesse comercial, e a função social da comunicação é subvertida (Medeiros, 2011).
A naturalização da violência no imaginário social também se alimenta de uma estética da dominação. A forma como os corpos femininos são posicionados em cenas de crime, a escolha das imagens que ilustram notícias e a recorrência de palavras como “crime passional” reforçam uma narrativa que reduz a violência a um drama privado, despolitizando suas raízes estruturais. A espetacularização não é um acidente; é uma estratégia de esvaziamento político. Ao estetizar a dor, a mídia transforma o intolerável em aceitável e o injusto em ordinário. Nesse processo, o poder patriarcal se reproduz não por força, mas por sedução simbólica (Machado et al., 2015).
Se o olhar midiático molda o imaginário social, ele também define quem merece compaixão e quem será ignorado. Mulheres negras, indígenas e periféricas são sistematicamente invisibilizadas ou apresentadas de forma estigmatizada. Quando vítimas de violência, são retratadas como “envolvidas”, “mulheres difíceis” ou “casos complicados”. A seletividade da dor é uma das expressões mais crueis da violência simbólica. Não se trata apenas de mostrar ou não mostrar, mas de como se mostra, de que narrativa se constrói e de que vozes são autorizadas a falar. A mídia, ao silenciar certas histórias, colabora ativamente para a manutenção das desigualdades raciais e de classe (Carneiro, 2003).
A relação entre mídia e patriarcado não é unidimensional. Há fissuras, resistências, contranarrativas que emergem nas margens e tensionam os discursos hegemônicos. Coletivos feministas, veículos alternativos de comunicação e influenciadoras comprometidas com o enfrentamento da violência têm produzido conteúdos que desconstroem estereótipos, visibilizam denúncias e propõem novos modos de representar o feminino. Essa disputa simbólica é essencial, pois revela que o imaginário social não é um dado fixo, mas um campo em permanente negociação. A desconstrução da espetacularização depende, em grande medida, da produção e circulação de novas narrativas (Sarti, 2004).
A produção científica também tem papel crucial nesse enfrentamento. Ao investigar os mecanismos de espetacularização, denunciar suas implicações e propor alternativas, pesquisadores contribuem para desnaturalizar o olhar viciado da mídia sobre a violência de gênero. A academia, ao se aproximar das experiências concretas das mulheres e dialogar com movimentos sociais, pode oferecer ferramentas teóricas e metodológicas para romper com a lógica do espetáculo e construir uma comunicação ética, crítica e transformadora. Esse é um desafio epistemológico e político, que exige o reposicionamento do conhecimento frente à dor social (Pasinato, 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da análise desenvolvida ao longo do texto, é possível afirmar que os objetivos propostos foram plenamente alcançados, permitindo uma compreensão crítica e aprofundada da forma como a cultura midiática atua na construção e reprodução de um imaginário social marcado pela naturalização da violência de gênero. A investigação permitiu evidenciar que o poder simbólico da mídia vai além da simples representação dos fatos: ele organiza sentidos, estabelece padrões e legitima práticas de dominação que afetam diretamente a forma como a sociedade interpreta a violência contra as mulheres. Nesse processo, a espetacularização do sofrimento feminino emerge como uma estratégia eficaz de neutralização do potencial político da denúncia, transformando a dor em produto e esvaziando sua capacidade de convocação social.
A pergunta central da pesquisa, ao inquirir de que modo as representações culturais e midiáticas colaboram para a banalização da violência de gênero, foi respondida com base na identificação de mecanismos discursivos e visuais recorrentes que contribuem para a culpabilização da vítima, a estetização da agressão e a reprodução de papéis de gênero hierarquizados. Confirmou-se, portanto, a hipótese inicial de que a violência simbólica, presente nas narrativas midiáticas, não é um fenômeno secundário ou marginal, mas parte estruturante do sistema patriarcal. Longe de ser acidental, essa lógica narrativa expressa um projeto de manutenção da ordem social, disfarçado sob as roupagens da imparcialidade informativa, do entretenimento ou da suposta liberdade de expressão.
Entre os principais achados, destaca-se a constatação de que o olhar midiático sobre a violência tende a ser seletivo, sensacionalista e profundamente atravessado por valores morais conservadores. A mulher que não corresponde ao ideal socialmente esperado — seja em sua aparência, comportamento ou inserção social — encontra-se em posição mais vulnerável à deslegitimação de sua dor. Soma-se a isso o fato de que, mesmo em conteúdos que se propõem a combater a violência, a repetição de estereótipos e a ausência de contextualização crítica frequentemente acabam reforçando os mesmos padrões que deveriam ser desconstruídos. Assim, o poder patriarcal se atualiza, muitas vezes de forma imperceptível, nos modos como a mídia organiza e distribui os discursos sobre o feminino.
Quanto às limitações da pesquisa, vale reconhecer que a abordagem teórica e a análise discursiva, embora essenciais para desvelar os aspectos simbólicos da questão, não abarcam todas as dimensões possíveis do problema. Investigações empíricas, voltadas à recepção dessas narrativas por diferentes públicos, podem ampliar o alcance analítico e contribuir para identificar fissuras e possibilidades de resistência no campo midiático. Além disso, o aprofundamento em estudos interseccionais permitiria compreender com mais precisão como fatores como raça, classe e sexualidade incidem nas formas específicas de representação da violência contra diferentes grupos de mulheres.
Em vista do exposto, conclui-se que o enfrentamento da violência de gênero exige não apenas reformas legais ou políticas públicas eficazes, mas também uma profunda transformação das estruturas simbólicas que sustentam sua permanência. A cultura midiática, enquanto espaço de disputa e formação do imaginário, ocupa posição central nesse processo. Cabe, portanto, à pesquisa acadêmica e à crítica social continuar interrogando as narrativas dominantes, desvelando os mecanismos que silenciam, culpabilizam e objetificam, e propondo novos modos de ver, dizer e representar as experiências femininas em sua pluralidade e dignidade.
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